***Casa dos San Roman***

Estavam todos à mesa tomando o café da manhã, o silêncio pairava no ar, quando Laura, não aguentando mais, quebra o silêncio, fazendo com que todos levassem um pequeno susto.

Laura: Caramba gente, que silêncio é esse? Por que ninguém fala nada? Já estou ficando agoniada!

Alba: Nossa Laura, as vezes você é muito inconveniente, faladeira, igualzinha a sua... (sem graça)

Laura: ( a interrompe) O que você ia dizer vó? Igualzinha a minha mãe? Por que não continuou?

Estêvão: (fala grossamente)  Porque você a interrompeu, e eu já te disse que detesto essa sua mania de interromper as pessoas quando elas estiverem falando.

Laura: Tá bom pai, mas não muda de assunto. Então quer dizer que eu me pareço com a minha?

Estêvão:  Eu já disse que não gosto de falar sobre sua mãe Laura.

Laura: Porra, o senhor não gosta de falar sobre ninguém, sabia que eu tenho direito de saber onde está minha mãe?!

Alba: Laura com quem você está aprendendo essas palavras feias hein, por que aqui ninguém fala dessa forma.

Laura: Que merda! Vocês têm uma mania de querer mudar de assunto quando falo da minha mãe. Por que pai, por que vó, por que tia? O que foi que ela fez pra vocês a odiarem tanto?

Estêvão: Eu já disse mil vezes, mas se você quiser eu digo a milésima primeira. (fala lentamente como se quisesse que ela entendesse) Sua mãe saiu de casa, ela preferiu seu trabalho a nós dois. Satisfeita?

Laura: É claro que não. E por que eu não posso saber o nome dela, por que eu não tenho nenhuma foto dela, e não tenho seu nome no meu registro de nascimento? O que ela fazia para que o senhor não queira dizer nada sobre ela? Ela é uma prostituta? Ou melhor paizinho, você pegou ela na cama de vocês com outro cara?

Estêvão: (grita) Já chega Laura, eu já disse que não quero tocar mais nesse assunto!

Daniela: (tenta apaziguar) Acalmem-se por favor, não vai adiantar nada vocês ficarem gritando um com outro como dois loucos.

Laura: Eu não aguento mais tia, eu não aguanto mais ser tratada como uma criança (se levanta e se retira da mesa).

Estêvão: Laura aonde você pensa que vai?

Laura: Eu também não sou obrigada a ficar dando satisfações da minha vida para o senhor, pai. (sai)

Estêvão respira fundo e passa a mão sobre os cabelos, preocupado com a atitude da filha.

Estêvão: (chorando) O que eu faço mãe, o que eu faço...

Alba: Dida a verdade, só isso pode resolver seu problema filho.

Os três se olham, mas ninguém diz mais nada.

***Casa dos Fernandez***

Estavam  todos a mesa do café da manhã, menos Maria, que tinha acabado de chegar.

Maria: Bom dia! (pega uma maçã) Até mais tarde!

Carmen: Não senhora, pode ir sentando conosco e tomando um café descente. Filhinha, você está muito magrinha, aposto que você não tem comido direito.

Maria: Mãe, por favor né, não sou mais nenhuma criança.

Fabíola e Bruno riem.

Carmen: Filha eu me preocupo com você.

Maria:  Mãe não precisa se preocupar, eu vou tomar café com a Vivian, prometo. (brincando) É melhor  a senhora se preocupar mais com a Fabíola, ela vai ficar com ciúmes.

Fabíola: Claro que não, não sou ciumenta.

Elas diziam isso por que sabiam o quanto sua mãe as amava e protegia, mas as vezes ela cuidava de mais.

Carmen: Assim vocês duas me magoam.

Fabíola: Ah mãezinha, não fica assim, nós estamos só brincando com a senhora.

Maria: Bom, chega de bate papo, por que já estou atrasada. (dá um beijo na testa de sua mãe) Tchau mãezinha.

Carmen: Tchau meu amor, se cuida e vê se alimenta direitinho hein.

Fabíola: (brincando) Ah, e vê se não se esquece de escovar os dentinhos depois do almoço tá (ri).

Carmen: Isso mesmo, sua irmã está certa.

Maria as olha, dá um sorriso, mas não fala mais nada e sai.

Bruno: Coitada da Maria, vocês a tratam como se ela fosse uma criança (ri).

Todos riem.

***Carro de Maria***

Pensamento on:

“Deve ser verdade isso que dizem sobre há males que vêm pro bem. Depois que Estêvão sumiu me aproximei mais da minha mãe, irmã e cunhado, se não fossem eles eu não sei como conseguiria passar por isso, não mesmo...”

Pensamento off.

Maria estava distraída pensando, quando  quase causa um acidente de trânsito.

Cara: Sua maluca vê se presta atenção, tinha que ser mulher mesmo!

Maria: Vai se foder seu idiota babaca...

Cara: Vai lavar uma louça, sua louca.

Maria: Vai pra puta que pariu, seu arrombado de merda. (ela mostra o dedo do meio pro cara, e entra na próxima rua)(rindo) Que cara mais babaca! Mas realmente eu estava errada (ri).

Laura  e Magui estavam numa lanchonete, Laura havia ligado para Magui para conversarem. Magui era a melhor amiga de Laura desde de sempre.

Magui: O que houve, por que você me ligou chorando tanto?

Laura: Não aguento mais meu pai. Discutimos hoje de novo, e pelo mesmo motivo.

