Noiva em fuga escrita por Zabalza


Capítulo 2
Discrição é a chave


Notas iniciais do capítulo

Eu acho que vou manter terça/ quarta como dias de postagem! vou adiantar o capitulo hoje por conta das emoções de amanhã. Espero que gostem!



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Eu dedilhava o banco da frente do táxi nervoso, vamos atende! Eu sei que você não está dormindo a essa hora.  Eu já tinha preparado tudo que eu diria, todas as linhas e detalhes, tentaria parecer que eu não estou em total desespero. 

— Alo?—  escutei o barulho da televisão estourar pelo telefone, até distanciei ele do meu ouvido de leve.  

—  Magnus! Eu estou no táxi indo para casa com uma noiva fugitiva que deu perda total.—  ri nervoso. Merda! Meu discurso não serviu de nada 

—  Isso é alguma desculpa para não ter comprado a comida do Presidente  Miau?—  ele suspirou, com um certo deboche.—  Não colou. 

—  Eu não estou brincando! Ela dormiu na minha bolsa no ónibus, eu não iria deixar ela lá jogada. 

—  Se isso for uma brincadeira, você vai lavar prato pelo mês inteiro. 

—  Não é! Você pode por favor descer para me ajudar? Ela pode dormir no meu quarto, juro que de manhã ela vai para algum outro lugar. 

— Tudo-—  ele deu uma pausa, pude escutar a voz da Senhora Margarett gritar "Magnus Bane abaixa essa televisão"—  Meu nome não é osso para ficar na sua boca, velha! Vai arrumar o que fazer—  Ele respondeu com um grito, eu vou ficar surdo nesse ritmo.—  Essa velha chata não aprecia música boa, já vou descer, calma.—  Desligou. Que ele não vá bater boca com uma senhora de oitenta anos, por favor. 

 Podemos dizer que nossos vizinhos não eram bem receptivos, odiavam música alta, barulhos e muita conversa no elevador, tudo que meu colega de apartamento, Magnus, ama fazer. Além da Senhora Margarett, outro morador , o do andar inferior ao nosso, Senhor Richard, vive reclamando dele, até me recordo de um dia que o Magnus jogou um balde de água nele, tivemos que pagar uma multa, mas valeu a pena, a cena foi cômica.  

Mesmo assim, espero que ele não vá entrar em discursões, estou um pouco necessitado de ajuda no momento. 

O taxista encostou na calçada, de frente para o meu prédio, me adiantei em caçar o outro com os olhos, onde será que ele tinha se metido? Já faz uns vinte minutos que eu tinha ligado. O avistei perto da portaria, jogando conversa para uma das garotas do prédio, não é hora para isso! 

—  Magnus !—  abri a janela e gritei. Ele deu um pulo, virando-se para mim, apressou-se em vir na minha direção. 

— Espero que saiba que- —  ele abriu a porta do carro e olhou para a garota dormindo em meu colo.—  Tem uma noiva fugitiva que deu perda total em seu colo, não era para ter uma noiva fugitiva que deu perda total no seu colo!—  esbugalhou os olhos, deixando seu queixo cair um pouco. 

—  Você jura?—  eu a levantei com cuidado, ele a tomou em seus braços com cuidado.  

Eu paguei o taxista rapidamente e saltei para fora. Nós nos olhamos em silencio por um momento. 

—  É melhor nós entrarmos. 

—  Isso tá estranho.—  concordamos e fomos em direção ao elevador. 

Passamos direto pelo porteiro, não seria nada agradável ter que explicar a situação, para ninguém na verdade. Chamei o elevador, e graças a deus, estava parado ali, entramos e pressionamos o andar. 

—  Segura a porta!—  uma mulher correu em direção ao elevador, colocando sua mão entre as  barras de metal , antes que elas se fechassem, as fazendo retrair. Apertou o botão de seu andar e se virou com um sorriso para nós. O brilho no seu rosto logo desmanchou, olhando para a garota apagada. Um silencio constrangedor reinou no lugar, meus olhos mantiveram-se fixos no visor, torcendo para chegarmos logo. 

