Os sentimentos da Princesa Guerreira escrita por Kori Hime


Capítulo 9
Capítulo 9 — As lágrimas da Mulher Maravilha


Notas iniciais do capítulo

Olá, boa leitura.
Conversa lá embaixo ^_^



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Diana conheceu a maldade humana de perto quando esteve na Primeira Guerra Mundial, e depois na Segunda Guerra Mundial. Ela ainda acordava a noite com pesadelos, ouvindo barulho de bombas e pessoas agonizando. Também não era fácil lidar com os pesadelos de monstros assustadores que cruzaram seu caminho em outras batalhas, longe dos homens dessa época moderna.

Diana ficou afastada da mídia desde os anos sessenta. Até ela conhecer Steve Trevor, após o avião do Major cair na ilha de Themyscira. O ano era 1990, e o piloto combatia na Guerra do Golfo. A princesa amazona não tinha intenções de retornar para a batalha dos homens. Mas não poderia dormir de consciência limpa, sabendo que pessoas inocentes estavam sofrendo.

Ela então o acompanhou. Mais uma vez desobedecendo sua mãe, Hipólita.

A missão de Steve Trevor era na Arábia Saudita, originalmente, o grupo de caças iriam proteger o território aliado, mas uma pane no motor do avião fez Steve cair. E ele passou a procurar seus companheiros.

Ao chegar no território do Rei Fahd, Steve recebeu uma nova missão. Os aliados de Saddam Hussein invadiram uma escola no Kuwait, fazendo oitenta crianças como reféns. Logo após a nomeação de Ali Hassan, como o governador militar. Ameaçando as forças da Coalizão Internacional, para deixar o local, ou explodiriam todo o lugar.

Diana ficou ao lado de Steve Trevor durante toda a missão. Ele era um ótimo soldado, mas muito melhor como piloto e atirador. A agilidade da Mulher Maravilha foi imprescindível naquele momento. Sua força e coragem, mais uma vez era mostrada para o mundo, ao salvar as crianças. Porém, as forças armadas iranianas possuíam outro plano e que foi executado logo em seguida. Al Jahra foi atacada, mais precisamente uma Maternidade em Waha.

Assim que teve notícias do bombardeio, Diana sobrevoou a área que ficava próximo de onde estava. Ela lutou contra inimigos fortemente armados, e recebeu cobertura do grupo de caças de Steve Trevor, que pilotava novamente.

Os sobreviventes do ataque eram socorridos no meio da rua. Diana caminhou por entre as mulheres agonizando ao lado de seus bebês sem vida. A dor que ela sentiu naquele momento a destruiu. Então a princesa permaneceu até o final daquela Guerra, combatendo inimigos atrás de inimigos desde então.

 

A cada vida que Diana salvava, ela sentia a perda daquelas vidas que não pode salvar. Sabia que não era possível estar presente em todos os lugares do Mundo, mas era para isso que a Liga da Justiça fora criada. Mesmo assim, coisas ruins aconteciam diariamente e a amazona se sentia fraca por permitir.

“Não é culpa sua, Diana. Você está aí agora para ajuda-los. ” A voz do Caçador de Marte permeava a mente de Diana.

Os homens apontavam as armas na direção dos trabalhadores da mina subterrânea. Eram em sua maioria crianças e mulheres. Todos muito magros e com uma expressão de pavor no rosto. As crianças menores estavam sentadas no chão, sujas de fuligem. Algumas dinamites estavam espalhadas pelo chão, britadeiras e rochas de mineral. Diana estava cega pela ira, os homens com as mãos tremendo, mas a ameaça de matar era real. Ela não poderia simplesmente desferir um soco, pois a mina era sustentada por alguns pedaços de madeira e poderia vir a baixo a qualquer momento.

O homem ordenava, em espanhol, para ela se afastar, enquanto o outro usava um rádio para se comunicar com alguém chamado Ramirez.

—  Ele não está, quer deixar um recado? — A voz do Batman soou pela mina. Era a primeira vez que Diana ouvia ele falar em espanhol. Não que fosse menos aterrorizante, os homens tremiam em suas pernas.

— Saiam. — Diana ordenou, a ira transparecendo em sua voz. — Eu não vou machucá-los, não agora. Mas irei atrás de quem fez isso.

Os homens correram o mais rápido que puderam. Diana não se preocupou, afinal, Batman os aguardava. A amazona abaixou-se ao lado de uma mulher que foi largada por eles, oferecendo ajuda para se levantar. As outras pessoas estavam abaladas, mal conseguiam se mover para salvar suas próprias vidas.

