Katherine Cullen

Camile disse que quando o relógio marcasse oito horas da noite me ponto, faria um feitiço para que todos os membros da minha família, juntamente com Paul, dormissem por cinco minutos, tempo o suficiente para sairmos do hotel sem sermos notadas. Dito e feito, meu namorado caiu de sono no instante em que o ponteiro atingiu o horário certo. Depositei um beijo nos lábios de Paul antes de sair do quarto, encontrando a bruxa no corredor.

Corremos como se não tivesse amanha, e por incrível que pareça, passamos despercebido por diversas pessoas que estavam na rua, ou até mesmo no hotel. Acredito que Camile tenha feito algo para contribuir nesse quesito. Ela parou um taxi, quando estávamos algumas quadras longe do hotel.

— Eles ficaram bem? – perguntei fechando a porta do automóvel.

Ela disse o nome do lugar para o motorista, voltando sua atenção para mim.

— Já devem estar acordando.

— Podem sentir o nosso cheiro, não? – ela negou.

— Não vão poder sair do quarto até que eu desfaça o feitiço, Katherine – me tranquilizou – Não fique tão nervosa. Tudo vai ficar bem.

Assenti para ela, tentando me tranquilizar.

Durante todo o caminho pude observar pela janela do carro a cidade praticamente vazia. Não sabia se isso tinha alguma relação com os vampiros. Mas não era algo com que valesse a pena eu me preocupar agora.

— Camile? – chamei a mulher – Posso realmente confiar em você?

A minha pergunta pareceu pega-la de surpresa, que assentiu, desviando o olhar do meu, para a janela.

— Sabe alguma coisa sobre a minha historia? – perguntou.

— Sei o que Alice me contou – pensei por um momento – Que você deve alguns favores a minha família porque já te livraram da morte algumas vezes. Também que os Volturi mantinham você e sua filha refém.

Ela não me olhou em momento nenhum, mas pude perceber  a tensão no ar quando sua filha foi mencionada.

— Eles a mataram – confessou me olhando com os olhos cheios de lagrimas – Quando consegui nos libertar, com a ajuda dos gêmeos, Aro descobriu que minha filha mantinha um caso com Alexander Volturi, por todos os anos que mantiveram-na presa. Não tiveram tempo de se despedir, e ela prometeu que voltaria. Em uma noite, sem que eu soubesse, ela voltou, Katherine. Pois teriam que ao menos se despedir dignamente. Mataram-na, bem na frente de dele. Os dois realmente se amavam e lutariam com o mundo para que pudessem ficar juntos. Mas, o destino os interrompeu.

Não sabia o que dizer ou fazer para conforta-la. Camile parecia a pessoa mais frágil do mundo naquele momento, e a única coisa que queria poder fazer era trazer sua filha de volta. No momento, só conseguia pensar que Alexander devia algo à bruxa, então poderia me ajudar. Era extremamente egoísta pensar dessa forma, mas inevitável.

— Eu sinto muito, Camile.

Ela limpou o rosto com a mão.

— Nos chegamos – apontou para a balada – Está pronta?

— Como nunca antes.

Seguimos para dentro do salão onde pessoas dançavam e bebiam em um clima bem alterado. O cheiro de álcool era mais forte do que o de sangue humano. A bruxa segurou minha mão, puxando-me para a parte do bar, paramos em quanto pude observar que ela encarava um casal se beijando ferozmente, sentados no bar.

— Porque me contou sobre a sua filha? – resolvi perguntar.

— É o motivo porque protejo você – disse sem me olhar – Me lembra Safira, Cullen.

Safira ... Era o nome da garota.

— E pelo visto – voltou a dizer – Aquela garota lembra Safira para o idiota do Alexander. Tem o mesmo tom de cabelo da minha filha.

Consequentemente, o mesmo tom de cabelo que o meu.

Comecei a desejar nunca ter saído do hotel no momento em que as coisas se tornaram estranhas. Ela me puxou, até que ficássemos de frente para o vampiro que ainda tinha sua atenção voltada para os lábios da garota. Camile pigarreou, chamando a atenção do moreno. Alec se assustou ao me ver, analisando-me de cima a baixo, e ficando de pé logo em seguida. A bruxa ainda o olhava, verificando suas reações.

— Safira?