Os sentimentos da Princesa Guerreira escrita por Kori Hime


Capítulo 12
Capítulo 12 — O filho do Batman


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Quando acordou, Diana estava perfeitamente encaixada entre os braços de Bruce e um dos travesseiros da cama. Ela ainda não compreendia o motivo de tantos travesseiros, mas gostava de dormir com um extra para deixar a perna apoiada.

Lembrou-se de que levou muito tempo para conseguir se acostumar a dormir em camas como aquelas. Não que na ilha em que nasceu, ela dormisse no chão, eram apenas culturas diferentes.

Diana fechou os olhos novamente, a cabeça sobre o peito de Bruce, poderia esperar mais alguns minutos antes de se levantar, afinal, a noite pareceu levar mais tempo para terminar, não estava com pressa da manhã passar.

Ela pensou que em Bogotá seria a última vez que compartilhariam uma noite juntos. Mas se sentia feliz por estar enganada sobre isso. Foi então que Bruce despertou, alisando os dedos sobre seu ombro, beijou-a na cabeça e se levantou da cama, caindo no chão e fazendo uma série flexões. Por alguns minutos Diana apenas observou, então ela se levantou e sentou sobre as costas dele, não houve reclamação com a série dificultada.

Algumas batidas na porta tirou o casal da brincadeira. Bruce se levantou e vestiu uma calça. Ele abriu a porta e Diana pode ouvir a voz de Alfred, entregando uma mensagem urgente de Lucius Fox.

Bruce dispensou Alfred e virou-se, olhando para Diana.

— Eu preciso trabalhar. — Ele falou. — Após o café, irei passar na empresa. Prometo que não vai demorar. — Enquanto fazia seus planos para aquela manhã, Bruce caminhava até o banheiro, lavando o rosto na pia. Ele retornou para o quarto, procurando por Diana. — Chego na hora do almoço.

Diana estava sentada na cama. Ela já havia notado o empenho de Bruce desde a noite anterior. Não negava que estava gostando muito de vê-lo naquele vigor para fazer dar certo, porém, não seria assim tão simples mudar da noite para o dia. Uma relação como a deles não iria vingar de maneira tão rápida.

— Você não precisa se esforçar tanto. — Diana o abraçou, levando as mãos até o pescoço dele. — Não quero que se sinta obrigado, ou forçado a fazer algo que não quer. Além do mais, tenho que ir para casa...

— Eu não costumo fazer coisas que não quero. — Bruce a beijou, pegando-a no colo. — Temos uns cinco minutos para tomar banho, acho que podemos aproveitar.

 

Ao sair do banho, Diana, enrolada na toalha, encontrou seu vestido limpo e bem passado em cima da cama. Bruce terminava de abotoar a camisa, e dar o nó em sua gravata. Assim que estavam prontos, desceram para tomar o café. Nas escadas, Diana podia ouvir uma discussão vinda do corredor do saguão da mansão.

A expressão fria de Bruce não parecia ser muito contente em ouvir aquelas vozes, ele pediu para Diana ir até a cozinha, encontra-se com Alfred, pois iria resolver um problema. E então, uma criança apareceu na ponta da escada, vestindo uma jaqueta jeans e calças pretas. Seu semblante era de ira, e Diana sabia muito bem o que significava aquela cara.

— Um problema? Esse é agora meu nome... pai. — O garoto enfiou as mãos dentro da jaqueta e encarou Diana. — Você me largou com aquele babaca para dormir com essa mulher?

A velocidade que Bruce chegou até o garoto demonstrou que ele não estava ali para brincadeiras.

— Respeite os meus convidados. — Sua voz era dura e impaciente. — Essa mulher é a Princesa das Amazonas de Themyscira, sua mãe deve ter ao menos te dado um pouco de cultura e educação para saber que não é uma boa ideia abrir a boca e ofendê-la.

Alfred e Dick Grayson se juntaram na ponta da escada. Diana estava muito chocada com a revelação de um filho para conseguir cumprimenta-los.

— Desculpe, esse garoto não parou quieto um minuto desde que a gente se encontrou ontem a noite... — Dick esticou a mão e acenou para Diana. — Ah! Oi, Mulher Maravilha. Belo vestido. — Ele piscou, fazendo charme ao jogar o cabelo para trás. Vestia uma camiseta preta e calça jeans, com um par de tênis riscado com canetinhas pretas. Bastante diferente de quando Diana o conheceu, como Robin. Sabia que o rapaz se emancipou do Batman, e que estava com um codinome diferente, mas não o vira desde então.

