Fairy Tail Next Generation - Éclair Fata Arco 1 escrita por DemiVal


Capítulo 8
Parte 7 - Valkíria




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Parte 7

Valkíria

 

Aquela sensação… Esquecida quando me ria com os meus amigos… mas relembrada quando estava só… A sensação de que esquecera alguém… alguém importante.

Quem é ela? Quem é ela!... As palavras ecoavam na minha mente. Procurando uma resposta enquanto eu corria atrás daquela rapariga, embrenhando-me pelo bosque.

“- Esquecer é a forma que o ser humano tem para aliviar a dor. – Disse-me uma vez a minha mãe.”

Dor. Lágrimas ameaçavam escorrer pela minha cara. Limpei os olhos e reparei que a rapariga que perseguia tinha parado ali, num largo. Ataquei-a.

—Lightning Dragon Fist! – O meu braço encheu-se de trovões e tentei esmurrar a rapariga, porém ela desviou-se, dando um mortal para trás.

Quem és tu? Quem és tu?

Por alguma razão eu fervilhava mais do que era costume… estava irritada com algo… talvez com esta pergunta que me teimava ficar na cabeça. Quem é ela… Quem é ela…

Ataquei de novo. Mas da maneira que a atacava qualquer um se podia desviar. Não estava a pensar… As minhas emoções estavam a atrapalhar de novo. Os meus dentes teimavam em ranger. Rosnava de fúria enquanto a rapariga se desviava a todos os meus ataques. A minha ira apoderava-se de mim… de novo. Tinha que parar… tinha que parar agora! Forcei o meu corpo a imobilizar-se. A minha respiração tornou-se ofegante enquanto olhava a rapariga e tentava controlar a minha fúria.

Quem és tu? Quem…

“-Olá… O meu nome…”

O murro da minha adversária acertou-me em cheio na cara, atirando-me ao chão. Desviei-me do ataque seguinte rebolando para o lado e preguei-lhe uma rasteira, fazendo-a perder o equilíbrio. Aproveitei a hipótese para me erguer, afastando-me dela. O que foi aquilo? Pensei incrédula Uma…Uma memória? Mas…

Novo murro, desta vez no estômago. Caí de joelhos agarrando a barriga. A rapariga agachou-se para ficar ao meu nível, agarrando o meu cabelo para me levantar a cabeça e me forçar a olha-la nos olhos. Os olhos dela…

—Hoje vamos brincar às escondidas!”

—…Não é muito o meu estilo magoar as pessoas. – Ouvi ela ainda dizer. Os olhos azuis dela fitavam os meus. Aquele azul. Já o tinha visto em algum lado.

“-Porque estás aqui?”

A rapariga largou-me a cabeça.

—O que se passa? Pareces muito assustada… - Ela riu. – Não é preciso preocupares-te… não te vou matar. Tal como os meus parceiros disseram nós viemos aqui raptar-te.— Disse ela elevando-se, virando-me as costas e caminhando até se sentar numa pedra ali perto.

“-Amanhã brincamos mais Val…!”

S…Sa…Uma palavra tentava formar-se na minha mente… A rapariga continuava a falar mas eu estava demasiado envolvida nos meus pensamentos.

Naquele passado...

“-Hoje vais fazer a tua primeira amizade… - Disse-me a minha mãe. Eu olhei-a confusa.

—Mas aqui, no centro, todos são meus amigos… - murmurei. Ela sorriu.

—Verdade… Todos gostam muito de ti… mas tu não tens nenhum amigo da tua idade Valkíria… - Respondeu-me.

Estávamos as duas a descansar no nosso pequeno e acolhedor quarto. Eu vivia num centro de pesquisa de magia nessa altura. A minha mãe tivera essa escolha, mais tarde dissera-me que era para me proteger. Nesse dia iria entrar uma nova rapariga que ficaria no nosso quarto.

—Porque é que ela vai ficar no nosso quarto? – Perguntei, afinal cada um tinha o seu cubículo.

—Ela tem apenas 4 anos Val... Não achas que seria um pouco assustador para ela ficar num quarto sozinha? Além disso… ela irá sentir-se melhor aqui se tiver alguém da idade dela para brincar não achas? – Perguntou-me fazendo-me cocegas no pescoço com o seu focinho. Ri-me, finalmente iria ter mais alguém para brincar.”

Um passado do qual não me lembrava…

Um pontapé atirou-me para longe.

