More Than Words - Spideypool escrita por killurdarlings


Capítulo 8
O Projeto


Notas iniciais do capítulo

Dobradinha, povo!

Boa leitura :D



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Harry saiu da sala do diretor mais furioso do poderia se imaginar. Enquanto caminhava pelos corredores, as tantas palavras do homem ressoavam em sua cabeça, repetidamente. “Comportamento impróprio” foi o que ouvira. Nate.

A ideia de conversar com o garoto já não parecia mais tão absurda. Quem em sã consciência iria até o diretor para difamar o “ex ficante”? Fora todos os boatos que o garoto andou espalhando pelo colégio, como se Harry fosse um grande vilão malvado que não o quis. Tudo isso era ridículo e Harry estava disposto a acabar com toda aquela palhaçada.


O garoto ouviu o sinal que indicava o 3º período, tocar. Logo, os corredores se encheram de alunos andando de um lado para o outro. Harry não encontrou Gwen ou Peter quando passara pelo pátio e imaginou que os amigos já deveriam estar em sala de aula. Caminhou até seu armário e deu uma olhada na grade de horários. Literatura. Merda.


Harry tratou de pegar seu material e caminhar até a sala de Literatura, no segundo andar. No meio do caminho, porém, viu a professora de Educação Artística, junto de outros alunos, cheia de caixas e sacolas na mão. Ao avistá-lo, a professora sorriu e veio ao seu encontro.


—Sr. Osborn, querido! Eu estava mesmo te procurando – A mulher sorriu – Começaremos hoje nosso projeto especial, está lembrado?


—Oh, sim... – Harry disse. Mais que merda. Merda! Merda!— Infelizmente, eu tenho aula de Literatura agora...


—Ah, não se preocupe querido, eu já conversei com o seu professor. Pode nos acompanhar? – Anna tocou suavemente o ombro do garoto, indicando que deveria se juntar aos outros alunos. Harry se arrastou até o final do grupo. Tudo que menos queria naquele momento era fazer parte de algum projeto maluco daquela professora. A professora os levou até a sala de Artes onde outro pequeno grupo já os esperava. Harry viu que todas as mesas da sala haviam sido afastadas, restando apenas um circulo com cadeiras em seu centro. Percebeu que Matt Murdock também estava ali.


—Então ela achou você também? – Harry disse se aproximando, sentando-se ao lado do rapaz. Murdock apenas confirmou com a cabeça, permanecendo em silêncio. Era evidente seu descontentamento em estar ali.

Ficaram em silêncio até que professora terminasse de arrumar seus materiais e todos os estudantes já estivessem sentados. Não estavam em grupo muito grande, teriam ali no máximo, quinze alunos.


—Muito bem, alunos – A professora começou – Como todos sabem, estão aqui por que não realizaram apropriadamente o trabalhado que pedi semana passada. Mas não vamos ver isso como algo ruim, e sim, como uma nova oportunidade – Harry revirou os olhos. Ninguém ali parecia estar mais interessado que ele – A partir de hoje, vocês são, o meu grupo de teatro!


A revelação caiu como uma bomba. Um burburinho se instalou entre os alunos enquanto a professora tentava em vão acalmar os ânimos. Isso só pode ser brincadeira.


—Alunos! Essa é uma chance única. Não existe um grupo de teatro no Dom Elite há mais de dez anos. Por sorte, consegui esse espaço do diretor. Mas devo dizer que todos estão muito relutantes. Eu entendo que arte por ser a princípio, desafiadora. Mas o que podemos fazer aqui é recompensador!


—Dá para acreditar nisso? Vamos fazer teatro? – Harry disse indignado a Matt. O garoto permaneceu em silêncio, com a cara mais fechada do que antes, se possível. Harry insistiu enquanto a professora continuava seu monologo – Ela fez isso de propósito. Se eu não li aquela droga na frente de outras pessoas semana passada, quem dirá que vou apresentar alguma peça por aí...


Matt continuou em silêncio, prestando plena atenção no que a professora falava. Harry começou a se irritar. Agora ele começaria a ser ignorado?


