Minha mãe batia no meu quarto me chamando para o café da manhã, eu ia me levantar como se fosse normal, só que tinha um  braço me envolvendo que impedia. Alguém estava sem o uniforme e na sua aparência normal, eu não podia me virar em hipótese alguma, é um grande segredo nosso, tentei acordá-lo apenas chamando-o:

— Chat? - Ele se mexeu, mas ainda não acordou. Tentei novamente - Chat? - Ele acordou dessa vez, e parece que percebeu o porque disso.

— Bom dia, princesa. Parece que você descobriu meu segredo - Pelo jeito que ele estava achando que eu o vi.

— Eu não vi, Chat, eu sei que é perigoso vocês revelarem suas identidades - Ele se levantou da cama e se transformou em gato preto novamente - Agora sim - Virei a cabeça e o vi ali, parado (Gente, calma, crise de criatividade), levantei da cama e o abracei - Nunca mais suma de novo, tá bom? Você fez uma promessa.

— Eu sei que eu fiz, princesa, peço desculpa por não ter cumprido ela, o que posso fazer para me desculpar? - Ele se ajoelhou e beijou minha mão, sorri com o ato e então ele se levantou e beijou minha testa - Fica pra hoje a noite, okay? Tenho que ir agora, tchau.

Ele saiu pela varanda pulando de prédios em prédios, atraia alguns olhares, mas ele não se importava, adorava aparecer:

— Gatinho bobo - Desci as escadas e sentei com meus pais.

— Conversando com as fotos do Adrien de novo, filha? - Opa...

— M-mãe, você sabe que eu me livrei delas - Ai, que vergonha, tenho que aprender a ficar de boca fechada quando se deve. Peguei um pedaço do bolo do papai e comi junto com café com leite, simplesmente melhor coisa. Terminei tudo e disse que iria gravar com o pessoal, dei um beijo na testa deles e fui em direção a primeira cena.

[ ... ]

Já fazia uma semana que nos encontrávamos todos os dias para gravar aquele filme, agora só falta preparar o filme pra tela. Eu estava na casa do Nino, junto com Alya, editando algumas cenas e cortando algumas outras e rindo dos erros de gravação:

— Pelo jeito, Chloe conseguiu uma boa interpretação como riquinha de antigamente - Minha amiga disse - E Sabrina como empregada da Chloe foi uma ideia ótima, admitam que meu roteiro foi incrível.

— Seu roteiro foi incrível, amor, todos concordamos - Nino disse enquanto editava a parte da Tika, a cachorrinha que participou do filme. Ei, eu já disse o quanto eu acho fofo a Alya e o Nino juntos? No filme ele descobre que ela é mulher e se apaixona por ela, mas antes, ele acha estranho ele mesmo sentir atração por um homem e... Acho que já estou falando demais do filme (Isso mesmo, Marinette, permaneça com a boquinha quieta, os nossos leitores vão descobrir depois todo o enredo do filme >u< )

— Pra quando é o trabalho mesmo, Alya - Perguntei, espero que seja um pouco longe ainda, se não, vou sentir pena do Nino.

— É daqui a dois dias, eu e o fofucho aqui vamos ver se conseguimos acabar até amanhã. Depois é só passar pra um CD e dar para professora e receber nosso Oscar - Ela ficou batendo palmas no final e eu só conseguia rir, essa era a Alya que eu conhecia.

— Bom, boa sorte com o seu oscar - Falei pegando meu casaco e indo para as ruas de Paris - Eu tenho que voltar, prometi aos meus pais que ia jantar com eles. Tchauzinho, casal apaixonado.

— Olha só quem fala, né, senhora Agreste? - Ri do comentário, mas só respondi em pensamento "Não, é senhora Noir".

Coloquei o casaco, a noite de Paris conseguia ser fria, fiquei andando de um lado para o outro no início, totalmente sem rumo. Parei de andar e fiquei observando a praça, alguns casais apaixonados, alguns realizando o desejo do filho pelo sorvete, algumas pessoas simplesmente perdidas em pensamentos como eu. Balancei a cabeça e voltei a andar normalmente, em rumo a minha casa.

