Inevitavelmente Sua escrita por Nah


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, boa leitura!!



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— Ele te beijou? – Carol estava boquiaberta, sorrindo ao mesmo tempo. Como uma amiga pode ficar feliz pela desgraça da outra?

Era domingo a tarde, estávamos deitadas na minha cama, com uma desculpa de estar assistindo um filme qualquer que passava na TV. Mas na verdade, ela estava me interrogando sobre o desastre do dia anterior.

— Por que ele fez isso hein?

— Porque ele tá afim de você, amiga. – bufei, encarando a parede branca do meu quarto.

— Ele tá sempre de papinho com as minhas funcionárias. Aposto que é um cafajeste querendo me usar, como todos.

Carol ficou séria, ponderando o que eu disse.

— Bem, eu não sei. Mas por que você está tão preocupada? Você sempre saiu com um monte desses e quem cafajestou na historia foi você. – ela falou, rindo um pouco. Dei de ombros, frustrada.

— Eu não sei, e isso está me deixando louca. – apertei mais o travesseiro que eu abraçava. – Não sei o que fazer. Só de imaginar ter que olhar pra ele amanhã... Aquele idiota. Tô a um passo de demitir ele.

— Acho que você tá é a um passo de se apaixonar por ele. – revirei os olhos e bati nela com o travesseiro. Ela riu. – Isso se não já estiver né?!

— Não fala merda, Carol.

— É sério, Mari. Nunca vi você se importar com cara algum. Eles ficam atrás de você e você nem aí pra eles. Com o Felipe você está toda afetada e preocupada. Não venha me dizer que isso não é nada.

Eu já sabia disso tudo, mas ouvir a Carol dizer foi como levar um tapa. Me encolhi ainda mais na cama, fechando os olhos. Não posso me apaixonar por ele.

O que eu sabia sobre se apaixonar por alguém? Nada!

*

Estacionei meu carro no estacionamento da empresa na segunda pela manhã. Havia tido uma reflexão bem séria comigo mesma, sobre a pessoa que encontraria lá em cima. Como a Carol frisou, estou bastante afetada e preocupada. Está na hora de acabar com isso. Preciso me controlar e me manter indiferente a ele a partir de agora. Isso iria parar meus sentimentos.

Quando a porta do elevador se abriu no meu andar, a primeira visão que tive foi a dele. Segurando um copo de café, ele conversava com Fabrício, apoiado em sua mesa. Virou o rosto e o seu olhar encontrou com o meu. Felipe ficou sério no mesmo segundo.

Saí apressada do elevador, seguindo para minha sala. Passei reto por ele, sem olha-lo, e senti sua movimentação quando passei. Ele estava vindo atrás de mim.

— Mariana, precisamos conversar. – ele disse, atrás de mim. Fiz que não com o dedo, sem nem ao menos me virar para olha-lo.

Entrei na minha sala e sentei tensa na minha cadeira. Encarei a porta por alguns segundos e nada. Ele não veio atrás de mim. Respirei aliviada. Não sabia como eu ficaria, tendo que conversar com ele sobre coisas que não fossem de trabalho. Evitar isso também está na lista de coisas que preciso fazer para acabar com essa situação.

Eu precisava demais acabar com isso. Sempre fui tão forte e independente de tudo, até dos meus sentimentos. E do nada aparece esse Bragança e bagunça tudo. Me sinto fraca quando o assunto é ele, sou fraca quando o assunto é ele. E isso não estava nos meus planos.

Trabalhei a manhã toda na campanha. Precisei sair algumas vezes da minha sala para ir a outros setores, me mantendo sempre no mesmo esquema: passar por ele fingindo que ele nem estava ali. Podia sentir seu olhar me queimando toda vez. Ele já havia percebido o que eu estava fazendo.

Dei ordem para Sabrina de que quando ele quisesse entregar algo a mim que desse a ela, para repassar para mim. Assim, evitamos encontros desnecessários. E, principalmente, que ele ficasse demais sozinho comigo nessa sala.

