Resident Evil: Esquadrão Alfa escrita por Rossini


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o Capítulo 2.

Espero que gostem.



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— Onde diabos está o Harrison? – gritou Yuri, para ser ouvido através do barulho ensurdecedor do motor. Ele estava em pé, ao lado do helicóptero.

Randy e Takashi deram de ombros, enquanto Ivana se distraia analisando o interior do veículo.

— Senhor. – chamou o piloto – Estão todos aqui? Podemos partir?

— Nos dê um segundo. – o rosto vermelho de raiva – Está faltando um. Acho que ele não sabe ver horas.

O piloto sorriu – Sempre tem um, não é?

Yuri entrou no helicóptero e se sentou de frente para os demais. Abriu a boca para dizer algo, mas foi interrompido por Randy:

— Senhor! Lá está ele! – disse apontando para a porta do prédio.

Brian atravessou correndo a porta da frente e dirigiu-se ao heliporto. Sabia que estava encrencado, quando viu o modo como o russo o encarava. O olhar era penetrante e ameaçador, mas Brian engoliu o nervosismo e continuou a correr, tentando manter o rosto inexpressivo.

Assim que chegou ao helicóptero, sentou-se ao lado de Yuri, (pois era o único lugar vago) e sentiu aqueles olhos azuis queimando a lateral de seu rosto. Por fim, tomou coragem e olhou o comandante nos olhos:

— Senhor, me desculpe... – mas foi interrompido pelo comandante.

— Quem você pensa que é, seu merda? – urrou Yuri – Não sabe ver as horas?

Irritado, o rapaz fechou o punho, mas fez o possível para se controlar. Abriu novamente a boca para se desculpar, mas foi, novamente, interrompido:

— Já podemos ir! – Yuri gritou para o piloto, que já havia começado a decolar. Então, voltou-se para Brian. Os olhos queimavam de raiva – Não quero ouvir suas desculpas, moleque! Está vendo essas pessoas? – apontou para o restante do esquadrão – Até essa missão acabar, você e essas pessoas estão sob minha responsabilidade! Eu não vou tolerar nenhuma atitude que prejudique esse esquadrão. Será que eu fui claro?

Brian olhava fixamente para o comandante, mas a raiva que sentia se uniu ao seu orgulho, impedindo-o de conseguir responder.

Com um movimento rápido, Yuri segurou o rapaz pelo colarinho, trazendo-o para mais perto de si – Fui claro, soldado? – as veias do pescoço saltando.

— Sim,.. – Brian fez o melhor que pôde para engolir o orgulho e responder – Sim, senhor!

— Ótimo! – disse, soltando o soldado.

O barulho do motor preencheu o ambiente, enquanto Yuri respirava profundamente, para se acalmar.

— Muito bem. – ele se voltou para o esquadrão, que escutava atentamente – Assim que chegarmos à Raccoon, iremos descer em um pequeno edifício residencial, próximo ao limite sul da cidade.

— Achei que fossemos para a estação de tratamento. – Randy se mostrava confuso.

— Calma aí, cowboy. – Yuri se divertiu ao perceber que o atirador ainda estava com o chapéu – Vamos chegar lá. Mas primeiro temos que dar uma olhada na cidade. Afinal, estamos atrás de pistas e sobreviventes.

— É... – Randy deu um sorriso, sem graça -  Faz sentido.

— Takashi. – Yuri olhou para o soldado japonês, que respondeu prontamente – Como você tem experiência em infiltração e reconhecimento, quero que fique com o mapa da cidade. – ele entregou o mapa – Preciso que pense na melhor rota e nos pontos mais importantes da cidade. Vamos tentar procurar na cidade inteira, mas é importante pensar nos pontos-chave.

— Entendido! – o japonês pôs-se a analisar o mapa.

Durante o restante da viagem, todos permaneceram em silêncio. Era possível ver o crescente receio tomando conta do rosto de cada um deles, enquanto o motor continuava a rugir em seus ouvidos. Mesmo Ivana, que sempre se mantinha inexpressiva, estava visivelmente tensa.

— 2 minutos. – informou o piloto. Estavam quase lá.

Brian e Randy olharam para fora, tentando localizar a cidade. Enquanto isso, os demais faziam uma última checagem de armas e equipamentos.

Eles pararam, sobrevoando um edifício de aparência simples:

— Chegamos. – disse o piloto – Se precisarem de algo, chamem pelo rádio. Estarei em nossa base secundária. É mais próxima daqui. Consigo chegar em 15 minutos, no máximo.

