Os sentimentos da Princesa Guerreira escrita por Kori Hime


Capítulo 1
Capítulo 1 — Noite das Garotas.


Notas iniciais do capítulo

Vem amar a WW comigo, vem ♥
Com oferecimento: As músicas que destroem meu coração.

Here I Go Again - Whitesnake
https://www.youtube.com/watch?v=DSlSaGcc0QM



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— O que pensa que está fazendo? — A princesa amazona perguntou, embora a força utilizada para afastar o Batman, não fazia parecer que ela queria uma conversa pacífica. Seus olhos de caçadora, presente de Ártemis em seu nascimento, lhe dava uma grande vantagem sobre sua presa, embora o Batman não fosse exatamente uma, pelo menos não inimiga. Entretanto, havia passado dos limites. E ele sabia disso, difícil era fazê-lo concordar.

— Salvando-a. — Batman respondeu, mesmo ciente da pergunta retórica.

Ela o fuzilou com seu olhar.

— Me tirando da zona de combate daquela maneira, sem a minha permissão, não é salvar! — Aborrecida, a Mulher Maravilha tentou se comunicar com John, o Caçador de Marte, para informar sua localização. — Está instável, não consigo ouvir nada. E John não está se comunicando telepaticamente comigo. — Ela falou preocupada.

— Naquela situação, não havia nada que pudesse ser feito. — Batman caminhou até a beirada do penhasco. Estavam numa distância segura da Ilha, que agora estava totalmente tomada pelas chamas.

— Não havia nada? — Dessa vez a pergunta não foi respondida, então ela continuou mantendo firme a voz. — Você não tem o direito de tomar essa decisão por mim.

— Todos os civis foram retirados a tempo, assim que a explosão se iniciou, já não havia mais o que poderia ser feito. — Batman usou o tom habitual para falar com Diana. Sua voz era normalmente séria. Ela poderia contar nos dedos quantas vezes ouvi-o falar sem aquele timbre grave.

— Daqui em diante eu decido quando meu trabalho termina. — Diana falou ríspida, virando-se. Mas, antes de alçar voo, Batman segurou-a pelo braço, soltando logo em seguida.

Ela o encarou, ainda sentindo o sangue ferver pela breve discussão.

— John pediu para nos reunirmos daqui uma hora. — Batman não falou mais nada.

Diana observou a Ilha em chamas, era verdade que os civis já haviam sido resgatados. Entretanto, acreditava que poderia juntar-se ao Superman para estabilizar a máquina de extração mineral no Vulcão. Na verdade, não era um trabalho difícil para os dois, mas o problema com o comunicador atrapalhou os planos. Diana estava em combate com um General equipado com armamento pesado, ela o derrotou, assim como o seu pequeno exército. E, quando as explosões iniciaram, foi erguida do chão pelo Batman, o jato dele os tirou da ilha e, ao pousarem no topo do penhasco da ilha vizinha, a Mulher Maravilha sentiu a ira de Ares tomar conta de seu corpo.

Aquela não era a primeira vez que as ações do Batman causavam um certo desconforto para Diana. Mas foi a primeira vez que ela o encarou friamente, sentindo-se insultada pela maneira que ele tomara a frente de suas decisões.

Depois de alguns minutos, a princesa colocou ordem nos pensamentos, felizmente estavam todos a salvo, era o que desejava.

Batman encontrava-se ao lado do jato, Diana aproximou-se, ele terminava de falar com alguém sobre sua posição com a Mulher Maravilha. Assim que terminou, ele informou que estava tudo sob controle na Ilha.

— Meu comunicador ainda está falhando. — Diana tirou o ponto eletrônico do ouvido, mas o colocou no lugar novamente. — Precisamos conversar.

— Não é o momento adequado. — Ele respondeu, sem mudanças no tom da voz.

Diana respirou fundo, cruzando os braços.

