Já faltava exatos duas horas antes do amanhecer, Yuna já estava muito melhor depois da visita de Subaru, já conseguia andar normalmente mas torcia para cair para que Subaru a ajudasse. Ela realmente desejava falar mais uma vez com Subaru.

A menina se admirava no espelho do banheiro, a pele ainda estava pálida porém, um pouco mais rosada mostrando que já estava se recuperando, suas olheiras já estavam desaparecendo e isso a deixou feliz. Enquanto se despia pensava se teria de frequentar o mesmo colégio noturno que os Sakamaki, e se caso acontecesse, teria de frequentar aulas acompanhada de pelo menos um dos meninos.

Sim, eu irei para o colégio com eles. Reiji não me deixaria aqui.

Assim que Yuna coloca a camisola dobrada em cima de uma mesinha de madeira pintada de branco sua mente vagou para quando todos eram crianças e não deixou de sorrir ao lembrar-se de todos.

Yuna relaxava dentro da banheira de água quente com bastante espuma com o delicioso cheiro de ortelã, deitou a cabeça no vidro da banheira e admirou o banheiro. O piso branco, as paredes brancas, a pia de porcelana branca a onde se encontravam objetos pessoais de limpeza entre outros, o cesto feito a mão na cor mais desbotada do marrom se encontrava ao lado da pia e um espelho de rosto acima do mesmo. Uma pequena mesa redonda de madeira pintada de branco com um único pé com detalhes de flores esculpidas a mão ficava de frente para a pia e encostada na parede do outro lado do banheiro, em cima dele, se encontrava sua camisola amarela e sua camisola roxa original a qual iria vestir após o banho. A cima da mesinha havia uma janela aberta, as cortinas branco-transparente balançavam e farfalhavam uma com a outra com o vento fresco que vinha de fora, assim como a janela que fica de frente a banheira a qual se encontrava. 

Ela soltou um leve suspiro sentindo o ar fresco em seu rosto a qual estava fora da água e pensou nas consequências futuras de ter deixado a janela aberta enquanto tomava banho. Reiji provavelmente a mataria por ficar doente rapidamente e logo quando já estava se recuperando da quantidade de sangue que havia dado aos meninos. 

A banheira de vidro era enorme, grande o suficiente para três pessoas e estava cercada por cimento enfeitado com o mesmo piso branco do chão a qual unia-se a parede do fim do banheiro. Alguns objetos como sabonete, óleos de banho, shampoo entre outras coisas se encontravam ali. Assim que Yuna pegou o sabonete para limpar-se escutou um barulho a qual a assustou fazendo-a derrubar o sabonete. A água da banheira balançava e o olhar de Yuna subiu para a sua frente.

Shu descansava a cabeça no vidro da banheira com os olhos fechados, claramente, não aparentava ligar para Yuna nua na mesma banheira que ele. Os cotovelos de Shu descansavam no piso branco na mesma altura do término da banheira e suas mãos caídas para dentro da água quente. Apenar de estar dentro de uma banheira, ainda estava vestido, vestia uma regata branca e calças preta sem sapato. Dentro da água, Yuna sentia as pernas de Shu descansarem sobre as dela.

O rosto da loura queimou de vergonha e não pode conter o grito.

— Falei baixo, assim eu não consigo ouvir a música. - Foi tudo o que ele disse severamente, sem abrir os olhos. Yuna umedesceu os lábios tentando se acalmar mesmo sabendo que era impossível, mesmo estando longe de Shu, Yuna consegui ouvir claramente  música que tocava em seus fones de ouvido. Good Bye Bye.

A mesma engole em seco desviando o olhar encontrando assim o sabonete que havia deixado cair, estava ao lado dos joelhos de Shu. Soltando o ar que estava preso em seus pulmões ela tentou chamar pelo louro, o qual a ignorava completamente. Sabendo que teria de pegar uma hora ou outra acabou desistindo do banho, com a mão tentou alcançar a toalha pendurada ao lado da banheira, mas por seus braços serem curtos teve que se aproximar mais da borda. Frustrada por ainda não conseguir pegar murmurou uma palavra e se jogou um pouco mais para a borda sentindo seus seios serem esmagados a fazendo gemer baixo.

