Os sentimentos da Princesa Guerreira escrita por Kori Hime


Capítulo 8
Capítulo 8 — A hora certa, no lugar certo


Notas iniciais do capítulo

Primeiro vamos a leitura, depois conversamos lá embaixo nas notas.



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A suíte presidencial possuía quatro quartos, uma espaçosa sala de convivência, sauna, piscina interna e uma cozinha. Além de uma vista perfeita para a cidade. Diana apreciava aquela vista noturna de dentro da sala de estar. Estava num ambiente agradável, devido o ar condicionado. Lá fora estava quente, como nas praias de Themyscira.

Diana vestia seu uniforme com as novas calças, botas e o corpete de bronze. Apensar de ser uma missão discreta, sua experiência lhe dizia que era melhor prevenir. Até porque, era noite e Batman já estava vagando pela cidade, sequer a aguardara para isso.

— Senhorita Prince. — A voz de Alfred chamou a atenção da Mulher Maravilha. Ela se virou e encontrou a imagem do mordomo no celular que estava conectado ao laptop de Bruce, em cima da mesa de centro da sala. — Perdoe-me, Mulher Maravilha.

— Sem problemas, Alfred. Pode me chamar da maneira que desejar. — Diana caminhou até o sofá e sentou diante do aparelho.

— Parece que a noite será longa, senhorita. — A voz pacífica do mordomo trazia tranquilidade ao ambiente. Seu sotaque britânico era elegante e fazia Diana se sentir acolhida.

— Eu conto com isso, Alfred. Quero resolver esse caso o quanto antes.

— Tenho certeza de que deseja retornar para casa. — Era possível ver apenas o rosto de Alfred e, algumas vezes, a xícara que ele levava até a boca. — Um desejo em comum que a senhorita compartilha com meu patrão. Durante esses anos eu tento tirá-lo dessa caverna para vê-lo se divertir, ou pelo menos tentar tirar algum proveito de suas extravagantes encenações. Mas aprendi que não se tem tudo o que se deseja.

— Ele parece se divertir com seu trabalho, lá fora, na escuridão. Onde as pessoas o temem. E, as vezes, ele parece temer a si próprio.

— Na verdade, senhorita, ele se tortura todas as noites quando se embrenha no escuro para fazer seu trabalho. É como uma maldição, uma punição sem necessariamente ter sido culpado pelo que aconteceu. Carregando nos ombros todo o peso do mundo.

— Seu patrão é bastante misterioso, Alfred. Mas eu fico feliz que ele tenha alguém como você para confiar, a solidão pode ser o maior dos inimigos. — Diana sentiu que já era hora de se despedir.

— E a mim parece que a senhorita conquistou tal confiança também.

Alfred não disse nada mais, e Diana também não poderia continuar conversando. Ela ouviu as ordens de John pelo comunicador, precisava partir. Após uma despedida, Diana deixou a suíte do Hotel pela varanda.

Naquela semana, a cidade de Bogotá estava em festa, celebrando seu aniversário de 478 anos. Diana ouvia a população animada pelas ruas, músicas típicas e comidas variadas. A mensagem telepática de John, ordenava que a amazona seguisse pela Avenida Carrera, até a El Dorado. Pela Carrera 13, Diana entrou no Parque Central de Bavaria, encontrando o que John lhe designara. O Bancolombia Centro Internacional era palco de uma apresentação em homenagem aos heróis da cidade. Diana seguiu as instruções, sem levantar suspeitas de nenhum civil. De maneira ágil, a heroína voou até o topo do prédio. Por acaso, encontrou o Batman por lá.

Ele usava um binóculo para observar o lado norte, onde ficava um outro prédio.

— John também te guiou até aqui? — Ela sabia que não. Batman apontou na direção que observava, Diana possuía uma visão espetacular, por isso não precisaria de binóculos.

— Eu estava até agora monitorando Lex Luthor, mas o encontro dessa noite não passava de diplomacia. — Batman olhou para a Mulher Maravilha. — Roupas novas?

— É, eu gosto de variar de vez em quando. — Diana murmurou. — Eles estão fazendo uma venda? Quem ainda paga com dinheiro? Achei que usassem transferências bancárias hoje em dia.