—Mas tu estás a ouvir-me? – Perguntou irritada a rapariga. – Uma das coisas que eu mais detesto são as pessoas ignorarem-me…

Levantei-me com dificuldade. Calculei ter umas duas costelas partidas resultantes do pontapé.

—Demon Curse: Activate. – Disse sentindo uma força imensa percorrendo o meu corpo. Senti a cauda a crescer, os cornos a saírem-me ao pé das orelhas e as unhas cresceram. Olhei-a e ela olhou-me, sorrindo.

Lançamo-nos uma á outra. Usei os meus poderes para manipular o ar e atirei-a contra a pedra que á momentos ocupara. De seguida manipulei a terra e tentei acertar-lhe com vários calhaus de tamanhos diferentes.

Estava frustrada e irritada... Aquelas memórias… de onde vinham? Eram minhas? Claro que eram… eu aparecera, a minha mãe aparecera. Mas… então porque não me lembrava eu delas?

Estávamos no nosso quarto, eu e a minha mãe entretínhamo-nos a jogar Shiritori enquanto esperávamos a rapariga. De repente a porta abriu-se e Fuko, uma rapariga que trabalhava no centro, entrou com uma pequena miúda. Vi Fuko a baixar-se para falar com a rapariga.

—É aqui que vais viver durante os próximos tempos. Se melhorares depressa talvez saias daqui a uns meses! – Exclamou ela sorrindo. A minha mãe levantou-se.

—Olá… É tão bom receber-te… O meu nome é Seira! – Exclamou ela sorrindo. Depois olhou-me. – Valkíria o que estás a fazer? – Estava paralisada. Na minha vida inteira nunca conhecera uma pessoa nova… durante aqueles três anos sempre convivi com as mesmas pessoas… Escondi-me atrás da minha mãe. Ouvi-a suspirar.

—Seira… os pais dela ainda querem falar contigo… - Informou Fuko. A minha mãe sorriu.

—Então vamos… - Murmurou caminhando até à porta. – Valkíria, querida… Eu volto já… sê uma boa menina e cuida da nossa nova companheira até eu voltar, sim? – Eu olhei-a. E baixei a cabeça dizendo sim hesitantemente. Ela saiu com Fuko. Deixando-me a mim e à outra miúda sozinhas.”

—Merda….- murmurei cerrando os punhos. Mas o que raio se está a passar… eu não me lembro de nada disto ter acontecido. Lágrimas correram-me dos olhos. A minha cabeça latejava, era uma dor insuportável. Desativei a Demon curse e forcei-me a não gritar. Em vez disso entoei a melodia como sempre fazia… uma melodia que eu criara, era uma melodia que me acalmava. Laxus ensinara-me a fazer isso… Se não me controlasse… aquilo podia voltar.

—O que… - Ouvi a rapariga dizer. Ela caiu de joelhos no chão, agarrando a cabeça. – O que é isto… - A seguir gritou. Era um gritou horrendo. Parei a melodia e olhei-a. Algo estava mal. Aquela sensação… Aquela presença.

Zeref… Um demónio do Zeref… Mas como era isso possível? Seria ela…

Nesse momento o meu irmão e os outros dois atacantes entraram em cena. Estava demasiado distraída para ouvir o que quer que fosse que os outros tinham a dizer… eu apenas olhava a rapariga de cabelos pretos que agora adquirira uns olhos num tom vermelho.

Não pode… ela… Ela também lá esteve?

Nesse momento tornou-se demasiado para eu suportar. Tinha uma dor de cabeça horrível. Estava exausta e ferida… Estava paralisada. Ouvi Ray a gritar o meu nome, e pela minha visão um pouco esborratada vi ainda um vulto… Depois senti um calor e alguém agarrou-me, senti o seu toque quente na minha anca… Olhei-o. Era Natsu, murmurei algo e pareceu-me ouvi-lo falar, tentei focar a minha visão e reparei que Tsuki e Karen também lá estavam… tentei sorrir ao dizer os seus nomes… estava tão feliz por os ver de novo.

Nesse momento tudo ficou escuro…

Olhava o chão não querendo enfrentar a nova rapariga. Entrelacei os dedos como sempre fazia quando estava nervosa. A rapariga mexeu-se para poisar as malas que trazia. Reparei que uma delas era grande. Ela abriu-a e retirou de lá uma coisa que eu nunca vira, pousando-a no chão. Depois ajoelhou-se e uma calma melodia encheu o quarto.”