—Olha, eu fiz alguma coisa para você? Por que não é muito legal deixar as pessoas falando sozinhas, sabe? – Matt virou lentamente o rosto para Harry, soltando um leve suspiro.


—Como está o Peter? – Disse finalmente. Não parecia querer começar uma conversa, mas Harry já se por dava satisfeito em não ter que falar com as paredes.


—Bem! Ele nem chegou a quebrar o nariz...


—Ótimo! – Matt disse levemente irônico soltando uma risadinha pelo nariz. Harry ergueu uma das sobrancelhas – Agora você já pode arrumar outra briga para ele.


—Como é que é? – Harry perguntou soltando uma risadinha. Infelizmente, tinha a impressão de que Murdock não estava brincando.


—Eu estava lá. Eu ouvi tudo – Matt disse um pouco mais baixo, tentando não atrapalhar a explicação interminável da professora – Se você não tivesse provocado Flash, nada daquilo teria acontecido.


— Calma aí, você está dizendo que foi culpa minha? – Harry não poderia estar mais chocado. O que estava acontecendo com as pessoas? – Flash começou tudo. Eu só estava me defendendo.


—Você poderia ter ido embora ou o deixado falando sozinho... Você tinha milhares de opções.


—Não é como se não tivesse um bando de urubus nos rodeando lá, não é mesmo? – O garoto começou a se alterar – Você acha que eu deixaria o Peter apanhar de propósito?


—Se você fosse um pouco menos egocêntrico, talvez tivesse escolhido ficar de boca fechada ao invés de colocar seus amigos na linha de frente – Matt disse tudo muito rápido, como se estivesse esperando para falar aquilo, já há algum tempo.


—Egocêntrico? Escuta aqui, quem é você para me dar sermão? Você não sabe nada sobre mim!


—Sei o suficiente. Sei que não se fosse por você, Peter não teria apanhado. Se não fosse por você, eu não teria ficado sem nota alguma no primeiro trabalhado do ano, se não fosse por você Nate Clason não estaria chorando pelos corredores e se não fosse por você eu não estaria preso nessa droga de lugar tendo que fazer esse projeto estúpido, então surpresa, você é egoísta e egocêntrico! – Matt disse exaltado, recendo alguns olhares dos alunos que estavam próximos a ele. Harry o olhava desacreditado, fervendo de raiva. Quem aquele garoto pensava que era para falar com ele dessa maneira?


—Quer saber? Eu não preciso ouvir toda essa merda! – Harry se levantou abruptamente e saiu da sala, batendo a porta com força. A professora chocada dirigiu o olhar a Matt, como se o garoto pudesse explicar o que havia acontecido. Matt soltou um suspiro, alheio de todos os olhares que caíram sobre si.

[...]


Fora da sala, Harry caminhava impacientemente. Com certeza já havia escutado muito para uma manhã. Flash, o diretor e agora o Murdock. Tudo que queria era chegar até seu quarto sem mais complicações. O celular tocou indicando uma nova mensagem.


Chris Graham
Tenho um horário livre depois do almoço. Que tal?11:26 A.M


Bingo. Parece que sua reputação não estava tão manchada assim. Harry resolveu ignorar tudo que ouvira do diretor e respondeu a mensagem pedindo para que o garoto fosse até seu quarto depois do almoço. Desde que seu pai não ficasse sabendo de nada, tudo estava bem. Precisava mesmo se distrair.


[...]


Após o almoço, Matt resolveu que era hora de procurar Harry. A professora Anna resolveu que manteria as duplas do trabalho em seu projet especial e sorteou as atividades entre as duplas.

Matt e Harry ficariam com o roteiro. Deveria ser alguma piada de mau gosto da vida.

A professora manteve os alunos pelos dois períodos que se seguiram, sendo enfim liberados na hora do almoço. Matt deveria entregar a Harry alguns papeis que orientavam a atividade que deveriam desenvolver, mas infelizmente não encontrara o garoto na cantina. Resolveu então que iria até seu quarto. Informou-se no caminho e seguiu sem muita dificuldade até lá. Matt encostou a mão na porta de madeira, passando os dedos sobre os nomes cravos ali. Deduziu que fosse ali mesmo. Bateu na porta.


