Cronômetro escrita por KarenAC


Capítulo 25
Capítulo 25 - Desfecho


Notas iniciais do capítulo

Eeee... voilà! Último capítulo!
Muito obrigada por me acompanharem até aqui ♥



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Ladybug puxava Adrien para fora da sala de Gabriel e os dois desciam a escada da mansão Agreste.

"Calma, devagar." ela murmurava, apoiando-o sobre os ombros, preocupada sobre onde cada pé dele se apoiava.

Adrien não estava tão preocupado quanto ela em cair. Os olhos dele se demoravam sobre as expressões faciais dela enquanto os dois avançavam pela casa. Ela parecia bem, sem comparação com a última vez em que a vira caída no chão após a luta com Supernova.

"Você está bem?" Adrien perguntou, descendo os olhos pelo uniforme da heroína. Não via qualquer sinal da mancha de sangue ou de ferimentos.

Ladybug levantou os olhos para ele, digerindo a pergunta, e seu semblante indicava que estava escolhendo as palavras para responder.

"Nós..." ela fez uma pausa, e o tom de voz se tornou mais baixo "...precisamos conversar."

Adrien ergueu uma sobrancelha. Ela parecia séria até demais para o tom da pergunta.

"Claro, vamos pro meu quarto." ele terminou a frase sentindo-se corar, mas ficou em silêncio para não deixá-la constrangida e os dois seguiram o resto do percurso em silêncio.

Ao chegarem no quarto de Adrien, todo o clima de conforto e familiaridade entre os dois se quebrou. Eles se separaram embaraçosamente, cada um andando para um lado sem saber muito bem o que fazer. Agora que todos os problemas haviam sido encaminhados para uma resolução, ambos ficaram fortemente conscientes da presença um do outro.

"Adri-"

"Lady-"

Os dois começaram ao mesmo tempo, e pararam em meio a um riso nervoso. O Miraculous de Ladybug apitou pela primeira vez e ela sentiu o corpo contrair em uma reação instintiva, mas relaxou a seguir.

"Acho que esse bipe nunca mais vai significar a mesma coisa pra gente, né?" Adrien sorriu tristemente indo até o sofá e sentando-se, e Ladybug retribuiu o olhar, sentindo o rosto corar.

"É, acho que não." ela sorriu timidamente, caminhando em direção a ele e sentando-se a seu lado.

Ladybug respirou fundo e fechou os olhos, liberando a transformação, o que pegou Adrien de surpresa. Não querendo arruinar o momento, o garoto pigarreou e se remexeu no sofá. Talvez nunca fosse se acostumar completamente com aquilo.

"Adrien..." ela começou "Eu quero conversar com você, e não quero fazer isso como Ladybug." ela havia ensaiado aquilo várias vezes, e achava estar pronta, mas seu coração palpitando enlouquecidamente no peito dizia o contrário. Fitou os olhos verdes que não pareciam mais tranquilos que os dela e sorriu em solidariedade. Nenhum dos dois era muito bom naquilo.

"Existe um portador do Miraculous na cidade que tem poderes de cura. Ele se apresentou como Mestre Fu. Foi lá que a minha mãe me levou depois do que..." suspirou "...depois da Supernova." completou a frase, vendo os olhos de Adrien ansiosos sobre seu rosto, e continuou "É bem diferente do meu poder como Ladybug, já que ele recupera só as energias dos kwamis, mas me ajudou no processo de recuperação. Eu consegui ficar bem o suficiente para vir pra cá. Eu..." ela baixou a cabeça, olhando para os próprios dedos entrelaçados sobre o colo e reuniu coragem "... conversei com ele. Bastante. Nós discutimos vários assuntos antes de vir pra cá. Ele me disse que nós não precisamos continuar." Marinette ergueu a cabeça e encontrou o rosto do garoto lívido em surpresa.

Adrien sentiu o coração falhar uma batida. Ela não precisou explicar para ele entender o que queria dizer "continuar". Significava que ela não precisava continuar sendo a Ladybug. E que ele não precisava continuar sendo o Chat Noir.

"Então... acabou?" ele perguntou sentindo a voz sair rouca e quebrada.

"Não." ela disse e o rosto dele ergueu rapidamente para os olhos dela "Não se você não quiser." ela sorriu timidamente "Eu sei o quanto isso tudo é importante pra você, Adrien, porque também é pra mim, mas depois de tudo o que aconteceu, não sei qual é a sua opinião quanto a isso, e eu não quero tomar decisão nenhuma sem você." Marinette baixou a cabeça "Já fiz isso demais, e nem sempre nos levou a bons resultados. O que eu quero dizer é que nós podemos continuar se você quiser." ela ergueu os olhos confiantes na direção dele.