Diana aguardou a chegada de Batman, que a ajudou levar um por um para a superfície, onde foram atendidos pelo corpo de bombeiros. Alguns foram levados diretamente para o hospital, enquanto a polícia isolava o local.

No hotel, Bruce tranquilizou Diana, dizendo que o Comissário Gordon iria tentar conseguir prioridade no local, pois a mina possuía uma ligação com a LexCorp. Ele preparou uísque para beber, enquanto, para Diana, entregou um copo com água. Ela aceitou, mas não bebeu.

— Aquelas crianças, sofrendo ali por tanto tempo. — Diana segurava o copo entre suas mãos, ainda sujas de fuligem. — Como podem fazer algo tão terrível?

Bruce sentou-se ao lado dela no sofá, ainda usava o uniforme, embora tivesse tirado a máscara. Esticou o braço ao redor dos ombros da Mulher Maravilha e a acolheu em um abraço, trazendo-a para perto de seu corpo. Diana deitou a cabeça sobre o símbolo do Batman.

— Farei tudo o que for possível para que essas pessoas recebam o que precisarem. — Ele a consolou, alisando seus cabelos negros com a ponta dos dedos.

— Não é isso, Bruce. — Diana respirou fundo, sentindo um nó em sua garganta. — Todos os dias, pessoas inocentes vêm sofrendo duramente na mão de gente inescrupulosa. Toda a nossa ajuda parece que nunca é o suficiente.

— Seria ainda pior se não estivéssemos aqui, Diana. — Ele falou, ciente dos sentimentos da amazona. — E eu estou aqui com você. — Bruce acariciou o rosto dela. — Sempre estarei aqui para ajudar.

Diana concordou, movendo a cabeça, as lágrimas escorriam pelo seu rosto. Bruce coletou algumas, passando os dedos em sua pele. Dando leves beijos em sua face, até não resistir o desejo de tê-la protegida em seus braços. Ela deu um breve sorriso, antes de receber um beijo nos lábios.

Bruce tirou o copo das mãos de Diana, ele a levantou do sofá, os dois ainda se beijavam quando cruzaram a sala até o corredor. A suíte principal, onde dormia, era a última porta. Eles foram aos tropeços até chegarem lá.  A coroa e os braceletes de Diana foram removidos e deixados em cima da cama. Bruce a ajudou tirando o cinto metálico, em consequência disso, segurou o laço dourado.

Eles se olharam, mas Diana nada perguntou. No entanto, Bruce falou, ainda com o laço na mão.

— Quero passar essa noite ao seu lado. Nem que seja só para dormir na mesma cama que você. Apenas gostaria de, ao menos uma vez na vida, acordar e ter a alegria de poder vê-la pela manhã.

O nó que Diana sentia em sua garganta desapareceu, dando início a outras sensações. Ela sorriu, limpando as lágrimas remanescentes em seu rosto, mas acabou se sujando com a fuligem nos dedos. Bruce levou as mãos até o rosto dela, deslizando para o volume dos cabelos macios. Diana apoiou a cabeça em sua mão, fechando os olhos e saboreando o contato com ele.

Bruce aproximou-se, beijando-a na face, alisando seu rosto contra o dela, num momento de reconhecimento. Eles ficaram em pé, no meio do quarto, durante alguns minutos, até Bruce começar a remover sua armadura, com uma paciência incalculável.

Ele a ajudou com o corpete de bronze, beijando seus ombros, deslizando as mãos por sua cintura, até a calça. Bruce deu alguns passos para levar a amazona até o banheiro, sem soltá-la de seus braços. Diana ergueu uma das mãos até o pescoço dele, para se apoiar enquanto ele abria a torneira da banheira. A outra mão tocou a ferida em sua costela, uma nova cicatriz entre tantas outras. Ela o beijou no queixo, os dedos afagando seus cabelos. Atenta a todos os seus movimentos.

Não esperaram a banheira encher por completo para entrar lá dentro. Bruce pegou a esponja que ficava no suporte junto com o sabonete líquido e outros produtos de banho. Passou a esponja sutilmente nas costas de Diana, os cabelos dela foram presos antes, em um coque. Ele não possuía muita habilidade com o penteado, mas, de qualquer modo, havia ficado bom.

Ele beijou seu pescoço, passando a língua sobre a pele molhada. Diana jogou a cabeça para trás, deitando as costas no corpo de Bruce, enquanto ele a abraçava com os dois braços.

