A loura fazia força para conseguir abrir os olhos, seu sono estava tão bom, porém infelizmente, sabia que tinha que acordar. Assim que abriu os olhos soltou um longo suspiro frustrado sabendo que ainda estava se acostumando ao horário dos meninos. Coçou os olhos vermelhos de sono e olhou ao seu redor abrindo um enorme sorriso a qual não queria conter. Era o mesmo quarto em que ficava quando criança.

A enorme cama com lençóis de seda rosa-claro e edredons lilás dobrados no fim da cama caso esfriasse, muitos travesseiros quadrados se encontravam atrás de mais dois travesseiros grandes e brancos. O mesmo carpete branco. Os mesmos cômodos de madeira clara, os mesmo livros nas estantes, as mesmas fotos... Yuna olhou para o próprio corpo e viu que não estava mais com a camisola que havia vestido, agora estava com uma outra camisola mais curta em um amarelo quase transparente a qual mostrava exatamente o desenho da calcinha que usava.

Empurrou as cobertas para o lado pensando que isso deveria ter sido um presente de Laito, envergonhada foi para a beirada da enorme cama para se levantar e começar sua rotina matinal, porém, assim que pôs seus pezinhos no carpete fofo branco sentiu suas pernas tremerem de fraqueza. Mãos enormes e firmes seguraram seus ombros antes que pudesse cair, em um piscar de olhos estava de volta na cama, no mesmo lugar de antes e coberta.

— Não deveria se esforçar tanto, Yuna. - Disse Subaru sentado de costas na beirada da cama. A loura ainda se recuperando do susto teve que piscar algumas vezes para se acalmar. - Você perdeu muito sangue... - Yuna sorriu timidamente.

— Eu não perdi nada Subaru-kun.

O mesmo virou a cabeça mais para o lado impedindo Yuna de ver seu rosto. Ela desejava tanto poder saber o que se passava na cabeça de Subaru. Ela suspirou e desviou o olhar para suas mãos em seu colo e notou que sua pele ainda estava pálida por causa da fraqueza, ela sabia que tinha perdido, não, que tinha dado sangue de mais para os meninos, mas ela sabia que eles estavam com fome. Sabia que não tinha como ter feito algo melhor do que ter dado seu sangue.

— Yuna... - Sussurrou Subaru, a garota ergueu seu olhar para o albino que ainda estava na mesma posição de antes. - Você fugiu de nós... Por quê? - Sua voz era suplicante, ele realmente queria saber. Subaru se virou para a loura fazendo as molas da cama rangerem de velhice sabendo que já estava na hora de comprar outra, seus olhos vermelhos a encaravam, implorando silenciosamente para que ela respondesse. - Diga-me Yuna, qual foi o real motivo de ter fugido de nós? - Sua expressão estava séria, mas sua voz tremula. 

Yuna queria contar para Subaru do por quê de seu desaparecimento repentino, mas, ela ficou pensativa, lembrou-se de quando todos eles eram crianças. Lembrou-se principalmente de Subaru. Ele era quieto e solitário, vivia olhando para a janela de uma torre, para a sua mãe. Yuna sabia que seu canto predileto era o canteiro de rosas vermelhas envolto da torre. Quando ela falava com ele, Subaru a tratava com desprezo e muito sarcasmo, porém, sempre cedia ao sangue da mesma. Era o único momento em que ela sentia realmente o quão solitário estava, e o quanto doloroso eram seus sentimentos. Ele apenas precisava de carinho. Pensou Yuna.

— Su... Subaru-kun... - Começou ela relutante. - Você mudou tanto... - Comentou ela abaixando o olhar querendo conter as lágrimas. - Você está tão... Diferente comigo... - Silêncio, ele não a respondeu, parecia que ele queria que a mesma continuasse e assim fez. - O que... O que aconteceu com você? - Perguntou ela decidida.

Subaru suspirou desviando o olhar para a parede em branco pensativo. Yuna arrependeu-se de ter continuado, de ter perguntado, porém, não dá para mudar o passado. Ela suspirou pesadamente voltando a abaixar a cabeça em um pedido silencioso de desculpas. A cama se moveu e a mesma sentiu seu corpo esquentar. Em um piscar de olhos estava com a cabeça escorada no ombro de Subaru com um de seus braços apoiados em suas costas, sua enorme mão acariciava sua cabeça.

— Eu pensei que sem você aqui seria melhor para mim, mas eu estava enganado. - Yuna mordeu seu lábio inferior envergonhada. As longas pernas de Subaru estavam acima dos lençóis cruzadas no tornozelo e sua outra mão estava caída no colo do mesmo. Yuna sentiu o corpo de Subaru se enrijecer de raiva, mas não podia fazer nada a não ser escutar, esse foi o momento em que ela mais desejou poder ler seus pensamentos. - Lembro-me de quando você vinha me incomodar, não importava a onde eu estava, você ia lá me irritar e me fazia beber seu sangue... - As palavras finais pairavam no ar.

Yuna puxou as pernas mais para si sentido-se incrivelmente idiota  e pequena perto de Subaru. Deixou-se levar pelo momento, ela estava amando poder ser acariciada por um dos meninos que ela amava, afinal, já estava na mansão a mais de dois dias e esse é o primeiro contato físico que os meninos fazem des do dia no colégio. Ou melhor, Subaru é o primeiro a tocar em Yuna. 

Subaru brincava com uma mexa louro da cabeça de Yuna, ele parecia pensativo, ela sentia que ele queria dizer algo mais, porém, o única coisa que disse foi:

— Depois que você foi embora dizendo que nos odiava, eu percebi o quanto eu gostava de ser incomodado.

Por um momento o coração de Yuna falhou em um sentimento forte. Ela sabia que o amava, mas não sabia o quanto. Umedesceu os lábios com a língua querendo dizer algo para Subaru, porém, não vinha nada em sua mente.

— Trouxe seu café da manhã. - Disse ele cortando os devandeios de Yuna, Subaru soltou a mexa de cabelo de Yuna suspirando pesadamente, como se estivesse arrependido de algo, provavelmente de ter contado algo tão pessoal. Yuna subiu o olhar para os olhos de Subaru encarando aquele vermelho intenso com um fundo negro. - Espero que goste de chá de gengibre. - Disse ele saindo do conforto da cama, Yuna sentiu imediatamente a consequência de estar sozinha, sentiu o frio repentino fazendo seu corpo inteiro arrepiar-se, instantaneamente encolheu-se puxando os lençóis em uma tentativa falha de aquecer o corpo. - Está ao lado do edredom.

Ele enfim abriu a porta e sem olhar para trás a fechou com um último suspiro. Yuna suspirou tristemente levando sua mão a mordida de Subaru a qual estava com um curativo, porém, ela sentiu um pouco de dor e gemeu baixo por causa do susto. Olhou para o curativo e viu que a ferida estava aberta, estava sangrando.

Esses efeitos que você consegue fazer em mim...