Butterfly escrita por Lady


Capítulo 2
02 - Adeus.


Notas iniciais do capítulo

Sem tempo para dizer muito, querem o notebook.
Boa leitura.



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Butterfly

 

Arco I

Caminhos Distantes

 

02 – Adeus.

 

Heisei, 19 de Março de 2016

Karakura, Japão

 

Aprendi a sorrir na sala e chorar no quarto, ninguém precisa saber quando estou a sofrer, ninguém será capaz de solucionar meus problemas, então não aparento ser fraca, por mais frágil que eu esteja.

— Kurosaki Karin –

 

Fitou o teto do aposento, já tinha alguns meses que seu irmão mais velho havia partido de forma definitiva para o outro mundo junto a Kuchiki Rukia e Abarai Renji. Suspirou já cansada de tudo aquilo, da cidade, das pessoas... Talvez até da vida. E então fechou os olhos cobrindo-os com o antebraço direito, passou minutos daquela forma, apenas apreciando o silencio solitário de seu aposento particular. Quantas vezes já não havia feito aquilo? Quantas vezes não ficara em silencio apenas observando, sendo espectadora da rotina de todos em casa e, para sua infelicidade, da própria vida também.

E de súbito ergueu-se, sentando sobre o leito macio e quente, mas não tendo ideia do por que o fizera, apenas um pressentimento, um sentimento ruim, um calafrio na espinha; e no vislumbre de um espírito que estava sentado ao canto do quarto a morena teve uma pista do que ela aquela coisa ruim que lhe subia o estômago. Tornando a fechar os olhos ela sentiu, estava distante, mas a Kurosaki ainda podia sentir a presença forte do mesmo. Um Hollow, era isso que a estava incomodando; um provável grande e poderoso Hollow que, provavelmente, estava para ser destruído por algum Shinigami. Assim deixou-se cair sob a cama. Não via o irmão havia meses e o pai aparentemente estava envolvido com esses assuntos pós-morte já que sempre que saia por um longo período voltava com alguma notícia de Ichigo – e também mais meloso que o normal.

Com um suspiro deixou o corpo rolar para o lado, seus olhos escuros rapidamente indo de encontro à carta destinada a si que descansava a borda do criado mudo; ainda tinha de pensar se iria ou não para Todai, era mais do que uma grande conquista ter sido aceita em tal lugar. Era certo que fizera a prova para aquela Universidade em particular com raiva – uma raiva de seu pai que ainda prevalecia um pouco – e que tinha o desejo de ir a Tokyo e nunca mais dar notícia alguma ao velho, mas havia Yuzu, não se perdoaria por magoar a irmã, o único problema era que a mais nova só sofreria se Karin partisse, já a morena estava a sofrer desde muito tempo e quando acreditava estar no limite, eis que ela percebe que o fundo do poço ainda pode ser escavado.

Mais uma vez suspirou, dando as costas ao novo problema e fechando os olhos; queria descansar, precisava desesperadamente de uma boa noite de sono, eram coisas demais para se pensar em apenas 24 horas. Deixando tudo de lado, ao menos naquele momento, adentrou no mundo dos sonhos, onde apenas lá alguns de seus desejos mais egoístas podiam tornar-se reais – apesar de que o mesmo valia para seus pesadelos.

 

(...)

 

Heisei

Soul Society

 

Existem momentos na vida da gente em que as palavras perdem o sentido, ou parecem inúteis e, por mais que a gente pense numa forma de empregá-las, elas parecem não servir. Então a gente não diz nada, apenas sente.

— Hitsugaya Toushirou –

 

Ele não aguentava mais.

Aqueles pesadelos constantes eram um tormento que lhe tirava o sono e a pior parte era que não havia ninguém com quem pudesse conversar a respeito; Matsumoto estava fora de questão; nenhum dos capitães da brigada era, de fato, confiável para aquele assunto. Havia Hinamori, entretanto o abismo que o separava dela estava se tornando cada vez maior e abominável, pior era quando seus olhares se encontravam nas raras vezes que se cruzavam em Sereitei.

Assim desviou o olhar para o céu que já ganhava tons escuros na noite que se mostrava, a lua surgia entre as nuvens tímidas ainda com marcas alaranjadas no mudo adeus do sol. Então suspirou voltando seus olhos de esmeralda para as mãos abertas, fechando-as em punhos após longos e frustrantes minutos. Ainda podia sentir as lagrimas frias escorrerem por seu rosto, queimando a pele da mesma forma que o gelo de sua zampakutou fazia com seus inimigos.