Diana fechou os olhos, podendo ouvir a respiração de Bruce em seu ouvido. Ela poderia ser filha de um deus e uma amazona, seu corpo era forte e sua destreza invejável. Mas o coração de Diana não resistia aos perigosos percursos da vida.

Estar com Bruce, naquela banheira, compartilhando o silêncio. Vivendo a experiência de ser a prioridade dele naquele momento, era talvez algo que ela não sabia se um dia iria acontecer. Embora tivessem compartilhado muitos momentos íntimos, Diana sabia que Bruce Wayne sempre daria prioridade ao Batman. Assim como ela sempre teria um mundo frágil a seus pés. E sua força não era assim tão poderosa para salvá-lo por completo.

Bruce a beijou nos cabelos, segurando suas mãos, enquanto entrelaçava os dedos nos dela.

— Você já pensou como seria sua vida sem o Batman? — Ela perguntou, a voz fraca, sentindo-se relaxada com o contato da água quente e os carinhos proporcionados por Bruce.

— Já, algumas vezes. — Ele respondeu, levando a mão de Diana até seus lábios. — E todas as vezes eu não pude lidar com o pensamento.

— Eu tentei ser normal. Viver uma rotina, mas, como você disse... não somos normais.

— Depende do que você diz ser normal. — Bruce segurou o queixo dela, fazendo-a virar um pouco o corpo na banheira. O movimento fez a água ultrapassar o limite e derramar pelo banheiro. — Você nunca saberá como é ser alguém frágil, suscetível ao perigo eminente.

— Mas existem outros mais fortes do que eu. — Diana replicou.

— E mesmo assim você lutará bravamente, com tudo o que tem. Seu coração é guerreiro por natureza. Nem todos os humanos são assim.

— Você é, com certeza. — Ela sorriu, mesmo que minimamente. — É muito ruim desejar passar o resto da vida aqui, nessa banheira ao seu lado?

O silêncio de Bruce a assustou. Ele não segurava o laço, estava livre para escolher omitir seus sentimentos reais. Diana poderia compreender, caso viesse a fazer isso.

— São poucos os momentos que eu desejo parar o tempo. — Bruce falou, olhando para a janela, o céu negro, não havia lua aquela noite. — Eu poderia parar agora.

Diana se mexeu mais na banheira, sentando no colo de Bruce, agora de frente para ele. Mais água da banheira foi de encontro ao chão.         

Ela segurou seu rosto, beijando-o intensamente. As mãos de Bruce percorreram as costas da amazona, até sua cintura e quadril, apertando os dedos contra sua pele.

Ela riu, quando ele escorregou o corpo, mergulhando na água da banheira e a levando junto.

Antes de amanhecer, Diana estava envolta nos braços de Bruce, deitados na cama. O ar fresco da manhã entrava pela janela semiaberta, não estava quente como nos outros dias. O sol nascia, banhando o céu com cores quente.

Bruce ainda estava acordado, observando-a, mas Diana fechava os olhos lentamente, ela não queria dormir, desejava estender o máximo que podia aquele dia. Talvez não fosse assim tão ruim parar o tempo. E se o relógio continuasse a se mover, havia ainda aquelas lembranças na memória.

Diana despertou de seu sono tranquilamente. Ela se espreguiçou na cama, ainda com os olhos fechados. Sentiu o toque da mão de Bruce sobre suas pernas, então ela abriu os olhos e o encontrou sentado aos pés da cama.

A televisão estava ligada no canal de notícias. Diana se esforçou um pouco para prestar atenção, até se habituar com o idioma local, não o falava fluentemente, mas compreendia o suficiente para assistir o jornal. E ao ouvir informações sobre os acontecimentos daquela madrugada, Diana sentou-se na cama.

Enquanto o repórter narrava a ação dos bombeiros, no resgate de dez homens, vinte mulheres e trinta crianças, as cenas que passavam na TV era a do Comissário Gordon, acompanhado do delegado local responsável. Eles verificavam o galpão, enquanto as caixas de madeira eram levadas pela polícia.

A LexCorp não foi noticiada, nem a empresa de fachada que estava vendendo as esmeraldas. O repórter finalizou, falando sobre a presença dos heróis da Liga da Justiça na capital Bogotá, saudando-os pela missão.

Bruce desligou a televisão, assim que começaram a especular sobre o bilionário Bruce Wayne, que parecia se divertir em boates, em vez de seguir sua agenda de trabalho.

— Precisamos ir atrás deles. — Diana ergueu um braço, apontando na direção da janela. — Não podemos permitir que escapem dessa forma.

