Resident Evil: Esquadrão Alfa escrita por Rossini


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

A sala de controle estava um caos. Pessoas correndo com papéis, gritando umas com as outras e falando apressadas ao telefone. Uma tragédia havia acontecido. Alguns falavam em atentado terrorista, outros cogitavam o Apocalipse. A verdade é que ninguém sabia ao certo o que havia acontecido na cidade de Raccoon.
Aaron McGregor, o encarregado do QG, estava sentado com os cotovelos apoiados em sua grande mesa. Enquanto todos corriam desesperados buscando uma forma de lidar com a situação, ele preferiu se fechar no silêncio de sua sala.
O som de passos se aproximando o fez olhar em direção à porta, ainda fechada. Os passos eram calmos. Não havia qualquer tipo de pressa ou urgência naquele som.
Duas batidas foram dadas na madeira nobre, mas antes que Aaron pudesse responder, ouviu um clique vindo da fechadura e a porta se abriu.
Um homem de aparência mais jovem, estatura baixa e muito bem arrumado observava o encarregado, ainda do lado de fora:
— Olá, Aaron. – a voz era suave, porém muito profissional – Posso entrar?
— White? – perguntou ligeiramente confuso. Dave White era o responsável por missões de resgate em Nova York. Vê-lo no QG, naquele QG, era algo extremamente raro – Pode...claro.
Dave entrou na sala e dirigiu-se até a poltrona próxima à mesa. Após um longo segundo sendo encarado pelos olhos curiosos do outro, ele sorriu:
— Deve estar se perguntando o motivo da minha visita. – o agente continuou com a voz suave, enquanto colocava sua maleta no chão – Bem...Devido ao ocorrido em Raccoon, meus superiores pediram que eu viesse até aqui. Vamos assumir as operações referentes à esse incidente.
— Como assim? – Aaron se mexeu em sua cadeira, procurando uma posição mais confortável – Vocês vão assumir? Mas Raccoon fica fora da jurisdição de vocês...
Levantando discretamente a mão, Dave interrompeu seu colega – Não se preocupe. Não vamos roubar o seu QG, tampouco sua jurisdição. – o jovem agente alterou suas feições. O sorriso deu lugar a um olhar sem emoções – Vamos apenas resolver esse problema.
McGregor manteve os olhos no agente quando esse se abaixou e pegou alguns papeis em sua maleta.
— Bem... – começou, novamente com o sorriso no rosto – Eis o plano: Vamos enviar um pequeno grupo para a cidade. Nossa prioridade são os civis, claro, mas também precisamos descobrir o que aconteceu.
— Está querendo enviar um esquadrão para coletar dados e salvar os sobreviventes. – Não era uma pergunta. Aaron estava apenas repetindo, para assimilar melhor o plano – Certo, White. Pode contar com a minha cooperação. Vou chamar nossos melhores agentes e...
— Não será necessário – Dave interrompeu, colocando cinco fichas sobre a mesa – Já selecionei os melhores.
Aaron puxou os papéis para perto de si, enquanto lia o nome na primeira ficha: “Yuri Sabrenski”.



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O bar estava agitado naquela noite. A música estava animada, as pessoas se divertiam e nenhum copo permanecia vazio por muito tempo.

Yuri estava sentado no balcão, sozinho, apreciando uma boa dose de vodca. Desde que se mudara para os Estados Unidos, era difícil se sentir “em casa”, mas a vodca ajudava bastante.

Ele olhou em volta. Era divertido ver como as pessoas evitavam ficar perto dele.

“Quem diria? Um velho, de 57 anos e, ainda assim, eu consigo assustar as pessoas sem me esforçar. Incrível!”

Com um sorriso discreto, Yuri coçou a grande barba branca e olhou impaciente para o relógio. Nove e meia da noite.

“Atrasado, como de costume.”

Finalizou o copo de vodca e o apresentou para o bartender, para que uma nova dose fosse servida.