Gritos…

“A melodia parou. Sentia-me mais calma e confiante. A rapariga olhou para mim e sorriu.

—Muito fixe, hã? Ainda não toco muito bem…  - Murmurou ela olhando aquela coisa. Depois olhou-me. O sorriso… aquele sorriso…”

Fogo…

“Os olhos dela iluminaram-se.

—Espero que um dia a minha musica, o meu piano, traga felicidade ás pessoas… Tal como te trouxe a ti. – Aquele sorriso… Olhei-a sorrindo também. Já não estava nervosa. Era como se já nos conhecêssemos desde sempre.

—Eu sou a Valkíria… Valkíria Magnória… - Murmurei caminhando até ela. Reparei que ela era um pouco mais alta que eu. Ela sorriu-me, colocando a mão entre as minhas orelhas e afagando a minha cabeça.”

Sangue…

“A rapariga sorriu-me.

—O meu nome é…”

Forcei-me a abrir os olhos. Respirei fundo, sentindo a força com que o Natsu me agarrava.

—Sakki…- Não, já não tinha o direito de lhe chamar assim. Sorri ironicamente. - Não… Sakumi…

“O meu nome é Sakumi Fullbuster… Espero que sejamos melhores amigas!”

Lágrimas rolaram-me pelas faces.

—Desculpa… - murmurei finalmente. E foi aí que tudo se apagou completamente.

“-Não estás farta de cá estar? – Perguntei-lhe eu. A rapariga de cabelos pretos olhou-me confusa.

—Porque haveria?

—Já cá estás há mais de 2 meses… Não tens saudades de casa? – Ela sorriu-me.

—Tu já cá estás há quase 5 anos Val… Deves estar mais farta que eu… - Respondeu ela.

—Mas eu sempre vivi aqui… esta é a minha casa! – Exclamei balançando as pernas. Estávamos as duas sentadas no pátio do centro de pesquisa, olhando o horizonte. – Tu tens a tua casa… e a tua família…

—Também a tenho aqui… Tu e a tua mãe fazem parte da minha família… Tal como todos aqui no centro… - Murmurou sorrindo. Olhei-a confusa.

—Mas ela não é tua mãe… e eu não sou tua irmã… - Expliquei. Ela observou-me.

—Val… uma família não é feita de sangue mas de laços…”

Os meus olhos abriram. Estava tudo branco… como era de costume. Levantei-me e olhei-o. Um pouco mais há frente lá estava ele. Sentado de costas para mim. Desde que me lembro que ele cá está.

—Brimstone…O que é isto? – Perguntei-lhe rosnando. – O que são estas memórias? Andas a fazer mais um dos teus truquezinhos? – A criatura encontrava-se de costas para mim. Esta suspirou e murmurou qualquer coisa.

—Tantas perguntas… - Disse ele depois.

— Responde-me! – Exigi.

—Não grites criança… - Começou ele levantando-se. – Sabes o que te acontece se não te acalmares certo? – Perguntou ele seriamente. Fiz um esforço para respirar fundo, tentando controlar-me. - Estas memórias pertencem-te… - O demónio olhou-me. Tinha cabeça de carneiro e uns grandes chifres, o corpo era todo musculado e peludo, tinha mãos humanas e patas e cauda de leão. – São as memórias que tu quiseste esquecer.

—Isso é impossível! Eu nunca abdicaria das minhas memórias… por mais dolorosas que fossem! – Exclamei na defensiva.

Pareci notar um brilho de piedade dos olhos de Brimstone. Seria minha impressão ou ele teria pena de mim?

—Veremos então… - Murmurou.

“Eu e Sakki corríamos até ao pátio onde a minha mãe se encontrava a apanhar sol.

—MÃE! – Gritei pulando de felicidade.

—Seira! – Exclamou Sakki. Corremos de encontro á minha mãe. Ela olhou para nós sorrindo.

—Ora, ora… o que temos nós aqui? – Perguntou ela curiosa.

—Conseguimos… – Começou Sakki.

—Acabamos a nossa música! – Exclamamos juntas. A minha mãe pareceu impressionada.

—Uau! Quero ouvir! – Pediu ela sorrindo.”

Fitei o demónio.

—Ela é aquela rapariga…certo? – Perguntei-lhe olhando-o nos olhos. Ele era muito mais alto que eu.