Dentro do quarto, Harry ocupava-se beijando um rapaz. Chris fora até ali depois do almoço e não se demorou em roubar um beijo do garoto. Harry estava sentado no colo do rapaz em sua cama, enquanto o mesmo distribuía beijos pelo seu pescoço. As mãos do garoto corriam pelas costas de Chris enquanto ele lhe apertava a cintura.


—Harry... Eu acho que estão batendo na porta – Disse Chris se afastando um pouco. Harry revirou os olhos.


—Só ignore – O moreno respondeu voltando a beijar o rapaz, esse se deixou levar puxando Harry para o lado, o deitando na cama e ficando por cima dele. As batidas na porta continuaram fazendo Harry bufar. O garoto levantou irritado, passou a mão no uniforme na intenção de desamassa-lo e destrancou a porta, abrindo-a. Chris levantou da cama, indo até ele.


—Harry? – Matt perguntou duvidoso. A porta havia demorado demais para ser aberta e agora já tinha duvidas se batera no quarto certo.


—Murdock – Harry disse seco ao constatar quem era. Além de me esculachar, atrapalha meus lances. Ponto para o Murdock – O que você quer?


—Nós vamos ter que fazer o roteiro da peça – Disse Matt estendendo algumas folhas na direção de Harry – Tem que estar pronto até sexta-feira – Matt ouviu Harry dar uma risada áspera, não se dando ao trabalho de pegar as folhas que lhe foram apontadas.


—Harry, eu vou indo ok? – Matt escutou uma terceira voz vinda da porta.


—Ei, não precisa... - Harry soltou um muxoxo. Chris deu um selinho no garoto e disse:


—Eu vou indo, depois a gente se fala – Então passou pela porta e cumprimentou Matt com um “E aí”. 


—Maravilha, Murdock. Você acabou de estragar todo o clima – Harry soltou ironicamente. Matt fechou a cara. Sabia que depois do que disse mais cedo ao garoto, ele não o trataria muito bem.

Matt não quis pegar tão pesado. Estava estressado por que seu computador estragara e teria de se virar para acompanhar as aulas daqui para frente. E também tinha o tal teatro. Matt não gostava da ideia tanto quando Harry, quem sabe até odiasse mais. Teria que participar por que HARRY não havia feito sua parte do trabalho e isso o deixava irritadíssimo. Acabara descontando tudo de uma vez só, depois do acidente com Peter.


—Apenas coloque seu nome na folha e escreva qualquer coisa, tudo bem? – Matt pediu ainda com o braço esticado indicando os papeis – Eu faço tudo depois.


—Ah, mais é claro! Esqueci que sou egoísta demais para fazer um trabalho em dupla – Harry cruzou os braços, irritado. Matt soltou um suspiro.


—Só pega, ok? – Matt balançou as folhas. Harry tomou-as de sua mão com certa agressividade. O garoto passou os olhos pelo papel e disse:


—A peça vai ser sobre seu trabalho de Física?


—Como? – Matt perguntou confuso.


—Você me deu seu trabalho de Física, gênio! – O garoto devolveu os papeis soltando uma risadinha. Depois disso percebera que Murdock havia ficado desconfortável.


—É... Me desculpe, eu pensei que tinha pegado as folhas certas – Matt se envergonhou. Odiava quando aquilo acontecia, embora não acontecesse com frequência – Eu vou até o meu quarto pegar as folhas certas, já te trago.


—Não, tudo bem... – Harry disse fechando a porta atrás de si. Sentira-se levemente culpado pelo constrangimento do maior. Imaginava que deveria ser incomodo para ele quando coisas do tipo aconteciam – Eu vou junto... Quero falar com o Peter. 


Os garotos caminharam em silêncio até o outro quarto, quando chegaram, Matt adentrou rapidamente o lugar. 


—Ele não está aqui - Disse a Harry. Estava silencioso demais, Peter costumava fazer bastante barulho. 