— Entendido! – respondeu Yuri, enquanto jogava uma corda e sinalizava para o esquadrão descer – Manteremos contato.

— Boa sorte. – disse para o comandante, assim que o mesmo começou a descer pela corda.

Assim que desceram, Yuri varreu o local com os olhos. Haviam duas rotas possíveis: a escada de incêndio na lateral do prédio ou porta que levava para dentro do prédio. Com um gesto rápido e preciso, ele indicou que todos se dirigissem à porta – Algumas pessoas podem ter se abrigado aqui. Vamos dar uma olhada.

Quando estavam todos em posição e com as armas prontas, Yuri abriu a porta e olhou para dentro. Escadas. Sinalizou para que os outros mantivessem suas posições, e desceu os degraus, até chegar a uma porta sinalizada com o número 5. As escadas continuavam a descer, levando aos demais andares.

Ele encostou o ouvido na porta, buscando por qualquer som que pudesse dar alguma pista do que estava do outro lado, mas não ouviu nada.

— Tudo limpo. – disse Yuri, pelo rádio – Podem vir.

Em silêncio, o esquadrão se reuniu na porta com o número 5. Novamente, Yuri aguardou até que todos estivessem posicionados antes de entrar.

Luzes se acenderam automaticamente, assim que a porta foi aberta. Eles estavam no corredor do 5º andar. O lugar era bonito e bem organizado. O ar era pesado. Um forte cheiro de poeira invadiu as narinas da equipe. Haviam cinco portas numeradas e a porta do elevador. Alguns quadros e vasos ornamentavam o ambiente, dando um singelo toque de elegância ao corredor. Não fosse por algumas manchas de sangue no chão, o lugar estaria impecável.

Yuri sinalizou para que Ivana analisasse o sangue, no chão:

— Ainda está fresco. – disse ela enquanto passava os dedos no material pegajoso – 2 horas. Talvez menos.

— Certo... – disse Yuri, ainda analisando o local – Vamos nos separar. Cada um pega um apartamento. – ele se dirigiu ao apartamento 51 - Fiquem atentos.

Após um momento tentando ouvir algo no interior do apartamento, Yuri girou a maçaneta e abriu a porta lentamente. A princípio, não parecia haver nada fora do comum, mas o comandante rapidamente identificou que o local havia sido abandonado às pressas.

A televisão estava ligada, mas mantinha apenas uma tela chiada. Haviam gavetas que foram esquecidas abertas e outras que estavam mal fechadas.

Uma busca rápida pelo local revelou que naquele, apartamento moravam apenas duas garotas. Provavelmente estudantes. Os quartos haviam sido revirados e os armários esvaziados. Fora algumas poucas roupas que foram deixadas para trás, não havia mais nada para se ver:

— ...Senhor? – a voz de Brian chegou através do rádio.

— Pode falar, garoto. – respondeu.

— Venha ao apartamento 54. – apesar da estática do rádio, era possível perceber um pouco de inquietação na voz dele.

— Entendido. Estou à caminho.

Yuri saiu do apartamento. Assim que chegou ao corredor, viu que os outros também se dirigiam ao apartamento indicado por Brian.

“Bando de curiosos” – pensou, achando um pouco de graça.

Assim que entraram no apartamento, perceberam que um forte cheiro de carne podre tomava conta do lugar. Brian estava em pé, próximo à um sofá, onde parecia haver alguém sentado.

Yuri ia perguntar ao rapaz qual era o problema, mas assim que se aproximou do sofá, entendeu.

Um homem, de aproximadamente 40 anos, estava sentado no sofá, mas essa não era a parte estranha. A parede, logo atrás da cabeça do homem, estava com uma grande mancha de sangue, e uma pistola repousava sobre seu colo:

— Ivana. – Yuri chamou – O que pode nos dizer?

Rapidamente, a médica começou a examinar o corpo. Após passar algum tempo analisando as manchas de sangue e o buraco atrás da cabeça, ela percebeu que havia algo na mão direita do homem. Uma foto de uma mulher. Ivana se levantou e entregou a foto ao comandante:

— Então?... – perguntou Yuri, olhando para a foto.

— Bem... – a mulher começou com uma voz quase que desprovida de emoção – Não há dúvida de que foi um suicídio. – ela não deu importância para a expressão de falsa surpresa do comandante – Eu diria que ele está morto há uns 2... talvez 3 dias. O que significa que ele se matou antes da cidade ser fechada.

