Caminhos escrita por TAYAH


Capítulo 4
Confortável - Emma


Notas iniciais do capítulo

Oi gente linda! Estou eu aqui de novo. Esse capítulo ficou um tiquinho maior que os outros, na verdade ele ia ficar muito maior, mas resolvi parar onde parei se não ia ficar monstruoso.

Sei que ainda estamos no começo, mas eu queria muito dizer a vocês que eu preciso que comentem para eu saber se está bom ou não, esse é o único jeito que eu sei se estou fazendo a coisa certa ou devo parar.

Aaah eu também queria agradecer a todos que estão comigo, vocês são maravilhosos!

Boa Leitura!



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 Aquele negocio de teletransporte era bem estranho e bem desconfortável a sensação que ficou no corpo nos primeiros segundos após chegar a casa de Regina, como frio na barriga junto com uma leve dormência. Soltei o ar tentando me recompor, fazendo todas elas me olharem e sorrirem.

— O que foi? – Perguntei sem entender.

— Primeira viagem? – Elise quem perguntou com um sorriso meio travesso.

— Digamos que não estou nesse mundo de magia há muito tempo.

— A Srta. Swan descobriu seus dons há pouco tempo. - Regina explicou.

— Ah, foi quando Cora se passou por você e ela usou o apanhador de sonhos... – Sarah falou com naturalidade como se fossemos uma história da qual ela tinha lido. Já Regina ficou tensa, aquele ainda era um assunto muito recente. – Regina... – A chamou com a voz mansa. – Não tem que sentir raiva disso... Emma acreditou em você até o fim, ela não desistiu de provar a todos que você era inocente... Mas sua mãe foi bem esperta... Cora queria exatamente aquilo, que Emma acreditasse que você era culpada... Porque só assim você iria ficar do lado dela. Com Emma te apoiando você jamais voltaria para as trevas de novo...

— Já chega! – Regina mandou com a voz dura. – Não vamos falar sobre minha mãe, ok?

— Desculpa... – Sarah pediu do mesmo jeitinho que Henry fazia. – É que Emma nunca te contou... mas deveria...

— Eu disse que já chega!

Meu coração estava acelerado e meu estomago embrulhado. Sarah não tinha dito nenhuma mentira, mas a maneira com que ela falou soou tão diferente do que eu achava que era. E ao ouvir aquela historia sair por sua boca, mais pareceu que ela estava lhe contanto meus segredos.

— O que foi que você descobriu? – Elise perguntou a Regina e foi em direção a cozinha. – Venham... – Era tão natural a maneira com que andava pela casa.

— Primeiramente... vocês não são do futuro... – Regina falou fazendo-a parar e olha-la indignada.

— O que? – Foi Sarah quem perguntou logo atrás de mim.

— Vamos sentar na cozinha e eu explico tudo para vocês. – Regina foi à frente.

Eu era a única que parecia estar desconfortável naquela casa, mas tentei não pensar naquilo.

Com cuidado e calma Regina contou tudo para elas. Como eu havia imaginado a reação não foi nada boa.

— É ainda pior, podemos ficar presas aqui para sempre! – Elise estava exaltada com cara de choro e desespero. – É tudo sua culpa! – Ela gritou para a irmã. – Se você não tivesse dado uma de exploradora nunca teríamos vindo parar aqui!

— Já falei para você não colocar a culpa em mim! – Ela rebateu no mesmo tom, Regina e eu apenas olhávamos. – A ideia de vir escondida foi sua, então assuma a responsabilidade de que fez a escolha errada!

— Eu fiz a escolha errada? – Elise riu nervosa. – Você que apareceu com essa ideia, ficou falando desse lugar por dias, me fez querer conhecer, me fez desejar mais que tudo ir naquele lugar, então a culpa é toda sua, sim! Se você não tivesse feito minha cabeça antes, eu não teria sugerido irmos escondidas... – Sua voz estava começando a ficar tremula. Elise tinha mesmo o jeito de Regina, ainda mais quando estava nervosa. – E agora estamos perdidas para sempre! Nós nunca mais vamos ver nossas mães, nós nunca mais vamos ver o Henry, Levi... Nem ninguém... E a culpa é toda sua, eu te odeio!

— Está certo... – Sarah engoliu a seco e deu as costas.

