Eu, Meu Noivo & Seu Crush — Thalico escrita por Helly Nivoeh


Capítulo 38
Tempestade & Consequência


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas!
Não, eu não abandonei a fic. Só travei nesse capítulo por meses, então decidi postá-lo um pouco menor do que estão acostumados pra tranquilizar o coração de vocês.
Espero que ainda estejam por aqui!
Dedicado à Garota Rebelde pela linda recomendação!
Ademais, boa leitura!

Recapitulando:
Maria di Angelo foi morta por um raio de Zeus durante O Último Olimpiano;
Nico morreu. E depois reviveu, claro.
Lembrando que, Nico e Thalia sentem choques quando se tocam algumas vezes e perceberam que eles compartilham e aumentam o poder quando isso acontece.
Percy, Annabeth e Hazel estão visitando o Acampamento para ter certeza de que Nico está bem.
Não sei dizer se ele realmente está, ou ficará;
Thalia e Nico fizeram uma aposta junto com a Hazel e Nico ganhou e, como prêmio, ele pediu que Thalia fizesse chover quando Will o obrigou a tomar banho de sol. É aqui que começamos.



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Narração: Thalia Grace

 

Nico podia ter roubado na nossa pequena competição, mas o prêmio que reivindicava era tentador.

A ideia de fechar o tempo iria acabar de uma vez por todas com as perguntas irritantes que os campistas mais novos faziam, principalmente aquelas perguntas sobre se eu conseguia “convocar um raio igual a Jason”. Então, qual a melhor forma de me provar do que no Acampamento Meio-Sangue, onde eu poderia testar até onde vai o meu poder e provar que eu também sou filha do Senhor dos Raios?!

Tudo tinha começado muito bem, diga-se de passagem, por mais desgastante que fosse convocar e manipular tanta energia.

Quando os primeiros raios estalaram nas nuvens cinzentas, minha energia já estava baixa graças a falta de prática, no entanto, meu novo carregador portátil — também conhecido como Nico di Angelo — estava ao meu lado e decidi usar da energia que existia entre nós para demonstrar ao acampamento do que eu era capaz.

E estava tudo ótimo, de verdade. Eu podia sentir cada partícula da eletricidade como se fizesse parte de mim, a energia fluía bem entre nós e me arrisquei até à tentar fazer chover. No entanto, quando fechei os olhos para me concentrar, as coisas deram errado. E não, eu não perdi o controle. Quem perdeu foi Nico.

Quando abri meus olhos, eu estava em outro lugar, o que mais tarde eu descobriria se tratar de uma lembrança de Nico. Para arriscar um palpite, estava em um saguão do hotel, porém, eu ainda podia sentir a estática e a iminência de uma tempestade, uma tempestade que eu não tinha controle algum.

Ao meu lado estava Nico, nossas mãos ainda unidas e seu rosto ainda mais pálido, transformando-se de uma expressão confusa para dolorosa.

— Onde estamos? — questionei, olhando em volta sem conseguir focar muito nos detalhes, o barulho da risada de duas crianças me chamando atenção.

Elas corriam entre as pilastras em um pega-pega, sua roupas sóbrias e formais demais para as crianças, mas o que realmente me fez arfar foi reconhecer os cabelos negros, a pele azeitona e os traços familiares: Eram Nico e Bianca Di Angelo.

— Em minha memória. — Nico declarou no tom mais doloroso que já o ouvi usar. Eu não entendi, é claro, como poderíamos estar em uma memória de Nico? Sim, aquele menino só poderia ser ele, no entanto, eu nunca havia entrado na memória de alguém.

Eu não questionei e logo minha atenção era atraída para a figura do homem alto e ainda mais sombrio discutindo com uma mulher tão elegante quanto um dia minha própria mãe foi, e não precisei de explicações para saber que aqueles se tratavam dos pais de Nico.