Quase no final do expediente, quando eu ia sair da minha sala para ir embora, ouço a voz de Felipe do outro lado da porta. Ele falava com Sabrina.

— Ela me deu ordens bem claras para que tudo que você quisesse entregar a ela desse a mim.

— Mas eu quero entregar diretamente a ela.

— Isso não vai ser possível.

— Ah, qual é!

Abri a porta no momento em que Felipe bufava. Ele parecia bem irritado e ficou mais ainda ao me ver. Ajeitei a bolsa braço o ignorando e segui em direção ao elevador.

— Mariana, espera. – Felipe vinha correndo atrás de mim. Acelerei o passo. Para a minha sorte o elevador abriu logo e eu entrei, apertando pra fechar, quase desesperada. Eu sabia que ele tentaria entrar. – O que você tá fazendo, cara?

Te mantendo longe de mim.

*

Cheguei em casa com um sentimento de vazio horrível. Fui praticamente me arrastando até o banheiro, e depois até a cozinha. Comi só para disfarçar o estomago.

Arrastei um pufe até a varanda e me encolhi sobre ele. Estava um pouco frio, mas eu precisava de ar. Fiquei encarando o céu. Havia poucas estrelas e muitas nuvens de chuva – a qualquer momento começaria o derramamento de agua. Suspirei triste. Uma voz insistia em repetir na minha cabeça “você está sozinha”. Tão incrivelmente sozinha.

Na terça-feira, eu só queria que a semana acabasse logo para eu não precisar sair de casa. Depois da deprê da noite passada, eu não estava muito bem. Cheguei atrasada ao trabalho, mas não estava ligando. Pelo menos, dessa vez não dei de cara com o Felipe logo que cheguei.

Depois, me tranquei em minha sala e não saí pra mais nada. Lá pelo horário de almoço, ouço alguém bater na minha porta.

— Entre. – falei, sem tirar os olhos do computador. Quando o fiz, encontrei o Bragança a minha frente, sorrindo pra mim. Lá vamos nós de novo. – O que você quer?

— Vim te levar pra almoçar. Você precisa comer. – suspirei e voltei minha atenção ao computador.

— Não estou afim.

— Não comece com a marra, Mariana. Você precisa comer e nós precisamos conversar.

Joguei a caneta que segurava na mesa com grosseria e o olhei com raiva. Péssimo dia pra falar comigo, Bragança!

— Eu já falei que não estou afim. Qual o seu problema? Já te dei foras e patadas o suficiente pra qualquer um perceber que eu não quero você por perto. E mesmo assim você fica no meu pé, invadindo meu espaço, me irritando, fazendo coisas que não deveria, achando que sabe o que é melhor pra mim. Só que você não me conhece, Felipe. Então faça o favor de só lembrar de mim como sua chefa. No mais, esqueça que eu existo.

Ele continuava me encarando, agora sério, sem expressão. Seu olhar abaixou para minha mesa e voltou pra mim, agora diferente. Não consegui decifrar o que havia nos seus olhos, mas ele não estava feliz.

— Entendi. – ele disse, curto e grosso, e saiu da minha sala.

Soltei o ar que estava prendendo e me permiti cair sobre o encosto da minha cadeira. Sabia que tinha descontado nele tudo que estava sentindo, mas ele também tinha a ver com isso. Eu não estava bem, e ele tinha que ficar longe.

No meio da tarde, consegui engolir uma barrinha de cereal. Me levantei, indo até a copa atrás de um copo d’agua. Antes de entrar, vi novamente a cena da ultima vez. Felipe e a funcionária lá. Mas dessa vez, eles estavam tão próximos que parecia que iam se beijar a qualquer momento. A garota me viu e fez questão de passar a mão pelo braço dele, me provocando. Ela não sabia com que estava brincando.

Senti meu estomago embrulhar. Não faria como da outra vez. Não fiquei pra ver qual seria a próxima ação dele ou dela.