Mesmo com a música alta, os ouvidos treinados de Yuri perceberam passos se aproximando. Com o canto do olho, ele pôde ver um homem baixo e bem vestido, carregando uma maleta, se sentando ao seu lado.

— Achei que não fosse aparecer. – Disse Yuri, levando o copo à boca.

— Sr. Sabrenski. – Cumprimentou o homem. – Me desculpe pela demora. Tive um pouco de dificuldade para encontrar esse bar.

— Eu acho engraçado. – começou Yuri. – Você me chama, durante as minhas férias, para tratar de negócios e chega atrasado.

Ele colocou o copo vazio no balcão e olhou para o homem:

— E então, Dave? – disse, com a voz impaciente. – O que você quer comigo?

O pequeno homem sorriu sem graça e começou a mexer em sua maleta:

— Bem. – Começou com a voz fraca. – Primeiramente, obrigado por atender meu chamado tão rapidamente.

— Sem problemas, Dave. – disse enquanto indicava ao bartender que queria mais uma dose. – Contanto que você pague a conta, eu sou todo ouvidos.

Dave olhou para Yuri, tentando adivinhar quantas doses ele já havia tomado:

— Claro. – concordou finalmente. – Bem... – Ele colocou uma pasta de arquivos sobre o balcão, na frete de Yuri. – Você já ouviu falar de uma pequena cidade chamada Raccoon?

— Não posso dizer que sim. – respondeu prontamente, enquanto começava a analisar os arquivos.

— É... Eu não esperava que você conhecesse. Mas então, a cidade foi declarada como zona de quarentena. Foram cortadas as comunicações e as entradas foram bloqueadas. Acreditamos que Raccoon sofreu algum tipo de atentado terrorista.

Yuri parou seu braço, a meio caminho de um novo gole. – Ataque terrorista? – perguntou interessado. – Algum suspeito?

— Ainda nada. É justamente por isso que entrei em contato com você.

Yuri levantou uma sobrancelha, curioso.

— O governo precisa de mais informações sobre o incidente. – continuou rapidamente. – Por isso me pediram para montar um pequeno esquadrão que será enviado à cidade para uma missão de resgate e coleta de evidências.

— Deixa eu adivinhar. – Interrompeu o russo. – E eu vou fazer parte dessa equipe?

— Bem, sim. Queremos que você lidere esse esquadrão.

Yuri colocou o copo vazio na mesa, parecendo pensativo. Os olhos correndo pelas imagens e informações:

— Olha Dave, - começou - já nos conhecemos há algum tempo, e eu devo admitir que você sabe como despertar meu interesse.

Um sorriso discreto surgiu no rosto de Dave.

— Mas devo lembrá-lo que eu estou de férias. – disse, devolvendo a pasta para o agente. O sorriso de Dave desapareceu – Então você vai ter que chamar outra pessoa. Posso, inclusive, indicar alguns ótimos homens se quiser.

— Sr. Sabrenski, - começou o agente federal – O senhor é o melhor homem para a missão. Precisamos dos seus serviços.

— Dave,...

— Se o problema for dinheiro, - interrompeu, com a voz firme, porém baixa. – posso lhe assegurar que o senhor será bem recompensado.

Yuri coçou a barba, olhando fixamente para seu contratante - De quanto exatamente estamos falando?

— Já que perguntou, - respondeu, mantendo a voz baixa – Só por ter me encontrado hoje, já foi depositada uma quantia de 50 mil dólares na sua conta, Sr. Sabrenki. Você vai receber mais 200 mil, caso aceite a missão.

“250 mil dólares?” – pensou sem deixar sua surpresa ser refletida em seu rosto. – “É muita grana!”

Yuri olhou em volta, de maneira casual. O bar ainda estava bem animado. O ambiente era realmente aconchegante.

