Os sentimentos da Princesa Guerreira escrita por Kori Hime


Capítulo 7
Capítulo 7 — Lembranças de Bogotá


Notas iniciais do capítulo

Oi gente ♥ quero agradecer a todos que acompanham a história e aqueles que deixam seu recadinho.
E um beijo especial para a linda do meu coração Mylanessa que enviou uma recomendação tão maravilhosa que imprimi e dormi com ela abraçada ♥
Obrigada sua linda.

Boa leitura.



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O Caçador de Marte convocou a Mulher Maravilha para uma reunião na sala da Justiça. Quando Diana chegou lá, encontrou Batman sentado de um lado da mesa e Superman do outro lado da mesa, ambos ficaram em silêncio assim que ela entrou. Diana sentou-se em uma cadeira mais afastada dos dois, aguardando as instruções de John.

Uma reprodução holográfica, rica em detalhes, da capital Bogotá, se expandiu pela mesa da sala. Superman estava atento a todas as informações que John havia reunido com a ajuda de Kara. Estava estampado no rosto dele o orgulho que sentia da garota que, além de ir fazendo um ótimo trabalho na ONU, também se destacava na Liga.

Diana tinha certeza de que Kara era uma futura heroína que faria a grande diferença no grupo, se continuasse seguindo por aquele caminho.

Do outro lado da mesa, Batman estava silencioso e sua máscara impedia que a expressão em seu rosto fosse decifrada. Diana já estava acostumada em participar daquelas reuniões, não era novidade saber que o Batman estava ciente de tudo, quase antes mesmo de John revelar o plano seguinte. Ele se colocava sempre cinco passos a frente das outras pessoas. O que o tornava uma pessoa cautelosa e um perigoso inimigo.

Apesar de ser muito inteligente, Diana ouviu o próprio Bruce Wayne revelar que não era nenhum gênio com QI super acima do normal, embora fosse mais alto do que a média, é claro. Em uma das conversar, confessou que sempre foi levado a se esforçar em obter o máximo que poderia de seu corpo e raciocínio. A sabedoria era adquirida com o tempo, com paciência e dedicação. Recitava então os pensamentos de um filósofo: o sábio era aquele que conhecia os limites de sua própria ignorância.

Na noite em Zurique, Bruce tinha um ar bucólico, ele havia passado por uma semana complicada, com Alfred no Hospital, recebendo um novo coração. Tudo estava indo bem, mas Bruce ainda sentia em seu coração a proximidade da morte de alguém importante. Diana estava lá para dar apoio, não era uma missão. Já havia protagonizado anteriormente alguns encontros as escondidas, mas não passava nada além de flertes e, em consequência, um ou dois beijos. Só que Batman fazia questão de sempre abandonar a cena, antes mesmo dela se desenrolar para obter algum tipo de final.

Contudo, em Zurique ele estava desarmado e sem um escudo protetor, permitiu a aproximação de Diana. E a amazona não poderia negar que a sensação era recompensadora. Eles compartilharam a noite e viram o nascer do sol. E Diana soube um pouco mais da vida de Bruce Wayne.

Diana soube que, aos quatorze anos, ele se permitiu ser livre e abandonar a vida de luxo e conforto dentro da mansão Wayne. Aprendeu a sobreviver nas ruas, viver ao lado de quem nada tinha a ensinar. Só que poucos compreendiam que era aquele instinto de estar vivo mais um dia em Gotham, que os tornavam personagens importantes para o crescimento do rapaz. Bruce viajou pelo mundo, estudou de tudo um pouco, seu intelecto não foi adquirido unicamente por meio de livros, trancado em uma biblioteca, mas colocando em prática diariamente. Física, matemática, biologia, engenharia, até mesmo procedimentos cirúrgicos que poderiam salvar a vida de alguém, principalmente a sua própria vida.

Diana o admirava por completo. Ele era um homem de qualidades e defeitos. Mas um homem sem poderes divinos, ou provenientes de alguma fórmula de laboratório. Batman transformava sua riqueza no seu próprio poder e Diana tinha quase certeza de que, caso ele não fosse rico, não teria sido desprovido de recursos por muito tempo. Afinal de contas, como Clark lhe dissera uma vez, Bruce era um excelente empresário e sabia como fazer o seu dinheiro, e o de outras pessoas, render. Ou seja, a experiência de Batman os levaram até aquela sala da Justiça. Afinal de contas, a Torre foi erguida com o dinheiro das Indústrias Wayne.

Diana o olhava seriamente, imersa em seus pensamentos, quando notou que os três a observavam atentamente.

Havia feito uma pergunta, mas ela estava distraída o bastante para não se recordar. John, que era bastante discreto, e ouvia os pensamentos dela o tempo todo, refez a pergunta.

