Era quase quatro horas da tarde quando Lucy finalmente resolveu sair do quarto. Com uma maquiagem bem caprichada ela conseguiu esconder a sua fisionomia deprimente, de modo que não aparentasse que ela havia chorado muito naquele dia. 

No meio de tanto drama a loira conseguiu compreender que a culpa não era só do Natsu, e que ela tinha sua parcela de culpa no que aconteceu. A raiva que ela estava sentindo pelo rosado já tinha esvaecido, porém agora ela sentia ainda mais raiva de si mesma por ter sido tão imprudente na noite passada.

Com o Natsu a história era outra a culpa o dominava; na sua mente passava imagens dele machucando a loira na noite passada e isso o corroía por dentro, ele se via como o único culpado daquilo tudo por não ter conseguido se segurar.

 Depois da conversa tensa que tiveram ambos tinha ido cada um para um lado da fazenda evitando se encontrar.  Natsu permaneceu na casa e a Lucy foi para o Jardim que havia na fazenda, ela só não esperava topar com a mãe dela.

— Lucy querida finalmente você saiu daquele quarto. – Layla abri um enorme sorriso ao ver a filha. – Eu estava preocupada com você.

— Eu estava cansada mãe, ontem foi uma noite bem longa.

— Pelo visto você se divertiu muito ontem, não é mesmo? – Layla perguntou com animação.

— Me diverti, oh como me diverti ontem. – respondeu Lucy com certa frustração, o que fez com que Layla estranhasse a reação dela.

— Aconteceu algo de errado ontem que eu não fiquei sabendo? – a matriarca dos Heartfilia indagou com uma sobrancelha arqueada.

— Não aconteceu nada não mãe. – Lucy suou frio com a pergunta da mãe chegando até mesmo ficar pálida. – Porque aconteceria algo demais ontem? Porque a senhora está me perguntando isso?

— Eu só te perguntei isso por causa do modo estranho que você agiu, e essa reação que você acabou de ter foi mais estranha ainda. – Layla analisava bem a expressão facial da filha com a intenção de descobrir algo. – Tem certeza que não aconteceu nada demais ontem? Você está muito estranha para o meu gosto.

— Estranha eu? Claro que não mãe, estou super normal! – a voz da Lucy saiu bem fina denunciando que ela estava mentindo.

— Estou ficando preocupada com você Lucy, primeiro você ficou um bom tempo trancada no quarto, e agora está agindo muito estranha. – ela notou a filha segurar a barra da sua blusa nervosamente.

— É só impressão sua mãe, não aconteceu nada com que você deva se preocupar.

Layla observou bem a filha com os olhos semicerrados, ela conhecia muito bem a sua filha para saber que a Lucy escondia alguma coisa. Antes que ela pudesse abordar mais a jovem, o Natsu chegou no local com um semblante indecifrável.   

— Lucy, tia Layla que bom que achei vocês duas. – ele olhou bem para a Lucy notando o quanto ela parecia aliviada ao vê-lo, estranhou esse fato, pois imaginava que a loira não o queria ver nem pintado de ouro.

— Algum problema Natsu? – Layla indagou fazendo o rosado dirigir a sua atenção para ela.

 - O meu pai quer ter uma conversa com a gente, ele está esperando na sala. – Natsu falou calmamente, porém estava um tanto curioso para saber que assunto o seu pai tem para tratar com eles. - Parece que o que ele tem para nos disser é importante tia Layla.

— Pode me chamar de sogra Natsu. – Layla proferiu risonha ao ver os jovens ficarem encabulados, mas logo ficou séria. – Bom vamos lá ver o que Igneel tem para nos falar.

Então os três dirigiram até a casa com certa presa vinda de Layla, Lucy olhou para o Natsu com confusão pelo modo que a sua mãe ficou séria de repente, o mesmo apenas deu de ombros.

— Não pergunte nada, eu também estou confuso. – ele sussurrou só para a loira mais nova ouvir. – Está todo mundo agindo estranho hoje, nossos avós nem quiseram participar da conversa eles preferiram ficar na cozinha!

— Depois eu que sou a estranha! – Lucy falou sussurrando também.  

— Mas você é estranha Luce. – o rosado murmurou com um sorriso debochado fazendo com que a loira colocasse língua pra ele.- E infantil. – acrescentou.

— Olha quem fala! – resmungou entrando na casa.

Na sala se encontrava o Igneel com a Grandine e o Jude, o ruivo aparentava muito aflito não conseguia se manter quieto no lugar.

— Finalmente vocês chegaram. – Igneel proferiu com certo nervosismo fazendo com a loira, e rosado se encarasse com a testa franzida em confusão.

— O que você tem para falar pai? – Natsu indagou se sentando no sofá junto a Lucy.

— Eu tive uma conversa com o Jude é ambos concordamos que o certo é que você, e a Lucy devem se casar logo. – Igneel falou sem rodeios deixando até mesmo os adultos chocados.

— Assim tão direito. – Jude murmurou abismado.