— Não, espera! Me desculpe... – Elise deu um passo em sua direção, Sarah apenas virou ficando novamente de frente para a irmã. – Sa-Sarah... Me desculpe... – Sua voz baixa, seus olhos cheios de lagrimas. – Eu não deveria ter dito isso... Por favor... desculpe...

— Tudo bem... – Sarah soltou o ar. – Você está certa... A culpa é minha, se eu não tivesse insistindo tanto, se não tivesse concordado em vir escondida... nada disso teria acontecido...

— Eu não te odeio... e a culpa é minha... – Ela estava segurando o choro. – Eu estou sempre tão desesperada por conhecer lugares novos para poder voltar para casa depois, que eu nem dei ouvidos as nossas mães e nem mesmo a você que concordou com elas... Aquela sensação de voltar para casa e ver a saudades nos olhos delas, que é o que me fez querer viajar o tempo todo... eu nunca mais vou ter isso... – Ela desistiu de prender o choro e o soltou, tanto Regina como eu demos meio passo em sua direção. Meu coração apertou tão forte que chegou a doer, mas eu não sabia o que fazer, ou o que dizer. – Regina nunca mais vai me abraçar como eu fosse o último, como toda vez que ela me vê, Emma nunca mais vai bagunçar meus cabelos e beijar minha testa... Henry nunca mais vai brigar comigo porque roubei os ingredientes das suas poções... Levi nunca mais vai contar aquelas piadas sem graças que meu avô também conta... nunca mais vamos voltar para casa... somos órfãs agora... – Ela desabou ao abraçar a irmã que também tinha lágrimas nos olhos.

— Vamos pensar em algo... – Sarah afagava os cabelos da irmã. – Nós vamos conseguir sair dessa, eu prometo para você... nossas mães também passaram por muitas coisas, vamos voltar para elas, vamos voltar por elas. – Ela segurou o rosto de Elise e limpou algumas de suas lagrimas. – Nós somos ou não somos Swan Mills? – Perguntou com um sorriso encorajando a irmã.

— Uma vez Swan Mills, sempre Swan Mills. – Elise sorriu entre suas lagrimas.

— Vocês podem nos dar meia hora? – Sarah perguntou mais para Regina do que para mim.

— O quarto de hospedes é no...

— Final do corredor eu sei. – Sarah a interrompeu simpática. – Não vamos demorar...

Meu coração ainda batia forte, eu ainda não sabia o que fazer. Aquela conversa tinha sido intensa, não só pela briga que elas tiveram, mas também pela maneira com que falavam. Eu me vi falando em Sarah varias vezes, assim como vi Regina em Elise quase o tempo todo. E não era só o jeito de falar, como as gesticulações, a maneira de parar, de soltar o ar... até Henry eu vi naquelas meninas... Por mais que de fato elas não fossem nossas, já que eram de outra realidade, elas eram completamente nós... Aquilo era assustador, desde o fato de ter mais filhos, já que eu mal tinha começado com Henry, até o fato de ter tido elas com Regina.

— Whisky? – Regina perguntou depois de alguns segundos.

— Por favor.

Fomos até o seu escritório e ela serviu nossos copos.

Ainda estava tudo tão confuso em minha cabeça que tomei a dose de uma só vez, talvez o álcool ajudasse a minha mente absorver as coisas.

— Isso é sede? – Regina perguntou com meio sorriso ao beber um gole de seu copo.

— Na verdade é apenas uma tentativa de fazer esse dia parecer menos louco.

— E deu certo?

— Não... – Ela veio até mim com a garrafa em mãos e encheu meu copo novamente.

— Acho que nem mesmo a garrafa inteira vai fazer isso tudo parecer normal... – Regina bebeu mais um gole ao sentar em um dos sofás. Eu sentei a sua frente. – O que nós vamos fazer com essas meninas, em? - Achei aquela pergunta engraçada, e foi inevitável não sorrir. – Qual é a graça?

— Nós... – Repeti ainda achando graça. – É como se estivéssemos falando do Henry... Só que a situação é completamente diferente e surreal... – Regina me olhou com duvidas.

— O que exatamente? – Sua expressão séria me deixou meio dura.

— Tudo? – Ela parecia meio brava, eu não entendi o motivo. – Eu acredito que elas sejam nossas filhas em outra realidade, mas nessa daqui? É completamente inviável.

— E por quê? – Ela perguntou ainda brava, eu não estava mesmo entendendo.

