Noiva em fuga escrita por Zabalza


Capítulo 3
Encrenca em dobro


Notas iniciais do capítulo

Espero que você tenham sobrevivido ao episódio 12 ♥ estou até agora sem acreditar naquela maravilha.
Enfim, história!



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Creck. Eu senti todos os meus ossos estalarem quando virei para o lado, o sofá não é um bom lugar para dormir. Apaguei por algumas horas, provavelmente já era de manhã, pelo menos hoje é domingo, não vou ter que me preocupar em correr para me arrumar. Abri meus olhos lentamente, vendo duas silhuetas sentadas no sofá, bocejei um pouco antes de sentar e colocar os óculos, eram Magnus e uma garota. Espera, uma garota?! 

Dei um pulo no sofá, e pude senti ele desequilibrar de leve. Dando uma boa olhada, aquele rosto me era familiar: a garota que eu trouxe para casa! Ela estava com uma blusa da "Lady Gaga" e uma cueca box, onde ela arranjou essas roupas?! Os dois se assustaram com minha reação, me encarando em silêncio. 

— Bom dia para você também.— Magnus disse, pegando o controle da televisão.— Ah, a propósito, já temos um nome, Isabelle.— ele disse em um tom indiferente, surfando nos canais da televisão. 

— Oi, você é o Simon, não é?— ela sorriu.— Desculpa, eu acabei vendo seus nomes no travesseiros, é serio que você ainda borda ele lá? De qualquer jeito. 

— Minha mãe que faz isso.— provavelmente ela acha que eu sou um bebê gigante, essa situação não poderia ficar pior.— É um prazer te conhecer. 

— Ela vai ficar um tempo aqui, é bom você se acostumar com o sofá.— ótimo, obrigado por tomar essa decisão sozinho, Bane. Eu me levantei, massageando minhas costas um pouco. 

— Eu posso  ficar cuidando da casa! Cozinhar também se quiser...— disse um pouco envergonhada.— Só não quero voltar para casa..— quase cai para trás quando a olhei, seus olhos brilhavam, as sobrancelhas estavam arqueadas, queixo levemente caído: esse era o típico olhar de cachorro sem dono. Eu não fui treinado para sobreviver situações desse tipo! 

— Tudo bem.— sussurrei, levando pelo momento. Ela e o Magnus comemoraram, será que isso é um complô contra mim? Não era você que estava reclamando de eu ter colocado uma estranha no meu quarto? 

— Ah propósito, eu fiz café!— Isabelle disse animada. Opa, talvez sua estadia aqui não fosse ser uma das piores. 

Minha barriga roncou quando ela disse isso. Fiz meu caminho até a cozinha, esperançoso,  engraçado, por ela ter dito que era "muito nova" para se casar, achei que ela não sabia fazer nada das tarefas domésticas. Cedo demais para comemorar. Os ovos não deviam ficar amarelos? O que era para ser isso preto? Não me diga que é pão. É só colocar no maldito grill e pressionar, como ela conseguiu fazer isso? 

Me aproximei daquela "mesa de horrores" olhando o que era para ser meu café da manhã. Ronc. Certo, nessas condições não tenho muita escolha: coloquei os ovos nos..pães e levei o prato até a sala. Os dois estavam conversando, decidi não atrapalhar e sentei no sofá onde dormi e fiquei assistindo televisão, enquanto comia o meu "café da manhã". 

Eu podia ver o sorriso em seu rosto quando ela falava com o Magnus. Aquele brilho no olhar acabou me lembrando do sonho que eu tive noite passada: Eu estava deitado debaixo da macieira, conversando com um menino, tinha olhos azuis, cabelos negros. Por que eu acabei me lembrando disso de repente? Alguma coisa nela me lembrava alguém, mas eu não conseguia dizer o que, será que ela tem um irmão ou algo do tipo? Acho que não mataria perguntar. 

— Ei.— disse engolindo o sanduíche.— Sua família não vai ficar preocupada se você sumir?— tentei começar o assunto aos poucos. 

— Não, meus pais me ignoram, basicamente. Devem estar mais preocupados com a imagem da família e coisa do tipo.— ela suspirou.— Porém, meus irmãos.. 

— Você tem irmãos! Acho que você mencionou no metrô no outro dia..— disse e ela riu sem jeito. 