Os dois jovens ficaram estáticos tentando absorver aquela notícia, absolutamente nada passavam pela cabeça deles, era como se eles não conseguissem mais raciocinar direito.

— Natsu...Lucy.... – Grandine tentou chamar a tenção deles em vão.

— Eu sabia que eles teriam uma reação assim. – Layla proferiu alarmada.

Não foi falada mais nem uma palavra depois disso, os mais velhos passaram a esperar apreensivos por uma resposta de seus filhos.

— Mãe... – Lucy chamou por sua mãe em um fiapo de voz. – Mãe.... Por favor me diga que isso não passa apenas de uma brincadeira. – ela lançou um olhar suplicante em direção a Layla que sentiu o coração se apertar. - É uma brincadeira, não é?

— Lucy não é uma brincadeira nos realmente achamos que o melhor é que vocês se casem. – foi o Jude que respondeu.

— Porque vocês querem que eu, e o Natsu case assim do nada? – a loira mais nova proferiu exasperada, contendo a forte vontade de chorar. – Vocês sempre querem decidir os nossos futuros sem nos consultar. Não somos mais crianças para vocês decidirem tudo por nós!

— Lucy querida tente se acalmar, vai ficar tudo bem! – Layla tentou tranquilizar a filha.

— Não me venha um tente se acalmar e que vai ficar tudo bem! -  a loira se irritou mais ainda aumentando mais ainda o seu tom de voz. -  Não agem como se fosse normal vocês terem decidido o meu casamento, eu odeio quando vocês sempre decidem a minha vida como se eu não tivesse capacidade de fazer nada sem vocês...Eu ódio isso! – esgoelou com todas as suas forças.

O clima daquela sala estava tão tenso que chegava a ficar sufocante respirar. A única ali que parecia ter realmente dificuldade de controlar a sua respiração era a Lucy; que tentava controlar as tremedeiras que surgiu em sua mão, mais uma vez naquele dia ela se via perdida.

— Ele me odeia... me odeia... – a Lucy pensava sem ter coragem de olhar para o Natsu. – Como posso me casar com alguém que me odeia tanto?

— Porque vocês tiveram essa decisão sem me consultar pai? – Natsu questionou friamente olhando em um ponto qualquer que não fosse o seu pai.

A Lucy não era a única assustada ali no final das contas, com a pulsação acelerada o rosado se segurava para não explodir ali, primeiro ele precisava entender o porquê do seu pai e do Jude terem essa decisão tão repentina.

— Está mais que na hora de você construir uma família Natsu, e a Lucy é a pessoa certa para você. – Igneel disse encarando fixamente o rosado. – E também vocês se casando vai ser o melhor para a nossa empresa.

— O melhor para a empresa? – Lucy indaga atordoada.

— Sim, seu pai e eu somos sócios desde que a empresa foi fundada como você já estão cansados de saberem. – Igneel proferiu calmamente tendo finalmente o olhar do Natsu sobre si. - Uma união matrimonial entre vocês dois pode fazer com que expandirmos mais os nossos negócios, ao mostrar o quanto as nossas famílias são tão unidas. - a reposta do Igneel não agradou em nada o rosado.

— Você só pensa no senhor e nessa porcaria de empresa? Não deve nem ao menos ter parado pra cogitar se eu quero me casar. Eu estando namorando com a Lucy não basta?   – esbravejou se erguendo do sofá. – Deseja tanto assim a minha infelicidade? Para que tanto apresamento de me ver casado logo? – o rosado o encheu de perguntas.

— Natsu...

— Não importar o que você tem para me disser, sempre no final é a sua decisão que prevalece. - o rosado não deu nem tempo para o Igneel responder os seus questionamentos. - Eu tive que aceitar você tentando arranjar uma namorada para mim, como se eu não fosse de conseguir sozinho. Já provei para o senhor que tenho a plena capacidade de arranjar uma namorada, a Luce é essa prova!  -  apontou o dedo para a Lucy que se encolheu no sofá com o receio de encarar ele nos olhos. – Realmente Você não passar de um velho egoísta.

O rosado olhava para o seu pai friamente como se tentasse transmitir toda sua raiva, e magoa por Igneel está mais uma vez decidindo o seu futuro. Contudo o olhar de Igneel transmitia o seu total cansaço, demostrava o quanto foi dolorido ter que ouvi essas palavras de seu próprio filho.

— Porque quer me ver casado tão rápido assim com a Lucy?

Se o Natsu não estivesse se fechado em sua ira, e parado para olhar para a sua mãe por um misero segundo teria percebido que ela prendia à vontade chorar. Teria notado o olhar de tristeza tanto de Jude como de Layla. Se ele tivesse notado tudo isso talvez ele teria ficado mais preparado para as seguintes palavras de Igneel.

— Natsu eu quero que você se case logo com a Lucy porque descobri que tenho uma doença grave.

Aquelas palavras atingido o Natsu em cheio a ponto dele ficar com os olhos arregalados e sem folego.

— Talvez eu não resista a essa doença filho.... Estou morrendo...