— Bem, Dave – começou, com um sorriso no rosto – Como eu disse, você sabe como despertar meu interesse.

— Ótimo! – respondeu animado, enquanto guardava os papéis em sua maleta – É melhor nos apressarmos. A missão será iniciada em... – ele fez uma pausa para olhar seu relógio – aproximadamente 20 horas.

Yuri engasgou com a bebida – 20 horas? – Perguntou, surpreso. A garganta queimando – Mas e o resto da equipe?

Um sorriso presunçoso surgiu nos lábios de Dave – Já estão no QG. Estão esperando pelo senhor, Sr. Sabrenski.

Houve um breve silêncio, enquanto o soldado absorvia o que acabara de ouvir.

— E eu achando que teria que escolher com quem iria trabalhar – disse finalmente, sem disfarçar o sarcasmo em sua voz – Quem são os inúteis que terei que liderar?

Dave colocou quatro fichas sobre o balcão – Não se preocupe, Sr. Sabrenski. -  disse, divertindo-se com a irritação do outro – Eles foram escolhidos à dedo, assim como o senhor.

*****

No avião, Yuri Sabrenski ainda encarava as fichas de seus futuros companheiros, como se buscasse algum tipo de detalhe oculto.

O avião era pequeno, porém extremamente luxuoso e aconchegante. O fato de os únicos passageiros serem Yuri e seu contratante, Dave, fazia com que a pequena aeronave parecesse ainda mais confortável.

A comissária de bordo apareceu, trazendo consigo um copo de vodca. Ela era linda. Seus cabelos, negros criavam um contraste perfeito com sua pele, tão branca quanto o brilho do luar.

Yuri sentiu que poderia ficar horas e horas, apenas olhando para aquela bela mulher.

“Uma mulher maravilhosa, me trazendo vodca? Agora sim, eu estou em casa.” – riu-se por dentro.

— Aqui está sua bebida, Sr. Sabrenski. – disse ela enquanto entregava-lhe o copo. Sua voz acariciava as orelhas do velho soldado.

— Obrigado, querida. – ele tentou sorrir sem parecer um idiota babão. Mas, pela risada contida da comissária, ele sabia que tinha falhado miseravelmente.

Enquanto a garota se retirava, Dave olhou indignado para o copo de bebida na mão de Yuri. – Pelo amor de Deus, Sabrenski! Você nunca para de beber?

— Eu sou russo, Dave. – Disse em tom de escarnio – O que você esperava?

Dave abriu a boca, mas antes que pudesse responder, foi interrompido.

— Alias, qualquer um beberia depois de ler isso! – disse arremessando as fichas sobre a pequena mesa de centro – Que belo grupo! – o sarcasmo era evidente – Nenhum deles parece ser capaz de seguir ordens!

— Por que diz isso? – o agente estava impaciente.

— É muito simples: com exceção do japonês, todos foram afastados de suas unidades.

— Bem, - um sorriso debochado se formou em seus lábios – Se me lembro bem, você foi afastado também. Não foi, Sr. Sabrenski?

Yuri perfurou aquele sorriso com um olhar sério e inabalável. Ele manteve o olhar firme, enquanto via Dave se encolher discretamente em sua poltrona. Isso teria sido divertido, se ele não estivesse tão incomodado com o comentário do agente.

Sem tirar seus olhos azuis e frios, como duas pedras de gelo, de Dave, o soldado deu um longo gole em sua bebida. Aquele silencio assustador só foi quebrado quando o copo vazio pousou, lentamente sobre a mesa, fazendo um som tímido.

— Dave, - os olhos congelantes ainda fixos no agente – Você sabe muito bem que meu caso é diferente.

O pequeno homem se espremia nervosamente contra a poltrona. Seus dedos apertavam o estofamento com força, quase a ponto de criar alguns buracos.

Sem mudar sua expressão, o velho soldado russo se divertiu vendo o quanto era capaz de assustar alguém, com um mero olhar.