Eu queria não ter testemunhado aquela briga, enquanto Hades suplicava para a amante, Maria, que ela fosse com as crianças para o Mundo Inferior, onde poderiam deixá-los seguros.

Eu queria não ter testemunhado o momento em que o raio caiu quase no lugar que estávamos e todo o hotel se desfez, deixando apenas Hades protegendo as duas crianças indefesas, enquanto Maria jazia morta.

Eu queria não ter olhado para o Nico ao meu lado, que ainda segurava minha mão em um aperto, e ter testemunhado a dor em seus olhos ao reviver tudo aquilo.

Mas eu testemunhei tudo aquilo e entendi o que havia despertado aquela memória amarga no filho de Hades: Raios. Eu os invoquei na praia do acampamento meio-sangue e Nico mergulhou na lembrança de quando a própria mãe foi morta por raios.

E os raios que haviam destruído o prédio eram mais fortes do que qualquer um que eu ou até Jason poderíamos invocar. Aqueles raios deixavam uma pressão densa, um cheiro forte, a estática de um poder que ia muito além do nosso, o poder que somente um deus possuía. Aqueles raios foram mandados pelo Senhor dos Raios. Zeus. Meu pai.

— Nico… — Sussurrei, sem saber o que dizer, se é que havia algo a se dizer. Seu rosto estava banhado em lágrimas e ele tremia, olhando para o corpo pálido da mãe morta nos braços de seu pai.

Por culpa do meu pai.

Lentamente a lembrança foi escurecendo e, quando pisquei novamente, estávamos de volta ao acampamento, como nossos amigos em nossa volta preocupados, perguntando o que havia acontecido.

Eu não consegui responder e só tive coragem de olhar para Nico quando escutei um soluço. Ele ainda chorava, mas agora olhava aterrorizado para o céu, onde raios ainda estalavam, e era claro que o menino tinha medo que tudo pudesse se repetir novamente.

Engoli em seco e soltei a mão dele, concentrando-me para dispersar toda a tempestade que estava criando, desejando com todas as minhas forças poder apagar da memória de Nico aquilo tudo. Infelizmente, o gesto pareceu atrair a atenção de Nico e ele me encarou, ainda assustado, recuando o corpo como se não fosse eu ao seu lado, mas meu pai.

— Eu sinto muito… — Balbuciei, percebendo como minha voz soava instável e embargada.

— Nico… — Jason tentou se aproximar do garoto, mas Nico se afastou novamente, ainda mais assustado, agarrando-se a Will em busca de proteção.

Eu pude ver a dor no semblante do meu irmão e aquilo foi suficiente para que eu pudesse me colocar de pé, puxando Jason enquanto buscava me afastar de Nico, ainda encolhido nos braços de Will.

— Thalia, o que está acontecendo? — Jason me fez parar quando entramos no pavilhão de refeitório, longe o suficiente de Nico.

Eu não conseguir responder, apenas me deixei cair no chão, abraçando meus joelhos e escondendo meu rosto, a culpa me corroendo tão forte quando as imagens que havia presenciado.

— Eles estavam em transe. — Ouvi a voz distante de Percy e, em seguida, um toque delicado em meus cabelos em um carinho. — Como os que Hazel tinha. O tempo no Mundo Inferior deve ter afetado Nico também.

— O que vocês viram? — A voz suave de Annabeth veio ao meu lado e eu sabia que era ela quem estava me tocando, tentando me acalmar.

Com esforço, ergui meu rosto já úmido e encontrei o olhar preocupado do meu irmão que se abaixava na minha frente.

— A mãe dele… — sussurrei, sem conseguir respirar direito. — A morte dela… Foi horrível…

Eu não conseguia continuar, minha garganta parecia fechada, minha mente enevoada em lembranças dos raios destruindo tudo.

— O que aconteceu com ela? — Jason questionou, ainda mais preocupado e eu desviei o olhar, encontrando os olhos verdes de Percy em mim e eu soube que ele também sabia o que tinha acontecido.