— Claro, sim, podemos partir em breve. Como desejar. — Diana respondeu, balançando a cabeça.

— Lembre-se. — Batman a fitou por um momento. — Queremos ser discretos. O envolvimento do governo de Bogotá com a LexCorp pode ser mais do que uma coincidência.

— Sim. Estive lá nos anos vinte, depois da guerra. Deve estar bem diferente.

John apontou no mapa a localização das Minas de esmeraldas, próximo ao distrito de La Candelaria. O amigo de Kara vivia nas proximidades de Santa Fé. Bruce Wayne iria participar de uma reunião na Universidade de Los Andes, que ficava entre os dois distritos. Sua presença não chamaria a atenção, já que a Universidade possuía uma área tecnológica de interesse das Indústrias Wayne. E ele foi convidado pelo presidente da Colômbia para um evento na mesma semana.

— Diana. — O Caçador não precisava ler a mente dela para saber o que se passava em sua cabeça. Mas ele sabia que ela era uma das pessoas mais bem preparadas para qualquer tipo de missão. — Devido a sua exposição recentemente nas mídias mundiais, usá-la como a companhia de Bruce Wayne não parece ser algo prejudicial. Vocês já foram vistos juntos uma vez, pode ser que essa segunda cause o mesmo efeito.

Batman estava calado, o que era curioso, ele sempre tinha voz ativa sobre os planos que traçavam naquela sala. E Superman parecia concordar com a ideia.

— A aparição da Mulher Maravilha pode ser uma boa oportunidade para chamar atenção exclusivamente ao Palácio de Nariño. Não precisamos que os civis sofram com a missão. O local é fortemente armado e requer um trabalho mais minucioso. E Flash não está disponível no momento para nos acompanhar. Os outros também estão em missões, acho melhor cuidarmos disso. Eu vou com Kara verificar a LexCorp. — Superman olhou para Batman e depois para Diana. — O que vocês acham?

Diana não permitiu que a sala ficasse em silêncio, causando um constrangimento desnecessário. Ela era uma excelente amazona e havia treinado a arte da Guerra com o próprio Ares. Não seriam alguns dias como acompanhante de Bruce Wayne que a faria cair.

— Vou preparar minha mala, nos encontramos em breve para partirmos. — Diana se levantou, encarando Batman. — Aguardo a limusine em minha porta.


A mala que Diana havia mencionado não possuía muitos acessórios femininos do tipo que se carrega em viagens. Ela separou dois vestidos de gala, um deles era dos anos trinta, usou em um baile na Casa Branca, a convite do então presidente Franklin Roosevelt. E mesmo sendo sustentado por uma bengala, devido sua dificuldade de locomoção por conta da poliomielite, o presidente conduziu a princesa amazona pelo salão do baile.

Diana havia mandado o vestido para a tinturaria um mês antes, pois usaria ele numa festa ao qual Elizabeth Darcy planejava, mas que foi adiada por causa da missão no Oriente Médio. Nesse caso, seria de grande valia aquela peça no baile do Palácio Nariño.

O outro vestido foi um presente de Steve Trevor, quando eles viajaram para Roma, dez anos atrás, e o Major a levou para uma Ópera. Foi uma das noites mais incríveis que Diana poderia sonhar. Ela se emocionou com a música, a interpretação dos artistas, e todo o resto da noite. O vestido estava sobre a cama, quando ela retornou de uma missão, cansada, quase o destruiu quando pulou na cama para descansar.

Diana ficou na dúvida sobre qual vestido usar. Ambos eram bonitos e elegantes. E possuíam uma história incrível. Decidiu então colocar os dois na mala, resolveria isso na hora que fosse vestir.

Os demais itens na mala eram suas armas. Não dava para colocar um escudo dentro da bolsa, ou uma espada. Mas cabia perfeitamente o seu laço, uma adaga de fogo pertencente a Héstia. Outros itens pessoais também foram inclusos e, quando estava pronta, o interfone tocou, informando que um motorista a aguardava.

Diana desceu o elevador, carregando sua mala pesada sem dificuldades, mas, assim que chegou ao andar térreo, ela pediu a ajuda do porteiro (ainda ex-agente da CIA), para levar a bagagem até o carro.

Durante o breve percurso até o carro, ela imaginou se Bruce estaria na limusine, aguardando-a. Então iriam direto para o aeroporto, pegar um avião para Bogotá. A intuição da amazona era muito boa, quando o assunto era batalha.

Não havia ninguém dentro da limusine, senão o motorista em sua cabine privada. Diana não fingiu um desapontamento, olhando pela janela do carro, a cidade parecia mais um borrão conforme o veículo acelerava.