— Alfred, por favor, leve-os até a cozinha e sirva o café da manhã. — Bruce ordenou. A tranquilidade e passividade fugiu completamente de seu rosto.

Apesar de ter acatado a ordem de ir para a cozinha, Damian não o fez em silêncio.

— Eu tenho que chamá-la de vossa alteza ou ele vai me obrigar a chamá-la de mãe? — O menino resmungou.

— Alfred você tem algum veneno de rato na cozinha? Coloca no café dele, por favor. — Dick comentou e Alfred nada falou.

Bruce pediu para conversar a sós com Diana na biblioteca. Ela caminhou na frente e ele a acompanhou. Muitas perguntas passavam pela cabeça de Diana, muitos acontecimentos e conversas que tiveram nos últimos seis meses.

Como quando ele deixou claro que não tinha interesse em ter filhos, por isso era tão rigoroso em usar preservativos. Embora nas duas últimas vezes que se encontraram, foram irresponsáveis e imaturo, sendo levados pelo desejo e sem pensar nas consequências. E, apesar das histórias de criar uma criança do barro para um Deus assoprar e lhe dar a vida, a verdade era que as amazonas possuíam um útero e tudo funcionava perfeitamente normal.

Diana sentiu um frio na barriga.

Bruce fechou a porta da biblioteca, e então ela não pode mais ficar calada.

— Quando iria me contar que tem um filho? Ou melhor, você deixou o seu filho aos cuidados de Dick ontem a noite? — Ela falou um pouco mais alto do que desejava, mas não poderia se conter.

— Dick e Damian estavam em missão, eles me enviaram um sinal para buscá-los ontem a noite, é complicado explicar.

— Complicado? Você mentiu para mim. E ontem, pelos Deuses, Bruce! Nós fizemos sexo até o amanhecer e pela manhã eu encontro seu filho negligenciado na porta da sua mansão. — Ela andou de um lado para o outro, fazendo várias suposições, segurando a saia do vestido longo para não pisar em falso no tecido.

Bruce não a interrompeu, sentou em uma poltrona e quando Diana finalizou, ele começou a dar sua explicação.

— Há um ano, a mãe de Damian apareceu e revelou que eu tinha um filho. Fiquei tão surpreso quanto você. O menino já está com oito anos e passou sua vida em uma legião de assassinos profissionais. Quando chegou a mim, era uma criança muito raivosa. Levou bastante tempo para conseguirmos nos entender. Talia, a mãe dele, voltou quatro meses depois e o levou embora. Ela tentou me chantagear para eu os acompanhar e liderar a Liga dos Assassinos. — Ele fez uma pausa, entrelaçando os dedos, os cotovelos apoiados no encosto da poltrona. Olhava diretamente para Diana. — Ra’s al Ghul treinou meu filho para dar continuidade a sua herança de sangue. Eu não poderia permitir que isso acontecesse, mas Talia o levou embora. Já fazia um tempo que eu venho procurando pistas para encontra-los, e Dick me ajudou a acha-lo e trazê-lo de volta à Gotham. Foi um pouco difícil convencê-lo, mas eu consegui.

— Eu posso compreender a busca pelo seu filho, só não entendo o motivo de ter escondido de mim a sua existência. Que mal eu poderia fazer a ele?

— Você não faria, mas Damian vem se arriscando mais do que o necessário desde que chegou em Gotham. Eu pedi para Dick levá-lo em uma suposta missão, para afastá-lo dos problemas que estava causando. Iria apresentar a você ontem a noite, mas ele se recusou a vir. Dick me garantiu que estava tudo sob controle, de madrugada, soube que estavam com problemas e precisavam da minha ajuda.

Diana respirou fundo, estava sentindo uma leve irritação. A paternidade sempre foi um traço explorado no relacionamento de Bruce e Dick Grayson. Porém, Damian era seu herdeiro legítimo. Mesmo com as mentiras, Diana estava feliz por saber que Bruce teria a oportunidade de se ligar com outra pessoa, como um pai faz com seu filho.

— Confesso que fiquei bastante chocada com a omissão dos acontecimentos desses últimos meses. Mas também não temos nenhum compromisso, você não me deve satisfações do seu passado. — Diana olhou pela janela, no jardim, Dick e Damian pareciam se enfrentar em uma disputa de quem fazia mais acrobacias, enquanto Alfred observava. — Você costuma falar com a mãe dele?

