Empire escrita por LadyBlue


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Postei outra fanfic? Postei! Vou esquecer de Love Me Like You? Nop! Então divirtam-se crianças e espero que gostem!



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Edmundo encarava aqueles papéis enquanto vários pensamentos invadiam a sua mente, simplesmente, era tudo o que ele queria ler.

O logo dourado da Universidade de Londres brilhava com as luzes dos pendentes do seu quarto, situado logo no terceiro andar do orfanato da mesma cidade. Um sorriso brotou na face do garoto que andara tão entristecido. Ele ajeitou os fios pretos do seu cabelo para o lado e correu para o banheiro. Chegando lá, seus cabelos já estavam bagunçados de novo, mas ele não se abalou, pegou um pente deixado por alguém na bancada de mármore e os arrumou.

Edmundo ainda não acreditava, para ele sempre foi difícil aceitar que era o menos esperto da família. Ele voltou rapidamente para o quarto, passando pelos corrimões de madeira velha e os tacos caindo aos pedaços que revestiam o chão do prédio, e com apenas um movimento, retirou a carta de cima da cama e começou a lê-la pela terceira vez.

"Caro Edmundo Pevensie, é com o enorme prazer que informamos sobre sua entrada para a Universidade de Londres", lágrimas rechearam os olhos castanhos de Ed, afinal, só ele sabia o esforço que teve para finalmente ter aquela carta nas mãos.

Edmundo não sabia o que fazer. Para quem ele iria contar a novidade? Ele não falava com os pais há mais de seis meses e estava separado dos irmãos, pois Pedro e Susana haviam ido para a França estudar história, o sonho deles, e Lúcia ficou na casa do tio para ajudá-lo com eventuais problemas de saúde. Edmundo teve apenas uma opção: testar o quanto iria sua esperança e conseguir uma vaga no colégio mais disputado do país. Ele foi auxiliado por um amigo de seu tio e hospedou-se no orfanato dele para ficar mais próximo da Universidade.

— Daisy! — Edmundo gritou forte apoiando-se nos bastantes da porta.

Daisy Tails era considerada melhor amiga do garoto. Ela escondia a pequena paixão que sentia por ele e tudo o que Edmundo precisasse, Daisy estava lá para lhe socorrer.

Ela caminhou rapidamente subindo do andar debaixo, jogando seus cabelos loiros para cima e os prendendo em um rabo de cavalo e logo ajeitou os seus sapatos nos pés de pele clara.

Quando apareceu na entrada do quarto onde Ed se encontrava, a garota sorriu ao perceber a expressão abobada que ele a observava.

— Isso é totalmente estranho, não me olhe desse jeito. — Ela tapou o rosto com as mãos, envergonhada.

— Desculpe. — Edmundo sacudiu a cabeça tentando voltar ao normal. — Onde vai?

— Vou sair com o David. — Daisy respondeu citando o nome de seu namorado.

Daisy e David conheceram-se muito antes dela ver Edmundo. Ela amava David com todas as suas forças e, com certeza, Ed era uma incerteza, portanto a garota não havia de arriscar seu amor por uma paixão passageira. E Edmundo parecia não perceber ou não dar importância para esse amor. Ele ainda não estava preparado para ter uma namorada ou alguém para dizer "eu te amo".

— Por que me chamou? — Ela disse preocupada.

— Eu passei! — Ed pulou de alegria mostrando o papel para a menina.

— Que legal! — Daisy estava feliz por ele, afinal, reparava no quanto seu amigo estudava e se esforçava.

— Nem sei por onde começo. Arrumo as malas? Ligo para lá? Espero? — Ele falou tão velozmente que Daisy não conseguiu entender as palavras, mas pode ver a felicidade nos olhos dele e isso, já decifrava tudo. — O que eu faço? — Repetiu.

— Acalme-se, primeiro. Acho melhor depois arrumar as malas e falar com senhor Fernando.— Ela colocou as mãos na cintura e respirou fundo, Edmundo acabou fazendo o mesmo.