Magui: Sua mãe.

Laura: Isso mesmo. Queria descobrir por que ele se nega a falar sobre ela. Eu já não acredito mais nessa história de que ela saiu de casa por causa do seu trabalho, isso é muito vago.

Magui: Nem sei o que dizer... Mas você já tentou investigar, procurar nas coisa dele algo sobre ela?

Laura: Já Magui. Ele deve ter feito questão de acabar com qualquer coisa que eu pudesse descobrir. Já não sei mais o que eu faço.

Magui: O pior é que você já deve ter esbarrado com ela e nem sabe.

Laura: É, pode ser, do jeito que meu pai se muda. Tudo isso é para não ter a possibilidade dela nos encontrar.

Magui: Ai amiga, sua vida parece coisa de novela (ri). Mas o que você queria me contar ontem, não pra eu ir não sua casa.

Laura: Eu fui selecionada pra fazer um teste como maquiadora nos Stúdios Fernandez!

Magui: Jura?!

Laura: Sim! Agora estou só esperando receber uma ligação de lá pra saber o dia.

Magui: Tomara que você passe. Você vai estar perto da diva Maria Fernandez!! (abraça a amiga)

***Stúdios Fernandez***

Maria: Cheguei Vivian!

Vivian: Até que enfim, pensei que não viria mais hoje.

Maria: Ah, foi minha mãe dizendo que eu tinha que tomar café e blá blá blá.

Vivian: (rindo) Bem a cara da sua mãe mesmo. Então vamos tomar café, sua mãe tem razão, você não tem comido direito.

Maria: Sério que você vai ficar me dando sermão também? Por favor né Vivian.

As duas vão pra lanchonete do Stúdio,  conversando e brincando.

Vivian: Agora sério, vou pedir pra responsável pelos testes ligar pra candidatas hoje, marcar pra amanhã logo.

Maria: Sim, espero que dessa vez as candidatas me surpreendam, não aguento mais essas garotas loucas que se inscrevem só pra “te olhar mesmo que seja uma única vez” (ri).

Vivian: Essa garota foi a melhor, nunca vou me esquecer. Ela o que? Cabelo?

Maria: Sim. Caralho, a modelo ficou horrível naquele penteado, nem uma amadora conseguiria fazer uma merda daquelas (ri).

Vivian:  Mas esse ano tô sentindo que vem coisa boa (cruza os dedos).

Maria: Ai, tomara, a única coisa que eu preciso é de notícias boas. Mas enfim, vamos trabalhar, por que hoje eu tenho um almoço com um empresário que quer que eu faça propaganda da sua marca.

Vivian: Meu Deus, como é importante essa minha amiga!

Maria: Que nada. Pede pra insolente da minha secretária, ligar para o meu advogado, pra ele ficar por dentro de tudo.

Vivian: Tadinha Maria, você que é muito exigente.

Maria: Pra trabalhar comigo tem que ser no meu ritmo, se não consegue, pode ir embora. Aliás, é disso que eu preciso, de uma assistente nova.

As duas saem dali, cada uma para sua respectiva  sala.

Estêvão estava em seu escritório, revisando uns documentos importantes da última reunião, quando seu celular toca.

Estêvão:  Alô (sem emoção alguma)!

Ana Rosa:  Oi meu amor, sou eu, tô morrendo se saudades de você, da nossa cama, dos seus beijos, dos seus carinhos.

Estêvão: Ah Ana Rosa, é você.

Ana Rosa: Estava esperando ligação de outra pessoa?

Estêvão: Por favor, sem ceninha de ciúmes, já estou com problemas demais pra você arrumar mais um.

Ana Rosa: Desculpa meu amor, mas o que houve?

Estêvão: Nada, problemas com a Laura. E quando você volta de viagem?

Ana Rosa: Esse fim de semana. Tô louca pra te contar as novidades, te beijar, ter você todinho pra mim.

Estêvão: Tá bom Ana Rosa, vou desligar, tenho muito trabalho por aqui. (desliga)(pensando) ”Não acredito que Ana Rosa já está voltando, acabou meu sossego, meu Deus me ajuda...”

O dia já estava terminando, Laura voltava da faculdade com seu namorado Carlos, eles já namoravam há alguns anos, e já estavam pensando em seu casamento. Carlos morava  com uns amigos em uma república, seus pais não moravam no país e Laura nem sua família os conhecia.

Eles vinham andando, pois a faculdade era próxima a casa dos San Roman, e eles podiam conversar mais a vontade, sem a presença do pai, da avó e da tia de Laura.

Carlos:  Laura eu já te disse pra você evitar ficar brigando com seu pai.

Laura: Você diz isso por que você conhece seus pai e sua mãe...

Laura é interrompida quando seu telefone toca.

Laura:  Ué, número desconhecido.

Carlos: Atende.

Laura: Alô!

Moça:  Alô! Senhora Laura S. R.? (era dessa forma que Laura assinava seu nome)

Laura: É ela, que deseja?

Moça: Aqui é dos Stúdios Fernandez. Vim lhe informar que o dia dos testes será amanhã às 08:00 da manhã. A senhora terá que estar aqui nesse horário, pois se chegar um minuto atrasada, não ira entrar.

Laura: (com um sorriso no rosto) Sim pode deixar, estarei aí no horário!

Moça: Ao chegar, você deve procurar  a senhora Vivian de la Fuennte, ela vai te dizer o que fazer. Uma boa noite!

Laura: Boa noite!!

Continua...