— Zeus… — sussurrei novamente, desta vez conseguindo encarar meu irmão. — Nosso pai matou a mãe de Nico.

Eu não consegui continuar, mas Percy começou a explicar o que sabia, desde a profecia que levou nossos irmãos a morte, até a parte em que as crianças Di Angelo tiveram a memória apagada e foram presas no Cassino Lótus.

— Eu não consigo acreditar nisso… — Jason murmurou abalado. — Nico nunca me contou isso… Se ele tivesse me contado…

— Não iria fazer diferença. — Percy retrucou, o semblante sério. — Não fez diferença para Nico.

— Ele nunca foi de se abrir. — Annabeth se pronunciou com suavidade. — Não deve ser fácil para ele falar sobre isso, ainda mais com vocês.

— Deve ser legal falar sobre o assassinato de sua própria mãe com os filhos do culpado. — resmunguei sarcástica, sentindo meu corpo tremer de raiva. — Não podemos julgá-lo, certo?!

— E vocês não podem se culpar. — Percy interferiu, colocando a mão sobre o ombro de Jason.

— Percy está certo, não podemos responder pelo que o que nossos pais fizeram. — Annabeth salientou. — Não vale a pena.

— Ainda mais porque a lista de Zeus é maior do que a de qualquer outra. — Retorqui, não querendo ouvir o discurso do casal.

— Thalia… — Minha amiga começou e eu já podia ouvir o seu discurso

— Não. — A cortei com um aceno de mãos. — É melhor vocês irem ver como Nico está. — Lancei um breve olhar para o meu irmão, ainda abalado com aquilo tudo. — E é melhor nós dois ficarmos longe dele, pelo menos por um tempo.

 

(...)

 

— Thalia? — Mais tarde, Nico apareceu ao meu lado na fogueira, assustando-me. — Está me evitando?

Era tão óbvia a resposta que apenas dei de ombros. Eu não podia compreender como Nico conseguia parecer relaxado ao meu lado  — pelo menos, tão relaxado quanto Nico di Angelo poderia estar — e ainda sorrir sarcástico, completamente despreocupado.

— Ah, por favor! — O filho de Hades retorquiu irritado com minha reação. — Eu passei a última hora convencendo Jason a não ligar pra isso. Não me faça repetir o mesmo com você! Além do mais, meu pai também te matou, não? Não foi assim que virou uma árvore?! Então estamos quites!

O olhei incrédula, sem conseguir entender suas palavras ou seu sorriso irônico.

— Você não pode estar falando sério…

— Isso foi há setenta anos, Thalia. — Nico revirou os olhos. — O que adianta ficar assim? Não vai trazer minha mãe de volta. Muitos morreram por causa das brigas de nossos pais, a única coisa que podemos fazer é tentarmos ficar longe disso e vivos. E, infelizmente, isso inclui seguir com esse plano louco deles.

— Depois de tudo isso você ainda quer ser meu noivo?! —  O olhei incrédula, sem conseguir acreditar naquilo.

— Eu sei o que aconteceu com minha mãe há anos. — Nico respondeu, completamente sério. — Isso não me impediu de ser amigo de Jason e não vejo porque vai impedir de ser o mesmo com você. Precisamos ficar unidos nisso e não se culpando pelo o que os nosso pais fizeram.

Eu não sabia bem o que responder, mas os olhos de Nico diziam que ele quem ganharia aquela discussão. Se havia convencido até a Jason, eu provavelmente não tinha muitas chances.

— Então agora somos amigos? — questionei por fim, vendo-o sorrir tão abertamente que até mostrou as covinhas.

— Também. — Ele deu de ombros. — E também arqui-inimigos, mas eu já disse que não odeio você.

— Não foi o que você disse pro Will. — retorqui e Nico me encarou confuso. — No dia que eu cheguei, vi vocês conversando e você deixou bem claro o quanto me odeia.