— Porque eu e você juntas... tendo outros filhos e vivendo felizes para sempre, como nos contos de fadas é a coisa mais absurda que eu já ouvi. – Aquilo fazia todo sentido antes de dizer em voz alta, porque depois eu me senti falando a maior mentira da minha vida.

— Claro que é absurda... – Ela se levantou me dando as costas indo em direção a estante. – A Rainha Má nunca será boa suficiente para a Salvadora... – Ela me olhou de canto. – Não é?... Você é boa demais para isso... – Tinha uma raiva em sua voz que eu não soube distinguir. Já seus olhos, ela não me deixou ler.

— Na-não tem nada em ser boa demais... Só que você me odeia... e já até tentou me matar... – Tentei disfarçar, mas é claro que ela percebeu meu nervosismo.

— Então... – Ela ficou de frente para mim, bebeu o resto que tinha em seu copo e caminhou de volta ao sofá. – Se eu não te odiasse e não tivesse tentado te matar, tornariam as coisas viáveis?

— E-eu não sei... Porque está fazendo essas perguntas? Você acha que seria algo... algo possível?

— O que seria possível? – Ela me desafiou com os olhos a falar.

— Nós... Eu e você como um casal... – Meu coração batia tão forte, que até minha cabeça parecia latejar.

— Não seja ridícula, Emma... – Ela quase nunca me chamava pelo nome. – Você e eu é algo que nunca vai acontecer. – Regina foi até a garrafa e encheu seu copo, fazendo minha mente ficar ainda mais confusa.

— Eu preciso ir. – Me levantei.

— Eu sei que sim... – Veio em minha direção. – Mas vai esperar elas descerem... – Ela encheu meu copo. – E nós vamos decidir juntas o que vamos fazer. Enquanto isso, vamos beber mais um pouco. – Ela sentou novamente no sofá. Seu olhar me mostrava diversão.

— Elas ficam aqui essa noite, amanhã eu te ligo para saber como estão. Pronto, está decidido. – Eu fiquei com raiva por ela esta se divertindo as minhas custas. – E obrigada pela bebida. – Coloquei o copo ainda cheio sobre a mesa e sai sem a deixar dizer mais nada.

Minha cabeça ia explodir a qualquer momento... Era muita coisa para ser digerida. Eu ainda estava em processo de absorção com as coisas mais normais, como, ter Henry de volta em minha vida, ter pais, contos de fadas, magia, Floresta Encantada, Neal...

Cheguei em casa e todos me encheram de perguntas. Sobre Tamara, sobre Sarah e Elise, sobre Regina... Respondi tudo o mais rápido possível e fui tomar um banho. Eu tinha que relaxar de alguma forma.

Eu mal dormi naquela noite, virei de um lado para o outro o tempo todo. As duas lembranças que aquelas meninas tinham me dado, ficavam me atormentando. A maneira com que Sarah e Elise eram parecidas comigo e Regina estava me fazendo querer gritar. Mas, de toda aquela loucura, Regina se divertindo as minhas custas era o que estava me tirando o sono de vez. Por mais que eu tentasse evitar pensamentos impróprios e mudar de foco, eu não estava conseguindo controlar... Regina estava em todos os cantos da minha mente... Fiquei lembrando de tudo que já vivemos, revivendo coisas que antes não pareciam nada, mas depois do surgimento daquelas meninas pareciam tudo... Fiquei tentando imaginar como tudo aconteceu entre nós até elas nascerem... na verdade, o que fiquei mesmo foi apavorada em perceber que Regina era tão presente em minha vida.

No dia seguinte, liguei para Regina logo pela manhã, que me informou que as meninas estavam bem tristinhas e não quiseram comer. Aquilo me deixou bem chateada e até meio culpada, pensei em passar lá para vê-las, mas tive que ir buscar provas concretas contra Greg, Tamara e Hook.

Trabalhei duro por três dias até que Hook entregou todas as provas em troca de sua liberdade. Eu aceitei, mas não o libertei. Já com Greg e Tamara eu os expulsei da cidade e com ajuda de Rumple a protegemos com magia. Neal por sua vez estava todo arrependido de não ter acreditando em mim e passou quase a sexta-feira inteira tentando se redimir.