Sentia-se imundo, uma escoria maldita, e pior ainda, sentia sentimentos diversos rondarem em seu interior numa mistura tão absurda que calava quaisquer pensamentos que pudesse ter; mesmo Hyourimaru silenciava-se naquelas situações. Voltou a erguer o olhar, o gelo se espalhava denso por todo seu mundo interior enquanto o céu acima de si escurecia dando destaque a grande fera de gelo celeste.

Hyourimaru...— o sussurro saíra amargo por seus lábios e Toushirou mal reconheceu o embargo na própria voz; o porque daquilo ele não sabia, tudo o que tinha plena consciência era de que estava confuso e algo dentro de si doía, uma dor tão familiar e recente que provocava espasmos involuntários nas asas congeladas da grande entidade de gelo. Os joelhos fraquejaram antes de ceder e então o dragão se aproximou, seu mestre poderia não reconhecer o que lhe assombrava naquele momento, o próprio dragão de gelo poderia também não o fazer, todavia Hyorimaru sabia o que podia fazer por seu senhor.

O corpo da fera serpenteou ao redor do albino antes de fechar-se num casulo congelado, escondendo a figura desolada do Shinigami do exterior – mesmo que não houvesse ninguém mais no mundo interior do albino, o dragão serpente sabia que aquilo era necessário, Toushiro jamais deixaria que quaisquer outros vissem seu desespero mais uma vez, jamais deixaria outra pessoa se aproximar o suficiente, não depois do que Hinamori fizera, e nem para ter de presenciar verdadeiramente o desfecho de algum de seus pesadelos. Ele não suportaria, tanto a entidade de gelo quando o próprio jovem capitão sabiam disso.

Toushirou podia se comportar e agir como um adulto; podia ser serio e centrado, e se enfurecer por Kurosaki Ichigo o chamar de criança – mesmo que ele próprio fosse mais velho que o ruivo -; mas sozinho e para si mesmo ele permitia-se admitir que era uma criança inexperiente e que haviam coisas que doíam mais do que ele podia suportar, e também que haviam sentimentos que talvez ele devessem esperar alguns anos antes de tentar verdadeiramente senti-los. O único problema é que sentimentos não podiam ser controlados e era por isso que naquele momento, acolhido num casulo de gelo no lugar mais profundo de seu mundo interior, ele permitiu-se cair ao desespero e desamparo, sentimentos que pioravam a cada lagrima e lembrança que surgiam.

 

(...)

 

Heisei, 29 de Março de 2016

Karakura, Japão

 

A verdade é que só volta para você àquilo que nunca quis partir.

— Kurosaki Karin –

 

Tomou uma respiração profunda antes de puxar mais alto a gola de seu casaco negro, estava um pouco frio, mas nada realmente incomodo, o que lhe incomodava mesmo era o nervosismo que borbulhava dentro de si. O que diriam quando encontrassem sua carta? Tinha quase certeza de que seu irmão mais velho surtaria e sua irmã mais nova choraria, mas Ginta tinha mais do que o dever de consolar Yuzu, então podia se aliviar naquele quesito; Rukia certamente seguraria seu irmão e seu pai... Bom, restava apenas a i rezar para que o velho não a seguisse para Tokyo. Tomou mais uma respiração profunda logo quando viu o trem se aproximar, era uma das poucas passageiras daquele horário, não diria que era a única, pois havia um homem fumando alguns bancos ao longe e um pouco antes uma mulher ruiva enrolada em um casaco de couro caríssimo carregava uma mala mediana – tal como a si própria.

Pouco depois de se instalar numa cadeira confortável ao lado da janela, a morena deixou-se relaxar um pouco, e ainda mais quando o trem recomeçou seu percurso. De canto de olho notou que a mulher de antes sentara-se no canto vago ao seu lado, mas não chegou a dar tanta importância a isso enquanto encaixava os fones no ouvido e desviava o olhar para o céu que começava a clarear num espetáculo único que combinava quase dramaticamente com a melodia que soava pelos ouvidos da Kurosaki.