"E quanto a você? E... bem, você sabe, o cronômetro?" Adrien perguntou incerto.

"Nós acabamos de quebrá-lo." ela sorriu sinceramente e Adrien se surpreendeu com a resposta "O Mestre Fu me explicou que o que aconteceu comigo só ocorre quando o grande mal tem origem em outro Miraculous. Aparentemente, os poderes são tão parecidos que um consome o outro. Então agora está tudo acabado, pelo menos por enquanto." ela inclinou a cabeça, confirmando a história.

Adrien baixou os olhos e mirou os próprios pés. Ele amava ser o Chat Noir. Amava sentir as correntes de sua personalidade sendo quebradas, preenchendo-o da mais completa liberdade. Aquilo o fazia sentir-se vivo. Girou a cabeça para olhar para Marinette, que estava com as mãos cruzadas no colo e os olhos apreensivos na sua direção.

Desde que se aproximara de Marinette, ele havia experimentado uma dezena de sensações que sequer imaginava existirem, e sorriu com o pensamento. Ele amava ser o Chat Noir. E pela primeira vez na vida, também amava ser o Adrien. E o maior motivo de tudo nem era ele mesmo. No final das contas, era tudo por causa dela.

"Eu não me importo." Marinette ouviu a voz dele soar pelo quarto confiantemente enquanto ele se inclinava apoiando o queixo nas mãos "Não me importo com o que vai acontecer. Não me importo se vamos ou não usar máscaras, se vamos ou não correr durante a noite por cima dos prédios de Paris, se vamos ou não nos atrasar pra aula no dia seguinte por causa de uma longa ronda" ele riu baixinho, aproximando-se dela no sofá "Não me importo com nada disso, desde que seja com você."

Marinette sentiu o coração parar. Um calor intenso tomou conta de seu rosto e suas mãos tremeram ligeiramente. Ela não acreditava nos próprios ouvidos. Nem em seus sonhos mais absurdos imaginava que aquelas palavras sairiam da boca de Adrien Agreste e que a destinatária seria ela.

"O q-quê...?" ela perguntou inclinando a cabeça na direção dele, como se não tivesse ouvido direito, como se tivesse enlouquecido, e viu ele rir timidamente, coçando o nariz.

"O que eu quero dizer é que não importa." ele sentia o rosto corar, mas as palavras não paravam de transbordar. Elas haviam ficado presas por muito tempo, trancafiadas em um mundo onde ele precisava monitorar o que dizia e o que sentia, e durante todo aquele percurso o que ele mais queria era dividir tudo aquilo com ela "Não importa, Marinette, desde que você esteja do meu lado..." ele hesitou antes de continuar "...e me deixe ficar do seu."

Marinette não conseguia se mover. Sentiu a palma das mãos suarem frio e o coração saltar no seu peito. Seu estômago girava e ela teve certeza que se não respirasse fundo pelo menos umas três vezes vomitaria de nervosismo ali mesmo na frente de Adrien. E vomitar no carpete da mansão Agreste não estava na sua agenda de tarefas para o dia, então sentiu-se inspirar e expirar profundamente uma meia dúzia de vezes antes de começar a falar.

"Adrien, eu sou..." ela começou com a voz hesitante "...só eu." e quanto terminou, viu um sorriso radiante no rosto de Adrien.

"Não é só você." ele sorriu, e em um impulso percebeu que colocava a mão sobre os dedos entrelaçados no colo dela "É você. E você é mais do que suficiente pra mim, Marinette. Mais do que eu jamais desejei ter." ele suspirou e inclinou-se para ver a expressão no rosto dela, e ali estava ela corando adoravelmente por causa dele. Sentiu um misto de orgulho e felicidade por ter aquele efeito sobre ela.

Marinette sentiu o calor invadir seu peito e percebeu que a mão de Adrien estava sobre as suas. Estava acontecendo. Aquilo realmente estava acontecendo. Viu o rosto dele inclinado na sua direção e percebeu como agora todos os traços faciais dele eram tão familiares pra ela. Antes, ela mal conseguia trocar duas palavras com ele, muito menos ficar assim tão próxima sem perder completamente o controle das próprias ações, mas agora ali ela estava. Ali estavam os dois. E a única coisa que ela sentia era que o seu coração era dele.

Marinette sentiu as sobrancelhas erguerem. Era aquilo. Adrien ocupava completamente o seu coração e seus pensamentos. Eles haviam passado por todos os estágios juntos, haviam experenciado dezenas de sentimentos e emoções juntos, grande parte delas pela primeira vez. Notou que com o passar dos segundos o olhar dele se transformava de confiante em ansioso, e percebeu o quanto aquilo tudo também era novo para ele. Marinette respirou fundo e levantou do sofá, deixando o garoto sozinho.