Ele fitou-me calado. Respirei fundo tentando acalmar-me de novo. Ele riu.

—O que foi? – Perguntei sem paciência.

—Nada, nada… - murmurou.

“Sakki sentou-se poisando as mãos no piano, eu sentei-me ao seu lado, fazendo o mesmo. E assim começamos as duas a tocar para a minha mãe. O meu papel na melodia era pequeno, mas mesmo assim criámos as duas uma melodia calma e bonita. Assim que a terminamos a minha mãe olhava-nos de boca aberta.

—Uau… Foi… Magnífica… Muito bem meninas… - Sorriu ela abanando as orelhas satisfeita. Depois olhou-nos. – Agora só falta arranjarem um nome…

Eu e Sakki olhamo-nos. Nunca tínhamos pensado num nome para a música.

—Não pode ser “A música da Sakki e Val”? – Perguntei eu. A minha mãe riu.

—Não querida… as musicas têm um nome que as definem… tal como nós… Têm de encontrar a essência da música… encontrar um nome que a descreva…

Pensámos as duas… Um nome que descrevesse a música…”

Voltei ao cenário branco onde o demónio se encontrava á minha frente, olhando-me com os seus olhos laranja de leão.

—Mas esta melodia… é aquela que eu estou sempre a entoar para me acalmar… - Murmurei.

Brimstone limitou-se a olhar-me.

—Lembras-te que nome deram á musica, criança?

“Durante dias tocámos a melodia… tínhamos de arranjar-lhe um nome perfeito. Um que encaixa-se perfeitamente. Um nome que quando dito se tornasse a própria melodia…

—Que tal… - Comecei eu.

—Não! – Exclamou Sakumi.

—Mas eu ainda nem disse nada…

—Não… não pode ser um “e que tal?”… o nome tem de ser espontâneo… tem que surgir de repente…- Disse-me. Olhei-a aborrecida.

Tocámos novamente, e repetimo-la tantas vezes…

E foi no meio da melodia que exclamamos as duas o mesmo nome.”

O demónio ainda esperava a minha resposta.

— “The Heart to Believe”… - Recitei eu. – Demorámos tanto a fazê-la… e divertimo-nos tanto a compô-la… - Murmurei, lágrimas ameaçavam percorrer as minhas faces. – O nosso desejo… era fazer as pessoas acreditarem… - Pareceu-me vê-lo sorrir.

—Exatamente… - Olhei-o.

—O que aconteceu? Porque foi que eu esqueci isto tudo? – Perguntei enquanto lágrimas me escoriam pela face.

—Tal como eu te disse… Tu quiseste esquecê-lo…

“Gritos, Fogo, Sangue…”

“Não… Val!”

“Deixem-nas em paz!”

“Levem-nas!”

Levei as mãos á cabeça.

—Não queiras relembrar tudo duma vez criança… - Murmurou Brimstone. Era assim que lhe chamava. Depois lembrei-me de uma outra coisa. Veio-me de repente à cabeça.

—Fullbuster… Espera… ela é filha do Gray e da Juvia Fullbuster? – Perguntei.

—Será?... Já não achas que chega por hoje criança? Vai-te mas é embora… tens muito a fazer… - Murmurou ele aborrecido e virando-me as costas.

—Espera… - Chamei eu. Olhei-o intensamente. – Como é que eu sei que isto não é um dos teus truques? – Brimstone olhou-me com os seus sábios olhos.

—Tu sabes a resposta, criança…

Abri os olhos devagarmente. Ainda tinha a visão um pouco turva, mas conseguia distinguir um borrão cor-de-rosa no meu campo de visão.

—Val… - Ouvi uma voz dizer. Reconheci-a quase instantaneamente.

—Claudius!? – Murmurei. Esfreguei os olhos para tentar ver melhor. Tentei levantar-me mas uma mão firme manteve-me presa à cama.

—Oh, não… nem penses em levantar-te… - Murmurou ele por cima da minha cabeça. Bufei-lhe.

—És um chato sabias? – Disse-lhe eu tapando os olhos com o braço. Suspirei.

—A Tsuki disse que só ias acordar daqui a umas 4 horas…

—“A tsuki disse…” – Repeti eu tentando imitar a voz irritante dele. - Bitch please… eu sou a Valkíria… Eu acordo quando quero e bem me apetece…– Reclamei empurrando-o e sentando-me na cama, olhando os lençóis que me cobriam. Reparei que tinha metade do corpo ligado. Os dois braços, o tronco inteiro e um dos pés.