Yuri examinava a foto, com uma expressão confusa – Harrison. – disse sem tirar os olhos da foto – Você checou o restante do apartamento?

— Não, senhor. – respondeu sem muita firmeza – Demorei um pouco para conseguir destrancar a porta. Assim que entrei, vi o corpo e chamei o senhor.

— Certo... – Yuri jogou a foto sobre o sofá – Vamos ver se tem mais alguma coisa, então.

Na cozinha, encontraram algumas pequenas manchas de sangue e várias garrafas. Todas vazias.

No primeiro quarto, encontraram um computador, sobre uma escrivaninha bagunçada e alguns papéis espalhados pelo chão. Provavelmente era um escritório, ou algo assim.

Quando se aproximaram do segundo quarto, ouviram um ruído vindo de dentro do cômodo. Instintivamente, todos prepararam suas armas e se posicionaram para entrar. Yuri segurou a maçaneta e, com um aceno de cabeça, sinalizou que iria abrir a porta.

Com um rangido discreto, a porta se abriu rapidamente e o esquadrão adentrou o quarto, fazendo uma rápida varredura. Havia um grande armário, uma porta que levava ao banheiro e uma grande cama de casal. Continuaram buscando a origem do barulho, até que perceberam que era apenas o som da grande cortina branca, dançando ao ritmo da brisa que entrava pela janela.

Quase que ao mesmo tempo, todos baixaram as armas:

— Ufa! – começou Randy, com um tom brincalhão – Que bom que não é uma cortina vermelha. Elas são as mais perigosas.

Yuri deu um olhar de reprovação para o atirador, levando para longe seu sorriso.

Brian olhou para a janela. Algo havia chamado sua atenção:

— Senhor. – os olhos de Yuri se voltaram para o garoto – A janela está quebrada.

O comandante olhou curioso para a janela. Era verdade. Era possível ver as pontas formadas no vidro quebrado. Algumas com pequenas manchas de sangue.

Takashi se aproximou lentamente da janela, examinando uma pequena área perto da mesma. Viu as manchas de sangue no chão e na janela, o pequeno abajur quebrado no chão e os lençóis da cama, que haviam sido puxados para aquele lado. Finalmente, olhou através da janela. Na calçada, havia um corpo caído sobre uma grande poça de sangue:

—Senhor. Temos outro corpo. – Takashi se afastou da janela, para que Yuri pudesse ver.

Yuri olhou para o corpo, esparramado na calçada e depois voltou-se para Ivana:

— Parece que encontramos a mulher da foto. – virou a cabeça e olhou novamente para a janela – Outro suicídio...

—Não foi suicídio, senhor. – o japonês indicava o chão e a parede, próximos à janela. -–Houve luta. É mais provável que ela tenha sido jogada para fora.

Yuri pareceu confuso. Olhava para a janela, tentando recriar o ocorrido, em sua mente:

— Bom...- mesmo falando em um tom baixo, sua voz pareceu ecoar no pequeno quarto – Até onde sabemos, o cara estava bêbado. Deve ter brigado com a mulher, por alguma razão e acabou jogando-a pela janela. Quando recobrou a consciência, se arrependeu e colocou uma bala na cabeça.

Os outros acompanharam o comandante, com os olhos, enquanto o mesmo se dirigia à porta para sair do quarto:

— Vamos. – disse sem olhar para eles. – Não vamos conseguir nenhuma informação aqui.

Todos saíram do apartamento e pararam no corredor, formando um pequeno círculo.

Yuri olhou para Takashi, Ivana e Randy – Encontraram alguma coisa nos outros apartamentos? – a pergunta foi seguida pelas respostas negativas, dos três – Certo. Vamos para o próximo andar.

Eles desceram outro lance de escadas e se posicionaram em frente a porta que dava acesso ao 4º andar. Yuri abriu a porta lentamente, revelando o corredor.

Assim como no andar anterior, as luzes do corredor se acenderam assim que a equipe passou pela porta.

O corredor seguia o mesmo padrão do andar superior. Com quadros e vasos. A maior diferença era a grande quantidade de sangue no chão e nas paredes, dando ao ambiente um odor desagradável.

Sem emitir som algum, o esquadrão se separou. Cada um se dirigiu a um apartamento, exatamente como haviam feito antes.

