More Than Words - Spideypool escrita por killurdarlings


Capítulo 7
Lugar Especial


Notas iniciais do capítulo

Olá, meu povo! ♥
Sentiram saudades?

Antes de me estrangularem por ter atrasado DOIS caps, me deixem explicar...
Semana passada foi muito corrida para mim e não tive tempo de fazer quase nada que não fosse os benditos compromissos que tinha. Aí veio o bloqueio criativo, o grande vilão. Só consegui inspiração para escrever ontem... Espero do fundo do meu coraçãozinho que entendam...

Como atrasei dois caps, resolvi postar eles de uma vez só (yaaaaaay). Aproveitem ♥

Esse capítulo está especialmente muito amorzinho, então vamos logo para o que interessa!
Boa leitura :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/684304/chapter/7

—Essa história está circulando pelos corredores – Gwen falava tranquilamente a Harry, sentada em um banco de madeira no pátio próximo a enfermaria. O amigo estava deitado apoiando a cabeça em seu colo, enquanto ambos esperavam por Peter.


—Isso é ridículo! Como esses boatos se espalharam da noite para o dia? Deus, eu falei com o garoto ontem...  – Harry dizia gesticulando com as mãos, tentando enfatizar sua incredulidade. Gwen lhe contara sobre os  bochichos que tinha ouvindo pela manhã, antes da aula de ginástica. Chegara até seus ouvidos que Harry Osborn havia se aproveitado do pobre garoto Nate Clanson. Havia o iludido e quebrado seu coração sem nenhum pingo de misericórdia. A escola inteira havia ouvido os lamentos de Nate sobre como se apaixonara por Harry e como o mesmo o descartou friamente, sem dó ou piedade.


—Você deve ter, no mínimo, irritado ele – A loira olhou Harry com desagrado – Já te disse que tem de tomar cuidado com o que fala Harry. As pessoas se magoam...


—Ter cuidado com o que falo? Eu fiquei UMA vez com ele Gwen, UMA – Harry levantou um dedo sacudindo-o no rosto da amiga – E ele pensou que estivéssemos namorando... Imagine só se tivéssemos transado.


—Ele te pediria em casamento – Gwen não pode evitar a brincadeira. Ela concordava até certo ponto com Harry. Eles tinham apenas ficado, foi totalmente casual. Infelizmente, Nate levou a sério demais.


—Ainda estão aqui? – Peter se aproximava lentamente dos amigos. O nariz ainda estava um pouco inchado e agora carregava consigo um curativo. Por sorte, Peter não havia quebrado o nariz, somente o tirara do lugar. E depois da dor para coloca-lo de volta, recebeu da Dra. Emma alguns analgésicos e uma pomada para o corte que teve, devido ao impacto do soco.


—E você, já está novinho em folha – Harry se levantou do banco, dando espaço ao amigo. Peter sentou, recebendo um abraço do amigo. Gwen lhe sorrira – Pronto para outra?


—Nem pensar... – Somente imaginar que teria de encontrar Flash por aí nos próximos dias, fazia Peter sentir calafrios – Obrigado por me trazerem para cá...


—Eu jurava que tinha quebrado o nariz – Gwen disse olhando melhor o amigo – Foi pura sorte, Pete. Aquele cara é um brutamonte...


—É, mas ele teve o que mereceu – Harry disse sorrindo vitorioso – Espero que alguém tenha gravado a surra que o Wilson deu nele.


Nenhum dos três disse mais nada depois disso. Wade deveria estar na diretoria uma hora dessas e provavelmente seria punido pelo que fez. O que era totalmente injusto, afinal, o garoto só estava tentando impedir Flash e toda sua fúria. E depois ele partir para cima de Flash, mas foi apenas uma consequência.


—Nunca mais tento salvar você – Peter disse dando um empurranzinho com o ombro em Harry. O amigo sorriu e devolveu-lhe o empurrão.


—Você é meu herói, Pete – Harry brincou e os amigos riram. Logo Peter percebeu que eram os únicos alunos ali no pátio, sendo automaticamente lembrado de sua extensa grade horária. Naquela altura, já havia perdido toda a aula de Língua Francesa.


— Nós não deveríamos estar em aula? 


—Temos privilégio pela briga, relaxe Peter – Harry respondeu.