Bruce também olhava pela janela, sem disfarçar um leve sorriso nos lábios com a cena que se desenrolava no jardim.

— A minha única ligação com Talia é Damian. — Ele respondeu. — Diana, nesse último ano muitas coisas aconteceram.

— Eu sei. — Ela se virou e encontrou os olhos azuis de Bruce a encarando. — Nos últimos meses que passamos juntos, você estava já atolado com essas preocupações e mesmo assim preferiu mantê-las para si mesmo.

— Não é fácil me abrir com as pessoas. — Diana tinha que concordar, mas eles tiveram momentos bastante pessoais e conversas tão íntimas que não tem como dizer que não houve uma oportunidade. — Eu queria que Damian gostasse de você.

— Por que? — Diana ouviu um barulho e então viu a estátua de Medusa cair no chão. Alfred ainda sem reação, plantado como um vaso de gardênia no jardim.

— Porque eu gosto.

 

A cozinha estava em silêncio, se fosse ignorar o barulho que Damian fazia na hora de comer. Ele abriu a geladeira e pegou uma torta de morango, tirou um canivete do bolso e cortou um pedaço. Alfred olhou para o patrão, que moveu a cabeça, deixando aquele assunto para depois. Afinal, o clima estava bastante pesado.

— Tem uma propaganda enorme com sua fotografia na rua do meu prédio. — Dick comentou, terminando de beber o suco. — Não tenho do que reclamar, geralmente eles colocam fotos de homens de cuecas, ou propagadas de remédios para hemorroidas.

O comentário de Dick fez Diana se lembrar da inconveniente ligação dela com a joalheria, que por acaso possuía também uma ligação com a LexCorp e toda a história das esmeraldas. Não queria sua imagem vinculada a uma propaganda enganosa, até porque, as obras de reforma do orfanato estavam paradas, e nada parecia ter valido a pena.

— Eu vou entrar em contato com o meu advogado. — Bruce falou, cortando a omelete com uma faca. Na tela do celular, as ligações perdidas de Foxy, ele guardou o aparelho no bolso da calça e continuou comendo.      

— Como você fez a doação, acho justo que seu advogado o represente. — Diana não sentia fome, mas ela se esforçou para comer a omelete que Alfred havia preparado. — Porém, meu caso é diferente. Acredito que não seja prudente o seu advogado me representar. Acabamos de chamar muita atenção em Bogotá. E eu posso garantir que Steve Trevor está de olho em você.

Damian parou de prestar atenção na própria comida e encarou Diana, depois olhou para o pai, seu semblante ainda demonstrando desagrado.

— Quem é esse Trevor? — Dick se intrometeu na conversa. — É aquele cara que fazia o trabalho burocrático na Liga da Justiça?

— Ele é um amigo que nos ajudou logo no começo. — Diana se pegou defendendo Trevor. — Steve achou que eu fui imprudente ao colocar Bruce Wayne como um alvo.

— E ele também era seu namorado, não é? — O garoto perguntou, fazendo os mais velhos o encararem seriamente. Damian ergueu o aparelho celular, mostrando uma fotografia de Diana e Trevor, ele estava fazendo sua pesquisa sobre a Mulher Maravilha. — Achei que as amazonas odiassem homens.

Dick tirou o aparelho das mãos de Damian, ordenando que ele não pegasse mais seu celular.

— Nós não odiamos os homens. — Diana devolveu, não se sentindo vitoriosa em discutir com uma criança.

— É, eu percebi isso. — Damian saiu da mesa do café da manhã. — Vou procurar alguma coisa importante para fazer. Se é que vossa alteza me permite.

— Fique a vontade, foi um prazer conhecê-lo. — Diana segurou a mãos de Bruce, antevendo o movimento dele.

— Deve ter sido mesmo. — Damian deixou a cozinha.

Dick chamou Damian, mas foi ignorado pelo garoto. O rapaz coçou a cabeça, dando um sorriso amarelo. Alfred continuou seu serviço, tirando o prato do garoto da mesa.

Hmm... — Dick apontou o dedo na direção de Bruce e Diana, certo de que estava invadindo a privacidade dos dois. Praticamente pisando em ovos, e com grandes chances de receber um fora, ele continuou. — Até que vocês formam um casal bem bonito.