— Quando disse que nós conseguiríamos separar as coisas, eu acreditei que nós dois iríamos fazer nossa parte. — Ela então adquiriu a atenção do herói. — Se não consegue lidar com isso, me diga agora.

— Estamos aqui John. — Batman virou a cabeça, para responder o marciano. — Logo nos encontraremos. Até mais.

Diana acatou a ordem de John para retornar ao centro de comando da Liga da Justiça.

— Não pense que eu vou deixar essa passar, Bruce. — A princesa deu alguns passos antes de voar.

Após algumas horas falando sobre os acontecimentos na Ilha, Diana sentiu que estava precisando descansar. Ela, com certeza, não evitava o combate corpo a corpo. Era uma guerreira, fazia parte de sua vida. Já a diplomacia era diferente. No início, quando se revelou para todos, deixando a identidade secreta como semideusa misteriosa, era em Steve Trevor que ela confiava. A parceria acabou se desequilibrando após a fundação da Liga da Justiça, e algumas desavenças de Steve com o grupo, ou melhor, com o Batman. O relacionamento dos dois também chegou ao fim, conforme a heroína ia se distanciando com o número de missões cada vez maior.

Diana não poderia dizer que amava Trevor, mas o carinho por ele era grande o bastante para aprender mais sobre tal sentimento. Com ele, compartilhou sensações e emoções ainda desconhecidas pela princesa, poderia dizer que Steve foi uma grande paixão, mas o superou rapidamente. E é por isso que não tinha certeza de que foi amor, tal como sua mãe lhe dizia ser possível existir entre um homem e uma mulher.

Acontece que, agora não estava diferente. Diana não poderia negar que o seu envolvimento com o Batman era especial. No começo, talvez fosse puramente físico, como se impossível de não resistir. Esse sentimento também era novo para a amazona. O desejo que a consumia era insano. Estar com Batman era como viver naquela ilha em chamas. Era quente e totalmente inesperado.

Assim que a reunião terminou, Diana decidiu ir direto para o apartamento que ela dividia com a amiga Elizabeth Darcy, piloto do Exército Americano. No momento, Elizabeth estava em missão no Oriente Médio, então Diana teria alguns dias para refletir sozinha.

Dividir um apartamento não estava em seus planos. Diana viveu muito tempo em Washington, D.C., depois morou em Metrópolis, Star City, Nova Iorque, viajou para a África, Ásia e tantas outras partes do Planeta. Mas retornou para Washington, pois era um lugar que ela se sentia mais em casa. Tantas mudanças ocorreram devido suas missões, além de uma tentativa de se misturar e aprender mais sobre o cotidiano dos humanos, principalmente sobre a vida, ou melhor, a sobrevivência da mulher no mundo atual.

 

Voar até Washington não foi muito cansativo, mas sentia que só ficaria cem por cento após um banho. Ela se permitiu um banho de imersão, com alguns aromatizantes que Elizabeth comprara. Estava tão aconchegante que a princesa acabou cochilando na banheira.

Quando saiu do banheiro, enrolada na toalha, Diana ouviu um barulho vindo da sala. Ela caminhou cautelosamente até o cômodo e aproximou-se das portas duplas que davam para a varanda.

Do lado de fora, na varanda, estava a Mulher Gavião, ela acenou para que Diana abrisse a porta.

— O que faz aqui? Como sabe onde moro? — A Mulher Maravilha abriu a porta e deixou a colega entrar.

— Noite das Garotas, baby! — Shayera ergueu as sacolas que trouxera. — Temos aqui um pote de sorvete de chocolate com menta, cerveja importada, bala de goma, minhas favoritas. — Ela mexeu nas sacolas, tirando os itens e entregando para Diana. — Também trouxe um baralho, posso te ensinar a jogar pôquer.

— Desculpe, eu não entendi. — Diana colocou os itens em cima da mesa de centro.