—Como sempre teimosa como tudo… - Murmurou ele suspirando. – Digo desde já que não me responsabilizarei por nada que te acontecer por teres esforçado o corpo antes do tempo…

—Ya, ya… - Concordei eu mexendo a mão de forma a que ele esquece-se o assunto.

Ele sentou-se numa cadeira enquanto eu olhava os meus pés. Fiquei calada, pensando nas palavras de Brimstone. Seriam aquelas imagens memórias minhas? Ou era mais um dos seus truques? Mesmo que fosse um dos truques… porquê fazê-lo? Claude interrompeu os meus pensamentos

—Ele disse-te alguma coisa? – Perguntou calmamente. Olhei-o. Ele era o único que sabia da existência de Brimstone.

—Claude… o Silvs é o único filho do Gray? – Perguntei indo direta ao assunto. Ele pareceu confuso com a pergunta.

—Porque…- começou ele. Interrompi-o antes que ele acabasse de falar.

—Porque eu pergunto e ponto final! Pensa e responde a minha pergunta! – Exclamei.

—Jesus… tem calma… - murmurou ele. Pareceu pensar. – Pensando bem… - Começou ele afagando o seu cachecol branco.– Tenho a ideia que eles tinham uma menina… mas acho que ela desapareceu quando eu era novo… não me lembro muito dela porque ela andava sempre doente… até teve de ir fazer tratamentos e tudo se bem me lembro… - Olhou o teto. – Qual era mesmo o nome dela? Sa… Ka…

—Sakumi… - Susurrei olhando os lençois e cerrando os punhos.

—Exato! – Exclamou ele. Depois olhou-me. - Era isso… como sabias?

—Eu acho que ela foi uma das raparigas que me atacou… - Informei-o

—O quê!? – Vociferou olhando-me confuso. – Tens a certeza?

Lembrei-me das palavras de Brimstone antes de acordar. “Vai-te mas é embora… tens muito a fazer…”

—Que horas são? – Perguntei eu decidida. Claude olhou a sua lacrima de comunicação.

—Passa já um pouco das oito da noite… porquê? – Continuei a olhar as mãos tentando fazer contas.

—Quanto tempo é daqui a Magnólia? – Questionei-o.

—Val… não estás… - Começou ele. Fulminei-o com o olhar.

—Responde-me porra… - Sussurrei com ar ameaçador. O rapaz pareceu estremecer.

—Não sei… talvez umas sete horas… se apanhares boleia… se fores de comboio é possível que demore menos…

—Demora muito… - murmurei para mim mesma.

—Val… já é tarde… mesmo que partisse-mos agora chegaríamos lá muito tarde… já ninguém estaria na guilda… - Disse-me ele. – Além disso… mesmo que tenhas razão… e de facto essa rapariga for a filha do Gray… Não achas que seria melhor esperarmos até amanhã… - Murmurou responsavelmente. Eu ignorei-o…como sempre fazia quando ele dizia alguma coisa minimamente responsável.

—Não… - Disse lembrando-me de algo. - Temos algo para chegar lá mais rápido… - Pus-me á escuta. Foi fácil de encontrar a voz que queria. Levantei-me, sentindo-me um pouco zonza. Vi Claude a erguer-se da cadeira e senti as suas mãos agarrarem-me, impedindo-me de cair.

—Vês… é por isto que não te deves levantar… Precisas de descansar Valkíria…

—Larga-me… eu estou bem! – Exclamei tentando afastar as mãos dele. Ele virou-me e sentou-me na cadeira que tinha ocupado, prendendo-me a ela.

—Pára… - começou agarrando-me os ombros. - Pára de fingir que estás sempre bem Val… - Murmurou ele com uma voz fraca. - Qualquer pessoa pode sentir-se cansada… Mas isso não significa que seja fraca… - Afaguei-lhe a cabeça, calando-o. Ele olhou-me.

—Eu sei… - Disse sorrindo-lhe. - Mas a situação exige atenção imediata… eu preciso de os informar o mais depressa possível Claude… eu preciso de lhes dizer que a filha deles está viva… e que eles são os únicos que a poderão salvar… - Ele olhava-me decidido a não me largar.