O Senhor Fernando era o diretor do orfanato. Ele corrigia as crianças quando precisava, orientava os jovens e, às vezes, até assumia o papel de professor para aulas de reforço necessário. Ele tratava todos os residentes muito bem. Edmundo foi recebido quase que com aplausos e um banquete, coisa que não estava acostumado, mas que gostou bastante.

— Obrigado. — Ele sorriu.

Edmundo sentiu-se feliz por finalmente poder sair do orfanato, mas, ao mesmo tempo, uma forte dor invadia o seu peito por ter que deixar Daisy. Ela foi a única pessoa que lhe orientou e mostrou tudo naquele lugar desconhecido. E apesar de ser orgulhoso demais para assumir, ele era totalmente grato.

— Te vejo mais tarde. — Daisy retribuiu o gesto.

Ed virou-se procurando alguma sugestão de onde estaria as suas malas. Ele então decidiu começar pelo lugar mais óbvio: o guarda-roupa. O garoto acreditava que quando chegou, a euforia foi tanta que simplesmente colocou as roupas nas gavetas da cômoda do quarto, jogou as malas em um canto do armário e esqueceu.

Ele passeou pelo carpete de madeira do quarto, passou pelos quadros com imagens maravilhosas, pelas camas e então, observou aquele gigante maciço. Ele dedilhou a maçaneta repleta de traços elevados e admirou a perfeita conversação do objeto.

Edmundo nunca tinha parado para observar todos esses detalhes, nem para fuçar por dentro do roupeiro. O objeto apenas estava ali, como se o quarto fosse um depósito de velharias. Ele, então, abriu as portas e encarou os casacos pendurados e espalhados pela escuridão. Havia casacos de vários tamanhos, tecidos, formas e cores. Alguns repletos de plumagens, outros completamente lisos.

O guarda-roupa parecia fundo e com certeza caberia várias pessoas lá. Poderia até ser usado como esconderijo de criancinhas assustadas ou de uma família desesperada. Logo veio na mente de Edmundo as lembranças do tempo que passava na casa do tio, do guarda-roupa e de Nárnia. Ele sentia saudades de lá, assim como sentia a falta de seus irmãos e pais, mas queria voltar, queria ver Caspian novamente, pois ele tornou-se seu melhor amigo, queria uma nova aventura.

Ed revirou os casacos e abriu espaço para procurar suas malas. Elas estavam no canto e o garoto as encontrou rapidamente. Edmundo pegou-as e as espalhou pela cama, tirou as duas gavetas da cômoda dos eixos e colocou ao lado das malas, deixando as roupas à vista. Ele encheu as malas com blusas, calças e suéteres e quando sobrava algum espaço, completava com acessórios como cintos e suspensórios.

Depois de alguns minutos, Edmundo estava pronto. Ele havia tomado um banho, penteado o cabelo e aplicado perfume, afinal a primeira impressão é a que permanece e, sorrateiramente, desceu as escadas  para não fazer muito alarde.

Logo que adentrou na sala principal, o garoto sentiu o calor das chamas da lareira invadirem e esquentar-lhe tudo por dentro. Ed caminhou mais um pouco e encontrou o diretor sentado na sua poltrona predileta, ele estava com os braços aconchegados próximos ao corpo, as pernas cruzadas e observava os estalares da lareira. Os poucos fios grisalhos de Fernando estavam bagunçados no alto da sua cabeça e a barba rala permanecia do mesmo jeito, deixando na sua face uma expressão bastante engraçada.

— Edmundo! — O homem ajeitou-se na poltrona e encarou o menino em pé na sua frente. — Onde vai, todo perfumado?

— Eu gostaria de saber, o que o senhor faria se fosse aceito para uma universidade? — Edmundo puxou uma cadeira que estava ao lado e sentou-se.

— Bom… — Fernando pareceu pensar. — Eu ficaria muito feliz, inicialmente, depois arrumaria as minhas malas e embarcava no primeiro trem que visse. Por que a pergunta?

— Eu fui aceito para a Universidade de Londres!

— Que notícia ótima, Pevensie! — Fernando levantou-se com um pouco de dificuldade, e foi ajudado por Edmundo, que após alguns segundos, estavam em um abraço caloroso e alegre. -  Agora só falta arrumar as malas e embarcar no primeiro trem que vier!