 Minhas preces foram ouvidas, quando chegamos no décimo segundo, praticamente nós atiramos para fora do elevador e nos trancamos dentro de casa. 

Nossa respiração se tornou o som ambiente do lugar, acho que estávamos muito chocados para falar alguma coisa. Ficamos assim por um tempo, tentando processar tudo que tinha acontecido: Trouxemos uma estranha para casa, ela está apagada, uma moradora viu. Só espero que ela não ache que somos assassinos ou coisa do tipo. Bem, mas se alguém contasse que ficou com pena de uma noiva e a trouxe para casa, eu chamaria a polícia. 

Voltei a mim quando escutei um miado, se aproximando, o gato do Magnus. Ele equilibrou-se nas patas traseiras, e ficou cheirando a garota desacordada.  

— Sai, gato.—  o enxotei. 

— Ele tem um nome, e é Presidente Miau.— disse, olhando seriamente para mim.— Você queria que eu chegasse para você e dissesse: " Sai, humano" ? 

— Vamos só colocar ela no quarto.— eu disse com um sorriso troncho no rosto. 

Andamos com pressa até lá, graças a deus, a faxineira tinha ido esse final de semana e meu quarto estava transitável. Colocamos ela em minha cama, com muita dificuldade, já que esse vestido de noiva cobria quase metade, e fomos de volta para sala, chegar em um senso comum sobre o que fazer. Acho que a cara de choque do Magnus dizia tudo, estamos lascados. 

— Temos uma mulher em casa, isso significa que vamos ter que ter mais cuidado.— disse, sentando perto da minha bolsa. 

— É só uma garota, não é como se a Lady gaga tivesse aqui em casa.— revirou os olhos e cruzou os braços. 

— Não é "só" uma garota, como você pode agir tão normalmente?. 

— Já conheci várias, não é novidade. É só esperar ela acordar e a gente despacha ela.— sentou no braço da poltrona.— Afinal, por que ela está vestida assim? 

— Ela me disse que era muito jovem para se casar, então, fugiu da igreja. 

— Espera, se ela fugiu, não tem para onde voltar. Simon Lewis, onde você meteu a gente? 

— Calma, eu vou dar um jeito, eu só não podia deixar ela largada lá, existe muita gente ruim no mundo. 

— Você sentiu pena por ela, que fofo.— apertou minhas bochechas um pouco, dei uma tapa em sua mão e desviei o olhar. — Só espero que essa "pena" não interfira na minha aeróbica das 3 da manhã. 

— Eu vou dar um jeito, juro. Talvez ela tenha alguém conhecido que possa a abriga-la. 

— Bem, oremos.— se levantou. 

— Ah, aqui está a comida, tá me devendo 5$.— eu abri minha bolsa, sacando de lá um pacote de comida de gato. Ele segurou o pacote com um enorme sorriso, logo indo para a cozinha, o gat- Presidente Miau o seguiu. 

Talvez Magnus estivesse certo, eu não pensei nas consequências de traze-la para casa, mas acho que foi normal minha reação, seria covardia fingir que nada aconteceu e ter largado ela lá. Eu não posso tirar conclusões precipitadas, a melhor coisa que eu posso fazer agora é esperar ela acordar. Isso me lembra, é melhor eu tirar uma soneca, com toda essa agitação, não consegui tirar um cochilo no trem. 

Fui em direção ao meu quarto, pegar alguns travesseiros. Dei uma boa olhada, todos eles pareciam estar na cama com ela, ótimo, estendi a mão para pega-los, porém, me faltou coragem, talvez ela esteja precisando de um bom descanso mais do que eu. Peguei um cobertor no armário e a cobri com cautela, para não acabar despertando-a. Eu posso ficar confortável com aqueles travesseiros da sala, o sofá também não era tão duro assim. Virei meu corpo e voltei para a sala de mãos vazias, pelos menos, era por uma boa causa.  

Deitei no sofá e encarei o teto. Vê-la dormindo assim me lembrou de alguém, os seu rosto, era muito similar de alguém que eu conhecia. Eu fechei os olhos, tentando pescar na minha memória.  

 

 

  

 


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