Cheguei, abri a porta, depois tranquei a mesma. Passeando pela padaria, admirando as obras gastronômicas do meu pai, adorava aquele lugar, me trazia tranquilidade. Fui pra cozinha e encontrei meus pais jantando:

— Então, como está o filme, filha? - Meu pai perguntou.

— Ah, está ótimo! Alya e Nino juntos conseguem fazer um trabalho incrível.

— É verdade que eles estão namorando, filha? - Minha mãe perguntou.

— Sim, é verdade. Estão juntos a três meses (Vamos supor que a fanfic até agora durou três meses, okay?)

— Bom, eles formam um casal lindo - Minha mãe continuou - E filha, como vai aquele garoto... O Adrien? Não vi mais ele, vocês formariam um belo par.

— Querida - Meu pai falou enquanto eu corava, não sabia se ria, chorava ou imitava uma avestruz e enfiava a cabeça no chão.

— Mas, querido, é verdade. Você já beijou ele?

— MÃE! - Falei alto, mas eles começaram a rir, eu sei que é chato quando os nossos pais nos dão a prisão, mas liberdade demais já é estranho também. Eu sabia o que devia falar naquele momento para fazer ela ficar feliz - Nós formamos um par no filme.

— E você não me avisa isso antes? Filha, não faça mais isso, adoro saber as coisas.

— É... Eu sei que adora - Comecei a rir, terminamos o jantar e cada um lavou seu prato. Dei boa noite e subi para o meu quarto, ao chegar lá, ouvi alguma coisa do lado de fora - Chat?

— Boa noite, princesa - Ele apareceu do telhado e me deu um beijo roubado - Como foi seu dia?

— Foi ótimo, e o seu? Salvando Paris? - Ele pegou minha mãe e me girou como um passo de dança e me puxou para perto de si.

— Prefiro salvar uma pessoa específica - Ele falou aproximando seu rosto - Um amigo meu falou que fez um filme  com você, isso é verdade?

— Sim - Falei automaticamente, não podia mais mentir pra ele - Eu fui a Ladybug de 1899, dá pra acreditar? Eu, Marinette desastrada, salvando Paris.

— Pra ser sincero, consigo ver essa cena muito bem - Ele respondeu, e depois nos encaramos. Eu conseguia imaginar eu como Ladybug salvando Paris, mas como Marinette, acho meio impossível, mas então lembrei do que Tikki havia dito uma vez "Você é a Ladybug, com ou sem máscara" - Você me salvou naquele dia da Antibug, lembra?

— Sim, eu lembro - Sorri ao conseguir ver a cena bem direitinha na minha cabeça - Acho que talvez eu consiga sim salvar alguém.

— Sim, você consegue. Você me salvou naquele dia, e não precisou de máscara nenhuma pra isso - Ele sorriu e segurou meu rosto - Prefiro você sem ela - Então me beijou.

— E você, Chat? - Ele afastou seus lábios e ficou me olhando nos olhos - Prefere ficar sem ou com máscara?

— Prefiro ficar com - Ele se sentou e me puxou para sentar no seu colo - Quando estou sem é como se eu ainda estivesse com a máscara, eu fico fingindo ser quem eu não sou. Quando eu estou assim, como ChatNoir, eu fico sem máscara, eu finalmente sou eu mesmo e livre para fazer o que quiser sem ser julgado - Ele terminou a explicação e ficou sério.

— Então, você com máscara é você sem ela?

— Exatamente.

— Bom, pelo menos agora eu tenho uma pista de quem você é... Eu acho - Sorri, eu ainda lembrava muito bem da promessa de descobrir quem ele realmente é, então, a partir desse dia, nossos encontros não serão mais apenas noturnos. Minha mãe vai ter que aceitar que eu não posso ficar com o Adrien. (Isso buga muito a cabeça O.o)

— Posso te dar uma dica, princesa?

— Pode...

Ele me puxou para perto novamente e então me deu outro beijo, que passou para a bochecha até chegar na orelha:

— Estou mais perto do que você imagina.