— Essa soma em dinheiro é muito alta para passar desapercebida de uma microempresa de Bogotá. Eles não ganhariam essa quantidade nem em trinta anos de trabalho. — Batman voltou a usar o binóculo. — Vamos deixar que eles terminem a transação. Tenho um informante no prédio, um repórter também irá conseguir uma promoção essa noite.

— Você está muito generoso. Ali tem no mínimo trinta homens armados.

— Aqui as coisas são um pouco mais complicadas. A polícia local não é confiável, tive que conseguir apoio com a embaixada americana para uma investigação mais aprofundada. — Batman ficou em silêncio, enquanto Diana aguardava o final do encontro, admirada por ele ter solicitado ajuda a alguém.

— Em nome de quem? — Diana voltou a atenção para o outro prédio, ela viu algumas viaturas de polícia circularem o lugar, mas não pareciam estar ali para a segurança dos civis. Então Diana reconheceu o homem que saiu de um carro sem identificação. — Comissário Gordon?

O comissário Jim Gordon, do Departamento de Polícia de Gotham, estava acompanhado por três homens à paisana. Eles entraram no prédio, alguns minutos depois, houve uma sucessão de tiros e gritos. Batman então se mexeu e Diana não fez diferente, enquanto ela voava na direção do outro prédio, Batman possuía um estilo próprio para voar, usando sua capa negra, como asas de morcego, e um gancho que poderia sustentar toneladas.

Diana atravessou as janelas de vidro, protegendo o rosto com os braços cruzados na sua frente, usando o bracelete para desviar as balas. A luta foi rápida, e alguns corpos jaziam no chão desacordados, antes mesmo que eles pudessem se defender. Os gritos no corredor dava a entender que Batman estava próximo.

O comissário Gordon fez seu trabalho no andar de baixo, apreendendo o dinheiro e as esmeraldas. O jornalista estava junto com a polícia de Gotham, filmando a operação com um celular, havia também dois policiais disfarçados da polícia de Bogotá. A operação estava apenas em seu início, mas eles sentiam um gosto de vitória naquele momento.

Quando o reforço subia as escadas, Batman entrou em uma sala, carregando o corpo de alguém nas costas. Diana o seguiu. Ele largou o corpo em cima de uma cadeira, segurando seu queixo com força, o homem tentou escapar, sem sucesso.

As perguntas de Batman foram respondidas, mas todas eram inúteis, a pessoa sabia muito pouco para valer a pena. Diana sugeriu usar o laço dela, para obter mais informações, mas o rapaz não tinha conhecimento nenhum sobre as minas, ou quantas pessoas viviam lá.

— Vamos sair daqui, não é uma boa ideia aparecermos na imprensa. — Batman abriu a janela da sala, Diana saiu voando por ela e, quando o mascarado apontou sua pistola para lançar o gancho no outro prédio, uma explosão o arremessou para fora.

Diana foi atirada para longe com o impacto, mas ela conseguiu jogar seu laço na direção em que Batman caía e o prendeu. Voou até o topo do outro prédio, colocando-o no chão.

As sirenes do Corpo de Bombeiros espalharam-se pela cidade. As chamas no outro prédio eram altas. Diana deitou a cabeça de Batman sobre seu colo, tirando a máscara de seu rosto. Ela removeu o pedaço de vidro enfiado na armadura, e o sangue ensopou suas mãos.

O laço dela ainda estava ao redor do corpo de Bruce.

— Está tudo bem. — Ele falou. — Eu já estive em situações piores.

— Consegue se levantar? — Diana perguntou, apertando a ferida para conter o sangramento. — Devo ir até lá, ver se posso ajudar a salvar alguém. — Ela falou preocupada. — Se estiver tudo bem, eu vou lá, ok?

— Fica comigo. — Bruce sussurrou baixinho em resposta. — Eu quero que fique comigo.

Diana apertou os lábios, enquanto o laço estivesse em contato com Bruce, ele falaria a verdade absoluta. Apesar de parecer a oportunidade perfeita, não era assim que a amazona desejava ouvir a verdade, seja lá qual fosse ela.

— Eu já volto, Bruce. — Diana se levantou, ela ainda podia ouvir Bruce pedir para ficar ao seu lado.