— Eu escolhi me afastar – disse calmamente. Os olhos inabaláveis – Porque tive...problemas com o último esquadrão que liderei. – Seus olhos baixaram, focando as fichas sobre a mesa – Esses palermas foram afastados, devido à algum “problema de conduta”.

Dave não se mexeu.

Yuri coçou sua barba, enquanto se ajeitava na poltrona, visivelmente irritado. – Me acorde quando chegarmos lá. – disse fechando os olhos.

Dave permaneceu em silêncio. Obviamente havia cutucado alguma antiga ferida do veterano. Julgou que seria melhor deixa-lo dormir.

O som ritmado do motor e o balanço suave da aeronave fizeram com que, lentamente, as pálpebras de Dave fossem ficando mais pesadas. Até que, finalmente, caiu no sono.

— Ei! – Uma voz chamou, distante – Ei, Dave! Acorda!

Dave abriu os olhos. A claridade, mesmo que fraca, fez com que suas pálpebras se contraíssem, por reflexo.

Onde estava? Que horas eram?

— Levanta, Bela Adormecida! – a voz parecia mais perto, agora. Bem mais perto, na verdade.

Ele girou a cabeça, buscando pela origem daquela voz. Levou algum tempo até que as imagens se tornassem nítidas. Por fim, seus olhos encontraram Yuri Sabrenski, em pé próximo à porta do avião.

— Nós já chegamos? – perguntou com a voz rouca.

— Chegamos há alguns minutos. – A voz de Yuri fraquejava, como se tivesse acabado de acordar. – Vamos logo, Dave. Estou com fome, e precisamos nos encontrar com a equipe maravilhosa que você montou pra mim. – dessa vez, ele fez questão de enfatizar o sarcasmo.

Sem dar atenção às reclamações do outro, o agente esfregou os olhos, pegou sua maleta e se levantou. Juntos, eles desceram do avião.

Eram 6 horas da manhã, o Sol brilhava timidamente e o clima era agradável. Yuri olhou em volta. Ele conhecia aquele lugar. Estavam no aeroporto de St. Louis, no Missouri.

Um grande carro preto estava parado próximo ao avião. Um homem bem vestido, aparentando ter pouco mais de 30 anos, estava em pé ao lado do automóvel.

— Bom dia, senhores. – começou o homem assim que Yuri e Dave desceram as escadas – Fizeram boa viagem?

— Bom dia. – Yuri parecia um pouco distraído. – Achei que estávamos indo para indo para Raccoon. – disse olhando para Dave – Por que viemos parar em St. Louis?

— Sr. Sabrenski, - Dave baixou sua voz, quase sussurrando – Como eu disse, essa é uma missão sigilosa. Devemos agir com cautela. Portanto – Yuri abriu a boca mas, com um gesto de mão, Dave pediu que esperasse – Não podemos simplesmente chegar lá de avião, como se nada tivesse acontecido.

Yuri olhou para o carro e depois para Dave – Então... Vamos chegar lá de carro, como se nada tivesse acontecido? – o tom irônico na voz deixou Dave impaciente.

O agente olhou para o relógio – Eu posso explicar a missão, para o esquadrão inteiro, assim que chegarmos lá. – os olhos voltaram para Yuri – Ou nós podemos perder nosso precioso tempo, para que eu explique tudo aqui e agora, somente para chegar no QG e ter que repetir tudo para o restante da equipe. O senhor decide, Sr. Sabrenski.

Yuri levou a mão à cabeça raspada, pensativo. – Espero que tenha comida nesse carro. – disse, irritado, dirigindo-se ao automóvel.

— Eu coloquei alguns sanduiches no frigobar, senhor. – disse o motorista, com a voz animada. – Por favor, sirvam-se à vontade.

O soldado agradeceu com um aceno de cabeça e entrou no carro, seguido por Dave.