— Eles não irão. Tenha um pouco de fé nos policiais. — Bruce passou a mão no cabelo, nem mesmo ele acreditava no que havia falado. — Você sabe que para isso ter um fim, precisamos ir pelos meios legais.

— Mas os meios legais não estão mais colocando as pessoas na prisão. Logo outras crianças serão sequestradas e forçadas a trabalhar.

Bruce levantou-se da cama, quando o celular tocou, ele atendeu e conversou com Alfred rapidamente. Enquanto isso, Diana saiu da cama e foi até o banheiro. Embaixo do chuveiro, ela refletiu sobre qual seria seu próximo passo. Tinha certeza de que o Batman não iria permitir que aquelas pessoas escapassem sem uma punição devida. Ela mesma poderia finalizar o serviço, ninguém iria saber de nada.

Só que Diana não poderia simplesmente fazê-los desaparecer do mundo. Eram como ervas daninhas, precisava, na verdade, extinguir a verdadeira praga. E para que o serviço fosse realizado, precisavam mesmo encontrar os meios legais. Ela poderia ter o coração guerreiro, mas não era uma selvagem assassina.

Diana esfregou as mãos no rosto, passando pelos cabelos ensopados. Desligou o chuveiro e recebeu a toalha das mãos de Bruce.

— Está melhor? — Ele cruzou os braços, encostando-se na pia.

— Sim. — Diana secou o rosto, enrolando a toalha ao redor de seu corpo. — Alguma novidade?

Bruce balançou a cabeça e deu espaço para ela se olhar no espelho em frente a pia.

— Talvez Bruce Wayne tenha dito que perdoa a Mulher Maravilha por ela ter usado sua influência para vir até Bogotá. Mas, em troca, deseja um jantar.

— Ele realmente disse isso? — Diana penteou os cabelos, piscou os olhos, encarando Bruce, que parecia mais relaxado do que o normal. Então ele entregou o celular nas mãos dela. Era uma fotografia dos dois, no jato particular de Bruce, fazendo um brinde, quando viajavam para a Colômbia. — Você tem um perfil no Instagram?

— E então, você vai aceitar o jantar? Ele está curioso para saber sua resposta. — Bruce aguardou. Diana entregou o celular para ele. Sua boca abriu ligeiramente, mas ela deu mais um tempo para pensar. — Se isso ajudar na sua decisão, Alfred é um dos melhores cozinheiros que eu já conheci. Ele pode preparar seu prato preferido.

— Carneiro regado com Mavrodaphne. — Diana arriscou.

— Seu desejo é uma ordem, majestade.

Antes de deixar a Colômbia, Diana decidiu fazer uma visita ao Hospital Meridional de Bogotá. Sua presença foi celebrada por centenas de pessoas, o que causou uma sobrecarga na segurança do lugar. Ela não ficou por muito tempo, apenas quis se certificar de que todas as pessoas estavam bem.

As boas notícias começavam a chegar. Um repórter que conseguiu passar pela segurança a abordou antes de sua saída do hospital, perguntando se ela tinha algo a ver com a generosa doação que o bilionário Bruce Wayne havia dado para uma ONG que lutava por direitos trabalhistas e o fim do trabalho infantil.

— O senhor Wayne é um homem que sabe o que faz. Eu fico feliz por ele olhar pelos necessitados, peço desculpas pelo inconveniente que lhe causei nessa viagem à Bogotá, mas estou contente de ter ajudado as pessoas. — Diana respondeu e o repórter continuou fazendo mais perguntas. Dessa vez foi sobre o convite que Bruce Wayne fizera nas redes sociais. — Tenho muito trabalho a fazer. Mas eu agradeço o convite.

O segurança do hospital chegou para remover o repórter e Diana se despediu das crianças na ala infantil. Ela retornou para os Estados Unidos em uma viagem de avião, não levou menos de cinco horas, mas foi agradável do mesmo jeito. Vestida com uma calça jeans e camiseta preta, Diana usava um par de óculos escuros e os cabelos presos em uma trança. Não foi reconhecida, nem mesmo pelo homem que estava sentado ao seu lado, lendo uma matéria no jornal que falava sobre sua visita à Bogotá.

Ela não possuía a mesma técnica que o Superman para disfarces, mas restava o fato das pessoas não prestarem atenção no que acontecia ao seu redor.


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Notas finais do capítulo

Oi, eu mudei um pouco a época que eles se conheceram, e as guerras, mas seguimos uma ideia mais geral dos quadrinhos e outras mídias.
Beijos.