Resident Evil: Esquadrão Alfa escrita por Rossini


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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Um lânguido ruído metálico ecoou, rasgando o silêncio quando a porta do escritório se fechou atrás deles.

Yuri e Brian haviam deixado para trás a sala decorada com sangue e agora se viam em um estreito corredor que se estendia até os pés de uma escadaria, passando por uma grande porta dupla. As poucas manchas de sangue que viam eram pequenas e estavam tão bem distribuídas que poderiam passar despercebidas.

Visualmente, o ambiente era bem menos desconfortável que o anterior. Contudo, o cheiro de morte ainda pairava no ar, sem qualquer sinal de que iria se dissipar.

Com pés leves e ouvidos apurados, os dois seguiram pelo corredor. Mesmo abafado, o som de cada passo reverberava vigorosamente até chegar às escadas.

Yuri parou em frente à porta dupla e sinalizou para que Brian fizesse o mesmo. Colada à madeira, bem na altura dos olhos, havia uma pequena placa de metal na qual se lia “Sala de Reuniões”.

O veterano encostou o ouvido na porta. Silêncio. Nem um ruído sequer se fazia ouvir no interior da sala.

Ele se curvou levemente e levou a mão esquerda à maçaneta. Olhou para seu companheiro e constatou que o mesmo já empunhava o rifle por cima de seu ombro.

“Bom.” – pensou o russo – “Estamos em sincronia.”

Ele girou a maçaneta e puxou a porta, deixando o caminho livre para que Brian pudesse entrar.

A sala estava escura e, aparentemente, vazia. Sem baixar a guarda, Brian varreu completamente o local:

— Limpo. – o jovem reportou em voz baixa.

Yuri passou pelo batente e buscou pelo interruptor. As luzes se acenderam, incomodando um pouco os olhos de ambos, mas com a sala iluminada, a análise do cômodo se tornou mais fácil.

Várias cadeiras e mesas estavam dispostas ao longo da sala. Todas voltadas para uma grande mesa ao fundo. Alguns papeis se espalhavam sobre as mesas e o chão. Não havia manchas de sangue e nem sinais de luta. Parecia provável que a sala de reuniões já estivesse abandonada há algum tempo.

Brian andava pela sala enquanto Yuri vasculhava superficialmente os papéis espalhados:

— Isso é interessante... – resmungou o comandante, pegando um jornal sobre uma das mesas – Ei, garoto! Escuta só! – o jovem se virou para ouvir o russo ler um trecho da notícia.

Doença Canibal Aterroriza Raccoon

 

Foi confirmado mais um caso de assassinato e canibalismo, na cidade. Ashley McKnight, de 35 anos, assassinou o próprio filho à dentadas. As autoridades estão associando esse caso com o recente surto de uma doença misteriosa que torna os contaminados agressivos e os leva ao canibalismo. Com esse, já são 18 casos confirmados.

A origem da doença, assim como os meios de transmissão ainda são desconhecidos.

 

Yuri e Brian trocaram olhares. Um misto de confusão e incerteza se formava em seus rostos.

Após um longo segundo, o comandante retornou o jornal à mesa, puxou para perto uma cadeira e se sentou. Com a espingarda repousando sobre seu colo, ele levou as mãos ao rosto e o esfregou com leveza. A cabeça trabalhava à todo vapor, tentando assimilar o que acabara de ler. Finalmente, colocou as mãos sobre a arma e abriu novamente os olhos - Uma doença... – disse com a voz fraca.

Brian, que havia se sentado no chão próximo à mesa, mantinha os olhos fixos no teto. Apesar de manter o cenho rígido, uma crescente preocupação se fazia visível.

Yuri se levantou bruscamente e apoiou a espingarda no ombro – Bem... – começou, olhando para o jovem – Tenho certeza de que tem alguém saudável nessa cidade. É melhor nos apressarmos. – o comandante se dirigiu à porta.

— Bioterrorismo...  – Brian sussurrou interrompendo os passos do outro.

— O quê? – Yuri indagou, virando-se para encarar o jovem.

— Bioterrorismo. – ele se levantou. O rosto ainda preocupado – Essa doença pode ter sido espalhada propositalmente.

—Então... – a voz do russo falhou com a ansiedade. O olhar mostrava sinais de incerteza - Estávamos errados. O alvo nunca foi a estação de tratamento. Quem quer que tenha feito isso, queria apenas destruir a cidade. – ele levou a mão esquerda à cabeça raspada – Mas... Por quê?

Brian fechou os olhos e pensou por alguns segundos, então respondeu – Se não houver ninguém vivo... Ou pelos menos são na cidade, - os olhos se abriram lentamente enquanto sua face, antes preocupada, tornava-se séria - A estação de tratamento estará abandonada. – inquieto com a própria hipótese, ele passou a mão esquerda pelos curtos e castanhos cabelos. O olhar era distante e vazio – Se não houver ninguém para operá-la...