Shayera aproveitava para caminhar pela sala de estar, conhecendo um pouco mais sobre a vida pessoal da princesa amazona. Só encontrou a fotografia de uma mulher trajando um uniforme ao lado de um avião do Exército, e uma fotografia da Liga da Justiça, que estampou milhares de capas de revistas.

— John me disse onde você morava. Eu prometi que faria uma visita social, pois, sabe como é... depois dessa tarde, ele achou que seria bom para você conversar com alguém.

— O que teve hoje a tarde para ele tomar tal decisão? — Diana perguntou, sem entender do que ela estava falando.

Shayera a encarou, usava seu uniforme e máscara, o que parecia muito diferente de uma visita social. Então ela decidiu ficar mais a vontade.

— Oh! Me desculpe, princesa. — Ela riu, tirando a máscara. Seus cabelos caíram na altura dos ombros, moldando seu rosto. — Todos ouvimos sua conversa com o Batman.

— Ouviram?

Diana se calou por alguns segundos, enquanto a Mulher Gavião deixava sua arma, uma clava com espinhos afiados, num canto da sala, tirando as botas. Ela esticou os braços e abriu uma das cervejas, oferecendo a outra para Diana.

— Seu comunicador estava com defeito, mas ainda podíamos ouvir o que estava falando.

A princesa sentou no sofá, segurando a toalha para não cair, sentindo-se estúpida naquele momento. Não era muito fã da tecnologia atual, mas sabia como usar um comunicador, computadores e celulares. Ela aceitou a bebida que Shayera lhe dera, mas demorou para tomar o primeiro gole. Enquanto isso, a Mulher Gavião ligou a televisão pouco usada naquele apartamento.

— Gosta de basquete?

— Não conheço. — Diana se deixou levar pela companhia. Procurou vestir alguma roupa mais confortável e se juntou a Shayera na cozinha para preparar a mesa, quando chegou a pizza que a Mulher Gavião pediu.

Com Elizabeth, Diana costumava passar horas discutindo assuntos diversos, literatura, sociedade, futuro e passado. Mas com Shayera as coisas pareciam mais relaxantes.

Na última hora, Diana passou a conhecer mais sobre basquete, também aprendeu um pouco sobre os gostos peculiares da Mulher Gavião. Elas eram diferentes, mas as duas tinham objetivos claros, fazer o bem. E isso já bastava para Diana saber que ela era alguém em que poderia contar quando precisasse de ajuda.

— Sabe. — Shayera jogou uma mão cheia de balas de goma dentro da boca. Ela mastigou, causando um pouco de curiosidade na amazona, sobre o que iria falar. — Eu sempre achei que você e o Superman tinham mais do que uma amizade.

Diana não compreendeu de onde vinha aquilo. Afinal, eles dois eram amigos.

— Porque acha isso?

— Talvez pela compatibilidade de gênio, força e, você sabe... Duas pessoas incrivelmente fortes e lindos. Vocês são perfeitos um para o outro. Uma semideusa e ele um deus, praticamente.

— Eu nunca pensei nisso. — Diana refletiu, não negava que o Superman, Clark, fosse um homem atraente e, de fato, muito interessante. — Ele nunca me deu a entender que estivesse interessado.

Shayera gargalhou, deixando a amazona sem entender mais nada.

— Princesa, basta você existir para os homens se interessarem em você, ou as mulheres. Ou os vilões, ou... coelhinhos. — Ela continuou comendo as balas de goma. — É uma mulher bonita, inteligente, forte e com tantas qualidades que eu tenho vontade de cavar um buraco e me enfiar lá dentro.

— Você é tão interessante quanto eu. — Diana afirmou.

— Sim, claro. — A Mulher Gavião continuava rindo, comendo e assistindo agora o canal do tempo. — Quando eu conseguir ser poderosa e lutar num corpete igual ao seu sem parecer ridícula, podemos discutir isso.

Diana riu.

— Você disse que todo mundo ouviu minha conversa mais cedo, não foi?

