Estêvão: (no ato) Sua desgraçada, filha da puta, ah se eu te pego eu te mato. Ah Maria, como eu te odeio, mas estava doido pra te pegar de jeito, sua desgraçada... (chaga no ápice) Ahhh, sua desgraçada gostosa...

***

Laura: (entrando no quarto de Estêvão) Pai, o senhor está ai?

Estêvão: (saindo do banheiro) Oi filha, não vi você entrando.

Laura: Ouvi um barulho de carro, e imaginei que fosse o senhor chegando. E aí, como foi com a Maria?

Estêvão: Ham? Você está pirando, eu e Maria não temos nada!

Laura: Sei. E eu nasci ontem, pai! Não precisa mentir pra mim, eu vi a forma que vocês ficaram se olhando durante o jantar. Eu dou a maior força pra vocês ficarem juntos, voc~es merecem serem felizes. Depois que o senhor se separou daminha mãe eu nunca te vi feliz de verdade, porque o senhor não é feliz com a vaca da Ana Rosa.

Estêvão: (interrompe) Laura!

Laura: É verdade pai. E Maria também ser feliz, depois do que aconteceu com ela no passado, ela nunca mais foi feliz de verdade.

Estêvão: (assustado) E você sabe do passado dela!

Laura: Sim! Ela me contou que ela teve uma filha, que o ex marido arrancou dela sem dar nenhuma explicação, mas depois de muitos anos ela encontrou o ex  e a filha, mas a filha não sabe que ela é sua mãe, e ela tem medo de falar por causa da reação da filha, ela acha que ela pode não aceitá-la. Eu disse pra ela dizer isso logo a filha dela, que eu tenho certeza que a filha não vai odiá-la como ela pensa.

Estêvão: (surpreso) Maria te disse isso?

Laura: Sim. Você conhece o ex da Maria?

Estêvão: Eu conheço mais coisas da vida de Maria, do que você possa imaginar. Agora vamos dormir que já está tarde, e amanhã você tem que trabalhar.

Laura: Ah, tá bom. Mas eu queria saber mais do seu passado com Maria.

Estêvão: Nada disso. Anda mocinha vai logo para o seu quarto.

Laura: Tá bom paizinho, boa noite. (saindo)

Estêvão: Laura, espera um momento!

Laura: Sim pai, pode falar.

Estêvão: Qual seria a sua reação se você descobrisse que sua mãe está mais próxima de você, mas do que você imagina?

Laura: Por que a pergunta? A minha mãe voltou?

Estêvão: Responde a minha pergunta.

Laura: Não sei pai. Eu ia pedir explicações a ela, o porquê ela foi embora de casa, e porque ela não me levou com ela.

Estêvão: Quais são seus sentimentos por ela?

Laura: Não sei, eu juro que não sei. Só vendo a frente a frente pra saber o que iria sentir por ela. Mas por que o senhor tá falando da minha mãe agora?

Estêvão: Por nada. Agora vai descansar. Boa noite meu amor.

Laura: Boa noite pai.

Laura sai do quarto do pai sem entender o motivo daquelas perguntas sobre sua mãe, o que a fez pensar em como agiria se encontrasse sua mãe. Enquanto Estêvão pensava naquela noite, nas coisas que Laura disse sobre Maria, e em como ela agiria se ela descobrisse que Maria é sua verdadeira mãe, e enfim, no que aconteceu entre ele e Maria.

A noite passa depressa, e logo amanhece.

***Casa dos Fernandez***

Maria: (sorridente mais que o normal) Bom dia minha família mais linda!

Carmen: Bom dia meu amor! Que bom ver você assim, tão sorridente!

Fabíola: Meu Deus Maria! O que houve pra você está feliz assim ?

Maria: Nada, só estou feliz.

Bruno: Hum, sinto cheiro de amor no ar.

Maria: Que amor. Eu não acredito mais em amor.

Carmen: Esperamos você pra jantar ontem, e você nem apareceu.

Maria: Fui jantar na casa da família da Laura.

Carmen: E voltou sozinha? Percebi que seu carro não está na garagem.

Maria: Realmente meu carro não está na garagem, mas não voltei sozinha, meu carro está na casa de Laura, o pai dela me trouxe.