Sábado a tarde finalmente tinha chegado, a delegacia estava tranquila, mas os meus problemas ainda estavam martelando minha cabeça. Eu não tinha visto Sarah e Elise naqueles dias, mas Regina me manteve informada de tudo, que na verdade não era nada. Eu sabia que meu empenho no trabalho estava diretamente envolvido com o fato de que eu estava evitando ao máximo me aproximar das três. Já era estranho demais os pensamentos que eu andava tento, eu não precisava de Regina me confundindo ainda mais, ou aquelas meninas me fazendo ver uma realidade que eu nunca viveria.

— Emma? – Henry entrou correndo na delegacia, cheguei a me assustar.

— O que foi, Henry? Aconteceu alguma coisa? – Me levantei com pressa.

— Não, nada. – Ele sorriu feliz. – Vim te fazer companhia... Na verdade eu estava entediado... – Meu telefone começou a tocar o cortando.

Meu coração acelerou ao ver que era Regina, aquilo tinha que parar, talvez se eu aceitasse o convite de Neal para um jantar romântico...

— Oi, Regina. – Tentei parecer natural.

— Swan... – Sua voz estava tensa. – Eu não sei se é uma boa ideia, mas as meninas não saem do quarto, não estão comendo direito, ficam o tempo todo lendo e relendo aquele livro... Já tentei de tudo para animá-las e ajudá-las, mas nada adianta, estou com medo delas ficarem doente... eu não sei mais o que fazer... Então... eu pensei se...

— O que?

— Se você e Henry não querem jantar aqui hoje... Talvez se elas tiverem um pouco do que estão acostumadas, faça com que algo mude, ou que pelo menos comam uma refeição inteira... Sei que é estranho esse convite, ainda mais nessa ocasião que é para parecermos uma família... mas eu estou mesmo sem ideias... a não ser que você tenha uma melhor...

— Não... tudo bem, é uma boa ideia. - Ela suspirou do outro lado da linha. – Estou com Henry aqui da delegacia, daqui a pouco vou para casa com ele e depois vamos para ai.

— Cheguem as sete e não se atrasem. – Ela desligou

Como combinado tocamos a campainha as sete em ponto. Poucos segundos se passaram até que a porta abriu.

— Emma, Henry... – Sarah nos recebeu com um sorriso triste. – Entrem, Regina e Elise estão na cozinha. – Nos deu passagem.

— Pela sua cara não dormiu muito bem, não é? – Perguntei ao reparar em suas olheiras.

— Nem você. – Ela rebateu ao reparar nas minhas.

Fomos até a cozinha, onde Regina abriu seu melhor sorriso para Henry.

— Henry! – Ela foi até ele e o abraçou como se fosse o último de sua vida. Foi inevitável não reparar em Sarah virando o rosto e Elise revirando os olhos. – Como você está meu filho? – Ela perguntou ao pegar em seu rosto. – Cresceu bastante nos últimos dias... – Ela sorria tão feliz para ele que Elise levantou e saiu da cozinha.

— Regina... – Eu a chamei em tom baixo sem querer cortar seu momento, olhei para Sarah que também tinha raiva nos olhos e saiu atrás da irmã.

— O que foi? – Henry perguntou confuso.

— Fui eu, não fui? – Regina me olhou chateada, eu apenas afirmei. – Droga... Vamos lá falar com elas.

Fomos até a sala onde Elise estava sentada no sofá e Sarah no chão encostada em suas pernas. Era tão bonito a maneira como elas tratavam uma a outra, tinha tanto amor entre elas que quanto mais eu as conhecia, mas eu queria conhece-las.

— Elise... Sarah... – Regina sentou ao lado de Elise. – Eu convidei Emma e Henry para jantarem com a gente, espero que a presença de todos nós anime um pouco vocês...

— E vocês pretendem fazer o que? Fingir que são nossa família? – Elise perguntou irritada.

— Só achei que ter todos nós por perto seria uma boa ideia... distrair vocês, conversar, comer...

— Não estou com fome. – Elise falou seca.

— Olha, eu sei que vocês estão chateadas... – Eu comecei a falar. – Sei que não somos quem vocês gostariam, mas acredito que nossa essência é igual aqui e em qualquer dimensão... Não vamos fingir nada, mas vamos tentar fazer vocês se sentirem minimamente confortáveis... Podemos só... jantar, conversar... Nos conhecermos melhor... Vocês podem contar algumas historias, a gente pode tentar contar algo que vocês não saibam... – Eu estava dado meu máximo. – Vamos só tentar distrair nossas mentes um pouco, ok?