Adrien sentiu o estômago subir até o pescoço. Ela estava fugindo. Com certeza não estava preparada para aquilo e não sabia como dizer para ele. O garoto sentiu a palma da mão que estava em contato com as de Marinette começar a esfriar, e percebeu que o mesmo acontecia com o seu coração. Desceu o olhar até o colo, onde passava o polegar na mão solitária, procurando conforto, até que viu movimento na sua visão periférica.

"Aqui." ele ergueu os olhos e viu Marinette à sua frente, segurando um pacote. As bochechas dela estavam vermelhas e ela olhava para o lado, evitando contato "I-Isso é seu, mas a sacola rasgou então tive que fazer um pacote novo. E-eu passei em casa antes de vir pra cá."

Adrien estendeu a mão até o pacote e o agarrou, sentindo os dedos afundarem sobre o papel de presente e notou os lábios entreabrirem em surpresa. Colocou o embrulho no colo e o abriu com cuidado. Antes mesmo de ter desenrolado todo o papel, o vislumbre da cor azul já lhe dizia o que era. Ele ergueu os olhos esperançosos na direção de Marinette, e ela caminhava até a janela do quarto, de costas para ele. O dia começava a raiar e o céu parisiense abria-se em uma aquarela lilás e laranja.

"Você ganhou uma aposta, gato idiota." ele notou que ela sorria com a frase, forçando um tom invocado "Agora eu sou obrigada a te deixar ficar do meu lado." Marinette ergueu a cabeça em direção ao céu, ainda de costas para ele, cruzando as mãos nas costas "Você deu sorte dessa vez, mas não pense que eu vou-"

Marinette virou o corpo para olhar na direção de Adrien, mas o garoto estava ali, a menos de um palmo de distância do rosto dela, e ela sequer havia escutado ele se aproximar. Sentiu o coração dar uma pirueta dentro do peito. O olhar dele era sério, mas tinha algo mais ali. Um brilho diferente, uma luz que nunca vira antes. Percebeu algo tocar seu rosto e notou que era a mão dele que descansava contra a lateral do seu maxilar. O toque era quente e macio, e a sensação lhe lançava calafrios deliciosos na nuca enquanto borboletas voavam em seu estômago.

Adrien olhava o azul da íris de Marinette fixamente. Queria esquecer o mundo todo do lado de fora e se afogar ali. Percebeu a mão levantar instintivamente, procurando o toque da pele dela. Queria tocá-la, queria senti-la. Não conseguia mais aguentar aquilo. Queria que ela fosse sua. Aproximou o rosto e encostou a testa delicadamente na dela, fechando os olhos. Respirou calmamente, sentindo o perfume de cerejas. Queria se perder ali, naquele momento. Quando abriu os olhos, percebeu que a expressão de Marinette era terna e ansiosa. Ela sentia o mesmo que ele. Finalmente, eles estavam vivendo o mesmo momento juntos.

Adrien relaxou o olhar e deslizou a mão do rosto de Marinette para a nuca da garota, puxando-a em sua direção devagar. Nenhum dos dois fechou os olhos. Ele entrelaçou-a pela cintura com o braço esquerdo, e ela deu um passo na sua direção sem piscar.

Marinette sentiu o toque de Adrien puxando-a como a gravidade, e percebeu como nunca quisera nada com tanta força na vida como queria estar ali, naquele momento, nos braços do garoto que amava. Seu coração palpitava no peito com violência, mas eles estavam tão próximos que ela já não tinha mais certeza se os batimentos eram dela ou dele. Sentiu um dos cantos de seus lábios estremecer em um sorriso satisfeito com a sensação de tê-lo tão perto que mal conseguia saber quem era quem naquele abraço.

Adrien aproximou os lábios dos dela e notou a respiração ofegante e trêmula de Marinette. Hesitou por um segundo. Não queria que ela ficasse nervosa, não queria forçá-la a nada, mas quando os cílios dela caíram delicadamente sobre os olhos, fechando as pálpebras, Adrien não teve mais dúvidas. Puxou-a para si, mergulhando os dois em um beijo profundo e longo, e os lábios se perderam em uma dança de sentimentos.

'Hortelã'. Foi a primeira coisa que Marinette pensou.

Claro que seria hortelã.


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Notas finais do capítulo

Acabou? Acabou? =o
Aaaah, mas pra agradecer resolvi fazer uma surpresa pra vocês, passem pro próximo capítulo ;D