Saí quase correndo e me tranquei no banheiro. Sentei sobre a tampa do vaso sanitário e apoiando a cabeça entre as mãos, chorei. Chorei mesmo. Estava cansada de me sentir sempre péssima e a ultima coisa que eu precisava era de Felipe reforçando isso.

Depois de chorar o suficiente pra ficar com o rosto todo vermelho, acho que estava me sentindo ainda mais acabada. Lavei o rosto e voltei pra minha sala, só pra acabar o trabalho que começara e ir embora. Quando comecei a mexer com os papeis, alguém bateu na porta. Respirei, irritada.

— Entre. – minha voz estava rouca pelo choro, meu rosto inchado e vermelho, mas eu não estava nem aí. Não estava até ver que o alguém era Felipe. De novo.

— Os papéis que pediu. – ele disse, distante, estendendo pra mim uma pasta.

— Achei que estava claro que é pra você entregar a Sabrina.

— Ela não está aí. – ele colocou a pasta sobre minha mesa, me analisando com mais atenção. Desviei o olhar, constrangida. – Você estava chorando?

— Não é da sua conta.

— Estava. O que aconteceu?

— Isso não é da sua conta menos ainda. – falei, ainda sem o olhar.

— Me deixa te ajudar, Mariana. – ele estava levantando a voz, irritado. O olhei com igual irritação.

— Eu não quero sua ajuda. Faça o favor de sair da minha sala.

Felipe cerrou os punhos e os bateu contra minha mesa, me assustando. Ele deu a volta na minha mesa, se curvando e agarrando os braços da minha cadeira, me virando pra ele. Continuei o olhando assustada. Seu rosto próximo do meu. Meu coração disparou.

— Só pare com isso, beleza? Pare de tentar bancar a ignorante, que não suporta ninguém. Eu sei que isso é fachada e você pode fazer a porra que quiser, eu não tenho medo de você Mariana. Tenta pelo menos uma vez na tua vida ser legal com quem é com você.

E eu não resisti. Vê-lo tão irritado, aquele rosto tão perto mim, eu tão vulnerável. Segurei seu rosto entre minhas mãos e lancei minha boca contra a sua.

Pude sentir sua surpresa, que não durou muitos segundos. Ele correspondeu com a mesma vontade que eu. Felipe agarrou meu corpo e me pôs sentada sobre minha mesa, derrubando no chão tudo que impedia isso de acontecer. Nos beijávamos com sofreguidão, sedentos um do outro, como se fossemos morrer se não o fizéssemos. O envolvi entre minhas pernas, enquanto a mão dele subia pela minha perna, encontrando minha coxa, cravando os dedos ali. Não consegui conter o gemido baixo que escapou contra sua boca – o que só o incentivou.

Felipe escorregou a boca, alcançando meu pescoço, deixando rastro de beijos ali. Me arrepiei, puxando seu cabelo e o apertando mais entre minhas pernas. Enquanto ele abaixava a alça da minha blusa, a sanidade foi voltando e eu o afastei do meu pescoço.

— Para, Felipe.

— Não. – ele tentou voltar a me beijar, mas eu o impedi. Senti meus olhos marejando.

— Por favor. – minha voz saiu embolada, voz de choro. E isso o fez parar.

Segurou meu rosto entre as mãos, e ver seu olhar preocupado foi a minha ruína. Comecei a chorar descontroladamente. Ele me abraçou, me apertando contra seu peito.

— O que tá acontecendo com você hein?

— Só saia. – eu falei entre o choro, apertando Felipe mais em mim, ironizando o que eu havia dito.

Aos poucos o choro foi cessando e eu o afastei de mim, descendo da mesa e ajeitando a roupa.

— Saia, por favor. – falei, sem olha-lo. Estava constrangida demais pra isso. Havia o beijado e chorado, ambos iguais uma louca.

— Mariana...

— Por favor, Felipe. – ele me olhou por um tempo e depois fez seu caminho até a porta, mas antes, parou.

— Eu não vou te deixar em paz.

E saiu.


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