— Podemos começar com vocês nos falando como são os jantares na casa de vocês. – Regina sugeriu.

— E podem também me contar como eu sou no futuro paralelo de vocês... – Henry também estava motivando-as.

— Eu não quero... – Elise falou como uma criança mimada.

— Quer sim. – Sarah levantou e estendeu a mão para a irmã. – Vamos mostrar para eles como é divertido, vamos mostrar para eles o que estão perdendo... mostrar a magia de um jantar especial...

— Especial? – Elise perguntou prendendo o sorrir.

— Sim... – Sarah sorria feliz, Elise pegou em sua mão. – Vamos dar para eles o melhor jantar de todos. E o mais especial de suas vidas.

— Com direito a bolhas do riso? – Elise estava se animando e aquilo me fez sorrir. Sarah apenas afirmou com a cabeça. – Ótimo! – Elise se virou para gente. – Nós vamos preparar o jantar!

— Mas eu já fiz tudo. – Regina argumentou meio confusa.

— Eu sei, mas vamos enfeitiçar o que você já fez... Enquanto a gente faz magia, Regina e Emma arrumam a mesa da sala de jantar. E Henry, você escolhe as musicas que vão tocar.

Eu nem sabia que podia me sentir tão feliz por aquelas meninas estarem minimamente felizes. Meu coração parecia ter triplicado de tamanho, e por mais que ainda estivesse relutante com muitas ideias, meu corpo já tinha sentimentos enormes por elas. Eu as queria ver sorrindo daquele jeito todos os dias.

Fizemos nossas tarefas e elas logo serviram a mesa. A principio tudo parecia normal, nada fora do comum. Tínhamos peixe, massas, saladas, suco, água, vinho.

Henry, Regina e eu estávamos apreensivos, não sabíamos o que ia acontecer.

— Então... – Sarah quem começou a falar. – Tudo está enfeitiçado... Tipo... o suco de laranja está com borboletas no estomago, toda vez que alguém tomar um gole, irá sentir como se estivesse apaixonado...

— E a tal de bolhas do riso? – Henry perguntou.

— Colocamos na sobremesa... – Ela piscou para ele. – Ah! Eu adorei sua escolha de musica.

— Obrigado. – Ele sorriu orgulhoso.

— Vamos comer? – Sarah perguntou já puxando uma cadeira.

— Mas é seguro? – Eu estava com receio, confesso.

— Claro que é! – Elise estava feliz e aquilo era tão lindo.

— No peixe tem elogios sinceros, nas massas temos provocações da paz e piadas sem graça, na salada temos imaginações esquisitas, no suco como Sarah já falou, tem borboletas no estomago, na agua sensação de estar voando, e no vinho... no vinho... – Ela olhou de canto para a irmã. – No vinho não colocamos nada. – Claro que elas tinham colocado algo.

— Está mentindo. – Eu afirmei de cara.

— Colocamos coragem... – Sarah quem respondeu – Mas álcool já é algo que faz isso sozinho, então é a mesma coisa que nada. – Ela estava falando a verdade.

— Vai ser divertido... – Henry sentou-se animado.

Eu estava assustada com aquilo, mas ao dar a primeira garfada de peixe eu me senti em um filme do Henry Potter com as emoções tomando conta das minhas ações.

— Vocês são tão lindas e especiais que faz meu coração se sentir em casa. – Eu não consegui me controlar, apenas saiu pela minha boca.

— Vocês são a família mais linda que eu já vi, e olha que eu já li muitos contos de fadas. – Henry falou com naturalidade ao beber um gole de suco e rir. – Que engraçado... – Ele colocou a mão em sua barriga.

— Você é muito mais linda quando está sorrindo. – Sarah falou para Regina.

— É mesmo. – Eu concordei sem perceber.

— Obrigada. – Regina respondeu sem graça, me fazendo também ficar sem graça.

— Vocês duas são ainda mais lindas quando estão com vergonha, eu nunca as tinha visto desse jeito. – Foi Elise quem falou me fazendo comer da massa.

— Você é desse jeito igual a Regina porque gosta ou porque é filha de peixinho mesmo? – Perguntei para Elise sem pensar. Foi uma provocação junto com uma piada sem graça. Aquela coisa de magia na comida ia acabar me fazendo falar coisa que não devia, mas confesso que estava gostando.

