Carlos: (quebrando a tensão, se levanta) Bom, quero aproveitar que estão todos aqui presentes, quero fazer algo que eu espero a muito tempo (segura a mão de Laura) Laura, meu amor, você quer se casa comigo?

***

Todos se olham surpresos, pois não esperavam que Carlos pedisse Laura em casamento, nem mesmo Laura esperava por isso.

Carlos: Então meu amor, aceita meu pedido?

Laura: (gaguejando) Carlos, que surpresa, não esperava por isso, não nesse momento.

Carlos: Por que não? A gente já está junto a tanto tempo, o mais normal é que eu queira me casar contigo.

Laura: (fitando os olhos em seu pai) Eu aceito me casar com você!

Estêvão: Tem certeza que é isso que você quer filha? Você é muito nova pra se casar, casamento não é brincadeira.

Laura: Tenho sim pai, eu vou me casar com Carlos o  mais breve possível!

Carlos: O senhor não precisa se preocupar, senhor San Roman, eu vou cuidar muito bem da sua filha.

Estêvão: Claro que vai! Se não o fizer, você é um homem morto.

Depois dessa surpresa, todos vão dormir. Apesar de ter aceitado que Laura e Carlos se casassem, Estêvão não estava de acordo, pois ele não gostava de Carlos, mas não queria contrariar a filha, pois sabia como ela era teimosa, e poderia querer se casar só por capricho.

Manhã seguinte, a família estava reunida para tomar o café da manhã.

Alba: Então quer dizer que a minha única neta vai se casar?

Estêvão: Eu espero que você esteja certa do que está fazendo, como eu disse, casamento é coisa séria.

Laura: Desculpa pai, mas o senhor não é a melhor pessoa para falar sobre esse assunto, afinal o senhor se separou da minha mãe, esqueceu?

Estêvão: Claro que não! Mas você acha que nos casamos na intenção de nos separarmos?

Laura: Não sei. Mas não quero tocar nesse assunto, senão vamos acabar brigando de novo.

Daniela: Laura tem razão. Vamos mudar de assunto, como está indo no trabalho?

Laura: Bem. Ah, adivinha quem me levou pra faculdade ontem?

Alba: Quem? Carlos?

Laura: Não. Foi Maria Fernandez!

Estêvão quase se engasga com o que a filha acaba de dizer. Como assim, Maria não gostava de Laura, pensava.

Estêvão: Ué filha, você não disse que Maria foi grossa com você?

Laura: Sim. Eu também estranhei o motivo da carona, mas aceitei. E tô arriscada a perder meu emprego.

Estêvão: Por que?

Laura: Porque eu disse umas verdades pra ela. Que ela deveria ser mais amável com as pessoas, não ser tão fria e tal, e acho que ela não gostou muito.

Daniela: Você com sua mania de falar demais.

Laura: Só disse a verdade, se ela me demitir, vai perder uma ótima funcionária. Bem, estou indo, tchau!

Todos riem da forma que Laura fala.

Estêvão não estava nem um pouco feliz com essa aproximação das duas, e esperava que Maria demitisse sua filha.

Laura estava a caminho do trabalho e resolve ligar para Magui e contar as novidades.

Laura: Oi Magui, tenho novidades!

Magui: Oi Laura, me conta que já estou ansiosa!

Laura: Adivinha quem vai se casar?

Magui: Quem? Seu pai?

Laura: Claro que não né Magui! Eu! Fui pedida em casamento ontem por Carlos e aceite, já pode me dar os parabéns! (ri)

Magui: Sério Laura?

Magui também não gostava de Carlos, e não queria que a amiga se casasse com ele.

Laura: Por que essa voz? Não ficou feliz?

Magui: Se você tá feliz eu fico feliz, mas você sabe o que eu penso a respeito do Carlos.

Laura: Sei. Então eu tenho uma notícia boa, adivinha quem me levou pra faculdade ontem?

Magui: Quem?

Laura: Maria Fernandez!

Magui: Não acredito!

As duas ficaram conversando sobre o assunto, até que Laura chega no Stúdio. Ao chegar, ela vai falar com Maria, e dessa vez bate na porta.

Maria: (ouve alguém batendo) Entra!

Laura: Bom dia senhora! Posso falar com a senhora um momento?

Maria: Claro, sente-se.

Laura: Obrigada, estou bem de pé, e não vou demorar. Só queria pedir desculpas pela forma que falei com senhora ontem.

Maria: Quer dizer que se arrependeu?

Laura: Não. Só acho que deveria ter falado com a senhora daquela maneira, porque a senhora nunca me deu essa liberdade. Então, vai me demitir?

