Empire escrita por LadyBlue


Capítulo 2
We can't sweep this under the carpet


Notas iniciais do capítulo

Volteiiiii
Eu sei que sentiram a minha falta, maaaas peço mil desculpas e espero que o capítulo esteja bom e que curtam!



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Claire continuava caminhando pela floresta densa e escura. Ela segurava firme seu vestido azul, levantando-o um pouco para que não sujasse nas poças de lama pelas quais passava. A garota havia desistido de tirar a sandália preta dos pés após observar as enormes formigas que andavam em toda extensão dos troncos caídos.

Ela ainda podia avistar as luzes do castelo refletindo no lago à sua frente, não conseguia ouvir a música mas sabia que provavelmente estaria tocando sua predileta. Pensava em nunca mais voltar para o lar, porém a saudade que sentiria do primo, Caspian, seria algo doloroso demais para suportar.

Apesar de fazer parte da realeza, a garota não se esqueceu de sua mãe, ela queria encontrá-la e dizer que a vida está sendo bem mais difícil sem ela. Entretanto, há anos que Claire não recebia notícias dela. Ela nunca gostou de Miraz, seu pai, e depois de sua morte, até que sentiu-se mais independente.

Após a guerra entre narnianos e telmarinos, que decidiu a posse do trono de Caspian, a menina ficou sozinha e o primo foi o único que lhe ajudou, deu todo o carinho e foi mãe e pai para ela. Todo o amor familiar de Claire estava nas mãos de Caspian e ele podia decidir se iria acabar com a vida dela ou protege-la como um irmão. Não foi surpreendente o fato de ele aceitar a segunda opção.

Claire prendeu os cabelos castanhos em um rabo de cavalo no alto da cabeça, sentindo a brisa do vento refrescar a sua face. Ela passeou pela grama alta, até chegar a uma pequena rocha ao lado da árvore mais alta da floresta. Seu lugar predileto. Ela repousou sua costa na rocha e encostou a cabeça no tronco, observando a escuridão rechear tudo. As mãos da menina estavam sujas de lama e a ponta de sua sandália havia agrupado uma grande quantidade de lodo.

Em poucos instantes, o silêncio e calmaria foi perturbada pelo som de galope. Claire abriu os olhos, que há minutos tinham se fechado, e encarou pela pouca luminosidade da lua, um garoto de cabelos médios e sorriso estampado no rosto montado um cavalo branco. Caspian desceu de seu cavalo e andou para perto de Claire.

— A senhorita deveria parar de tentar se esconder. As opções de lugares estão acabando. — Ele sorriu para a prima.

— Se o senhor parasse de me procurar, eu teria mais lugares. — Claire se levantou. — Aposto que veio falar que eu deveria voltar para o palácio também. — Ela estava ficando furiosa, mas Caspian não tirava o sorriso do rosto.

— Você cresceu tão rápido, Claire. Parece que foi ontem que... — Ele parou de dizer quando percebeu a expressão de raiva da prima se dissolver em algo parecido com tristeza.

***

Era um dia chuvoso em Telmar, onde cada gota de chuva insistia em cair no vidro que a serva Antonieta havia acabado de limpar. Naquele momento, ela não estava se importando de repetir a limpeza mais de dez vezes. Todo o movimento rotineiro do castelo não existia, e Miraz permanecia em seu quarto com uma das diversas amantes.

Logo, um guarda veio anunciar que havia alguém às portas do castelo, fazendo Miraz querer matar quem o atrapalhara. Ele gritou para que Antonieta atendesse e falasse que ele não estava. E é exatamente o que a mulher faria. Sua devoção por Miraz chegava ao extremo e ela até estrangularia um homem pelo rei.

Antonieta desceu os degraus de mármore da enorme escada rapidamente, passou pelo carpete estendido no salão principal e debaixo do lustre de cristais até chegar à entrada. Com muito cuidado, a mulher destrancou a porta e ao fazê-lo avistou uma pequena garota de cabelos castanhos e pele clara, coberta com um vestido escuro e descalça, além de estar completamente encharcada por causa da chuva. A garota carregava um envelope incrivelmente seco e a expressão em seu rosto não era a das melhores.

— Venha, querida. — Antonieta pegou a menina pelo braço e a puxou para dentro do salão. − Quem é você?

— Algum problema? — Mark, um outro servo, apareceu para ajudar. — O que é isso? — Ele apanhou o envelope da mão da pequena.

— Sou Claire. Mamãe disse que é para entregar para o senhor Miraz. — Claire sussurrou.

— Mark, não podemos abrir. Miraz não vai gostar. — Antonieta avisou.