Yuri se dirigiu à porta com o número 41. Estendeu o braço para alcançar a maçaneta, quando ouviu uma voz:

— Q-quem está aí? – Yuri e os outros olharam para a porta do apartamento 43, onde Takashi estava posicionado – Vá embora! – apesar da voz estar trêmula e receosa, era possível confirmar que era uma voz masculina.

Em silêncio, todos se posicionaram em frente à porta:

— A porta está trancada, senhor. – Takashi sussurrou para o comandante.

Yuri se aproximou da porta e bateu três vezes na madeira maciça:

— Quem está aí? – a voz começava a mostrar sinais de desespero e ansiedade – Quem é?

— Meu nome é Yuri. – respondeu com a voz calma.

Alguns segundos de silêncio se passaram, como se a resposta do comandante estivesse sendo analisada – Eu não conheço nenhum Yuri! O que você quer?

— Eu faço parte de um esquadrão de resgate. – Yuri mantinha sua voz calma – Abra a porta para que possamos conversar melhor, senhor.

— Esquadrão de resgate? Acha que eu sou tão burro assim? – a voz se tornou levemente agressiva – Vá embora!

Brian se aproximou e deu uma forte batida na porta – Abra a droga da porta! Nós viemos ajudar!

Yuri agarrou o garoto pelo braço e o empurrou para longe da porta – O que você pensa que está fazendo? – o russo sussurrava. Seus olhos atravessando Brian – Mantenha a calma, moleque!

— Eu não acredito em vocês! – gritou o homem, por detrás da porta – Não vou abrir! Vão embora!

— Ah...que ótimo... – Yuri baixou a cabeça, pensativo.

— Senhor, eu acho que consigo abrir a porta. – o japonês mantinha a voz baixa, enquanto examinava a fechadura – Vai ser fácil.

Yuri olhou, pensativo, para Takashi. Após alguns segundos acenou a cabeça positivamente – Mas tente não fazer barulho. – acrescentou com seriedade – Não queremos assustá-lo ainda mais.

Takashi pegou o que pareciam ser alguns grampos e arames, de um dos bolsos de seu colete e começou a mexer na fechadura. Seu olhar estava completamente focado, e sua respiração era pausada e silenciosa.

Yuri se voltou para Brian, que tinha o cenho fechado encarando o chão – Garoto. – chamou ele, com a voz baixa e séria – Pode me explicar o que foi aquilo?

Brian olhou fundo nos olhos azuis do comandante – Desculpe, senhor. – sua voz era nervosa – Nós temos uma cidade inteira para vasculhar, ainda. Não podemos ficar perdendo tempo.

— Estamos aqui para ajudar essas pessoas. – interrompeu Yuri – Aquele homem está assustado. Temos que ser pacientes. Entenda isso, Brian!

O garoto respirou fundo. Sua expressão se mantinha tensa, mas ele assentiu com um discreto aceno de cabeça:

— Senhor. – chamou Takashi – Está destrancada.

Ainda sério, Yuri deu um tapinha no ombro de Brian – Fique aqui e procure se acalmar, garoto. – se virou e foi até a porta.

Novamente, o russo bateu levemente na porta:

— Quem é? – a voz pareceu ainda mais assustada.

— Sou eu de novo. – Yuri colocou seu rifle ARX-160 nas costas e sinalizou para todos que ficassem parados, então começou a abrir a porta, lentamente. – Vamos conversar, senhor.

— Não! Não entre! – o pânico parecia crescer a cada segundo – Vá embora!

Yuri continuou a abrir a porta – Não vou machuca-lo, senhor. Por favor, me deixe ajud... – ele parou de falar e de se mover, quando ouviu um clique metálico que lhe era muito familiar.

— Não dê mais um passo! Ou, eu juro por Deus, vou atirar em você! – havia um certo receio em sua voz. Yuri julgou que, provavelmente, o homem nunca tivesse usado uma arma antes.

“Merda! Por que esse filho da puta tinha que ter uma arma?”

— Senhor – começou Yuri, sem se mover – Vou mostrar minhas mãos. Vou mantê-las levantadas enquanto entro, ok? Por favor não atire.

Ele passou as mãos abertas, pela abertura da porta - Senhor. – começou Yuri – Vou entrar.

Os outros quatro observaram, tensos, enquanto o comandante entrava lentamente no apartamento. Logo que a figura de Yuri desapareceu através da porta, o silencio foi quebrado por um disparo.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?



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