— Não leve isso há sério, faz tempo.

— Foi há duas semanas.

— Duas semanas na vida de um meio-sangue significa uma vida. — Nico argumentou mais uma vez. — Veja nosso caso: quando te conheci você odiava as caçadoras tanto quanto eu, em duas semanas era a líder delas. Espero que nessas duas últimas semanas tenha retomado o juízo.

Não pude deixar de rir com aquela lógica estranha.

— Agora somos aliados, Thalia. Querendo ou não. E nossa próxima batalha está bem próxima.

— Você diz sobre o beijo? — Gemi, não querendo esfregar meus lábios nos dele novamente.

— Na verdade, me refiro ao caça a bandeira mesmo. Você nos fez perder no último, precisamos ganhar.

— Ei, não foi culpa minha! Você e Jason que são suicidas!

— Sem discussão. — Nico retorquiu, sem paciência para rebater. — Nós três vamos elaborar a melhor estratégia. E eu só vou te perdoar depois que ganharmos aquela bandeira.

 

(...)

 

Como era de se esperar, a sexta-feira chegou muito mais rápido do que eu queria. Não era a ideia de lutar que me deixava desanimada, longe disso, mas a simples ideia de ser beijada por Nico novamente… Deuses! Eu queria vomitar e não era de emoção.

— Preparados para a batalha?! — Jason exclamou eufórico e eu queria me encolher, mas me contentei em assentir com a cabeça, ajustando melhor os protetores no meu braço.

— Nós precisamos ganhar! — Nico falou ainda mais animado, já colocando a armadura.

A imagem da primeira vez que o vi vestir uma surgiu na minha cabeça, numa época em que ele era bem menor e mais magro, a armadura o deixando desengonçado como uma criança com as roupas do pai. Agora, apesar de ainda magro, ele parecia ter uma armadura própria e ajustada para o seu corpo, felizmente.

— Pena que não vamos poder usar nossos planos antigos. — Jason suspirou, olhando as demais crianças energéticas se preparando ao nosso lado. — Quíron proibiu plataformas suspensas, soníferos, monstros e o antigo limite está de volta. Vamos ter que voltar ao velho estilo.

— Ainda somos melhores que eles. — Nico retorquiu. — Podemos vencer!

Tentei me convencer com o ânimo deles, mas nem sei dizer se eu torcia realmente por nós. Além do mais, havia uma coisa que ficava me intrigando, mexendo com a minha cabeça.

— Jason — chamei meu irmão assim que Nico saiu. —, não querendo ser a chata, mas talvez devêssemos evitar usar nossos poderes. — comentei com cuidado, com medo de como ele poderia reagir. — Nico ainda parece abalado, talvez você devesse falar com ele sobre evitar usar os dele também.

— Will já fez essa parte. — Jason respondeu baixo, olhando em volta para ter a certeza de que ninguém estava nos ouvindo. — E dessa vez até ele concordou que seria melhor deixar as sombras de lado. Ainda mais com Mirah e Ayla no time contrário.

— Mas não só ele. — continuei. — Depois daquele dia com os raios...

—Eu sei. — meu irmão concordou. — Eu vi o olhar de Nico, vi como ele estava com medo da gente. E, apesar dele ter dito que foi apenas reflexo…Nada de raios por enquanto.

— Nada de raios por enquanto. — concordei, sorrindo em seguida ao girar minha espada na mão. — Mesmo porque, quem precisa de raios quando tem a melhor espadachim no time?!


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Notas finais do capítulo

Espero que ainda estejam por aqui e que deixem comentários!
Se tiverem ideias de como desenvolver essa batalha, melhor ainda porque é onde eu estou travada, haha'
Quem vocês acham que vai ganhar esse caça à bandeira? Façam suas apostas!
Obrigada por não me abandonarem e até logo!
Beijos!