Por um momento fechou os olhos, a letra da canção em inglês fazendo tanto sentido para si que sequer notou quando a sonolência se apossou de seu corpo, em minutos era abraçada pela terra dos sonhos, por aquilo que julgou um pesadelo.

De súbito abriu os olhos, ando um sobressalto no acolchoado da poltrona, e apesar do susto repentino, a mulher ao seu lado sequer mostrou algum sinal de surpresa limitando-se a olhar a adolescente de canto de olho antes de retornar a sua revista. Pigarreou, tornando a acomodar-se em seu assento notando que já haviam feito metade do percurso para Tokyo, com um pequeno sorriso triste nos lábios a morena deixou-se perceber que, a aquele horário sua família já deveria estar acordada, sua irmã já deveria ter encontrado a carta, a histeria já deveria ter vindo e, quem sabe, partido também. Ela sabia – sentia – em breve toda a falta que estavam sentindo dele passaria, tudo passava afinal. Um dia todos partiam, seja para um lugar diferente ou para uma vida diferente.

E então piscou, os olhos marejando pela súbita lembrança de uma época que apesar de não ser tão despreocupada, ainda sim a fazia feliz isso simplesmente por que aquele garoto de cabelos albinos estava lá. O capitão baixinho e nervoso, que era um bom jogador de futebol e que adorava ver o por do sol; e que carregava, por vezes, um olhar assombrado, principalmente da primeira vez que se encontraram.

Um suspiro cruzou seus lábios.

— Adeus... – sussurrou, fora tão baixo e miserável, e trazia tantas dores quanto podia organizar em seu coração,mas apesar disso fora uma despedida verdadeira, era um adeus não apenas para a cidade em que viveu todos os dias de sua vida desde o nascimento, como também para sua família e também para aquele que não via à anos. Aquele que tomou seus pensamentos por meses até perceber, durante a próxima visita repentina do Shinigami, que não fora somente os pensamentos que o albino havia se apossado de. Ele também ganhara o coração da garota que ela era, que é e da mulher que ela será. – Toushirou. – o murmúrio não exalou nada menos que sofrimento, afinal, ele fora embora sem qualquer despedida ou mensagem de retorno, ou adeus; simplesmente se fora, com se o beijo que trocaram não houvesse sido nada, como se os sentimentos dela não fossem nada; e talvez fosse isso mesmo, por que apear da aparência juvenil, ela sabia, Hitsugaya Toushirou não era nenhuma criança, o coração e os sentimentos infantis dela não eram nada. E Karin não precisava de mais nada para ter a certeza de que o albino não sentia, e provavelmente nunca sentiria, algo por si.

 

(...)

 

Meiji, 29 de Novembro de 1883

Quioto, Japão

 

Nossos destinos se cruzaram, mas nunca se uniram.

— Fujiwara no Karin –

 

    Apressou os passos por entre as arvores e pulando sobre as raízes grossas das mesmas. Seus pés doíam e já estava cansada de correr, mas não pararia, não enquanto as lágrimas ainda escorressem por seu rosto, não enquanto seu peito ainda doesse ante as duras palavras do irmão e não, de forma alguma, enquanto ainda estivesse próxima de sua prisão, o maldito castelo.

Bekemono!— gritou para o céu de fim de tarde e logo pode distinguir passos rápidos atrás de si, os sons da armadura de seu protetor e também a voz do mesmo gritando por si e para que tomasse cuidado.

— Princesa, por favor, volte! – a voz encontrava-se cada vez mais próxima, para desgosto da morena que já havia desistido de tentar erguer as peças de seu quimono para que não se sujassem e agora tentava apenas correr o mais rápido possível sem tropeçar. – Princesa! – a voz ecoou por entre as arvores.

No reflexo de olhar para atrás a fim de descobrir se o samurai havia descoberto sua localização, a garota tropeçara numa raiz, rapidamente indo ao chão. Os grampos frouxos que seguravam as madeixas negras embolavam-se formando um nó disforme e caído. A vestimenta subira deixando as pernas brancas, delgadas e sujas de terra a mostra; e laço do obi quase desfeito fazia o tecido deslizar pelos ombros magros.

A forma pequena, meio suja, de olhos grandes negros chorosos enrolada em meio a varias camadas de seda imperial e com um belo cabelo negro aos nós com a presilha dourada fora o que o jovem guerreiro de olhos de esmeralda deparara-se enquanto cortava caminho pela floresta. Ela ergueu a cabeça e seus olhares encontraram-se, os minutos que se passaram podiam-se muito bem ser comparados a uma eternidade diante de ato tão simples.