A viagem seguiu tranquila. Após algum tempo, o carro saiu da estrada principal e entrou em uma estreita estrada de terra batida que passava por entra as árvores.

Após 7 horas de voo e mais 3 horas de carro, eles chegaram à uma clareira no meio do bosque, onde estava uma base de operações. Lá estavam dispostos um pequeno estacionamento, um heliporto e um prédio de 2 andares.

O carro parou com suavemente em frente ao prédio.

— Aqui estamos. – a voz animada do motorista quebrou o silêncio.

Calmamente, Yuri e Dave saíram do veículo e seguiram até a entrada do prédio.

— Bem-vindo ao nosso QG, Sr. Sabrenski. – Dave abriu a porta e sinalizou para que entrasse – Vamos conhecer sua equipe?

*****

Na pequena sala de reunião, um grupo de quatro pessoas aguardava em silêncio. Eram três homens e uma mulher.

— Que tédio! – disse o homem que estava encostado na parede, próximo à porta. Ele era, visivelmente, o mais jovem do grupo – Até quando a gente vai ter que esperar?

Os outros dois homens olharam para ele. O que usava um chapéu de cowboy deu de ombros, com um sorriso sutil no rosto. O japonês manteve-se em silêncio, olhando para o garoto, como se o julgasse.

A mulher, que estava sentada mais à frente, continuou a olhar para as próprias mãos, em silêncio, como se não tivesse ouvido os comentários do homem.

O homem de chapéu olhou para o relógio, perplexo – Acho que esqueceram da gente, hein? – riu-se – Ou então estamos participando de algum teste de resistência.

— Já faz quanto tempo que estamos aqui? Quase uma hora? – o jovem se dirigiu à porta, sem esperar uma resposta. – Eu vou chamar alguém...

— Você precisa aprender a ser paciente, garoto. – interrompeu o japonês, sem olhar para o jovem.

O rapaz se virou para o homem, seus olhos sérios focando a nuca do japonês. – Eu ouvi errado, ou você está achando que pode me dar ordens? – ele começou a se aproximar da cadeira onde o outro estava sentado, lentamente – Quem você pensa que é?

O homem de chapéu se manteve em silêncio absoluto, enquanto olhava para aquela cena. Uma crescente preocupação se formava em seu rosto.

 A mulher permaneceu de costas para os demais, ainda sem esboçar qualquer reação.

— Eu te fiz uma pergunta, velho! – o rapaz esticou o braço para empurrar o homem, que permanecia imóvel – Quem você...

O japonês se moveu rapidamente, agarrando o braço de seu agressor e torcendo-o. O movimento foi tão rápido que o cowboy se assustou. – Eu – começou o japonês com a voz firme, enquanto imobilizava o jovem – sou Takashi Sanada. Muito prazer.

— Takashi Sanada? – o homem de chapéu disse espantado.

Takashi se manteve em silêncio. Os olhos fixos no jovem impaciente.

O cowboy olhou para o rapaz, sorrindo – Cara! Takashi Sanada é o maior..

— Eu não dou a mínima! – vociferou o jovem. – Eu acho melhor você me soltar, velhote!

 A mulher virou discretamente a cabeça para ver o que estava acontecendo. Sua expressão mantinha-se fria e ilegível.

A porta da sala se abriu. Sob o olhar de todos, um homem alto e de aspecto musculoso entrou na sala. Seus olhos azuis varreram a sala, medindo cada um deles. Um sorriso debochado surgiu por detrás da barba branca.

— Que bom! – divertiu-se Yuri – Vocês já estão se dando bem.

Rapidamente, Takashi soltou o braço do rapaz e afastou-se. 

Com os olhos ardentes em fúria, o jovem se voltou para Takashi – Eu vou acabar com você, velhote! – a mão fechada, pronta para deferir um soco.

— Ei! – gritou Yuri – Nem pense nisso, moleque!