—É, percebi... - Matt começou a revirar sua mesa de estudos. Passou a mão por livros, canetas e papéis. Então abriu uma gaveta e de lá tirou mais papéis e uma pasta. Encontrou o que procurava ali. Entregou os papéis a Harry. 


—Acho que são esses - Matt disse tímido. Harry concordou com a cabeça, percebendo alguns segundos depois que Matt não conseguia vê-lo fazendo isso. 


—Está certo...


—Você só precisa colocar o seu nome - Matt sentou-se - E escrever umas dez linhas de qualquer coisa. Eu me viro depois. 


—Você realmente acha que eu não consigo fazer? Vai fazer tudo sozinho? - Harry perguntou com deboche - Quem é o egocêntrico agora?


—Me desculpe, Harry. Eu estava irritado por ter que participar daquele projeto e acabei descontando em você. Não queria ter dito tudo aquilo. Sei que não machucaria Peter de propósito, vocês são amigos. 

O pedido de desculpas deixou Harry mudo. Não esperava por isso, principalmente da forma com que Matt havia feito. Ele tinha sido sincero. 

—Tudo bem... - Foi o que Harry disse. Então foi até a cama de Peter e se jogou nela, soltando um suspiro. 


—O que vocês está fazendo? 


—Vou esperar o Peter - Harry respondeu sem muita pretensão. Ainda deitado na cama, resolveu puxar assunto - Então... O que vamos escrever para o teatro? 


—Você vai mesmo fazer isso? - Matt soou duvidoso, não acreditando realmente no garoto. 


—É tão improvável assim que eu faço essa droga? - Harry levantou o tronco sentando-se na cama, olhando Matt. O outro deu um rizinho.

—Para falar a verdade, é. Você mesmo disse hoje de manhã, que não faria teatro. 


—Não vou fazer, vou escrever - Harry justificou-se - Ninguém vai saber que eu participei...

Matt não disse nada. Virou a cadeira que estava sentado, na direção da mesa de estudos. Tateou seu notebook e o ligou. O aparelho estava com problemas, o teclado especial para Matt não estava funcionando e ele teria de se virar com um teclado comum. Pediria emprestado o computador de Foggy mais tarde. Mesmo assim, resolveu liga-lo para conferir mais uma vez.

O garoto percebeu que Harry começara a andar pelo quarto. Ouvira o barulho de objetos sendo revirados e portas sendo abertas. 


—Você está mexendo nas coisas do Peter? 


—É - Harry respondeu indiferente - Mas não tem nada de interessante, não... - Matt sorriu balançando a cabeça negativamente. Não podia negar que Harry era engraçado. 


—Ele guarda chocolates na terceira gaveta do criado mudo - Matt revelou. Harry o olhou incrédulo, indo conferir a gaveta rapidamente. Chocou-se quando viu que era verdade. Peter guardava todo tipo de doce lá, incluindo chocolates. Harry pegou algumas embalagens e jogou na cama. 


—Como você sabia disso? - Perguntou impressionado - Você tem visão raios-X por acaso? Ta aí o real motivo dos óculos.


—Não, eu... - Matt riu baixinho - Eu só escuto muito bem. 


—Escuta bem? Porra nenhuma que descobriu isso só ouvindo! 


—Eu estava no quarto quando ele estava guardando. Não da para confundir o cheiro de chocolate - Matt virou a cadeira na direção da cama de Peter, imaginava que Harry estaria lá. 


—E como sabia que estava na terceira gaveta? 


—É aí que entra a audição - Explicou Matt - Você percebe de onde o som vem, qual direção, intensidade, familiaridade. 


—Incrível! - Harry soltou ainda impressionado. Pegou duas barrinhas de chocolate de cima da cama e deu uma Matt. O garoto hesitou, mas acabou por pegar quanto Harry disse que Peter provavelmente nem daria falta, tamanha era a quantidade de doces que tinha.

Após alguns minutos conversando sobre assuntos aleatórios, Matt confirmou o estrago de seu teclado enquanto Harry comia mais doces e voltava a falar do teatro. 


—Já pensou no que vamos escrever? Podíamos fazer uma peça de terror - A ideia pareceu animar Harry. 


