Os sentimentos da Princesa Guerreira escrita por Kori Hime


Capítulo 2
Capítulo 2 — Uma rotina maravilhosa


Notas iniciais do capítulo

Conhecendo um pouquinho mais sobre a vida da Diana no dia a dia.



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A rotina da Mulher Maravilha na cidade era um pouco diferente do que ela estava acostumada na Ilha de Themyscira. Todavia, ela não havia se rendido totalmente aos prazeres da vida ociosa e sedentária como muitos outros já estavam acostumados nas grandes cidades. Como, por exemplo, comprar tudo pela internet, sem ter o prazer de apreciar um céu azul e iluminado pelo sol, e até em dias chuvosos ou com neve. E, mesmo que eles fossem para a rua, ainda estavam com seus olhos vidrados na tela do aparelho celular.

Diariamente, ou quando a Liga da Justiça dava uma folga, Diana corria do Yards Park, subindo a Washington Avenue até a Casa Branca. Terminando sua corria no Observatório Naval. Ela sempre sentava no banco, apreciando a vista do dia amanhecer.

Ao retornar para o apartamento, misturava-se com os pedestres indo e vindo em diversas direções. Cada um com seus problemas pessoais, trabalhos diferentes e compromissos importantes ou não. A princesa via beleza na rotina diária daquelas pessoas.

Naquele início da manhã, antes de retornar para casa, passou em um supermercado. Suas compras não eram exageradas, comprava apenas o necessário, embora, nos últimos dias, a influência da Mulher Gavião vinha causando uma mudança nesses hábitos saudáveis.

Diana avaliava a quantidade de marcas de sorvete no freezer. Ela observou uma jovem abrir a porta de vidro e pegar dois potes de sabores diferentes. Decidiu usar como uma sugestão.

Na fila do caixa, a princesa piscou para uma garotinha que segurava uma revista estampada com o rosto dela. A menina puxou o braço da mãe, falando que viu a Mulher Maravilha, mas, como sempre, as pessoas não prestavam muita atenção em nada. Diferente do caixa do supermercado. Ele insistiu que conhecia Diana de algum lugar. Felizmente, ela deixou o supermercado antes que ele a reconhecesse. O tratamento dos adultos costumava ser mais barulhento e confuso do que das crianças.

Diana entrou no prédio e foi recepcionada pelo porteiro, que a ajudou segurando a porta do elevador. O senhor de meia idade era sempre muito gentil. E Diana sabia que ele possuía uma arma embaixo da mesa da portaria, e outra em seu coldre dentro do paletó.

Seu nome era Jeff Craig, um agente da CIA aposentado e que agora trabalhava para o Governo dos Estados Unidos como porteiro. O Batman foi quem lhe deu a ficha completa do ex-agente, embora ela já soubesse que Jeff não era realmente um porteiro comum.

Já em seu apartamento, Diana guardou as compras. Ela ligou a televisão, deixando no canal de notícias, enquanto tomava um banho. Quando terminou, saiu do banheiro, esfregando a toalha nos cabelos, ouvindo a jornalista falar sobre a crise econômica que o país vinha passando. A taxa de desemprego estava aumentando e diversas microempresas fechando as portas.

O mercado imobiliário não está diferente. — A jornalista citou alguns casos sobre famílias que perderam seus bens, incluindo suas casas.

Diana retornou para o quarto, vestiu uma calça jeans e camiseta branca, ela foi até a cozinha para preparar o café da manhã, enquanto ouvia o âncora dar mais notícias sobre as dificuldades financeiras que os americanos vinham enfrentando e como eles faziam para superar a crise.

Durante a semana eu trabalho como atendente em uma lanchonete, e aos finais de semana eu levo alguns cachorros para passear. Assim vou juntando dinheiro para a faculdade. — Disse uma adolescente, ao ser entrevistada.

Diana voltou à sala, segurando um prato com frutas picadas e um copo de leite. As entrevistas se estenderam durante mais quinze minutos, enquanto a heroína terminava de comer, sentada no sofá da sala.

Ela diminuiu o volume da televisão, quanto o telefone tocou.

— Alô? — Perguntou, ouvindo a voz de Shayera, convidando-a para sair aquela noite. — Hmm... eu não sei se poderei sair.

— Está acompanhada, princesa? — Ela deu uma risadinha.

— Não, não é isso. — Diana suspirou. — Na verdade, eu não acho que posso gastar mais do que eu tenho.

— Sei, você tá com a grana curta?

— Acho que podemos dizer que sim. — Diana ouviu Shayera insistir mais um pouco, e então ela finalizou a ligação, agradecendo pelo convite.

Era verdade o que Diana falou sobre o dinheiro. Viver ali não era de graça. Bom, foi nos primeiros anos, quando Steve Trevor lhe garantiu sustento e moradia através de um programa especial do Governo, pelos feitos da Mulher Maravilha em prol da nação. Ele também lhe conseguiu documentos necessários para ser uma cidadã, Diana não queria regalias, pois ela se julgava igual aos demais. Não quis mais receber dinheiro para ajudar outras pessoas, o que dificultou bastante sua vida.