***

A suíte foi banhada pela luz do nascer do sol. Ainda era muito cedo, mesmo assim, o calor parecia ser de meio dia. Diana então fechou as janelas e cortinas, deixando o quarto mais agradável quando ligou o ar condicionado. Não poderia negar que aquela era uma invenção muito apropriada para dias quentes como aquele.

Deitado na cama, Bruce Wayne despertava lentamente. Ele se sentou, ajeitando as costas nos travesseiros, seu olhar era de cansaço, embora tivesse dormido quatro horas sem interrupção. O que era um novo recorde nos últimos anos da vida dele.

Diana trouxe o café da manhã, emburrando o carrinho até a cama e apresentou as sugestões que pediu para a recepção, sem saber ao certo qual era o gosto dele. Bruce começou pelo café sem açúcar.

— Está muito bom. — Ele falou, mas não se referindo à bebida. Passou então a mão na costela, que possuía um curativo. — Obrigado.

— Fiz o que pude. — Diana comentou. — Depois do café, acho que você deve dar uma olhada.

— Confio em você. — Ele disse.

Diana pegou um biscoito e sentou na cama, dando alguns detalhes da noite passada. O que era para ser discreto, acabou trazendo a mídia internacional para Bogotá. A presença de Batman e da Mulher Maravilha também causou repercussão, o que não era muito bom para a imagem de Bruce Wayne.

— Seu álibi foi confirmado pela camareira, que disse que você passou a noite inteira nessa suíte. — Diana o encarou, dando um sorriso pequeno. — Acho que depois disso, não iremos mais ao baile juntos. Seria esse um recorde para o Sr. Wayne?

— Não, não. — Bruce abaixou a xícara vazia. — A princesa Miliana, da Bulgária, passou por algo semelhante no Ano Novo de 1999.

— Por favor, não permita que a camareira sofra qualquer retaliação sobre o que aconteceu. — Diana suspirou. — Sobre o boato. Ela nada tem culpa.

— Pode deixar, Alfred vai resolver isso. — Bruce olhou a ferida, Diana perguntou se ele precisava de alguma coisa. — Não, estou bem. Semana passada quebrei a costela, e ontem fui perfurado no mesmo lugar. Uma fase ruim, apenas. Alguma notícia de Gordon?

— Ah! Sim, ele foi levado para o hospital, mas não sofreu ferimentos graves. Houve algumas mortes, infelizmente. Mas o prédio estava quase que totalmente vazio. O repórter foi notícia no jornal agora pouco. Realmente ele vai receber uma promoção. E Bruce Wayne não sabia que a Mulher Maravilha o usava como disfarce para uma missão da Liga da Justiça. — Diana se levantou e tratou de olhar a ferida. — Você tem uma reunião para ir hoje na Universidade. Acha que vai conseguir?

— Com certeza. — Ele sorriu. — O que vai fazer agora? Mudar de quarto?

Diana não havia pensado naquilo. Obviamente, se estava dando um tempo em sua relação com Bruce Wayne, as pessoas deveriam estar curiosas, já que eles entraram juntos naquele hotel, só que ninguém saiu.

— Pelo visto terei que colocar em prática meu lado atriz e sair o Hotel. Não posso pagar por um quarto aqui.

— É só entrar pela janela. Ela vai sempre estar aberta para você.

Diana não iria se juntar a Bruce no almoço oferecido a Universidade de Los Andes. Ela estava na sala de refeições da suíte, analisando os mapas dos arredores da cidade, enquanto comia um prato com peixe, batata assada e salada, pedido de Bruce Wayne para sua suíte.

Bruce entrou na sala, ajeitando o colarinho da camisa e dando um perfeito nó em sua gravata. Ele mexeu nos mapas espalhados sobre a mesa, e deu algumas sugestões para a Mulher Maravilha. O perfume de Bruce era bem característico dele, Diana não se lembrava de sentir o mesmo aroma em outras pessoas. Deveria ser algo exclusivo, como tudo era na vida de um Wayne.

— Estarei de volta daqui algumas horas. Podemos verificar esse aqui a noite. — Ele apontou para um dos mapas. — Se precisar de algo, solicite ao Alfred.