—Hm... Na verdade acho que não podemos - Matt disse - Tem uma lista bem grande de censuras em uma das folhas que te dei. A professora Anna fez questão de lê-las. 


—Vamos ser censurados? - A voz de Harry se exaltou em surpresa. 


—Não podemos usar violência, nudez, linguagem imprópria, nem nada que incite atos libidinosos - Matt enumerou os itens nos dedos da mão - A professora disse que diretor foi claro quanto a isso. 


—É claro! - Harry disse com escárnio - O senhor Fury não permitiria nada de impróprio dentro do seu colégio. É mesmo um cretino! - Matt nada disse. Percebera pelo tom que o garoto havia usado que o diretor não lhe era muito estimado. Resolveu não perguntar nada. 

—Que droga vamos fazer agora? - Harry levantou os braços em frustração - Não tem como criar uma boa história sem violência ou nudez, ou os dois juntos! - Matt soltou uma risada pelo nariz. 


—Muita gente já fez isso, acredite. 


—Muito já gente já fez romance água com açúcar, você quis dizer - O menor retrucou - Não vou escrever nada sobre casalzinhos ou contos infantis. 


—É o que nos resta Harry, sinto muito. 


—Nós podíamos ignorar tudo isso e criar a peça mais obscena de todos os tempos, o que acha? Certamente, chocaria muitas pessoas.


—E certamente seriamos expulsos - Matt disse balançando a cabeça em negação ouvindo Harry bufar aborrecido. Sinceramente, Matt achava toda aquela censura um absurdo. Em plena atualidade, receber uma lista de coisas que não podem ser mostradas ou faladas, era no mínimo revoltante. Quase que repentinamente, uma ideia surgiu na mente de Murdock. 


—E se fizéssemos uma peça que criticasse tudo isso? Uma história irônica, que expusesse a censura imposta aos alunos e... Eu não sei... Algo que mostrasse o que jovens pensam de verdade... - Harry permaneceu alguns segundos em silêncio, digerindo toda a ideia. A proposta de Matt o surpreendera. Harry já havia perdido as contas de quantas vezes Matt o impressionara naquele dia. 


—Você... É um... Gênio - Harry disse pausadamente, como se estivesse tendo a maior epifania de todas. O garoto levantou-se da cama e começou a andar de lado para o outro animado - Isso é brilhante! Essa história vai conseguir atingir todos os estudantes e ainda causar uma revolta no diretor. É isso! 

Matt se permitiu rir junto de Harry, realmente, a ideia era animadora. Ver que poderiam de alguma forma, estimular pensamentos e incitar críticas, era de tamanha importância para eles, adolescentes, que tudo era extremamente empolgante. Resolveram começar ali mesmo. 

Harry sentou-se junto a Matt e ambos iniciaram uma longa discussão sobre personagens, roteiros e premissas. Matt pediu que Harry anotasse todas as ideias, já que seu notebook havia estragado. Harry não viu problema em se apossar do computador de Peter. 


E então a tarde passou despercebida. As horas voaram e lá fora, o céu escuro entregava que os dois garotos haviam gastado muito tempo no planejamento do roteiro daquela peça. Teriam que correr atrás das aulas perdidas, mas nenhum dos dois parecia muito preocupado com isso.
Harry até havia ignorado a mensagem que receberá no meio da tarde de Chris, perguntando se ele estaria livre no final de semana para terminarem o que haviam começado antes, para o azar do garoto, Harry já havia perdido a vontade. Ele era assim, tinha vontades passageiras e não se apegava a QUASE nada. 

O projeto estava bem adiantado. Todo o plot da história já havia sido criado, tal como os personagens. Eles teriam agora que entregar tudo a professora Anna e esperar pela aprovação dela, para que pudessem enfim, escrever a peça com todos os detalhes. 


Harry olhou para o relógio pendurado na parede e se deu conta do horário. Afastou um pouco a cadeira da mesa e se espreguiçou, levantando os braços. Matt pareceu notar que haviam passado muito tempo ali. O garoto passou a mão pelo pescoço, tentando aliviar a tensão de horas sentados em uma cadeira não tão confortável. 