Quando o relacionamento com Trevor acabou, ela se mudou para os alojamentos da Torre da Liga da Justiça. Apesar da Torre possuir toda uma estrutura para os membros, desde local para treinamento, até ambientes de descanso e lazer, Diana não se sentia com os pés no chão. Então ela decidiu aceitar a proposta de uma ONG que tratava de refugiadas de guerra. A ONG era sustentada por doações, e a imagem da Mulher Maravilha chamou atenção o suficiente para que pudessem arrecadar dinheiro para ajudar aqueles que mais precisavam.

Não havia outra maneira de conseguir pagar um aluguel e comprar comida, senão trabalhando. Com a ajuda de Kendra Smith, a responsável pela ONG nos Estados Unidos, Diana fez alguns trabalhos publicitários. O dinheiro que recebeu, mais da metade foi doado para diversas instituições. E, em um trabalho especial, sobre as mulheres na Guerra, ela conheceu Elizabeth Darcy, elas se deram bem no primeiro instante e duas semanas depois estavam de mudança para aquele apartamento. Assim, as despesas cairiam pela metade.

Nos últimos meses, Diana foi recusando alguns trabalhos que não achava interessante vincular sua imagem. A maioria eram produtos estéticos, como cremes antienvelhecimento, maquiagens em geral, ou roupas de grife e trajes de banho. A imagem que a princesa amazona queria passar não era a de que você precisava de um vestido de mais de mil dólares para se sentir bonita, ou um perfume de trezentos dólares para os homens te desejarem. As propostas vinham fugindo da ideia inicial.

Só que o dinheiro não estava mais entrando, e as contas logo chegariam. Então ela precisaria conseguir dinheiro de algum jeito, mas não seria usando uma lingerie.

Diana pegou uma caixa de veludo dentro da gaveta do armário de seu quarto, um par de brincos de esmeralda estava dentro da caixa. Foi um presente da princesa Diya Kumari, por seus feitos benévolos na Índia. O par de brincos nunca fora usado pela amazona. Ela os guardou dentro da caixa e colocou de volta na gaveta. Não poderia se desfazer de um presente dado de coração.

Decidiu então ligar para uma velha amiga.

***

Kendra Smith era uma mulher baixa, de quarenta e oito anos, divorciada e com três filhos adolescentes para criar. E, apesar da agenda lotada, havia sempre um espaço especial para encontrar com uma amiga.

Diana aceitou o convite de almoçarem em um restaurante próximo a ONG que Kendra trabalhava. Assim que se encontraram, passaram algum tempo falando sobre como estava a vida de cada uma desde a última vez que se viram. Diana falou menos, não havia novidades em sua vida que não fossem altamente secretas. E a vida pessoal não era diferente.

Segredos demais para alguém como ela, que prezava a absoluta sinceridade.

— Estamos sentindo sua falta na ONG, já faz bastante tempo que você não nos visita.

— Sim, é verdade, estive ausente por um tempo. Mas agora está tudo sob controle. Podemos marcar uma visita, seria um prazer. — Após o almoço, Diana aceitou tomar um café, pulando a sobremesa. — Kendra, preciso de sua ajuda.

— Vai ser um prazer te ajudar.

Assim que Diana terminou de falar, Kendra se prontificou em ajudar a heroína. Aliás, ela possuía um contato que poderia ser bastante útil naquele momento. Uma joalheria estava iniciando uma linha mais acessível para todos, pois a queda nas vendas aumentou muito nos últimos anos, e a empresa temia ter que mandar alguns funcionários embora. Além do mais, a empresa desejava fazer uma generosa doação para ajudar na reconstrução de um Orfanato para crianças e adolescentes, que fora destruído no Furacão Katrina.

Diana confiava em Kendra, e por isso aceitou sua ajuda. Elas conversaram mais alguns minutos, até a princesa decidir fazer uma visita surpresa a ONG naquela tarde. O lugar estava recebendo trinta mulheres que chegaram recentemente de zonas de conflito. As crianças, que brincavam no pátio, ficaram surpresas quando viram a Mulher Maravilha pousar diante dos olhos delas, usando seu uniforme, com as botas vermelhas, a calça azul marinho e o corpete vermelho com o símbolo das asas abertas formando dois W dourado.

Apesar de não fazer mais parte do uniforme, Diana utilizou a coroa dourada, com estrela vermelha, que lhe concedia o status de princesa de Themyscira. Afinal de contas, as crianças adoravam o adorno.

Já era noite quando Diana deixou o prédio da ONG, voou velozmente até seu apartamento, não chamando a atenção nos céus da cidade, pois havia neblina. Ela abriu a porta da varanda e em um instante sentiu a presença de alguém dentro do apartamento. Rapidamente se posicionou em defesa, mas, no minuto seguinte seus braços abaixaram lentamente quando a luz do abajur foi acesa, iluminando o mascarado sentado na poltrona.


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Notas finais do capítulo

Alguém imagina que tipo de trabalho a Diana poderia arruma nos classificados de emprego?
Obrigada por quem chegou até aqui.
Beijos, até o próximo capítulo.