—Mas precisas de descansar… Porque não avisamos o Sting ou o meu pai? Eu sei que eles saberão o que fazer…

—Não… tenho que ser eu a fazê-lo Claude! Não te preocupes… eu descansarei aquilo que precisar depois de tudo isto. – A força diminuiu e ele ajudou-me a levantar. Agarrou-me a cintura para que eu não me desequilibra-se.— Não necessito que me segures – Rosnei. Ele sorriu.

—És sempre a mesma…

Fui até á janela da enfermaria e abri-a. Lá estavam eles no pátio da guilda. Frosh entretinha-se a correr atrás duma borboleta e Lector tentava impedi-lo. Assobiei. Eles olharam-me, sorrindo ao ver-me.

—Val! – Exclamou Frosh correndo até à janela, com Lector atrás dele.

—Olá… - murmurei sorrindo. – Preciso de um favor! Tu e o Lec poderiam levar-nos até Fairy Tail o mais depressa possível?

—Ei, ei, ei… não me envolvas nas tuas coisas! – Exclamou Claude de dentro da enfermaria. Virei-me para ele.

—Cala-te! – Exclamei ameaçadoramente. Depois olhei o Frosh sorridente. – É uma emergência…

—Tens a certeza de que consegues aguentar-te de pé? – Perguntou Lector. – Pareces-me muito ferida… - Murmurou olhando as ligaduras.

—Oh… Isto são só arranhões! – Exclamei tirando importância aos meus ferimentos.

—Arranhões e costelas partidas… mas afinal o que é isso… - Ouvi Claudius queixar-se baixinho. Coloquei a mão na cara dele tentando-o empurrar para dentro para que eles não o ouvissem.

—Esperem um segundo sim… - Disse-lhe virando-me para Claude. – Ca-la-te! – murmurei devagarmente. – Ou eu juro que te farei a vida negra… para o resto da tua vida! – Susurrei ameaçadoramente. Depois apareci alegremente na janela, olhando Frosh e Lector. – Vamos?

—Nós podemos levar-te… mas depois quem acerta contas com o Sting e o Rogue és tu… - Disse-me Lector.

—Oh…Pfft! – Fiz tirando importância ao comentário dele. – Como se me importasse… Consigo aguentar com eles na boa… - Ouvi Claude rir-se. Pisei-o encostando-o ao chão.

—Au! Val… - Rosnou ele, agarrando o meu pé e puxando-me para baixo. Dei um pequeno gritinho ao cair ao chão.— Será que podes parar de me usar como saco de box ou assim? – Reclamou ele para mim.

—Ah… será que querem ir ou… - Murmurou Lector sobrevoando a Janela e fitando-nos.

—Vamos! – Exclamei levantando-me. Claude levantou-se também compondo o cabelo e o seu cachecol branco.

—Afinal como sabes que é mesmo ela? – Perguntou Claude ao saltar da janela. – Devem existir montes de Sakumis em toda a Fiore…

—Eu conheci-a quando era pequena… - Murmurei. Se estas memórias forem mesmo minhas…Pensei. Claude olhou-me confuso. – Lembras-te que eu vivi num centro de pesquisa de magia até aos meus 6 anos? Ela também lá viveu durante uns meses… mas… acho que alguma coisa aconteceu… - Expliquei. Porém não me lembro do que aconteceu… ainda está tudo muito enevoado…

—Mesmo assim… Pode não ser a Sakumi filha do Gray… - Comentou ele. Olhei-o ironicamente.

—Sakumi Fullbuster! Achas que existem mais Fullbusters no mundo?

—Sim…

—Com o cheiro do Gray e da Juvia…

—Não…

—Então estamos esclarecidos?139

—Como a água…

—Ainda bem! – Exclamei acabando a discussão. – Frosh levas-me a mim e o Lector pode levar o Claudius. – Informei os Exceeds que de seguida usaram a sua Aera magic para ganharem asas. Ouvi Claude suspirar.

—O meu pai vai tão matar-me… - Murmurou colocando a mão na testa.

—Deixa… de certeza que não vai ser o único… - Disse-lhe sorrindo. Ele olhou-me indignado.

E assim Lector e Frosh agarraram-nos e levantaram voo. Estavamos a caminho de Fairy Tail e eu só esperava era que Laxus não ralha-se muito comigo quando descobrisse que tinha desobedecido a ordens médicas de novo…


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