Eu, Meu Noivo & Seu Crush — Thalico escrita por Helly Nivoeh


Capítulo 36
A prática leva à confusão


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas!
Hoje é aniversário de dois anos dessa nossa ficzinha que enche meu coração de amor! E, para comemorar, um capítulozinho pra vocês!
Especial ainda mais para a Luena e para a Alethea que deixaram duas recomendações maravilhosas!
Muito obrigada, meninas lindas!

Boa leitura!

Recapitulando:
Nico e Thalia sentem choque quando se tocam algumas vezes;
Eles aceitaram o casamento, mas estão treinando beijos;
Thalia beijou Nico bem no meio da rua durante uma discussão;



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Narração: Nico di Angelo

 

Lábios grudados, olhos arregalados e pessoas esbarrando na gente: este, meus senhores, foi o beijo que eu e Thalia compartilhamos no meio da Wall Street. Horrível, se me permite dizer. Sem falar nas correntes elétricas, claro, pois a cada segundo a mais que eu mantinha nossos lábios pressionados e meus braços pendurados ao lado do corpo, mais fortes eram os choques e, pelo jeito, ela também sentia, pois logo me empurrava com uma expressão irritada.

— Você está me dando choque! — Exclamou e pude sentir a voltagem aumentar no meu peito, onde ela ainda me tocava. Empurrei seu braço e retruquei:

— Você quem está me dando choque! Você é a garota elétrica!

— Não venha citar Oásis para mim! — Thalia reclamou, mesmo que She’s Eletric nem tenha passado pela minha cabeça. — Eu não sei o que está acontecendo, mas sei que não dá pra ficar assim!

— Talvez seja o nervosismo. — Sugeri, tentando pensar nas situações que a energia entre nós havia ficado tão instável que se tornara dolorosa. — Você nunca tinha me dado um choque tão forte, não sem querer. Foi sem querer, certo?

Thalia assentiu, olhando em volta apreensiva. Eu estava ficando zonzo no meio de tantas pessoas e a situação parecia só piorar: eu nem sabia se só apertar nossos lábios seria considerado um beijo, agora estávamos nos eletrocutando sem controle. Precisávamos sair dali, mas não seria possível ir pela sombras, eu não queria tocar em Thalia tão cedo.

— Vem, vamos voltar pro Central Park, podemos nos acalmar um pouco antes de ir pra casa.

Thalia respirou fundo e assentiu, olhando em volta como se esperasse algum monstro aparecer. Ah, ótimo, quase havia esquecido que somos alvos ambulantes!

— Qual o seu problema com Oásis? — Questionei, tentando tranquilizá-la um pouco. Talvez todo aquele mal humor fosse apenas nervosismos. Nesse caso, Thalia deveria tomar chá de camomila mais vezes, quase sempre parecia prestes a matar alguém com seus olhos elétricos.

— Nenhum. — Ela deu de ombros. — Eu gosto de Oasis.

— E qual o problema de te chamar de Garota Elétrica?

— Como se você se sentiria se eu te chamasse de caveirinha Júnior?! — Thalia retrucou, ácida.

— Prefiro Rei dos Fantasmas. — Respondi, vendo-a revirar os olhos, mas contorcendo também os lábios em um pequeno sorriso de canto.

O resto do caminho foi aquele silêncio nervoso, eu não sabia se devíamos tentar nos beijar de novo, se Thalia ainda ia se casar comigo ou se deveríamos apenas nos jogar no Tártaro torcendo para que nossos pais não inventassem de casar mais ninguém.

Eu até queria perguntar se ela gostava dessa ideia, mas, como Thalia não disse nada, era melhor ficar calado.

— Eu… — Thalia começou, assim que seu all star tocou a grama do Central Park. —… Sinto muito. Pelo choque, quer dizer.

Franzi a testa, tentando entender aquilo: Thalia Grace estava me pedindo desculpas pelo choque? Pelos propositais ou pelos acidentais, aliás?! Contudo, achei melhor não perguntar, vai que ela resolver me dar outro.

— Não foi nada. — Dei de ombros. — Acho que só estamos nervosos.

— É que isso é tão… estranho. — Thalia murmurou, chutando pedras que encontrava pelo caminho. — Eu sou uma caçadora. A tenente das caçadoras. Já é estranho ficar sem minha tiara, ainda mais beijar um garoto!

— Um garoto que não gosta de garotas. — A lembrei. — Também é estranho pra mim, acredite,

— Acha que um dia a gente vai se beijar sem achar tudo isso muito estranho? — Thalia fez uma careta e a ideia de que esse dia poderia vir a chegar me pareceu ainda mais estranha e assustadora do que ter que beijá-la sem querer. — Acha que um dia vamos gostar de nos beijar?

A olhei por um segundo e, então, nós dois fizemos caretas, descartando a ideia.

— Acho que podemos nos acostumar. — Respondi, por fim. — Como nos acostumamos com as outras como… ser um semideus ou com a ideia de que nossos pais podem nos vigiar o tempo todo.