— Sim, digo, só quem estava na missão. Então o segredo ainda está nas mãos de poucas pessoas. Não era como se a gente quisesse fofocar sobre sua vida pessoal. Eu te entendo perfeitamente. — Shayera lambeu os dedos sujos de açúcar. — Mas devo confessar que fiquei surpresa com a ousadia.

— Qual ousadia?

— Batman e Mulher Maravilha. É uma combinação interessante. — Shayera se ajeitou no sofá. — Vocês estão juntos já tem quanto tempo?

— Hmm. — Diana pensou, não sabia se eles estavam realmente juntos. E como deveria definir aquele tempo. — Você quer dizer quando nós dois nos relacionamos fisicamente pela primeira vez?

— Oh yeah.

— Já faz seis meses. Mas nossos encontros foram esporádicos. — Diana se sentiu aliviada por poder conversar com alguém sobre aquele assunto.

— Seis meses é bastante tempo para pessoas como a gente. Sabe que nessa tarde ele não queria te diminuir, não é? Digo, não estou do lado dele, concordo que você tem o seu trabalho e não pode permitir que ninguém se intrometa, mas... pensa só... O Batman não parece ser o tipo de cara que manda flores, chocolate ou te leva no cinema. Acredito que o jeito dele de dizer que gosta de você pode ser esse, te dando suporte. Só que ele é o Batman, o trabalho dele é assustar bandido e salvar quem estiver em perigo. Seja uma criança ou uma semideusa.

Diana não havia pensado naquela possibilidade. Era verdade que não recebeu chocolate ou flores. Nunca havia saído com Bruce Wayne, e se encontrava com o Batman em uma casa de campo em Dale City. Onde não havia uma alma viva por perto.

— O que você acha que eu devo fazer? Acredito que tomei a atitude certa, mas não sei se devo entrar em contato com ele primeiro. — Diana olhou para a colega, que estampava um sorriso.

— Você é a Mulher Maravilha, pode fazer o que quiser. — Shayera respondeu, acrescentando que naquele momento, apostava que o Batman estava tendo uma conversa igualzinha com o Superman.

— Como você pode achar isso? — Diana não pode evitar aquele calor que sentiu no peito.

— Eles são amigos, e eu duvido que os morcegos entendam algo sobre relacionamentos.

Diana pegou o aparelho de telefone, não possuía o número da casa de Bruce Wayne, ou da Batcaverna, obviamente. Mas havia um número que poderia enviar mensagem de voz, era uma tecnologia antiga, criada pela Wayne Enterprises, nos anos oitenta. A mensagem de voz era transformada em códigos e somente alguém que possuísse a decodificação poderia ouvir, no caso, o Batman.

— Aqui é a Mulher Maravilha. — Diana falou, tentando decifrar o que Shayera dizia através de mímicas. Então ela decidiu falar o que veio à cabeça. — Eu quero encontra-lo para resolvermos aquele assunto que ficou pendente, o mais rápido possível. — E então ela desligou, deixando a outra com as mãos no ar.

— Só isso?

— O que mais eu poderia dizer? É apenas uma mensagem curta.

— Certo. Mas e agora? Ele que dá o próximo passo dizendo quando vão se encontrar? — Shayera fazia uma cara decepcionada.

— Sim. As vezes demora, pois ele geralmente está ocupado com os próprios problemas em Gotham. E eu não quero parecer que estou fazendo uma intimação. Não devemos nada um ao outro.

— Tudo bem, não dá para se ter tudo na vida. — Shayera abriu o pote de sorvete, para comer o restante. — Queria ser um morceguinho para estar lá na hora que ele ouvir sua mensagem.

Diana não poderia negar que também queria.


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Notas finais do capítulo

Editado: 03/07/2017 - Embora a história tenha sido finalizada, é interessante conhecer o comentário do leitor enquanto ele lê. Se desejar, pode enviar seu comentário que eu irei ler e responder.