—É, até que fizemos bastante coisa - Harry finalmente disse vendo Murdock assentir. Concluiu animado: 


—Eu quero ver a cara desses desgraçados quando virem isso. É isso aí, Murdock! - O menor levantou a mão para Matt, esperando o cumprimento - Ah, é... Bate aqui! - Matt riu e levantou a mão, saudando Harry atrapalhadamente. 


Ouviram então, o barulho da porta abrindo. Peter entrou no quarto sorridente, parando logo na entrada ao ver Harry e Matt ali. 


—O que vocês estão fazendo? - Perguntou Peter, entranhando a presença do amigo ali. 


—Nós estávamos fazendo o projeto especial da professora Anna... - Matt respondeu antes de Harry, levantando-se e indo até sua cama - Temos que fazê-lo juntos. 


—Ahm... E é sobre o que? - Peter perguntou, seguindo também para sua cama, vendo-a toda bagunçada e coberta pelos SEUS doces e embalagens vazias deles. Reparou que Harry usava seu notebook - Ei, o que você está fazendo com computador? 


—Eu peguei emprestado, Pete - Harry respondeu dando de ombros - E comi um pouco do seus doces também. Aliás, da onde você arruma tanta coisa assim? - O menor foi até a cama do amigo e remexeu nas embalagens. Peter arrancou os doces da mão dele e tratou de guardar tudo rapidamente, com a cara fechada. 


—Já te disse para não mexer nas coisas dos outros, Harry! - O garoto o repreendia como uma mãe faria. Virou-se para Matt - Passaram a tarde inteira aqui? 


Harry assentiu jogando-se na cama, sorrindo para Peter que ainda o olhava "emburrado". Matt apenas ria dos dois. 


—E você? - Perguntou Harry - A onde estava? Vim te procurar aqui e me lembro de que tinha o primeiro horário da tarde livre... 


—Eu... Eu estava com o Wade - Peter disse levemente envergonhado - Estávamos conversando - Harry o olhou espantado. 


—Você passou a tarde inteira com o doido do Wilson? 


—Ele é bem legal se quer saber - Peter defendeu-o colocando uma das mãos na cintura - Eu já disse que ele só é um pouco diferente. 


—Um pouco? - Matt deixou espaçar dando um risinho. Peter o olhou de cara feia. 


—Droga Pete, eu não posso deixar você sozinho por cinco minutos que você já vira best friend do esquisitão da escola... 


—Ele impediu que o Flash terminasse de quebrar a minha cara, se lembram? - Peter perguntou aos garotos. Os mesmo permaneceram em silêncio, Harry não tinha nada contra esse argumento - E... Ele é bem legal...

Harry resolveu deixar para lá. Sabia que apesar de tímido, Peter tinha facilidade em fazer amigos. Ele era sempre muito gentil com todos. Fora assim que se conheceram. Sabia que quase por instinto Peter se tornaria amigo de Wade. 


—Ok, então - Disse apenas. 


—Eu estou morrendo de fome - Peter mudou de assunto lembrando que só havia comido alguns salgadinhos que Wade guardava em um armário velho do terraço- Vamos jantar?

Matt disse que estava bem é que apenas tomaria um banho. Harry e Peter decidiram então, caminharem até a cantina, o horário do jantar já deveria ter começado. Porém, antes saírem do quarto, Peter perguntou:


—O que você queria comigo? - O amigo não entendeu - Você disse que veio me procurar mais cedo...


—Ah... - Harry lembrou-se - Eu ia te falar do... Quer saber? Deixa pra lá! É besteira... -Peter então deu de ombros e saiu do quarto. Harry deu uma ultima olhada na mesa de estudos a onde passara a tarde inteira e então olhou ao redor, vendo Murdock parado em frente a porta do banheiro, virado na sua direção. Carregava consigo algumas peças de roupa e uma toalha de banho. 


—Nós falamos amanhã, Matt. Sabe, para terminar o projeto... - Harry saiu do quarto quando viu Matt assentir com a cabeça. Parado ainda na frente do banheiro, o garoto deu um pequeno sorriso.