— Não sei se estou acostumada com isso. — Thalia deu um riso nervoso e abaixou o rosto, um tanto vermelho. Thalia Grace corando? Ok, talvez eu devesse verificar se era realmente ela ali na minha frente.

— Então… — Murmurei, com um silêncio desconfortável entre nós. — Acha que devemos tentar de novo ou…?

Não soube bem como terminar, afinal, ou a gente se beijava naquela hora ou só iríamos adiar as coisas. Era melhor que conseguíssemos nos beijar sem nos eletrocutarmos antes de nos beijarmos na frente de todo mundo. Aliás, se nos matássemos com choques acidentais, nossos pais iriam desistir dessa ideia louca e perceber que nunca ficaríamos juntos?!

— Temos realmente escolha? — Thalia deu um suspiro cansado e eu sabia que a resposta era não, mas aquele desanimo todo também me afetava. Poxa, a ideia de me beijar era tão ruim assim?!

— Que tal se formos mais devagar? — Sugeri, apesar de não fazer ideia de como faria aquilo. Thalia assentiu, apertando os lábios em nervosismos e parecendo ainda mais tensa. — Tenta ficar calma, ok? Feche os olhos, conte até dez, pense em unicórnios fofinhos, mas dê um jeito de relaxar.

Pelo o que parecia a primeira vez, Thalia teve o bom senso de me escutar. Ela fechou os olhos, respirou fundo várias vezes e seus lábios se moviam, denunciando uma contagem. Agora era a minha vez. Dei um passo a frente, tentando controlar meu próprio nervosismo, e fiquei de frente para Thalia.

Agora era só tocar os lábios dela com os meus. Engoli em seco e aproximei mais meu rosto, mesmo que houvesse uma distância de uns trinta centímetros entre nossos corpos. Inclinei minha cabeça para a direita e Thalia arregalou os olhos, parecendo mais tensa.

— Calma. — Sussurrei, tentando criar coragem para beijá-la. Thalia assentiu com a cabeça, o que não foi boa ideia com meu rosto tão próximo: seu queixo bateu no meu nariz, em um ângulo estranho, antes dela se assustar e dar mais um passo para trás. — Calma, Thalia.

Repeti, dando mais um passo em sua direção e, dessa vez, a distância era menor. Thalia estava ainda mais pálida e um filete de suor descia pelo rosto, não só por causa do calor do verão. Eram cerca de dez centímetros entre nossos corpos quando aproximei meu rosto novamente, inclinando para a direita. Thalia fechou os olhos com força e apertou os lábios, mas já estávamos enrolando demais.

Com cuidado, pressionei meus lábios contra os dela por uns dois segundos, sentindo uma carga mais leve que a anterior. Afastei-me devagar, e ouvi Thalia soltar a respiração de uma vez. Ela abriu os olhos novamente e me analisou, dessa vez um pouco mais calma e me mantive ainda perto, deixando claro que teríamos que repetir aquilo.

Thalia inspirou fundo e fechou os olhos novamente, seus braços pendurados ao redor do corpo, os punhos cerrados, mas, pelo menos, não apertava os lábios agora.

Novamente me aproximei e lhe dei um selinho, dessa vez mais longo, sentindo ainda um pouco de carga elétrica nos meus lábios. Me afastei e a encarei, notando como ela estava um pouco menos assustada. Repeti todos os selinhos umas cinco vezes, todos com menos de trinta segundos, mas eu sabia que um beijo não era só aquilo. Felizmente, Thalia parecia mais calma e a quantidade de choques era menor a cada tentativa.

Por fim, decidi deixar nosso lábios pressionados por quase um minuto, meus olhos fechados e minha mente se perguntando o que eu deveria fazer em seguinte, quanto tempo mais eu deveria estar naquela posição. Eu deveria fazer alguma outra coisa, certo? E a pior parte era que eu quem deveria guiar o beijo, afinal, sempre esperam que o garoto faça isso. Viu? Mais uma desvantagem em beijar garotas!

Lembrei-me dos filmes que vi, em como as pessoas viravam o rosto enquanto se beijavam. Talvez eu devesse tentar fazer isso. Inclinei meu rosto para a esquerda e, infelizmente, Thalia teve a ideia de fazer o mesmo, e logo nossos narizes se chocavam de forma muito estranha. Soltei um resmungo e afastei meu rosto, vendo Thalia fazer uma careta.

— Desculpe. — Ela murmurou e seu rosto estava vermelho. Isso me fez rir um pouco daquela situação estranha, melhorando um pouco o clima tenso, enquanto Thalia também ria, mordendo o lábio inferior um tanto tímida. — Dessa vez eu vou ficar quieta.

“Dessa vez”, bom, acho que isso significaria que iríamos tentar de novo. Se isso seria bom ou ruim, era outra história.

Como pode imaginar, novamente repetimos aquele quase ritual de apertar nossos lábios fechados um contra o outro. Desta vez, eu segurei a nuca de Thalia com a mão direita, isso ia evitar outra colisão, eu esperava. Percebi que os pelos dela se arrepiaram, mas não mencionei nada, nem quando as mãos dela tocaram meus ombros. Isso significava que minha mão esquerda pendurada ao lado do meu corpo estava muito estranho, então, não tive muito escolha a não ser colocá-la na cintura de Thalia. Era assim que fazia, né?