—Grande privilégio! – Gwen caçoou do amigo – Pelo menos aqui você não corre o risco de encontrar seu namorado frustrado, Harry.


—Então ele já sabe? – Peter deu uma risadinha ao ver Harry revirar os olhos. 


—Até o Peter ouvir essa merda que estão espalhando? Por que não me contaram antes? 


—Eu ouvi quando entrava na cantina para o café. Você tem um péssimo humor pela amanhã Harry, não quis me arriscar – Peter se justificou enquanto Gwen balançava a cabeça em afirmação. 


—Sabe, você devia falar com ele – A loira aconselhou – Pedir para que pare...


—Falar com ele? Não, muito obrigado. Eu quero é distancia desse cara. A última vez que o vi, achei que pularia no meu pescoço – O celular de Harry tocou, indicando uma notificação. O garoto tirou o aparelho do bolso e leu a mensagem recém recebida. Pareceu infeliz.


—Argh! Esse foi o terceiro cara que me dispensou hoje. O TERCEIRO. O apocalipse está acontecendo, meus amigos. Precisamos procurar abrigo!


—Ninguém quer sair com alguém que já tem o rabo preso por aí, Harry – A amiga disse rindo. Pete concordou. 


—Rabo preso? Quando anos você tem Gwen? Parece a minha Vó falando. Bom, se eu tivesse alguma, ela falaria assim...


—Ela está certa, Harry – Peter disse dando um tapinha nas costas do amigo – Seu tempos de pegação, acabaram. 


—O que? – Harry se levantou do banco, prestes a ter algum tipo de surto – Meus tempos de pegação apenas começaram. Está para nascer alguém que vai impedir Harry Osborn!


—Tirando o seu pai, não é? – Peter rebateu levantando uma das sobrancelhas. Harry cerrou os olhos, pronto para responder. Antes disso, ouviram Gwen dizer: 


—Ei, olhem aquilo... – A loira indicou com a cabeça - É o Wilson. 

O trio viu Wade caminhar ao lado da Sra. Gibs até atravessarem todo o pátio. A mulher falava enquanto gesticulava com aparente irritação. O loiro escutava tudo de cabeça baixa.

Quando a mulher pareceu dizer tudo que desejava, Wade se afastou sentando-se no banco próximo a grande porta que levava a uma das áreas internas. A Sra. Gibs virou-se rapidamente na direção do trio, caminhando até eles, carregando sua expressão carrancuda de sempre. 


—Sr. Osborn, o diretor deseja vê-lo. 


—Eu? Olha, eu não fiz nada. Aquele idiota do Flash que foi para cima do Peter, ok? - Harry se defendeu com determinação. Não se daria mal por causa de Flash. 


—Não é sobre a briga, Sr. Osborn - A senhora disse indicando com a mão que Harry a acompanhasse. Antes de partirem, a mulher disse a Gwen e Peter:

—Vocês não deveriam estar em aula? 


—É-é eu estava na enfermaria - Peter disse a mulher dando-lhe um sorrizinho, recebendo um duro olhar em troca - Eles estavam me esperando...

—Nós já estamos entrando, tudo bem? - Gwen falou gentilmente, puxando Peter pelo braço na direção da grande porta. 


—Não quero que atrapalhem nenhuma aula. Esperem o próximo sinal, certo? - Disse ríspida - Espero não vê-los aqui no próximo período. 


A mulher saiu acompanhada de um Harry receoso. Peter deu um suspiro de alívio ao se ver longe da coordenadora. Gwen sentou-se novamente.


—Por que ela é tão mal morada, mesmo? - O moreno se dirigiu a amiga, sentando-se também - O que acha que querem com o Harry? 


—Eu não sei... Talvez seja algum recado do pai dele - Gwen arriscou. Então ficaram em silêncio, cada um preso em seus próprios pensamentos. 


A loira observou Peter. Tinha pena do amigo. Ele sempre fora muito calmo e carinhoso. Não merecia o que caras como o Flash faziam a ele. Gwen viu Peter olhar na direção de Wade, o amigo parecia nervoso. 


—Você já falou com ele? 


—Ainda não... - Peter respondeu já sabendo de quem a amiga falava - Eu... Eu ia agradecê-lo na enfermaria mas...