O jovem mediu o russo com seus olhos, a raiva era evidente em seu rosto – Quem é você, barbudo?

— Eu? Ninguém... – o jovem fechou as mãos fortemente quando ouviu o tom irônico – Sou apenas o líder desse esquadrão. E você, quem é?

— Eu sou Brian Harrison. -  respondeu prontamente.

— Brian Harrison... – Yuri buscou em sua memória a ficha do rapaz – Ah! Claro! O moleque cuja impaciência causou a morte de uma refém. – Os olhos do veterano fuzilaram o garoto.

Brian abaixou a cabeça, envergonhado. Os olhos ainda cheios de raiva. Ele permaneceu calado.

— E você deve ser...Takashi Sanada, correto? - Takashi respondeu com um aceno de cabeça –Ouvi muitas coisas boas a seu respeito. Espero não me decepcionar.

O homem com chapéu se levantou, olhando para Yuri – Eu sou Randy Gordon, senhor. – disse sorrindo – O senhor é Yuri Sabrenski?

Yuri levantou uma sobrancelha em curiosidade – Sou. Por que?

— Eu sabia! – Randy disse animado – Você é uma lenda, cara! Eu sou seu fã!

Yuri se lembrou da ficha do cowboy – Ah! Randy Gordon! O engraçadinho. – disse em tom de escarnio – Vamos tentar manter o foco, ok? A propósito, belo chapéu. – Randy ajeitou o chapéu. O rosto era um misto de alegria e vergonha.

A mulher se levantou, olhando fixamente para o líder.

— Você deve ser Ivana Noskoski. – Yuri olhava fixamente para os olhos azuis dela. Estranhamente inexpressivos – Médica militar, correto?

Ivana respondeu afirmativamente com um aceno de cabeça. Sua expressão ainda inalterada.

Dave entrou na sala – Bom dia, senhores. E senhora – acrescentou, olhando para Ivana – Me desculpem pela demora. Agora, se todos puderem se sentar, começarei as explicações.

Ele esperou até que todos estivessem sentados e em silêncio, então ligou um projetor localizado no fundo da sala. Imediatamente a imagem de um mapa surgiu na tela, à frente deles.

— Muito bem, - começou o agente – Como vocês já foram informados, a cidade de Raccoon se tornou uma zona de quarentena. Provavelmente devido a algum tipo de ataque terrorista. – ele fez uma pequena pausa, então continuou – Eu convoquei vocês aqui com o objetivo de formar um esquadrão, que será enviado para Raccoon.

Com exceção da voz de Dave, o silencio na sala era absoluto. Nenhum dos integrantes do grupo expressou suas dúvidas verbalmente, mas estava estampado no rosto de cada um que haviam várias perguntas.

— Escolhi vocês – continuou Dave – Porque são os melhores em suas respectivas áreas. Contamos com o apoio de Yuri Sabrenski, ex-comandante de tropas de busca e resgate, do exército russo. Ele será o líder desse esquadrão. – Ele indicava Yuri para os demais.

— Bom dia a todos. – cumprimentou Yuri, enquanto se levantava – Por enquanto, sei tanto sobre essa missão quanto vocês. Então espero poder contar com a ajuda de todos, e peço que confiem na minha liderança. – Com um leve aceno de cabeça, ele voltou a se sentar.

— Muito obrigado, Sr. Sabrenski. – Dave mantinha o semblante sério e focado – Continuando: Takashi Sanada, especialista em combate desarmado, e um dos melhores instrutores de tropas furtivas e de reconhecimento, do mundo. – sem se levantar, Takashi fez uma discreta reverência –Randy Gordon, franco-atirador condecorado pelo exército norte-americano. – Sorrindo, Randy ajeitou seu chapéu – Ivana Noskoski, uma das melhores médicas que o exército russo já teve. – Ivana manteve-se imóvel – E por último, mas não menos importante, Brian Harrison, ex-capitão da S.W.A.T., e especialista em armas com ampla experiência em resgates. – Brian ainda parecia nervoso, mas levantou discretamente sua mão, em resposta.