Aquela fora a primeira vez que Harry o chamara de Matt.


[...]

No fim do dia, todos os alunos se preparam para dormir no do Dom Elite. No dormitório feminino, o silêncio dentro do quarto de Jessica Jones e Gwen Stacy era incomum.

Normalmente, elas levantavam pela manhã discutindo e deitavam-se a noite, discutindo. Brigavam pela bagunça do quarto, brigavam pela música alta, brigavam pela luz acesa, brigavam pela demora no banho, brigavam pelo perfume sufocante no ar, brigavam pela janela aberta e por mais uma lista gigantesca de coisas. 


Porém, naquela noite, tudo parecia muito pacífico. Jessica estranhava a atitude da colega de quarto, normalmente era ela a primeira a reclamar de qualquer coisa. Gwen saiu do banheiro após escovar os dentes e já puxava as cobertas de sua cama, quando Jessica arriscou. 


—Será um milagre, Deus? Gwen Stacy não reclamou do ar condicionado dessa vez! - Jessica encenava, olhando para cima com as mãos levantadas para o alto. Gwen revirou os olhos e disse: 


—Hoje não está tão alto. 


—Se você quiser, eu posso aumentar - Provocou a morena, levantado da cama e pegando o controle do Ar. 


—Não! - Gwen quase gritou apontando as mãos na direção da garota - Está ótimo assim.

Jessica riu e soltou o controle no criado mudo, deitando-se novamente, apagando a luz de seu abajur. Quando Gwen repetiu o ato, a garota não se agüentou. Ligou novamente seu abajur e sentou-se na cama. 


—Ok, o que tem de errado com você? - Jessica perguntou ríspida. Gwen nunca apagava a luz de seu abajur. Ela não gostava de dormir no escuro, diferentemente de Jessica e isso sempre causava uma longa discussão noturna. Gwen bufou e também acendeu a luz do seu abajur. 


—Eu estou tentando ser legal, tudo bem? - A loira disse um pouco mais alterada do que deveria - Você poderia colaborar, para variar um pouco. 


—Eu não preciso que você "tente ser legal” comigo, Elle Woods. Dispenso sua caridade! -Jessica deitou-se novamente, apagando novamente seu abajur. 


—Não é caridade - Gwen falou mais contida - É pelo que fez por Peter... -Jessica ficou em silêncio. Não espera aquilo da loira - Você tentou ajudar ele, esse é meu jeito de agradecer, já que sei que nunca aceitaria um simples "Obrigada". Você é cabeça dura demais para isso...

—Essa é sua tática para me fazer aceitar seu agradecimento? Escolha errada - Jessica disse se referindo a ultima frase dita pela garota - Não fiz isso por você, Barbie Malibu. 
—Eu sei disso - Gwen tentou seu gentil - Não sei por que fez, mas mesmo assim você foi corajosa...


—Não acho justo tirar proveito de alguém menos capacitado do que você. Foi por isso que interferi. Aquele garoto tira proveito das pessoas porque é mais forte. Não foi a única vez que vi o fazer aquilo com alguém e esse é só o meu primeiro ano...  - Jessica disse tudo de maneira muito tranquila e pela primeira vez, ela é Gwen pareciam estar tendo uma conversa civilizada. 


—Eu sei, o Flash é um babaca! - A loira disse - Mas o Peter é um dos meus melhores amigos e eu me preocupo com ele. Obrigada, mesmo...  - Gwen sorriu depois disso. Jessica a olhou por alguns segundos e depois virou-se para o outro lado da cama, soltando um "Tanto faz". 


A loira sorriu mais uma vez, entendeu que de um jeito ou de outro, aquele era o "De nada" de Jessica Jones.


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Notas finais do capítulo

E aí, curtiram? Não deu tempo nem de se recuperarem do moment Spideypool que já veio um lindão do Harry e do Matt. O que acharam? Me contem tudo!

Sobre a Jessica e a Gwen: ♥

Vejo vcs no próximo cap, agora só na segunda-feira! Prometo que não vou atrasar ahaha :D
Beeeeeijos ♥