— E se for uma ameaça de ataque?! Vamos esperar o rei acabar de fazer seus filhos para comunicar que o palácio será invadido?! — O homem disse em tom mais alto.

— O senhor realmente acha que uma garotinha iria trazer um papel com uma ameaça de ataque?! E pare de proferir blasfêmias contra o rei! — A serva impôs-se.

— A senhora sempre amou ele, e esse amor a deixou cega. — Quando Mark terminou de dizer, Miraz apareceu no pé da escada.

— Como disse? — Ele caminhou até chegar ao lado de Antonieta. — Quem é essa garota?

— Sou Claire. Mamãe disse que é para entregar para o senhor. — A criança repetiu.

— Me dê isto. — Miraz arrancou o papel da mão de Mark e abriu.

"Querido Miraz,

No momento em que estiver lendo esta carta, estarei bem longe do reino e creio que Claire poderá explicar algo. Entretanto, quero que saiba o quão te amei e o quão queria ficar com nossa filha. Repito que a pequena não tem culpa de eu ser uma miserável e para sempre uma serva. Pelo menos meu amor pelo senhor não mudou e espero que não tenha mudado no senhor também. Claire iria sofrer comigo sem ter um tostão para comprar comida para ela, então espero que entenda e que dê o melhor para o nosso bebê.

Um abraço quente e aconchegante da pessoa que sempre te amou. Susan".

Ele rolou os olhos em cada palavra escrita e encarou perplexo a menina, que estava sentada no robusto sofá brincando com os dedos do pé.

— Não pode ser! — O rei protestou. — Como essa fedelha passou pelos guardas?! E ela não pode ser minha filha! Já basta ter que cuidar da peste que meu irmão fez o favor de deixar!

— Fedelha? O que é fedelha? — Claire olhou para o pai e pela primeira vez, Antonieta presenciou as órbitas oculares do rei ficarem inundadas com lágrimas de felicidade. Mas, claro, Miraz logo as secou e voltou-se para Mark com uma expressão séria.

— O que faremos meu senhor? — Mark perguntou confuso.

— Tranquem essa pirralha junto com Caspian. Pensarei no que farei com ela depois! — Ordenou.

Miraz entrelaçou os dedos sobre o cabelo escuro e avistou o horizonte pela grande janela do salão principal, ele sentiu uma pontada forte no coração após lembrar-se do modo como Susan o abraçava e beijava. Sentia falta dela e a queria mais perto. Miraz queria esconder, o máximo possível, o seu amor pela serva. Sua família não aceitaria muito bem a sua paixão e isso poderia mudar toda a história de um reino.

Susan sabia que o orgulho, egoísmo e obsessão de Miraz pelo trono de Telmar deixaria que seu amor não falasse mais alto. Ela queria o sucesso dele, mas ao mesmo tempo, queria que ele fosse mais humilde.

***

 

Claire subiu no cavalo e passou os braços pela cintura de Caspian, que sorriu para ela. A garota adorava ouvir os galopes do animal pela grama úmida da floresta, e em seguida, pelos tacos de madeira que formavam a ponte em frente ao castelo.

As luzes invadiam toda a extensão da floresta, e logo, Claire pôde desfrutar da claridade. Os passos dela ressoavam pelo salão principal, juntamente com os de Caspian, a túnica do rapaz voava com a brisa feita pelos movimentos e de repente seu coração assumiu um ritmo anormal, mas ele não preocupou-se.

— Está bem? — Claire perguntou após ver o primo parar de andar por um momento.

Mas antes que ele pudesse responder, um dos guardas reais invadiu o recinto, preocupado:

— Majestade… — Ele pausou tentando recuperar o folego. — Temos um intruso. Já foi capturado e colocado na cela.

— Tudo bem. Tudo bem. — Caspian tentou acalmá-lo. — Não façam nada, quero vê-lo. Claire, você vem?

— Acho que vou para o meu quarto. — Ela concluiu e saiu.

Caspian desceu rapidamente as escadas, chegando a área onde ficavam os calabouços do castelo. Incrivelmente, o local estava quase vazio. Exceto por um garoto, que mesmo com a presença do rei, permaneceu sentado no chão, as pernas junto ao corpo e a cabeça baixa. Ao seu lado, havia uma poça de sangue, da qual originava-se do nariz do garoto.

Pensamentos voavam pela mente de Caspian, ele queria não acreditar no que via, mas estava tão feliz e agradecido por vê-lo. Foi então que finalmente protestou:

— Edmundo!


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Notas finais do capítulo

Tá aí e até o próximo!



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