—Devia falar com ele agora - Gwen indicou com a cabeça o loiro do outro lado do pátio e sorriu para Peter - Devia agradecê-lo agora. Ele impediu que Flash continua-se...


O garoto assentiu com a cabeça. Resolvendo enfim, falar com Wade. Levantou-se e caminhou lentamente até o rapaz. Em alguns momentos virava-se e olhava a amiga, que sorria e apontava com a cabeça para que prosseguisse. Finalmente chegou até Wade, parando na frente do rapaz. 
—Wade! - Peter chamou-o notando que o loiro estava usando seus tradicionais fones de ouvido. O mais velho ergueu o olhar, tirando os fones e desligando a música do celular. 


— Ei... - Sorriu - Como está o nariz? 


—Está bem melhor. Por sorte, não quebrou - Peter disse encostando as pontas do dedo no nariz. Viu o loiro abrir ainda mais o sorriso. Peter ainda encontrava-se parado na frente do rapaz, ali em sua posição, contra o sol, Wade era obrigado a cerrar os olhos para olhá-lo. 


— Eu gostaria... Gostaria de te agradecer pelo que fez - Peter ficou levemente corado - Você parou o Flash... Eu... Eu... Obrigado! 


—Sem problemas, cara - O loiro ainda não havia desmanchado o sorriso - Eu deveria ter parado ele antes... Mas sabe, só percebi o que estava rolando, nos 45 do 2º tempo. Às vezes eu me distraio quando estou escutando música... Principalmente se for música boa. E eu estava escutando música, sentado na minha... Daí eu percebi e bem... Você já sabe essa parte - O rapaz havia desatado a falar deixando Peter um pouco confuso. Esse riu e resolveu sentar-se ao lado do loiro. 


—Mesmo assim, obrigado. Deus sabe o que ele teria feito comigo se você não o tivesse impedido - Agora o moreno já havia corando um pouco mais. Resolverá que bastava de agradecimentos. Wade ainda sorria. 


—Então... Como foi na diretoria? - Peter puxou assunto depois do breve silêncio que se instalou entre o dois. 


—Ah, foi bem tranquilo - Wade se afundou no bando colocando as mãos atrás da cabeça - O diretor novo pensou em me deixar de castigo no final de semana, aí eu lembrei a ele que eu já fico aqui todo o final de semana... Ele ficou meio puto. 


—Você fica aqui? Todo final de semana? - Peter perguntou interessado. Sabia que era permitido ficar na Instituição aos finais de semana, mas na verdade, muitos poucos alunos ficavam. 


—É... -Wade coçou a cabeça - Meus pais viajam muito e nunca estão em casa, então eu prefiro ficar aqui. Não preciso voltar toda segunda, sabe? 


—Sei... - Dessa vez, Peter sorriu. Imaginou que deveria ser muito solitário ficar ali, todos os finais de semana. Aí se lembrou que sempre vira Wade sozinho. Talvez ele não tivesse nenhum amigo - Pelo menos não está de castigo! 


—Na verdade, estou - O loiro riu - Vou ter que ajudar as funcionárias na biblioteca, junto com o outro cara. 


—Com o Flash? - Peter fez uma cara de desgosto - Ah, eu sinto muito. 


—Está tudo bem. Ele não vai querer encher meu saco muito cedo - Peter assentiu e então o silêncio se instalou novamente. Olhou para Gwen, distraída com seu celular, e resolveu que era hora de voltar. Até que...
—Quer ver uma coisa bem legal? - Wade perguntou sorrindo, com o olhar de quem estava prestes a compartilhava um segredo. Peter olhou novamente para Gwen, ainda distraída com o celular. Olhou para Wade e viu os olhos do garoto brilharem. Olhos azuis, muito azuis. 


—É... Quero - Respondeu com um meio sorriso. Wade levantou do banco, indicando que Peter o seguisse. Ambos caminhavam para outro lado do Pátio, o que dava acesso às quadras esportivas abertas. Peter seguia Wade, com uma ansiedade recém-descoberta. Logo o sinal para o próximo período deveria tocar e ele deveria se encaminhar para sua aula de Química. Para o azar da Química, desobedecer a Sra. Gibs parecia muito mais excitante. 

 [...] 