— Agora que já nos conhecemos, - Yuri curvou-se sobre a mesa, impaciente – Podemos saber do que se trata essa missão, Dave? – a pergunta foi seguida pelos olhares curiosos dos demais.

— Direto ao ponto, hein Sr. Sabrenski? – riu-se Dave. Ele se voltou para o mapa – Já fazem aproximadamente 36 horas que Raccoon está totalmente fechada e sem comunicações. Imagens obtidas por nossos aviões, indicam que existem alguns incêndios e muita destruição na cidade. – tornou a olhar para o esquadrão – A situação é muito estranha. Infelizmente, não temos nenhum tipo de pista que nos indique o que aconteceu. Mas nossa maior suspeita, como eu já disse, é a de um ataque terrorista.

Todos olhavam para Dave, em silêncio mortal. Ivana permanecia com sua expressão fria. Já os demais tinham um misto de ansiedade e incerteza em seus rostos.

Takashi levantou a mão, pedindo permissão para falar. Dave assentiu com um aceno de cabeça.

— Por que alguém atacaria uma cidade como Raccoon? – Takashi perguntou – É uma cidade pequena e isolada que, aparentemente, não possui nenhum tipo de importância militar.

— Uma ótima pergunta Sr. Sanada. – Dave tinha um leve sorriso em seus lábios – Se vocês olharem para essa região, - ele indicou uma região ao norte da cidade, afastada do perímetro urbano – Verão que existe uma estação de tratamento de água nos arredores de Raccoon. Ela é responsável pelo abastecimento de água de grande parte das cidades dessa região. Algumas delas, inclusive, são conhecidas pela produção de armamentos militares.

— Entendi! – Interrompeu Sanada – Se algo acontecesse à estação, as cidades da região seriam prejudicadas, assim como a produção de armamentos.

— Bom... – Yuri coçava a barba, impaciente – Acho que já temos um motivo. Mas existe alguma confirmação de que o alvo principal foi a estação?

Dave voltou seus olhos para o chão, pensativo. – Não, Sr. Sabrenski. Na verdade, não temos nada que indique que houve uma explosão, ou algo do gênero... – Levantou os olhos, voltando-se para o esquadrão. A incerteza estampada em sua face – Por isso essa missão é tão importante. Precisamos entender o que aconteceu com essa cidade, antes de tentarmos descobrir quem estamos enfrentando.

Durante um longo momento, o silêncio reinou na sala de reuniões. Cada um levantando suas próprias hipóteses, sobre o que poderia ter acontecido e como seria a missão.

Finalmente, o silêncio foi quebrado pela voz grossa e poderosa de Yuri Sabrenski:

— Dave. – O som ecoou pela pequena sala, despertando todos do transe em que estavam. – Quanto tempo até o início dessa missão?

Bem... – Ele piscou, tentando recuperar o foco da visão, enquanto olhava para seu relógio. – O helicóptero estará pronto para levá-los à Raccoon em, aproximadamente, 4 horas. O voo deve levar pouco mais que 40 minutos. Quem diria? – Ele abriu um leve sorriso – Parece que a missão vai começar um pouco antes do programado.

— Certo! – Yuri entendeu a animação de Dave. Era melhor chegar um pouco mais cedo, do que tarde demais. Ele se levantou e olhou para os seus companheiros – Senhores, senhora.... Vamos aproveitar esse tempo que temos. Vamos almoçar e nos equipar, com calma. Devemos estar preparados psicologicamente para o que quer que venhamos a enfrentar. – Ele fez uma pausa, olhando para o próprio relógio -  Daqui a exatamente 3 horas e 30 minutos, todos devem estar no heliporto. Entendido?

— Sim, senhor! – responderam os quatro, em coro.


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