Fabíola: Está explicado esse sorriso, está apaixonadinha pelo pai da Laura!

Maria: Fabíola, para de falar merda, eu não estou apaixonada por ninguém!

Bruno: Hum, ela ficou nervosinha, acho que tem alguém apaixonada!

Fabíola: Não sei porque a cena, eu torço pela sua felicidade, porque desde que o Estêvão sumiu, você não teve nenhum relacionamento sério com ninguém.

Carmen:  Sua irmã tem razão. E por falar no Estêvão, você voltou a falar com ele? Já descobriu onde está nossa Laura?

Maria: Ainda não voltei a falar com ele, mas vou entrar em contato com ele novamente.

Fabíola: Eu nem acredito que a minha sobrinha está tão próxima!

Maria: Bom, deixa eu ir para o Stúdio. Beijos! (sai)

Bruno: Maria ficou meio estranha quando vocês falaram do Estêvão, parece que ela está escondendo alguma coisa.

Fabíola: Claro que não Bruno! Por que ela esconderia alguma coisa da gente?

Bruno: Sei lá.

Carmen: Fabíola tem razão, ela não tem nenhum motivo pra esconder nada de nós. Agora eu torço pra que ela  continue se encontrando com o pai da Laurinha, Maria merece ser feliz novamente.

Fabíola: Também torço.

***Stúdios Fernandez***

Greco: Oi Laura!

Laura: Oi Greco! Já está aqui tão cedo?

Greco: É, vim antes da minha tia que acordou um pouco mais tarde. E como você está depois de tudo que aconteceu?

Laura: Acho que já consegui voltar ao normal (dá um risinho), só não quero ver o Carlos mais na minha frente.

Greco: Fico feliz por suas palavras. E nós?

Laura ri.

Greco: Por que está rindo?

Laura: Como você ainda pode se interessar por uma garota tão problemática como eu?

No momento em que Laura estava falando, Maria chega e a escuta.

Maria: Pode parando, que disse que você é problemática?

Laura: Eu sei que sou. Todos vocês me deram conselhos, mas eu não ouvi ninguém, tive que, quase, estragar minha visa, pra perceber  que ia cometer um erro.

Greco: Mas isso não quer dizer que você é problemática, todos cometemos erros.

Maria: Vem cá (a abraça), todos que te conhecem, te ama, nada de complexo de inferioridade.

Laura: Menos minha mãe, ela conheceu e me abandonou.

Maria: Nunca mais diga isso! Eu já te disse que antes de julgá-la você tem que escutar o que ela tem a dizer.

Greco:  (sem entender) Ué, sua mãe não tinha morrido?

Laura: É uma história que outra hora te conto. Agora vamos trabalhar.

Greco: Vamos.

Greco sai e deixa as duas.

Maria: Eu nunca mais quero ouvir você dizendo essas coisas, ouviu.

Laura: Ouvi Maria.

Maria: Quero só ver. Vê se a Vivian chegou, e pede a ela pra ir até a minha sala.

Laura: Tá, vou fazer isso agora.

Sala de Maria.

Vivian: (entra) O que foi?

Maria: Senta que lá vem bomba.

Vivian:  O que aconteceu? (se senta)

Maria:  Fui jantar na casa de Estêvão ontem, conheci a namoradinha dele que mais parece uma piranha...

Vivian: (interrompe) Já está com ciúmes? (rindo)

Maria: Pode me deixar terminar? Ela derramou vinho em mim, com ciúmes por causa de umas coisas que Laura estava falando, e tal, até que chegou a hora de eu ir pra casa e Estêvão me levou, e ela com certeza ficou se corroendo por dentro. E quando chegamos na minha casa...

Vivian: (interrompe) Vocês foram pra cama e transaram como nunca!

Maria: Claro que não! Mas, mais um pouquinho era isso que ia acontecer. Eu o seduzi, como nos velhos tempos, e quando ele não aguentava mais de tanto tesão, eu o mandei embora.

Vivian: Não acredito que você fez isso Maria!

Maria: Sim, ele saiu da minha casa bufando, e eu morri de rir daquela situação.

Vivian: Meu Deus Maria, você é louca! Tô vendo que aquele ódio todo que você sentia por ele já não existe mais, não é?