— Então, eu já arrumei as minhas malas. — Ed comentou.

— O que está esperando? Vá!

Após alguns minutos, Edmundo já estava admirando a bela estrutura da estação. Havia placas penduradas no teto com setas e o barulho dos trens passando à todo momento era tão enlouquecedor, quanto os sermões de Daisy. Ed observava como algumas crianças ao seu lado choravam descontroladamente enquanto um homem, aparentemente o pai delas, entrava no trem que seguia rapidamente para fora da estação. Ele queria socorrê-las e dizer que estava tudo bem, que o pai iria voltar. Mas tudo o que o garoto fez foi sentar no banco preto logo atrás dele e ajeitar uma das suas malas no colo e a outra, perto da sua perna.

De repente, Edmundo sentiu o calor de uma respiração encostar no seu pescoço. Ele não moveu-se, apenas guiou os olhos para a direita e expirou lentamente, porém não obteve sucesso em tentar identificar o que era. Ele segurou a alça da mala em seu colo para evitar que ela caísse e então seu coração começou a bater rapidamente, o calor que sentira segundos atrás havia voltado e a curiosidade mexeu tanto com a sua mente que o garoto não conteve-se e virou. Os olhos dele pairaram por toda a extensão da plataforma, e só o que viu foi um homem de costas, que não permanecia quieto, e uma garota sentada em uma mala com as pernas cruzadas.

— Não está ficando louco, Edmundo. Lembra-se de mim? Você foi tão bobinho. Trocar seus irmãos por manjar turco não foi uma boa escolha. — Uma mulher apareceu ao lado de Edmundo. Ela tinha os cabelos loiros prateados, vestia um vestido totalmente branco com algumas rendas espalhadas na altura do ombro, e seus olhos eram azuis, brilhando de um modo encantador. Ed sentiu uma brisa gelada invadir seu corpo e flocos de neves pareciam rechear a sua calça preta.

— Isso foi há muito tempo! Você não se cansa de me perseguir? — As pessoas na estação encaravam Edmundo. Ele estava estranho demais e seus lábios ficaram roxos instantaneamente, por causa do frio que somente ele sentia. — Me deixa em paz! Pensei que tivesse morrido!

— E morri. Sabe, quando você tem muito poder, você acaba descobrindo falhas nas formas de proteção mágica dos outros. Aslan é um perdedor e todos nós sabemos disso. — Ela sorriu irônica para o garoto, que ainda não acreditava no que ouvia. — Anos eu tento participar do seu mundo, eu ainda lembro da última vez que estive aqui. Continua tão bonito como antes.

— Eu não quero falar com você! Tudo o que diz são mentiras! — Edmundo soltou a sua mala deixando que a mesma caísse no chão. Ele levantou-se e caminhou para frente seguindo na direção dos trilhos do trem. Ele tentava escapar dela, das visões que tinha com ela nos últimos dias e da força como ele sentia-se culpado por tudo aquilo.

— Graças à você e os pirralhos do seus irmãos, não posso mais tocar na pele de um homem, nem acariciar seu rosto, Ed. Não sente falta de mim? Não sente?! Se quer saber, não preciso mais de você, tenho uma herdeira agora! — Ela estava logo atrás de Edmundo, levantou as mãos e como mágica, um vento forte rodeou o garoto. Ele sentiu os pés congelados, a neve derretendo entre os seus fios de cabelo e os dedos avermelhados. A mágica foi tão forte que ele foi arrastado pelo resto da plataforma e seu corpo foi lançado até os trilhos vazios.

Como um raio, várias pessoas juntaram-se para ver o que acontecera e todas exalavam preocupação ao ver a cabeça do garoto sangrando e o corpo espalhado pelas elevações da ferrovia.

— Chamem a ambulância! — Uma senhora gritou. — Rápido! — Ela disse após ver os seguranças se aproximando.

Quando eles chegaram perto de Edmundo, o corpo do menino havia sumido e apenas o que restara foi a poça de sangue e as malas do garoto na plataforma.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, boa noite e comentem seus lindos! Bjss