— Meu Deus, garoto! Você pode estar certo. – intrigado, Yuri interrompeu Brian. Ele girou um botão de seu rádio para alterar a frequência – Vamos falar com o Dave!

O jovem assentiu e ajustou a frequência de seu próprio rádio, imitando o comandante.

*****

Na sala de controle, Dave White estava debruçado sobre a mesa central. Um grande copo de café à sua frente.

O terno jogado sobre a mesa, a gravata afrouxada e as mangas da camisa arregaçadas. Era uma imagem totalmente diferente da que o agente costumava apresentar. O dia havia sido longo e a noite dava sinais de que seria ainda mais.

Já haviam se passado quatro horas e meia desde o início da missão e, até agora, a equipe não havia feito nenhum contato. Ele próprio havia tentado algumas horas mais cedo, mas não obteve resposta.

“Aconteceu alguma coisa... Isso não está certo...”

Dave se ajeitou na cadeira e deu um longo gole em seu café. Tão logo o copo retornou à mesa, ele se levantou e começou a andar pela sala.

O turno de Michael havia terminado há quase uma hora. O agente estava sozinho, mas não se importava. Assim como havia sido em grande parte da sua vida adulta, o silêncio era um fiel companheiro.

Um chiado irrompeu atrás dele, vindo do grande painel. Uma voz muito familiar chamou por seu nome:

— Dave? Está me ouvindo? Dave?

Ao ouvir a voz de Yuri Sabrenski, ele se despediu do silêncio, correu até o painel e apertou o botão do microfone:

— Sabrenski! Descobriu como usar o rádio? - apesar do tom zombeteiro, o agente lutava para não deixar transparecer o alívio em sua voz – O que houve? Câmbio.

— A cidade foi devastada. – o comandante falava de forma pausada e clara, mas o peso que trazia em cada palavra era alarmante – Algum tipo de doença transformou as pessoas em canibais asquerosos.

— O quê? – Dave não sabia como reagir – Uma...doença? Câmbio.

— Sim, uma doença! – mesmo com o ruído estático do rádio, Dave pôde perceber a impaciência na voz do veterano.

— Acreditamos que foi causada por um atentado de bioterrorismo, senhor. Câmbio. – uma terceira voz se uniu à conversa.

— Sr. Harrison. – cumprimentou o agente, reconhecendo a voz do jovem soldado – Você disse bioterrorismo? Câmbio.

— Sim, senhor. – Brian respondeu – Acreditamos que a doença tenha sido espalhada propositalmente. Câmbio.

— Como chegaram a essa hipótese? Câmbio.

— Encontramos um artigo de jornal que fala sobre a doença. – o jovem começou a explicar – Aparentemente, essa doença vem se espalhando pela cidade há algum tempo. Pelo que pudemos entender, os infectados se tornam agressivos e canibais...

— Sem falar que ficam completamente débeis. – Yuri interrompeu a explicação do companheiro – Parecem não se importar com qualquer coisa que não seja comer.

Na delegacia de Raccoon, Brian olhou para o comandante, visivelmente incomodado com a interrupção.

— Mas... isso que vocês descreveram parece mais um zumbi de filme de terror ruim. – riu-se o agente, tentando conter o nervosismo – Câmbio.

Os soldados se entreolharam e, em silêncio, concordaram com o agente. Era verdade. Parecia mesmo que estavam em um filme de terror.

— Mas... – continuou Dave – Como essa doença se espalha? Câmbio.

— Ainda não sabemos, senhor. Câmbio. – Brian respondeu sem empolgação.

— Ora essa... Peçam para Ivana examinar isso. – o agente se mostrou impaciente.

— Não podemos. – a voz rouca e fria de Yuri atravessou Dave. Não era a voz imponente e autoritária de sempre. Havia algum tipo de dor ou mágoa naquelas palavras.

— Como assim? Por que não podem? – o agente não conseguiu se conter. Precisava saber o que havia acontecido.

Yuri fechou os olhos e respirou fundo. Um breve silêncio se fez, antes que ele estivesse pronto para falar – Houve um acidente. – começou – Um caminhão se chocou contra a lateral do prédio em que estávamos. A explosão destruiu uma parte do edifício. – mais alguns segundos de silêncio – Não sei quanto tempo fiquei desacordado. – a voz começou a falhar - Quando acordei, comecei a procurar por todos, mas só encontrei o garoto. Eu... - um som rasgado e monstruoso interrompeu o comandante – Mas que merda! Atira, moleque! Atira!

Dave, assustado com os rugidos medonhos se misturando a gritos e disparos, caiu sentado em sua cadeira. Os olhos trêmulos e desfocados.

Sem aviso, os sons cessaram. A sala foi invadida por um silêncio mórbido e sinistro.

Com as mãos no microfone, o agente chamou pelos soldados. Sucumbindo ao medo, ele gritou o nome do russo repetidas vezes. Mas não importava o quanto gritasse, a única resposta que tinha era o silêncio.


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Notas finais do capítulo

Sintam-se livres para deixar seus comentários, críticas ou sugestões.



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