Harry balançava as pernas impacientemente no escritório do Dir. Fury. A Sra. Gibs havia o deixado ali há pelo menos uns 15 minutos. Quando já passava por sua cabeça ir embora dali, o homem entrou na sala carregando alguns papéis consigo. 


—Perdoe a demora, Sr. Osborn. O cargo de diretor demanda presença em vários lugares ao mesmo tempo.  - Fury sentou-se em sua cadeira. 


—Pois é... - disse Harry já estressado por estar ali - O que o senhor queria comigo? 


—Direto como sei pai! - A comparação fez Harry arrumar a postura na cadeira - Pois que assim seja Sr. Osborn. Fui obrigado a chamá-lo aqui hoje porque acredito estar havendo um desentendimento entre você e outros estudantes. 


—Desculpe, eu não o entendo... 


—Tive um seria conversa essa manhã com um dos alunos, o Sr. Nathan Clason - Fury inclinou-se levemente sobre a mesa. Harry estava intrigado. O que esse maluco falou para o diretor? - O Sr. Clason alegou estar tendo de lidar com algumas insinuações impróprias de sua pessoa, Sr. Osborn.


—Insinuações impróprias? O que o senhor quer dizer com isso exatamente? - Harry olhou firmemente o diretor. 


—O que eu quero dizer com isso Sr. Osborn, é que recebi reclamações sobre possíveis abusos que o senhor possa estar tendo com alguns alunos dessa Instituição. E isso, é inadmissível.


—Olha, eu não sei o que o Clason andou falando para Senhor mas, eu não faço ideia do que está falando - O garoto já começava a ficar nervoso. Sentia que de algum jeito, aquilo não acabaria bem.


—Eu posso reformular a pergunta se o senhor desejar - Fury o olhou sarcasticamente. Harry assentiu - Sr.Osborn, você tem como hábito outros tipos de práticas comportamentais? Outros tipos de práticas, não tão comuns dentro de nosso meio? 


— O que? - Harry começou a entender - O que você está insinuando? 


—O senhor foi acusado por um colega, de comportamento impróprio e insinuações de cunho lascivo contra alunos homens. O que senhor tem a dizer sobre isso? 


—Eu fui chamado aqui para isso? - Harry se remexeu na cadeira nervoso - O senhor me chamou aqui para perguntar se sou gay e se fico me agarrando com seus alunos por aí? 


—O linguajar Sr. Osborn, por favor! - O homem aumentou o tom de voz - Não queremos nenhum escândalo desse tipo aqui. 


—Faz ideia do que está falando? Eu poderia processa-lo por estar me intimidando devido a minha orientação sexual, senhor! - Harry também aumentara o tom de voz - Isso é um absurdo! 


—Sr. Osborn, não vamos nos desviar do assunto. A questão aqui é o seu comportamento dentro da Instituição. E aqui, você não poderá manter hábitos libertinos! - O homem dizia as palavras com repulsa - Mas se achar que tem o direito de processar uma das maiores Instituições Estudantis do país, vá em frente - O homem tirou o telefone que estava em sua mesa do gancho e aponto-o a Harry - Ligue para o advogado de seu pai e explique a situação. 


Harry viu os olhos do homem, brilharem. Ele sabia. Ele sabia que seu pai NÃO sabia. Harry hesitou. 


—Ou melhor - O homem continuou - Ligue para seu pai e explique a situação - Harry viu as mãos tremerem. Olhava o rosto daquele homem e via repulsa. Ele o olhava com repulsa. Naquele momento, todo seu dinheiro não valeu de nada, ele estava ali, vulnerável, sendo humilhado. 
Não poderia contar ao pai, entendia isso. Seu pai, um ditador que faria até Hitler tremer de medo. Não poderia contar. Não poderia.


—Eu realmente espero que nossa conversa tenha lhe feito pensar, Sr. Osborn. Eu espero que os equívocos que vem cometendo, não se repitam na minha escola, com os meus alunos - Fury lhe olhou de baixo e então afastou a cadeira, se levantando e ido até a porta, abrindo-a. Harry levantou abruptamente, empurrando a cadeira com força,  parando na frente do homem - Entenda, não é pessoal. Esse colégio tem um nome a zelar e uma reputação exemplar. Não podemos deixar que algo assim vaze até a imprensa. Seria terrível para sua família e seria terrível para o Dom Elite. 