— Gireul irkoseo deo isang sal su eobseo namgyeojin innocence. - Disse Shu. Yuna sabia que aquela frase era da música em que o louro escutava, mas queria poder entender do por quê que ele havia dito. - Não suporto viver assim, perdido, a inocência foi deixada para trás. - Traduziu ele.

Yuna finalmente conseguiu pegar a toalha e no mesmo instante conseguiu se levantar e enrolar a toalha no corpo rapidamente antes que Shu abrisse seus olhos. Pisando no tapete ela não desviou o olhar do chão de tanta vergonha, ainda assim não conseguia acreditar que Shu simplesmente entrou no banheiro dela e entrou na banheira junto com ela sabendo que ela estava ali, nua. A vergonha era tanta que mesmo com o vento gelado que entrava pela janela parecia não esfriar seu corpo de tão quente que estava.

Segurando a toalha fortemente para que não caísse ela deu um passo para frente mas a mão de Shu segurou seu pulso livre a puxando de volta para a banheira. A água quente a molhou novamente como também molhou a toalha. Sentada no colo de Shu completamente envergonhada soltou um gritinho atrasado,  Yuna tentou se levantar mas Shu a segurou e a puxou para baixo novamente, sabendo que não teria outro jeito calou-se com o corpo pegando fogo, até a água parecia gelada para ela.

— Sabe do por quê de eu ter dito isso, Yuna? - Perguntou Shu calmamente ainda sem olhar para ela.

— N-não... - Gaguejou ela engolindo em seco.

— Você não é a mesma de antes. Mudou.

— E... - Começou ela sabendo que a frase de Shu havia terminado, não sabia se estava o interrompendo, mas sentiu que deveria dizer algo. - I-isso é bom? - Gaguejou ela novamente se sentindo frágil nos braços de Shu.

— Eu não sei. Me diga você, Yuna. Isso é bom? - Houve uma pequena pausa para que a mesma refletisse sobre a pergunta de Shu, Yuna abriu a boca para responder mas ele a interrompeu. - É bom não ser mais inocente? - Ele finalmente a olhou nos olhos.

A pergunta de Shu a pegou de surpresa, seus olhos se arregalaram com a tamanha surpresa, mas assim que olhou para dentro dos olhos azuis como um mar de águas cristalinas do adolescente, sentiu algo esfriar o seu corpo de dentro para fora, um efeito imediato. Yuna estava com as bochechas vermelhas, mas não deixou de perguntar.

— O-o que quer dizer c-com isso, Shuu-kun? - Ela abriu um sorriso, porém não perdeu a seriedade. Yuna pensou no quanto sua aparência séria o deixava extremamente sexy e no mesmo instante desviou o olhar envergonhada sentindo seu corpo esquentar novamente.

— O que eu quero dizer, Yuna... - Shu chegou mais perto do rosto virado de Yuna, pegou em seu queixo e a fez olhar em seus olhos azuis. - Por que cresceu tanto? - Seus rostos estavam tão perto um do outro que cada um podia sentir a respiração do companheiro. - Você não é mais aquela criança... Agora já é uma mulher. - Yuna mexeu seus pés de baixo da água quente sentindo-se um pouco incomodada com a situação, mas estava amando estar tão perto de Shu, porém, desesperada. Mesmo não conseguindo ver, ela sentia o sorriso de Shu. - Já posso vê-la com outros olhos agora.

Yuna fechou os olhos desesperada prendendo o ar, sentiu a mão de Shu passear pelo local de sua mordida, assim fazendo-a sentir o quão faminto o louro estava, ela abriu os olhos e entreabriu os lábios para assim declarar que já estava se sentindo melhor, e que o deixaria sujar seu sangue. Não foi o que aconteceu.

Por um segundo, por um misero segundo ela sentiu os lábios de Shu tocar nos seus, porém, na mesma velocidade em que Shu apareceu na banheira, ele desapareceu deixando os lábios de Yuna formigando por mais.