— Bem, eu tenho um de criação, o Jace, e um de sangue, Alec.— eu juro que pude ver Magnus virando o rosto quando ela disse essas palavras, que estranho. 

— Notícias de última hora!— a novela mexicana matinal foi interrompida, cortando bruscamente para o jornal.— A modelo e recentemente atr- — Isabelle pegou o controle em mãos, logo mudando de canal. 

— Que coisa chata, não é? Vamos ver outra coisa.— riu nervosa. 

— Ah, qual é, deixa eu ver.— eu me inclinei em sua direção, tentando tirar o controle de sua mão. Ela relutou bastante, levantando-se fora do meu alcance, mas mesmo não tendo o totalmente em mãos, consegui apertar o botão de voltar, trazendo o canal de volta. 

— Está desaparecida, familiares afirmam que ela casaria com o famoso escritor Meliorn, porém não chegou nem aparecer na igreja.— uma pequena foto apareceu no canto da tela, eu dei uma mordida pequena no sanduíche.— Fontes afirmam que a viram entrando no metrô na noite de ontem. 

Quando assimilei os fatos, praticamente cuspi todo o sanduíche para fora, Magnus deu um pulo, olhando freneticamente para a televisão e depois para ela. Pelo amor de deus, o que nós teríamos feito? Estávamos abrigando uma modelo fugitiva em nossa casa! Se a polícia visse isso nós poderíamos ir presos, eu não quero ter que raspar o cabelo e ir para prisão, lá não tem como assistir série e jogar D&D! 

— Podem ligar, digam que sabem onde eu estou, ganhem a recompensa logo.— pude sentir o peso da sua voz, ela virou o rosto. 

A sala caiu em um silêncio desconfortável, acho que todos nós estávamos em choque, o que deveríamos fazer em uma situação como essa? Ela não queria que eu visse a notícia, por que provavelmente não quer voltar de jeito nenhum. Não sei como deve ser a vida de celebridade, mas eles devem sofrer uma pressão horrível por tudo que fazem, será que ela só não consegue lidar com tudo isso e mais um casamento? A mulher do jornal disse que ela é modelo, deve ser pior para ela, como eu sou fotógrafo, convivo muito com a realidade de algumas mulheres: horários regrados, dieta rígida, muito exercício. É claro que cada um escolhe o caminho que quer seguir, ninguém obriga elas serem assim, ou será que obrigam? Eu sei muito pouco sobre tudo isso, chego até ser ignorante. 

Afinal, nós não estamos mantendo ela de refém, certo? Então não podemos ser presos, eu acho. Tecnicamente não tem nada de errado em deixar ela ficar para clarear um pouco suas ideias, acho que não vai ser um grande trabalho. 

— Ei, não ache que só por que é famosa vai ter boquinha aqui.— eu disse, encarando-a.— Ainda vai ter que limpar a casa.— um sorriso enorme surgiu no rosto de Isabelle, ela veio em minha direção e me agarrou em um abraço apertado, acho que ela tinha certeza que nós a entregaríamos. 

— Eu posso ficar?— sua voz saiu abafada, seu rosto estava totalmente escondido no meu peito. Eu não resisti, tive que retribuir o abraço, mesmo que de forma sutil. 

— É, você pode ficar.— falei, super sem jeito com a situação.— Agora vamos ter que dividir os travesseiros, certo? Minhas costas agradecem. — a soltei, mesmo que insistisse no abraço. 

 Suspirei e dei uma olhada para o Magnus, ele estava olhando fixamente para a janela. O que foi que eu disse que abalou-o tanto? Seu olhos pareciam vazios, como se ele tivesse perdido em memorias. Talvez fosse melhor perguntar mais tarde, ele parece querer ficar sozinho  

— Simon, você escutou o que eu te disse? 

— Ah, foi mal Isabelle, tava pensando em umas coisas. 

— Pode chamar de Izzy, eu estava dizendo que eu vou fazer algo especial para o almoço!— falou esbanjando felicidade. Não, não péssima ideia. 

— Ah, que tal a gente só pedir alguma coisa?— disse, tentando não parecer rude. Se ela fez aquilo com um simples ovo, não quero ver o que ela é capaz de fazer com macarrão ou qualquer coisa do tipo.


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