[...] 

—Wade, nós não deveríamos estar aqui! - Peter repetia a frase pela milésima vez. O loiro apenas o ignorava. Os dois caminhavam por um gramado mal feito, atrás das quadras esportivas. Tudo aquilo ainda era propriedade da escola, entretanto, aquela grande porção de terreno parecia ter sido esquecida há muito tempo.

Os garotos caminharam até um grande edifício abandonado mais a frente. Wade levou Peter até uma entrada lateral, aberta provavelmente devido ao passar do tempo. O moreno ficava cada vez mais nervoso. Seu cérebro tinha topado faltar à aula de química, mas invadir um local abandonado, nunca estivera em seus planos. 

Wade indicou para que entrasse, e muito receoso Peter foi. O lugar era escuro demais, sendo iluminado apenas pelas frestas da lona que combinam as grades janelas. Era também um lugar muito vazio e empoeirado. A maioria dos corredores que Peter viu enquanto acompanhava Wade, estavam lacrados por tapumes antigos. Wade subia, mas as escadas eram de madeira podre, carcomidas. Peter percebeu que o prédio tinha uma estrutura bem antiga, deduzindo que a muito estava abandonado.

Enquanto subiam cada vez mais, o garoto só conseguia pensar o quanto aquilo era errado e que provavelmente seria expulso quando voltasse. No caminho, nada viu de muito diferente do primeiro andar. Vários corredores lacrados, pó, escuridão e agora alguns ratos.

Quando subiram o que pareceu ser uma eternidade de andares e degraus, Wade parou e deu um pulo para a plataforma de cima. Havia alguns degraus faltando, abrindo um abismo gigantesco entre Peter, Wade e o chão a milhares de metros abaixo. 


—Consegue? - Wade perguntou a Peter, se surpreendendo quando o garoto assentiu. Provavelmente Peter se arrependeria mais tarde, mas já estava ali. Não voltaria de qualquer jeito. Tomou impulso e pulou se agarrado ao corrimão que ainda mantinha-se inteiro. Parou muito perto da borda da plataforma, o que fez Wade o segurar pelos braços. Peter pigarreou, corando e se soltando do aperto de Wade. O loiro sorriu e continuou o caminho.

Próxima à escadaria, havia uma grande porta de metal. A porta rangeu ao que Wade puxou-a. Uma luz forte iluminou o lugar fazendo Peter apertar os olhos, incomodado. Ao passar da porta o garoto notou finalmente que estavam no terraço do prédio. Esse era até muito espaçoso. Tinha uma parte sua coberta com telhas transparentes, fazendo com que o sol iluminasse todo o ambiente.

Tinham alguns vasos de plantas quebrados, espalhados por alguns cantos. Em outros, alguns entulhos como cadeiras e armários. Peter andou até o encontro de Wade, do outro lado do terraço, na parte sem cobertura. Ele estava apoiado sobre o parapeito. 


—Isso é a “coisa legal” - Wade disse olhando o horizonte e então se virando para Peter, dando um leve sorriso. Peter olhou para frente e então entendeu. 


Do alto do prédio, era possível ver toda a escola e muito além dela. Era possível ver a reserva que ficava próxima dali. Toda a floresta e ainda um grande rio que passava por lá. Olhando para o outro lado, era possível ver toda a cidade. Os grandes prédios e torres. Peter imaginou as luzes que poderiam ser vistas ali, à noite. 


Era lindo. Era surreal. Era tão inacreditável que um lugar como aquele poderia existir ali, no meio do nada. 


Então Peter olhou para Wade, tinha o olhar iluminado agora. Sorriu e riu ao mesmo tempo, abismado. 


—Isso... Isso é incrível! - O moreno se apoiou também no parapeito. Uma brisa leve passou por eles - Como descobriu esse lugar? 


—Como eu te disse, fico todos os finais de semana aqui. É muito tempo sem fazer nada. Um dia eu resolvi andar pelo colégio e descobri isso aqui. Foi nas férias... Desde então, eu sempre acabo aqui - Peter sentiu-se agradecido. Wade resolvera compartilhar com ele o lugar. Mas por que? 
—Por que me trouxe aqui? - Peter perguntou levemente receoso - Quer dizer, esse é o seu lugar... Porque mostrá-lo a um desconhecido? - Wade abaixou a cabeça dando um risinho fraco. Logo levou o olhar até o horizonte, respondendo Peter. 