Os olhos verdes eram, para ela, tão familiares quanto às orbes negras da mulher eram para o rapaz; os fios cor de neve brilhavam diante dos últimos raios de sol que ainda mostravam algum resplendor e a emoção que pulsava em seu peito quase fora afogada pela decepção ao avistar a katana embainhada na cintura do desconhecido.

Seria um inimigo? Será que a mataria? Entretanto, para sua surpresa, o rapaz sorriu e lhe estendeu a mão para que pudesse se por de pé mais uma vez; com o coração pulsando descontroladamente e uma duvida culposa, mas desprovida de hesitação – por que em alguma parte de si ela sabia que o homem não seria uma ameaça, ao menos não para si -, ela aceitou a ajuda, e em poucos segundos encontrava-se de pé, notando ter de que erguer bem a cabeça se desejasse olhar o desconhecido nos olhos.

— Princesa! – o grito ecoou mais perto do que a morena gostaria, fazendo-a nervosa por acabar sendo pega, ainda por cima com um completo desconhecido.

Jogou o olhar por cima do ombro, horrorizando-se quando ouviu o som dos passos cada vez mais próximos. Notando o desconforto da jovem a sua frente o samurai não hesitou em pegar-lhe a mão e puxa-la na direção oposta de onde aquela voz desconhecida provinha. Não sabia quem era ou quem poderia ser, entretanto a garota não aparentava querer encontrar-se com o dono daquela voz, então, o melhor a se fazer seria correr da mesma, não que fosse covarde, pelo contrario, o albino sabia que era um espadachim bastante experiente apesar da pouca idade, ele apenas queria divertir-se um pouco e, quem sabe, conhecer aquela bela mulher de cabelos cor de noite.

— Vamos. – sussurrou, apressando os passos enquanto puxava a morena. Sorriu para a mesma, vendo-a corar para tal ato, isso antes de devolver o sorriso com um risinho baixo.

— Vamos! – respondeu.

 

(...)

 

Heisei, 03 de Abril de 2016

Tokyo, Japão

 

Passei a maior parte da minha vida tentando não chorar na frente das pessoas que me amavam. Você trinca os dentes. Você olha para cima. Você diz a si mesma que se eles a virem chorando aquilo vai magoá-los e você não vai ser nada mais que uma tristeza na vida deles.

— Kurosaki Karin –

 

Suspirou profundamente antes de deixar-se cair sobre o sofá de seu apartamento solitário. Fora bom ter conseguido um pequeno lugar – já com algumas mobílias - para si, tinha um emprego de meio período na lanchonete bem em frente ao prédio e a universidade não ficava tão longe quanto imaginava, podia até ir a pé, o que seria um bom exercício para si.

— Tudo bem, melhor voltar ao trabalho. – resmungou tornando a se erguer e pegando um pano para limpar o vidro da porta que levava a pequena varanda, ao chegar a vidraça parou ao avistar uma figura de cabelos longos e rubros pular de um prédio para outro, poderia ser qualquer louco da cidade grande, mas Karin conhecia melhor aquela vestimenta preta. - Shinigami... – sussurrou, não desviando o olhar nem mesmo quando uma garra se ergueu por trás da placa do prédio onde a lanchonete residia.

Um rugido a fizera arregalar os olhos e então a figura do Shinigami ruivo surgira novamente, desta vez empunhando uma espada longa a fim de se defender dos ataques do Hollow.

Hoero, Zabimaru! – a voz ecoou pelos ouvidos da garota causando arrepios na espinha da mesma; em segundos a espada do ruivo aumentara, ganhando dentes, se alongando e retraindo enquanto este atacava a criatura que rapidamente fora destruída. E quando tudo se finalizara, quando o rapaz encontrava-se de pé sob a placa com o nome da pequena lanchonete, a espada apoiada sob seus ombros; a Kurosaki não conseguia desviar o olhar, por mais que quisesse, seus olhos haviam se fixado naquela figura tão familiar que fora a sua antiga casa algumas varias vezes acompanhado de Rukia ou simplesmente de seu irmão mais velho, Ichigo.