Maria: (se levanta e fica frente a frente com Laura, e a olha nos olhos) Eu não vou te demitir Laura, eu gosto de você, e gosto desse seu jeito verdadeiro, e não vou me dar ao luxo de perder uma funcionária tão boa quanto você.

Laura: Obrigada! (sorri pra ela)                 Eu sei que as vezes falo demais. Só queria que a senhora soubesse o quanto eu te admiro, desde muito pequena, e sempre sonhei um dia ser igual a senhora.

Maria: (sorri de volta) Fico feliz por suas palavras!

Laura: A senhora sorriu pra mim!

Maria: Isso significa muito pra você?

Laura: A senhora não imagina como.

Lágrimas caem dos olhos de Maria.

Laura: Por que a senhora está chorando?

Maria: Não sei.

Maria quebra seu orgulho, e como se algo a levasse a isso, ela abraça Laura. Foi um abraço diferente de todos, elas sentiam algo diferente de tudo, como se já tivessem se abraçado antes e não mais recordavam, queriam estar ali para sempre, o resto do mundo não importava mais. Mesmo sem saberem, o sangue falou mais alto.

Maria: (secando as lágrimas) Acho melhor irmos trabalhar. (sorri)

Laura: Também acho. Com licença senhora.

Laura sai da sala, e deixa Maria pensando no que acabara de acontecer.

Maria: Não posso acreditar no que acabou de acontecer! O que essa garota está fazendo comigo, por que eu me sinto tão diferente quando estou perto dela, por que eu quero estar perto dela? Maria, você precisa voltar a vida real, você está vendo sua filha nessa garota. Laura não é sua filha Maria, não é...

Já era a hora do almoço, e Laura foi almoçar com Greco, como haviam combinado.

Greco: Pensei que não viesse mais.

Laura: Eu tenho palavra, se eu disse que viria, então não tem porque não vir.

Greco: Nossa, impressionante. (ri)

Os dois conversavam animados, quando chegam Maria e Vivian e se juntam a eles.

Maria: Podemos almoçar com vocês?

Greco: Claro tia, sentem-se por favor!

Vivian: Conversavam sobre o quê?

Greco: Sobre como Laura tem palavra.

Greco e Laura riem, e Maria e Vivian ficam sem entender nada.

Maria: Eu quero falar com vocês dois depois, tenho um trabalho extra para vocês.

Laura: Que trabalho? Sobre o quê?

Maria: Curiosa. Depois que terminar o horário de almoço, vão até a minha sala para eu falar com os dois.

Greco: Tudo bem tia.

Sala de Maria.

Greco: Aqui estamos, pode falar o que quer que façamos.

Maria: Bom, o que eu quero que façam é algo simples. É como se fosse um seminário da época da escola. Vocês vão escolher um assunto, e montar um trabalho em cima desse assunto. Seria como se fosse, digamos, uma coleção que vocês vão lançar no mercado. Vocês podem usar as modelos, podem escolher o cenário que quiserem. Eu vou avaliar as fotos feitas (olha para Greco), e a maquiagem das modelos (olha para Laura), se tiverem alguma dúvida me falem. Depois vejo se te contrato ou não, Greco. (ri)

Laura: Viu, também vai passar por um teste.

Maria: Isso Laura. Não é porque você é meu sobrinho que vai ter regalias.

Greco: Não esperava outra coisa da senhora, tia. E quando devemos apresentar esse trabalho?

Maria: Daqui a um mês. Ah Laura, você está dispensada dos trabalhos daqui enquanto não apresentar esse.

Laura: Ok.

Maria: Agora podem se retirar.

Os dois saem.

Vivian: Qual é o objetivo disso?

Maria: Nenhum. Só achei que eles estavam se dando bem, e quis que eles estivessem mais juntos.

Vivian: Você está dando uma de cupido, é isso mesmo?

Maria: Claro que não Vivian. Meu Deus, você adora me criticar, caramba.

Vivian: E você adora se fazer de vítima.

As duas riem.

Laura e Greco já começaram a pensar no que vão apresentar para Maria, o trabalho teria que ser perfeito, pois ia ser apresentado à senhora perfeição. Eles sabiam como era Maria, e como era exigente.

Greco:  Já pensou em algum cenário?

Laura: Não pensei em nada Greco, (ri) Maria nos pegou de surpresa.

Greco: Verdade, mas já estou acostumado com as surpresinhas dela. Bom, perto da minha casa, tem uma cachoeira linda, seria uma boa ideia irmos até lá, fotos na natureza ficam lindas, e nem precisa ser profissional pra fazer uma boa foto.

Laura: Então vamos ver essa tal cachoeira senhor fotógrafo (brinca). Podemos ir até lá, afinal Maria me dispensou dos meus trabalhos aqui.

Greco: Então vamos até lá.

