Resident Evil: Esquadrão Alfa escrita por Rossini


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Demorou, mas chegou.

Peço desculpas pela demora para postar esse capítulo. Eu quebrei o dedo e estou tendo que digitar apenas com uma das mãos.

Espero que gostem.



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O vento frio da noite cortava o rosto de Yuri. Sua respiração era rápida e dolorosa. A cada inspiração, o ar gélido parecia congelar seus pulmões. Ele e Brian corriam com todas as forças, passando por carros batidos, vidros quebrados, portas arrombadas e corpos mutilados. Ainda sem sinal de sobreviventes. Pelo menos nenhum que pudesse ser considerado “normal”.

Haviam avistado uma quantidade considerável de “canibais”, mas nenhum dos dois deu real importância. Afinal, todos eles pareciam ser lentos e andavam de forma desequilibrada. Era quase como se estivessem doentes e andar fosse um grande desafio.

Assim que chegaram a um cruzamento, avistaram o que julgaram ser a origem do barulho que haviam ouvido antes. Agora com a respiração entrecortada, Yuri e Brian se aproximaram lentamente da delegacia de polícia de Raccoon.

Algumas viaturas estavam espalhadas na rua de forma desordenada. A maioria estava danificada de algum modo, mas cerca de três pareciam estar inteiras.

Haviam leves sinais de destruição. Alguns pedaços da construção pareciam ter desabado, bloqueando a rua. No entanto, não identificaram nada que justificasse o estrondo de antes.

Eles pararam no portão. Um pouco antes da porta de entrada, havia um corpo de bruços. As roupas mostravam que era um agente da polícia.

— Estranho... – Yuri estava apenas pensando alto.

— O quê? – Brian perguntou, estranhando o olhar de leve surpresa do comandante -  O que é estranho?

Yuri limpou a garganta – Bem... Esse corpo está diferente dos outros que encontramos. – ele indicava o corpo do policial, conforme se aproximava lentamente – Ele não está mutilado. Parece bem inteiro, na verdade.

Quando chegaram ao corpo, viram que havia uma ferida circular e profunda, tão grande quanto uma bola de tênis, na nuca do oficial. Uma grande quantidade de sangue coagulado cobria o pescoço e empapava seu cabelo. O cheiro, assim como a imagem, não era nem um pouco agradável.

Com o pé esquerdo, Yuri virou o corpo para que pudessem ver o rosto, ou o que havia sobrado dele. Outro grande buraco se localizava no lugar onde antes havia uma boca, atravessando completamente a cabeça e terminando na ferida da nuca. Era possível ver restos de pele e dentes acumulados no interior do buraco, como se algo tivesse perfurado aquela face.

— Deus do céu! – Brian exclamou, dado um passo para trás – O que aconteceu com esse cara?

— Não sei dizer, garoto. – o russo franziu o cenho, enojado com a imagem grotesca – Mas não deve ter sido bonito.

Yuri localizou a arma e o distintivo do jovem policial, presos no cinto. A arma estava totalmente descarregada. No distintivo podia-se ler “S.T.A.R.S.”:

—Brad Vickers... – o comandante leu em voz baixa – membro da “S.T.A.R.S.”...

— “S.T.A.R.S.”? – Brian perguntou.

— Esquadrão de Táticas Especiais e Resgate. – Yuri respondeu, enquanto colocava gentilmente o distintivo sobre o corpo do agente. Respirando fundo, apesar do odor nauseante, ele se levantou e seguiu em direção à porta da delegacia – Parece que nem mesmo a elite da polícia de Raccoon conseguiu lidar com a situação...

Brian seguiu o comandante. Eles chegaram até a porta e se posicionaram para entrar. Com um movimento rápido, Yuri girou a maçaneta e ambos entraram com os rifles em punho.

O hall da delegacia era grande e elegante. Ele se estendia até um par de rampas que davam acesso a um piso levemente elevado, onde se encontrava o balcão de atendimento. Entre as rampas, havia uma bela fonte com a estátua de uma mulher segurando um grande vaso, despejando água na fonte.

Em silêncio, Yuri e Brian atravessaram o hall, passando pelo emblema do Departamento de Polícia de Raccoon, pintado no chão, e pela estátua, até chegarem ao balcão.

O local de trabalho era pequeno, apenas suficiente para duas pessoas fazerem os atendimentos. Havia duas cadeiras, vários papéis e canetas e um computador, que estava ligado.

Yuri começou a procurar por algo útil nas gavetas, enquanto Brian se dirigiu ao computador:

— Talvez a gente consiga alguma informação aqui. – o jovem já havia se sentado e apertado um botão qualquer do teclado, a fim de desbloquear a tela.

O emblema do departamento surgiu na tela, acompanhado de uma pequena caixa de texto com duas células em branco, sobre as quais se lia “Nome” e “Registro”:

— Droga... – a voz soou desapontada – Preciso dos dados de um policial para acessar o computador.

— Deixa isso pra lá! – rosnou Yuri – Dá uma olhada nisso!

O russo jogou alguns papéis sobre o balcão e começou a ler:

Relatório de operação

27 de Setembro de 1998

13:00

A barricada oeste foi rompida e foi iniciada a construção de uma nova. Nós abrigamos os feridos temporariamente na sala de apreensão do primeiro andar. Mais doze pessoas ficaram feridas na batalha.