Um telefone dentro do automóvel tocou. Diana não possuía celular, pelo menos ela nunca o havia tirado de dentro da gaveta, por isso não se preocupou em atende-lo, até que o motorista abaixou o vidro que separava a área entre o motorista e os passageiros do banco de trás.

— Senhorita, o Senhor Wayne deseja lhe falar ao telefone. — O homem não deu mais nenhum detalhe, então o vidro novamente ergueu-se, deixando Diana a vontade para falar.

Ela olhou ao redor, procurando o que ali poderia ser um telefone. Ao lado das bebidas, encontrou o aparelho. Diana o pegou e atendeu a ligação. Do outro lado da linha, a voz de Bruce era um suspiro de alívio para aquela noite. Não era o Batman, não aquela voz metódica e fria, mas a voz do animado playboy de Gotham.

— Espero que esteja sendo bem servida pelo meu motorista. Ele é jovem no cargo, esse é seu primeiro trabalho, então não se preocupe se o vir suar de nervoso.

— Como vai, Bruce. — Diana falou, trazendo-o para o início da conversa que ele havia pulado. Afinal, era o excêntrico filantropo Wayne quem falava ao telefone. O dom para a interpretação parecia se esticar até onde Diana não poderia imaginar.

— Estou ansioso pela sua chegada, my fair lady. — E, pelo visto, o charme sedutor de Bruce Wayne estava abrindo caminho.

— Até mais. — Diana desligou o telefone, sentindo um calafrio percorrer sua espinha. Aquela ligação foi muito estranha. Então era assim que as mulheres de Bruce Wayne eram tratadas?


Logo que chegou ao Aeroporto Internacional Washington Dulles, o motorista abriu a porta para que Diana saísse. Ela agradeceu pela gentileza e o congratulou pelo trajeto ter sido feito em um tempo recorde.

O rapaz sorriu, com um alivio estampado em sua face, além do suor excessivo. Ele então a direcionou para o tapete vermelho estendido no chão, que a levaria até o jato particular de seu patrão. Enquanto o motorista tirava a mala de Diana do automóvel, Bruce apareceu no topo da escada do jato. Ele abriu os braços, carregando em uma das mãos uma garrafa de champanhe e na outra, duas taças.

— Vejo que o jovem Daniel fez como prometido e a trouxe até aqui em exatos vinte minutos. — Bruce gritou algo como ‘bom trabalho’ para o rapaz, que vinha atrás de Diana quase aos tropeços. Ela subiu as escadas, enquanto Daniel levava a mala para o responsável por guarda-las no compartimento.

— Senhor Wayne, agradeço seu o convite, é muito generoso em colaborar com a nossa campanha em prol as crianças e jovens... — Diana entrou no clima daquela encenação. Assim que alcançou o mesmo degrau que Bruce, ela aceitou a taça de champanhe que ele servia. — Sabe como seduzir uma mulher.

— Nada que eu fizer será comparado a tamanha beleza que me cativa. — Ele piscou, movendo os lábios em um sorriso encantador. — Devo dizer que está ainda mais bela desde a última vez que nos vimos em Gotham. É verdade que a própria deusa Afrodite lhe concebeu a beleza divina?

Ela sorriu, não levara nem cinco minutos para vestir aquele vestido preto que emoldurava suas curvas de maneira provocante. Não era de costume usar uma roupa como aquela, mas a ocasião parecia ser oportuna para tirar a peça de dentro do guarda roupa e fazê-la útil ao menos uma vez na vida.

Diana verificou o perímetro, estavam acompanhados por muitos civis. Bruce deixava bem claro suas intenções quando queria chamar a atenção.

— Foi tão breve nosso encontro, que eu achei que não tivesse me notado, senhor Wayne.

Ele riu. Como Diana nunca vira Bruce rir antes. Seu coração apertou em tristeza, era uma risada carregada de mentira.

— Vamos entrar. O voo é de cinco horas e meia, vamos ver em quanto tempo o Dessaltu Falcon Wayne leva para chegar em Bogotá. — Bruce deixou que Diana entrasse primeiro, logo depois ele entrou.

O jato era exclusivo e luxuoso, quatro comissárias de bordo estavam ao dispor do casal, o comandante da aeronave veio pessoalmente lhes desejar boa viagem e deu a entender que chegariam em Bogotá em menos de cinco horas. Bruce comemorou com mais champanhe.

Diana pensou se ele ao menos divertia-se com toda aquela encenação. Ou estava se remoendo por dentro, lutando por ter que viver alguém que ele não era. Durante toda a viagem, Bruce foi um perfeito cavalheiro. E um exímio sedutor.