***Casa dos Fernandez***

Greco: Oi mãe, oi vó (dá um beijo nas duas), quero que conheçam Laura.

Laura: Muito prazer!

Carmen: Você é a mocinha que passou no teste, que a minha filha gostou tanto?

Laura: Sim, sou eu. Tô vendo que Maria gostou mesmo de mim, todos já me conhecem! (ri)

Fabíola: Sim, minha irmã falou muito bem de você. E falou que era muito bonita também, e estou vendo que ela estava certíssima!

Laura: Obrigada. A senhora também é tão bonita quanto a sua irmã.

Carmen: Que educadinha!

Fabíola: Deixa de formalidade, me chame de você, afinal não sou tão velha assim.

Laura: Claro que não. Minha vó que sempre diz que eu tenho que chamar os mais velhos de senhor e senhora.

Greco: Vamos deixar de bate papo, que temos um trabalho para fazer. Vamos Laura, por que se depender da minha mãe e da minha vó, você não sai daqui hoje.

Carmen: Deixa de ser chato Greco. Fica pra jantar conosco Laura?

Laura: Eu não quero incomodar.

Fabíola: Não será incômodo algum. Está decidido, você fica!

Laura: Tudo bem. Agora vamos Greco.

Os dois saem.

***

Laura: Sua família é muito bonita Greco.

Greco: Obrigado! Minha vó sempre faz o possível pra nos manter unidos.

Laura: Queria que a minha fosse assim:

Greco: Por que você diz isso?

Laura: Minha mãe morreu faz muito tempo, eu e meu pai vivemos brigando, ele namora uma biscate, enfim...

Greco: Nossa, que chato. Mas nem sempre foi assim. Aconteceu algo com a minha tia no passado, que virou nossas vidas pelo avesso. Nós tentamos manter o padrão de família feliz, mas o que aconteceu com a minha tia, nos fez ficar meio tontos. Eu não posso te dizer o que aconteceu, pois ela não diz isso a ninguém, nem mesmo a imprensa registrou isso.

Laura: Claro, e eu também não quero que você me conte algo tão particular da sua família, afinal nos conhecemos a pouco tempo.

Greco: Ali está a cachoeira que eu te disse!

Laura: Nossa Greco, realmente é linda! Não tem mais dúvidas, esse será o cenário!

***Stúdios Fernandez***

Vivian: Laura já foi?

Maria: Acho que ela e o Greco saíram pra ver as coisas do trabalho. Vamos jantar lá em casa, tem um tempão que você não aparece por lá, dona Carmen já está reclamando.

Vivian: Já que insiste tanto. (ri)

***Casa dos Fernandez***

Maria: Boa noite! Olha quem veio jantar aqui hoje.

Carmen: Vivian querida, já estava com saudades!

Vivian: Oi dona Carmen, também estava com saudades.

Carmen: Sabe quem, também vai jantar conosco?

Maria: Quem!?

Carmen: Sua protegida!

Maria: (sem entender) Minha protegida?

Carmen: Laura!

Maria: O que Laura está fazendo aqui?

Fabíola: (chegando) Greco a trouxe, eles já devem estar chegando, foram até a cachoeira, e falaram de um tal trabalho que você deu a eles.

Maria e Vivian se olham. A porta se abre, eram os dois chegando.

Maria: Que surpresa vê-la na minha casa!

Laura: Senhora, sua mãe me convidou para jantar, e não me deu a opção de negar.

Maria: Não vou brigar com você, calma. Isso é bem a cara da minha mãe mesmo.

Na mesa do jantar.

Maria: Laura, você está matando aula?

Laura: Sim, mas não quis negar o convite da dona Carmen.

Carmen: Nada de dona Carmen, pode me chamar de vó.

Laura: Vó?

Carmen: Sim, vó.

Maria: Mãe vai deixa-la sem graça.

Laura: Claro que não! São poucas coisas que me deixam sem graça, além do mais, já estou me sentindo em casa.

Fabíola: Hum, ela é das minhas!

Conversa vai, conversa vem, e todos terminam o jantar. A família de Maria tinha amado Laura, e vice versa. Ela tinha se sentido numa família de verdade.

Laura: Bom, amei jantar com vocês, mas tenho               que ir embora, meu pai já deve estar preocupado.

Greco: Deixa que eu te levo, pode ser perigoso você ir sozinha.

Maria: Não, eu a levo. Vou deixar Vivian em casa e a deixa também.

Greco: Tudo bem.

Laura: Tchau gente, amei conhecer todos vocês!

Bruno: Aparece mais vezes.

As três saem.

***Casa dos San Roman***

Maria: Está entregue.

Laura: A senhora não quer entra e conhecer meu pai, minha vó e minha tia?

Maria: Será que devo?

Continua...