Maria: Não digo que o amo, mas já não sei se o odeio como queria.

Vivian: Sabia que isso ia acontecer. Esse ódio que você dizia sentir eram só palavras.

Maria: Não fala assim Vivian. Na verdade eu queria odiá-lo, mas não sei se consigo. Esse reencontro mexeu muito comigo.

Vivian: Você nunca odiou Estêvão, o que você sentia por ela era  raiva pelo o que ele fez, o que não está errado. Mas só de você não refazer sua vida amorosa já é uma prova de que você ainda o ama.

Maria: Talvez você tenha razão.

Vivian: E você já contou pra sua família sobre Laura?

Maria: Não.

Vivian: E quando você pretende fazer isso?

Maria: Eu não sei. Ainda não estou preparada.

Vivian: Como assim Maria? Você já deveria ter feito isso assim que descobriu.

Maria: Eu não sei como, e nem quando vou fazer isso, mas já vou começar a me preparar pra quando eles e Laura descobrirem a verdade.

Vivian e Maria se olham, mas não falam mais nada.

Mais tarde.

Sala de Maria.

Laura: (entrando) Oi Maria. Estava conversando ontem com meu pai, depois que ele voltou da sua casa, e já tomei minha decisão.

Maria: Sobre o que estamos falando mesmo?

Laura: Estávamos falando sobre a minha mãe. Eu decidi que, se ela voltar algum dia, eu não vou aceita-la.

Maria: Como assim Laura, por que isso? Eu disse pra você que você tem que ouvi-la, antes de tomar qualquer decisão!

Laura: Eu sei que você me disse isso, mas eu não tenho que ouvir nada do que ela tem a dizer. Ela não pensou em mim quando saiu de casa, e por que eu tenho que ouvir as palavras dela?

Maria: Meu Deus Laura! Eu te disse que conheci sua mãe, e ela deve ter tido um motivo muito forte pra sair de casa, se realmente foi isso que aconteceu.

Laura: Como assim “se realmente foi isso que aconteceu” ? Você quer dizer que meu pai mentiu ao dizer que ela saiu de casa?

Maria: Eu não disse isso. Mas eu só acho que você está injusta com a sua mãe.

Laura: Eu não estou sendo injusta. Ela que foi injusta ao sair de casa sem pensar em mim, e no meu pai, e se ela acha que vai voltar, e vamos recebe-la de braços aberto, ela está muito enganada. Na verdade eu quero vê-la sim, pra eu dizer umas boas verdades na cara dela.

Maria: É por isso que eu não digo a minha filha que sou sua mãe, por causa dessa sua reação.

Laura: Claro que não Maria, são histórias completamente diferentes.

Maria: Mas eu não sei o disseram a ela, a família dele pode muito bem ter inventado uma história pra ela contra mim, e depois dessas suas palavras, com certeza não vou dizer nada a ela, não vou suportar ser rejeitada por ela.

Laura: Se eu fosse você, eu ia agora dizer a ela que você é a mãe dela.

Maria: Ah Laura, essa vontade está dentro de mim desde que a vi, sabendo que era minha filha, mas além do medo de ser rejeitada por ela, existe tantas outras coisas que me impedem de falar com ela.

Laura: Você ainda ama o seu ex marido?

Maria: Já não sei o que sinto por ele. Mas não é isso que me impede de gritar para ela que sou sua mãe.

Laura: Eu já não sei o que te dizer, Maria. Tenho certeza que sua filha te aceitaria com muito orgulho, mas ninguém pode obrigar ninguém a nada.

Maria: Você tem toda razão. Mas se ponha no meu lugar, e se eu fosse sua a mãe, como você agiria, com amor ou com desprezo?

Laura: Se você fosse minha mãe não teria nenhum motivo pra sair de casa, mas se tivesse saído, eu não ia te aceitar de volta. Uma mãe que faz essas coisas, não merece o perdão dos seus filhos, mesmo que eu tenha sofrido muito pela sua ausência, eu não ia querer que fizesse parte da minha vida.

Maria: (segurando as lágrimas) Você pensa assim?