— Ela é filha de peixinho mesmo. – Sarah quem respondeu por ela. Que tomou um gole de água – Uoooow! – Ela fechou os olhos e sorriu. – Voar é tão bom...

— Gente, vocês estão vendo? – Henry perguntou olhando para o nada.

— Mostra! Mostra! – As meninas pediram juntas.

— Como? – Ele estava tão feliz.

— Droga eles não fazem magia ainda. Deixa eu ver se consigo pegar. – Sarah colocou a mão na cabeça de Henry, fechou os olhos, levantou a outro mão em direção a parede e BUM, imagens surgiram.

Todos nós éramos gatos, mas com nossas caras e nós miávamos uma canção estranha, miávamos para um gato enorme, um gato que se lambia enquanto nós miávamos a canção.

— Nossa Henry, essa foi a pior que você já teve. – Elise ria enquanto eu comia mais um pouco de peixe. – Emma? Quem é a...

— Não! – Sarah a interrompeu.

— Esse é o melhor peixe que eu já comi, comeria sua comida todos os dias. – Falei para Regina mais uma vez sobre o feitiço de elogios sinceros.

— Sua presença é mais agradável do que imaginei, eu iria adorar cozinhar para você todos os dias. – Ela também estava falando sobre o feitiço, o que a fez empurrar o prato. – Não vou mais comer! – Reclamou com as meninas.

— Não fiquem constrangidas, são apenas elogios, ninguém está fazendo mal a ninguém, estamos nos divertindo, nos conhecendo melhor... – Sarah falou com segurança e carinho. – Coma um pouco da salada e me mostre uma imaginação estranha. – Ela incentivou, fazendo Regina voltar com seu prato.

Depois de falar algumas “besteiras” eu consegui controlar os elogios e direciona-los todos as crianças. Regina pareceu conseguir fazer o mesmo.

As imaginações foram muito boas. Mas a melhor parte foi a sobremesa com as tais bolhas do riso. Rimos tanto por nada e por tudo, que minha barriga ficou doendo como se eu tivesse feito abominais.

Aquele foi o melhor jantar que eu já tinha tido. Não só pela magia em si, e sim por toda a felicidade que exalava de cada um daquele lugar. Eu queria não ter que ir embora, eu queria mais bolhas do riso, mais elogios sinceros, mais sensações de estar voando, borboletas no estomago, imaginações esquisitas... Eu queria mais de cada um que estava ali presente.

Nem mesmo com meus pais eu já tinha me sentindo tão confortável como ali eu estava.

— Queria mostrar uma coisa para vocês. – Henry falou para Sarah e Elise. – Podemos ir no meu quarto? – Ele perguntou para Regina e eu.

— Claro querido, é seu quarto. – Regina respondeu sorrindo. Na verdade todos ainda estavam sorrindo.

— Não vai embora, está bem? – Sarah falou comigo. – Espera a gente voltar... Provem o vinho, vocês vão gostar...

— Acho que vou preferir comer mais sobremesa. – Meu sorriso não disfarçou meu receio com o vinho.

— Eu sei que vão tomar, a curiosidade vai ser maior que o medo. – Elise afirmou ao ser puxada por Sarah e Henry. – Juízo! – Ela gritou já fora da sala de jantar.

Olhei para Regina que tinha um belo sorriso nos lábios, encarei a garra de vinho e respirei fundo tomando coragem. Nada deveria ser pior do que as besteiras que eu já tinha dito.

— Quer experimentar o vinho magico? – Eu peguei a garrafa.

— Porque não? – Regina ainda sorria... aquele sorriso era tão... perfeito. – Mas vamos para meu escritório, essa bagunça que a gente fez está me deixando agoniada e eu não quero arrumar nada agora, minha barriga ainda está doando de tato rir.

— É, acho que nunca ri tanto...

Regina pegou as taças e eu levei a garrafa.

Ela fechou a porta do escritório logo atrás de mim, o que fez todo meu corpo tremer por dentro. Nada de extraordinário tinha ali, mas eu estava me sentindo uma adolescente, talvez ainda fosse o efeito do suco em meu corpo.


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Notas finais do capítulo

E aaaai? O que acharam?
Será que rola alguma coisa??? Será que o vinho vai ser útil em algo? Será que as meninas vão conseguir ir embora logo?