— Abarai Renji... – murmurara o nome que até soava melódico para si; com um suspiro desviou o olhar e saiu da sacada, não era como se o ruivo a houvesse notado de qualquer forma.

Desistindo de continuar a limpeza – o que poderia vir a fazer posteriormente – e atendendo a suplica de seu estomago por algum alimento solido, Karin seguiu para o banheiro pequeno e simples que havia no corredor; entrou e meia hora depois saiu enrolada numa toalha branca enquanto secava os cabelos com uma outra toalha menor. Arrastou os pés para o quarto no fim do corredor, não se deu ao trabalho de fechar a porta já que agora morava só, jogou a toalha sobre a cama antes de ir ao guarda roupa; o melhor seria vestir algo simples e confortável, só por que agora morava só e na cidade grande não queria dizer que se vestiria de forma extravagante, não era uma garota exagerada, muito menos queria chamar a atenção, só queria viver sua vida e seguir em frente deixando para trás quem um dia havia sido e tudo o que havia sentido.

Quem um dia foi Kurosaki Karin foi está agora enterrada em Karakura, junto com seus sentimentos e seu coração. Estava em Tokyo e era hora de recomeçar e esquecer Hitsugaya Toushirou.

Saiu de casa trajando um vestido simples azul-escuro com um cinto prata e sapatilhas xadrez; o cabelo preso somente por um arco com um laço prateada destacava as madeixas que enrolavam-se numa trança lateral que descia por sobre o ombro desnudo; carregava uma bolsa pequena pendurada no outro ombro e finalizava seu visual reformado com um gloss transparente nos lábios delicados. Sentia-se uma nova pessoa e não poderia deixar de sorrir para isso enquanto saia do prédio – cumprimentando o porteiro no processo.

Em toda sua pequena bolha de felicidade a morena não notara um par de olhos castanhos a seguindo do alto de seu prédio. Arregalados e surpresos, estes não esperavam se deparar com alguém tão familiar por aquela cidade, mas ei de que uma das irmãs de seu amigo estressado – e agora capitão, quem diria – estava por ali, e muito bem pelo visto. Deu um sorriso de lado.

— Quem diria. – resmungou Renji ao ver a morena desaparecer numa esquina.

 

(...)

 

Meiji, 02 de Dezembro de 1883

Quioto, Japão

 

Na maioria das vezes, aquilo que você mais quer é aquela coisa que você não pode ter. E por mais duro que seja querer muito uma coisa, as pessoas que sofrem mais são aquelas que sequer sabem o que querem.

— Kobayashi Renji –

 

Piscou, encarando o teto de seu aposento particular, era um dos poucos que tinham o direito para tal, isso por seu posto ser de alto nível e prioridade, afinal, a segurança da única princesa – do qual poucos tinham conhecimento da sua existência – do império dependia somente de si; o que, obviamente, colocava seu aposento próximo do da garota.

E assim suspirou ao notar alguma claridade provindo do aposento da moça de cabelos escuros; sentando-se sob seu futon não pode deixar de se perguntar o que ela faria acordada tão tarde da noite. Passou a mão por seus cabelos longos e vermelhos, um par de tribais enfeitavam sua testa descendo pela bochecha e encontrando seu fim próximo aos ouvidos. Continuou observando, não havia movimentação, apesar da claridade baixa, talvez ela estivesse observando o céu? Talvez.

— Teimosa... – resmungou de forma quase inaudível enquanto recordava-se da fuga, ou tentativa, dias atrás. Tudo bem que ele compreendia que ficar confinado dentro do castelo o dia todo era algo frustrante, entretanto ela devia compreender que aquilo era para sua segurança, não podia ficar se aventurando por ai, ao menos não sozinha; se ela desejava sair, podia pedir-lhe, o ruivo não hesitaria em acompanha-la, seguramente, pela cidade ou por qualquer outro lugar.

Por que ela só não podia compreender isso, não era obvio que ele faria tudo por ela?

E então a luz apagou-se, houve um breve movimentar no aposento vizinho e então o silencio veio novamente.

— Provavelmente voltou a dormir. – murmurou, tornando a deitar-se, mas nem de longe conseguia adormecer, os olhos vermelhos chorosos que vira dias atrás ainda lhe assombravam.

Suspirou.

Se ela soubesse o quanto ele a amava...


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Notas finais do capítulo

Ficou bom?
Ainda preciso revisar.
Bye.



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