Diana não agradeceu, ela não sabia se era preciso. Bruce saiu sem se despedir. A ajuda de Alfred também não foi necessária, embora conversar com ele fosse muito agradável. Ainda mais com as histórias da infância de Bruce. Ele prometeu um dia mostra-la um álbum de fotografias do jovem Wayne em seus adoráveis anos.



***

A noite chegou e o Batman já estava no controle, seu ferimento não parecia dificultar os seus movimentos. Ao menos ele tinha controle sobre a dor física. Diana chegou mais rápido no local indicado no mapa. O Batman não era muito adepto de pegar carona com ela pelo ar. Talvez apenas em casos de emergência.

No antigo mapa da cidade, havia uma estação ferroviária naquele local. Atualmente, a relva tomou conta do lugar, Batman encontrou os trilhos da antiga ferrovia afundado no terreno. Eles encontraram um galpão, não muito longe da cidade. Parecia abandonado, mas ouviram um barulho e aguardaram duas pessoas saírem de lá.

— John, vamos entrar. — Batman recebeu a orientação do Caçador de Marte. — Precisamos agir rápido.

Diana voou até o telhado do galpão e espiou por uma fresta.

— São vinte pessoas. — Ela falou pelo comunicador em sua orelha. — Posso entrar e enfrentá-los.

— Não antes de sabermos onde fica a entrada da mina. Me aguarde. — Poucos minutos depois, Batman estava ao lado de Diana. — Eles estão armados, isso é sinal de que estamos chegando perto.

— Está fácil demais. — Diana olhou ao redor, estavam muito perto da cidade.

— As pessoas aqui são obrigadas a ceder, ou serão rendidas de outras formas.

Diana observou o pesar na voz do mascarado.

— Vamos pela floresta? Pode ter uma outra entrada. — Ela sugeriu.

— Deve estar bem guardada, tanto quanto essa. — Batman refletiu uns instantes. — A menção da Mulher Maravilha chamou muita atenção ontem, eles devem ter reforçado todo o perímetro. Vou atrair a atenção deles, você se encarrega de entrar. Talvez hoje nós podemos ter a chance de ser mais discretos.

Diana o viu se lançar na escuridão, não demorou muito para que o show começasse. Não havia nada de discreto nas minibombas lançadas entre algumas árvores, que assustaram os pássaros que voaram em disparada pelo céu noturno.

Alguns homens armados saíram do balcão. Diana podia contar mais quinze lá dentro. Só que Batman realmente conseguia chamar atenção quando queria. Não da mesma forma que Bruce Wayne, mas, ainda assim, chamava muito atenção.

Diana entrou no galpão. Havia caixas de madeira empilhadas, ela abriu algumas e encontrou sacos de comida para cachorros e gatos. Abriu um dos pacotes e cheirou o conteúdo. Nada parecia com o alimento de animais, talvez fosse drogas. Em outras caixas empilhadas, encontrou uma infinidade de armas e munição.

Caminhando para dentro do galpão, encontrou uma porta bem guardada por dois homens. Eles mal tiveram chance de ver quem os nocautearam, tamanha velocidade e força que a Mulher Maravilha usou. Assim que abriu a porta, encontrou um túnel iluminado por uma luz amarelada. Conforme andava, Diana sentia que ia descendo os níveis, até que chegou em uma escadaria. Ela podia ouvir o barulho de vozes e metal. Continuou descendo as escadas.

As vozes se acumulavam e o barulho do metal já podia ser identificado como um carrinho nos trilhos. Ela sentiu dificuldades para inalar o ar dali de baixo, tampou boca e nariz com a mão, quando chegou ao final da escada, que dava para um novo túnel, seguiu os trilhos do trem, seguindo o barulho do carrinho.

Quando o barulho do carrinho parou, Diana também parou, ouviu gritos de ordem e choro. Ela prometeu para Batman que iria apenas verificar a situação, mas seu coração mandava seguir em frente.

Diana voou pelo túnel até encontrar a luz final. E o que encontrou com o final do túnel a deixou chocada, como a muito tempo não ficava.


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Notas finais do capítulo

Oie, tudo bem? Finalmente eu tive um tempinho para respirar. Essa última semana foi de prova e trabalhos na faculdade. Mas estamos aqui, firme e forte juntos. Pelo menos ainda tenho leitores que não desistiram ♥ EHEHE obrigada vocês.
Até o próximo, beijos.



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