Bruce não reagiu ao comentário, enquanto Diana apenas movia a cabeça. As coisas começaram devagar, mas agora estavam indo rápido demais. Ela achou que já era hora de ir embora. Ainda usava o vestido de festa da noite passada, também possuía seus próprios problemas para resolver, como encontrar um advogado.

Além de Steve Trevor não sair de seus pensamentos. Acreditava que eles deveriam conversar e resolver todos os problemas que ficaram guardados desde a separação.

Diana agradeceu a Alfred mais uma vez pela hospitalidade. O mordomo, com seu cavalheirismo tipicamente britânico, beijou a mão da amazona e ofereceu seus inestimados serviços a ela. Dick Grayson não estava presente, de certo fazia companhia a Damian.

Bruce, atrasado para a reunião com Foxy, levou Diana mais uma vez para a biblioteca, onde poderiam conversar a sós.

— Eu vou te indicar um advogado muito competente que conheço em Washington. Ele vai te ajudar com o que precisar. — Bruce nem deu tempo de Diana recusar a oferta. — Não é o momento de bancar a heroína humilde. Eu estou profundamente decepcionado com o desenrolar dos processos e acusações contra as instituições que eu mesmo venho alimentando com meu dinheiro. Eu andei afastado dos negócios e vejo que isso acabou me custando alguns milhões investidos de maneira errada.

— Não era errado quando você via a causa ser justa. Infelizmente as pessoas por trás disso não mereciam sua generosidade. — Diana permanecia numa distância saudável de Bruce, evitando o contato físico. — Eu vou aceitar a ajuda com o advogado. Mas não quero mais que você se sinta obrigado a me sustentar. Esse trabalho é comigo, eu posso me sustentar. Aliás, eu já deveria ter tomado uma medida mais séria quanto a isso.

— O que você vai fazer? — Bruce perguntou sério, mas não houve em seu tom de voz qualquer tipo de indicação de que ele se oporia ou que achava Diana incapaz de fazê-lo. Ao menos ela o interpretava dessa maneira. — Não é vergonha alguma receber ajuda financeira de alguém que pode e quer ajudar.

— Talvez para você não seja, mas eu me sinto presa a isso. Não tenho como te pagar por tudo o que já fez. Não aja como se as contas do meu apartamento não passassem pela sua mesa.

— Pois não passam. — Bruce diminuiu o espaço vazio entre eles dois, chegando bem perto da Mulher Maravilha. — Existe um fundo especial para pesquisas científicas e projetos não nomeados, Foxy cuida de tudo.

— Não importa quem cuida, no fim, você é o provedor de tudo.

— É claro, e eu tenho o direito de ajudar quem eu quiser.

— Mas eu não quero mais a sua ajuda. — Diana falou firme. Bruce enfiou as mãos dentro dos bolsos de suas calças.

— O Planeta Diário estava afundado em dívidas, eles iriam perder o prédio em menos de vinte e quatro horas. Milhares de pessoas perderiam seus empregos, e com a economia de Metrópolis em queda, após tantos escândalos envolvendo suas maiores companhias, o desemprego estava em alta. — Bruce caminhou pela biblioteca. — E então eu negociei as dívidas, comprei o prédio e reergui o jornal. Graças a isso, Clark Kent agora tem um emprego garantido pelos próximos anos e um salário mais condizente aos seus esforços.

Não era novidade para Diana, mas ela entendia o que Bruce vinha dizendo. Também havia colaborado com as pesquisas do Caçador de Marte, a academia de boxe que o Lanterna Verde, John Stewart, inaugurara alguns meses. E tantos outros investimentos envolvendo mascarados super-heróis famosos e anônimos.

A amazona achava formidável a maneira que ele confiava na qualidade do trabalho daquelas pessoas, pois eles prosperavam em suas conquistas. Em consequência, pagavam a dívida contribuindo com o avanço de suas pesquisas e manchetes de jornal sem censura.

Entretanto, Diana não era jornalista, física, química, ou uma executiva. E ela iria descobrir, mais cedo ou mais tarde, uma função que lhe cabia retorno financeiro de maneira que não prejudicasse sua outra vida.

— Esse não é apenas um pedido, Bruce, eu estou te dizendo que será assim. — Ela deu alguns passos, até encará-lo de perto, beijou-o no rosto e se despediu, sem saber exatamente quando iriam se encontrar novamente.


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Notas finais do capítulo

Damian é minha pestinha favorita hehehe



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