Informante: David Ford

 

Relatório adicional

Mais três pessoas foram mortas com o aparecimento de uma criatura ainda desconhecida. Essa criatura é identificada por pedaços de pele faltando e garras parecidas com navalhas. No entanto, sua característica mais marcante é a sua língua, capaz de perfurar um tórax humano imediatamente. Sua quantidade e localização são desconhecidos. Apelidamos a criatura de “Licker”. Estamos desenvolvendo medidas defensivas para lidar esta nova ameaça.

 

Ambos permaneceram mudos por alguns segundos, enquanto tentavam absorver o que havia sido lido.

Brian estava pálido. O suor começava a brotar de sua testa e as mãos tremiam levemente.

Yuri tinha os olhos arregalados e fixos no papel. O cenho fortemente franzido, destacando as rugas de seu rosto:

— “Criatura desconhecida”? “Pele faltando”? “Língua que perfura o tórax”? – o comandante parecia listar os trechos mais bizarros do relatório. A voz era tensa – Mas que merda é essa?

— Parece algum tipo de monstro.... – o jovem soldado estava visivelmente alarmado. Ele enxugou o suor do rosto e respirou fundo.

— Isso só pode ser piada! – Yuri jogou o papel para longe – A cidade inteira ficou louca e começou a “ver” monstros e outras coisas.

Os olhos de Brian acompanharam o comandante se deslocando pelo amplo saguão. Yuri parou diante de uma porta e olhou para ele:

— Vamos, garoto! – ele disse, abrindo a porta – Vamos dar uma olhada nesse lugar.

Brian hesitou por um segundo, mas acabou se juntando ao companheiro. Não estava com nenhuma vontade de ficar sozinho.

Eles atravessaram a porta e se viram em uma sala com algumas mesas e computadores. Provavelmente era onde os policiais realizavam a parte burocrática do serviço. A sala estava decorada com balões, chapéus de festa e grandes manchas de sangue que se espalhavam pelas paredes e pelo chão. Dois corpos podiam ser vistos, ambos trajavam uniformes da polícia. Um deles estava caído sobre a mesa mais afastada, enquanto o outro se encontrava sentado no chão, com as costas na parede e uma espingarda Mossberg 500 em suas mãos.

Yuri se aproximou do corpo que estava encostado na parede. Ele tinha a camisa tingida de sangue e grandes feridas no pescoço, deixando expostas várias fibras musculares rompidas e a traqueia, completamente destruída. A cabeça estava abaixada e era impossível ver o rosto do homem.

O comandante mantinha o rifle em punho, conforme se abaixava para analisar o corpo.

Brian observava a cena com certa apreensão. Sentiu-se incomodado quando Yuri levou a mão ao queixo do defunto e levantou sua cabeça para que pudessem ver o rosto.

Um corte profundo atravessava a face do policial, indo da sobrancelha esquerda ao queixo e deixando exposta uma pequena parte do crânio. Um grande massa de sangue coagulado se formava próximo à boca. Os olhos estavam abertos e, mesmo sem qualquer brilho de vida, mantinham uma expressão de dor.

Yuri balançou negativamente a cabeça enquanto soltava o rosto do homem, com a mais pura angústia estampada na face. Ele voltou seus olhos para a espingarda – Desculpe, amigo. – disse para o policial morto – Mas acho que você não precisa mais disso. – ele pegou a Mossberg 500 e se levantou. O tranco da arma sendo arrancada de suas mãos fez com que o cadáver tombasse para o lado, fazendo um baque surdo ao atingir o chão.

Brian se dirigiu para a mesa mais próxima, onde estavam os chapéus. A decoração festiva contrastava não só com o ambiente no qual estavam, mas também com toda aquela cidade estranha. Curioso, o jovem mexeu em alguns pedaços de papel que estavam sobre a mesa, até encontrar o que parecia algum tipo de aviso oficial. As bordas do papel tinham um belo ornamento e o brasão do R.P.D. (Departamento de Polícia de Raccoon) se encontrava no topo do documento:

Para Leon S. Kennedy,

Parabéns por seu ingresso no Departamento de Polícia de Raccoon.

Todos nós estamos ansiosos em tê-lo como parte de nossa equipe e prometemos cuidar bem de você.

Bem-vindo a bordo.

 

De todos os caras do Departamento.

 

— O que você tem aí, garoto? – a voz rouca de Yuri rasgou o silêncio, assustando levemente o jovem distraído.

— Bem... – Brian entregou o bilhete para o comandante – Parece que alguém escolheu o dia errado para entrar na polícia... – a voz estava pesarosa.

— Coitado... – o russo imaginou o jovem e desavisado policial chegando à cidade e sendo atacado pelos canibais. Ele soltou o bilhete na mesa.

Brian olhou para a espingarda nas mãos do comandante. O rifle, agora, repousava nas costas dele:

— Munição? – perguntou o jovem, indicando a arma.

— Estava vazia. – respondeu o veterano, dando alguns tapinhas na lateral da espingarda – Mas haviam alguns cartuchos nos bolsos do policial. Seis, para ser exato. Está carregada. Sem cartuchos extras.

Brian assentiu com um aceno de cabeça.

— Bem... – Yuri começou a andar por entre as cadeiras caídas, indo em direção à porta no fundo da sala – O documento dizia que os feridos foram levados para a sala de apreensão. Talvez ainda tenha alguém por lá. – Ele se virou, esboçando um sorriso otimista.

Brian sorriu de volta e acompanhou o comandante. Juntos, eles atravessaram a porta, sentindo suas esperanças serem renovadas.


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