Estranhamente a filha de Zeus não me impediu. Mas isso não significava que ela não apertou meus ombros, ficando mais tensa, e a consequência foi pequenos choques que passaram por cada lugar que nossos corpos se tocavam. Felizmente, os choques não machucaram, não a mim, então continuei com nossos lábios quase colados. Aliás, os meus estavam ficando dormentes desse jeito.

Ok, agora era hora de fazer alguma coisa. Mantive a cabeça de Thalia firme com minha mão e inclinei meu rosto um pouco pra esquerda,entretanto, ainda era estranho. Eu precisava mexer os lábios, mas… como?! Experimentei entreabrir meus lábios só um pouco.

Abri os olhos para ver qual era  expressão de Thalia e ela também estava com os olhos arregalados e parecendo nervosa, mas fechou assim que viu que eu abri os olhos. Isso não estava certo.

Fechei meus lábios novamente, com medo de que Thalia me desse um choque ainda maior, no entanto, senti os lábios dela se mexendo, abrindo-se também, e meu lábio inferior ficou entre os seus.

Como aquilo me parecia um pequeno progresso, eu repeti o gesto de mover meus lábios também, como se desse pequenas mordidas com eles nos lábios de Thalia. Aquilo não era exatamente ruim… Era estranho e causava cócegas, principalmente graças as fagulhas que sentia, mas não me incomodava.

Pelo visto, não incomodava Thalia também não. Percebi isso quando ela abraçou meu pescoço e seu corpo ficou mais próximo do meu. Como por instinto, minha mão subiu por sua cintura até o meio das suas costas e meus lábios pressionaram mais o seus, ainda se movendo.

Aquilo era um beijo, certo?!

Só faltava a parte nojenta da… bem, da língua.

Eu pensei que Thalia também pensasse assim, então, aproveitei que os lábios dela estavam aberto e deslizei minha língua por entre eles, tocando a língua de Thalia com a minha.

Eu nem tive tempo de pensar em como era nojento aquela troca de babas: senti uma dor aguda na minha língua e gritei, empurrando Thalia.

— Você está louca?! — Gritei, sentindo o gosto de sangue na minha boca. — Por que você me mordeu?!

— Por que você enfiou essa língua nojenta na minha boca?! — Thalia revidou no mesmo tom, seus olhos faiscando e seus punhos fechados. Bom, pelo menos ela não me deu outro choque proposital, pensei.

— Porque estávamos nos beijando! — Exclamei o óbvio.

— E desde quando precisa enfiar essa língua na minha boca pra isso?!

— Desde que se chama beijo de língua!

Ok, era oficial: aquilo jamais ia dar certo. Thalia Grace era definitivamente louca!

— Você está se aproveitando da situação! — Thalia vociferou com o nariz em pé.

— Pelos deuses, Thalia! Eu sou gay! — Gritei o óbvio novamente, revirando os olhos e tentando a mandar aquela garota um tanto estúpida para os reinos do meu pai. Se eu continuasse com aquela história de noivado, ia acabar muito machucado, se não morto. De novo. E definitivamente dessa vez.

— Eu não tenho certeza disso, querido! — Thalia replicou, cruzando os braços sob os seios e me olhando irritada.

— Ah, pelos deuses! — reclamei. — Por que, por Hades, eu ia querer sua baba na minha boca, garota?! Prefiro beijar um cacto! Nunca gostei de pinhas mesmo!

Eu sabia que ia levar um soco assim que fechei minha boca. Mas, por incrível que pareça, ela não me bateu, apenas gritou de frustração e saiu marchando irritada, provavelmente querendo ir à pé para o Acampamento Meio-Sangue, só pra não encostar em mim.

É, esse casamento vai dar tão certo quanto nosso primeiro beijo!

 


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Notas finais do capítulo

Alguém aí com dó no Nico?!
E aí? Como foi o primeiro beijo de vocês? Tão estranho, dolorido e filosófico quanto esse do Nico?
Confesso que não lembro direito do meu primeiro beijo, só lembro de depois pensar "gente, que que aconteceu aqui?"!
Obrigada por todo o companheirismo e por cada palavra de incentivo, se não fosse vocês, EMNSC não existiria mais e provavelmente Helly Nivoeh teria abandonado o Nyah! novamente... Muito obrigada mesmo!
Eu sei que em 2017 eu não postei muito, a faculdade e os estágios pesaram muito, principalmente na questão psicológica, mas vou mes esforçar para postar mais esse ano, tanto é que vou começar o Camp Nano com EMNSC, um desafio onde vou tentar escrever 20 mil palavras até o final do mês.
Sei que o capítulo ficou pequeno, mas prometo que foi de coração. No momento eu estou cansada e com muita dor depois de uma prova, mas precisava deixar esse agradinho hoje.
Enfim, muito obrigada mesmo ♥