Laura: Sim! Agora acho melhor voltar ao trabalho, porque não vamos chegar a um consenso, eu não vou perdoar a minha mãe, e nem você vai dizer a sua filha quem você é. (sai)

Quando Laura sai de sua sala, Maria se desaba em chorar por saber qual o pensamento de sua filha ao seu respeito.

Vivian entra.

Vivian: Maria, eu ouvi toda a sua conversa com Laura, (a abraça) não fica assim, ela vai te aceitar, eu tenho certeza disso.

Maria: Você ouviu o que ela disse, ela me odeia Vivian, me odeia. Agora que eu pensei que iria recuperá-la. Ah meu Deus, cada dia esse sonho parece estar mais longe de mim.

Vivian: Ah Maria, nem sei o que dizer. Só temos que confiar, é o que nos resta. De repente o que ela disse foram palavras momentâneas, quando ela descobrir que você é a mãe dela, ela não vai agir como ela disse.

Maria: (secando as lágrimas) A culpa disso tudo é do maldito do Estêvão, ah mais aquele canalha me paga! (sai de sua sala)

Vivian: Maria, Maria, onde você vai? (ela grita sem sucesso) Ah meu Deus, ajuda a minha amiga ser feliz de novo...

Maria sem pensar duas vezes vai até a empresa onde Estêvão trabalhava. Ao chegar nem ao fala com a secretária,  e sai entrando na sala de Estêvão, onde encontra ela e Ana Rosa num momento de bastante intimidade, fazendo os ficar constrangidos.

Ana Rosa: (arrumando sua roupa e cabelo) Vem cá, você não sabe bater na porta?

Maria: (a ignora) Preciso falar com você agora!

Estêvão: Ana Rosa, nos dê licença, mais tarde te ligo.

Ana Rosa: Mas Estêvão...

Estêvão: Ana Rosa, por favor, faz o que eu estou te pedindo.

Ana Rosa: Tudo bem me amor.

Ana Rosa vai até Estêvão e deposita nele um beijo avassalador, deixando Maria morrendo de ciúmes. Ela sai e deixa os dois a sós.

Estêvão: Pronto. O que você quer falar comigo?

No momento que Estêvão acaba de falar, Maria não resiste e começa a chorar desesperadamente, deixando Estêvão preocupado.

Estêvão: (a abraça) Meu Deus Maria! O que houve?

Maria: Por que Estêvão, por que você fez isso comigo, por que você me odeia tanto?

Estêvão: Eu não te odeio Maria, muito pelo contrário, eu jamais deixei de pensar em você com carinho.

Maria: (saindo dos braços de Estêvão) Que porra de carinho é esse! Minha filha me odeia por sua culpa, por causa das mentiras sobre mim que você inventou!

Estêvão: Eu não estou entendendo o que você está dizendo.

Maria: Laura veio conversar comigo hoje sobre sua mãe, dizendo que não a aceitaria se ela voltasse um dia, que ela não é digna do seu perdão, porque ela abandonou vocês sem pensar em nada.

Estêvão: (se comove) Maria...Me perdoa...

Maria: Você está me pedindo perdão?

Estêvão: Sim! Eu sou o único culpado pela sua dor, você não sabe o quanto eu me arrependo de ter feito o que eu fiz. (lágrimas rolam dos seus olhos) Me perdoa...

Os dois se olham, e Estêvão novamente abraça Maria, e ela depois de muitos anos sentiu-se segura nos braços do homem que ama.

Estêvão: Eu vou dizer a nossa filha toda a verdade, se ela tiver que odiar alguém, é a mim que ela deve odiar, e não você.

Maria: Você jura que vai fazer isso?

Ele a olha nos olhos e seca suas lágrimas.

Estêvão: Eu juro, em nome do amor que senti, digo, em nome do amor que eu ainda sinto por você Maria.

Estêvão se aproxima de Maria para beijá-la, mas é interrompido por ela.

Maria: Estêvão...

Estêvão: Não diga mais nada, nós já perdemos tempo demais...

E sem pensar em mais nada, os dois se entregam a um beijo apaixonado, esquecendo de todos os problemas, de todas as palavras, e de todo o rancor, das magoas, ressentimentos. Tudo que estavam sentindo naquele momento, era a necessidade um do outro...

Continua...