Chegaram em Bogotá, depois de uma viagem de quatro horas e cinquenta minutos. Bruce já havia deixado de lado o champanhe e segurava um copo com uísque. Diana também notou a propensão para bebidas aumentar gradativamente durante toda a viagem a Bogotá. Era muito mais do que beber socialmente.

Um Rolls Royce Silver Wraith 1952 estava estacionado no pátio do aeroporto, aguardando o casal. Bruce assobiou, comentando sobre aquele carro clássico também fazer parte de sua coleção particular.

Eles entraram no carro e seguiram para o Hotel Plaza de Bolivar, um hotel de luxo, próximo ao observatório astronômico e ao Palácio Nariño, sede do governo presidencial da Colômbia.

Dentro do caro, Bruce ficou em silêncio, observando a cidade. Diana fez o mesmo, estava concentrada em sua missão. O Caçador de Marte havia lhe enviado uma mensagem telepaticamente, informando sobre uma possível reunião de Lex Luthor na cidade aquela noite. Eles precisavam se concentrar.

O Hotel Plaza de Bolivar possuía em seu exterior uma arquitetura neogótica, porém, ao entrar no prédio, todo o luxo e tecnologia atual fora bem empregados e dividiam de maneira harmoniosa o espaço. Diana sentiu a mão de Bruce descer por suas costas, até a cintura, enquanto eles caminhavam pelo saguão do Hotel, sendo observados por todos. Houve alguns flashes e comentários que a amazona captou, mas ela manteve sua postura, com um sorriso tenro nos lábios. Se pegou imaginando o que Kara diria quando visse essas fotos vazar na internet.

Diana começou a entender como as coisas funcionavam para um Wayne. A primeira coisa era que ninguém, nunca, o deixava esperar e todos estavam sempre a postos para seus caprichos. A segunda coisa, era que um Wayne seria cobiçado por todos os olhares, não tinha como lidar com aquela situação, senão ignorar todos os suspiros ao redor. Terceira coisa, tudo acontecia muito rápido. O motorista, o avião, as malas, a suíte presidencial liberada antes da hora marcada.

A lista de coisas que funcionava melhor para um “Wayne” era longa.

Assim que Bruce entregou a gorjeta e fechou as portas da suíte presidencial, ele se virou e levou o dedo à boca, pedindo para que Diana fizesse silêncio. Ela acatou a ordem, observando o verdadeiro Bruce Wayne tomar controle sobre sua vida, parando de encenar uma peça teatral.

Então Diana continuou a listar como as coisas funcionavam para um Wayne. Só que, dessa vez, poucos conheciam aquela rotina.

No quarto principal da suíte, Bruce abriu uma de suas malas sobre a cama, as roupas estavam muito bem-dispostas e organizadas. Ele as jogou para o lado, sem se dar conta do trabalho que Alfred havia tido para deixar tudo perfeitamente encaixado. Ele abriu um compartimento secreto da mala e começou a tirar alguns aparelhos eletrônicos do tamanho de um celular. Bruce pegou os aparelhos e distribuiu pela suíte, colocando-os em pontos estratégicos. Assim que terminou o trabalho, ele ligou o laptop e começou a digitar uma sequência de códigos.

Foram apenas alguns minutos para deixar a suíte segura o bastante para que eles pudessem conversar. Bruce explicou que os aparelhos buscavam e cortavam a ligação de qualquer outro intercomunicador que poderia vir a gravar suas conversas naquele quarto.

— E você encontrou algum? — Diana perguntou, sentando-se ao lado dele na cama King Size.

— Ao menos cinco nesse andar, e mais uns sessenta no prédio todo. O sistema de vigilância também já está em meu controle, as câmeras de vídeo só irão passar imagens ao vivo, mas não gravarão enquanto estivermos aqui. Por enquanto estamos seguros, Alfred irá monitorar para mim enquanto não estivermos aqui.

— Como vai, senhorita. — Alfred apareceu em uma vídeo conferência no laptop de Bruce.

— Estou bem, Alfred, é um prazer revê-lo. — Diana não teve muito tempo para conversar com o mordomo, pois Bruce o sobrecarregou com diversas tarefas. Assim que tudo parecia resolvido, Diana decidiu retirar o vestido e colocar algo mais confortável, ela se encaminhou para o outro quarto, onde iria dormir.

Abriu a mala e retirou seu uniforme. Naquela noite, eles iriam fazer uma visita não autorizada ao Palácio de Nariño.


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Notas finais do capítulo

Se tem uma coisa que todos os Alfreds tem em comum, é achar que de alguma forma o Bruce bem podia se divertir quando tá fingindo que se diverte.

Se eu fosse Bruce eu ia ostentar também :v HSAHUSUHASHUAS ia comprar um país e virar rainha e fazer minhas regras... Bruce deve tá aliviado que eu não sou ele. E vcs? O que fariam?