—Você é o único que não me olha como se eu fosse algum animal exótico do novo zoológico da cidade. Você é uma das únicas pessoas com quem eu realmente tive uma conversa esse ano...  - Wade sorriu para o garoto. Era tão bom estar na presença de alguém que não o encarava como uma atrocidade, que não fugia quando ele estava por perto. Que o olhava como se fosse qualquer outro. O olhava como igual - Lugares legais para pessoas legais.

Wade deu um soquinho no braço de Peter, fazendo o moreno sorrir agradecido. O garoto resolveu então sentar-se no parapeito.

Sentou-se e olhou para baixo. A queda era gigante. Felizmente, Peter nunca tivera medo de altura. Wade resolveu fazer o mesmo, só que ficando com uma perna para "fora" e outra para dentro. Peter riu. 
—Você tem medo de altura? Acabou de pular daquela escada!


—Eu? Não! - Wade riu bufando como se a pergunta fosse hedionda - Talvez. Um pouquinho. É que lá eu já estou acostumado...


Peter riu alto. Era incrível como Wade conseguia ser engraçado sendo simplesmente ele mesmo. Ficaram olhando a paisagem por um bom tempo, até que Peter teve coragem de perguntar algo que queria saber desde a fatídica briga. A história do hospício. Resolver começar pelos remédios. 


—Wade, eu não quero ser grosseiro, mas quando estávamos na enfermaria a doutora perguntou se você havia tomado seus remédio. Você toma medicação, não é? Por quê? - Wade o olhou fixamente por alguns minutos. Peter começou a temer de que talvez a pergunta fora direta demais. 


—É... Eu tomo sim - Wade finalmente quebrou o contato com Peter desviado os olhos para baixo - Eu fui diagnosticado com Depressão - Peter assentiu com a cabeça mostrando que havia compreendido. Wade ficou mais alguns segundos em silêncio - E também sou Bipolar - disse levantando o olhar para Peter. O garoto não parecia aterrorizado. Parecia surpreso, mas não tinha medo. Então, Wade resolveu abrir o jogo de uma vez - E eu sou esquizofrênico... Pelo menos foi o que o meu médico disse. 


—Nossa... - Peter disse soltando o ar que nem percebera que havia prendido. Não sabia o que dizer. Wade estava ali com ele, parecia bem, parecia saudável. Por alguém motivo, Peter não se via assustado. Talvez tivesse sido as palavras ditas anteriormente, não saberia explicar. 


"Você é o único que não me olha como se eu fosse algum animal exótico do novo zoológico da cidade [...]" 


—Escuta, não precisa pirar, ta? - Wade disse gesticulando com as mãos - Eu tomo meus remédios. Eu não tenho uma crise há meses. Eu estou bem. Eu... Tô legal. 


—T-Tudo bem - Peter viu a angústia no olhar de Wade. Não seria justo se afastar de alguém por causa de seus problemas. Ninguém se afasta de um amigo por causa da asma dele, certo? Por que alguém faria isso com alguém esquizofrênico? Peter sorriu para Wade - Está tudo bem. 

Wade abriu o maior sorriso que Peter já havia visto até ali. Era impossível não sorrir junto dele. 


—Na verdade, também sou epiléptico - Wade disse sério ao garoto. Peter se viu arregalando os olhos - Ah! Te peguei! Essa parte é brincadeirinha...  - Peter riu acompanhado do loiro. A brisa passava sorrateiramente por eles novamente e os raios de sol brilhavam com intensidade ali em cima, dando uma vista privilegiada do horizonte.

Peter havia se esquecido completamente da dor do nariz machucado, assim como havia se esquecido das horas. Ali em cima, com aquela brisa, aquele sol, aquela vista e Wade, era praticamente impossível pensar em qualquer outra coisa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Geexxxte esse moment do Peter e do Wade tomou todo o meu coração ♥
E o que foi aquela cena do Harry na direção? Coitado do meu menino 3
Quero saber tudo o que acharam, me contem!

Vejo vcs no próximo cap, aproveitem que é dobradinha! Beeeeeijos ♥