Seirin no Basket [HIATUS] escrita por Nanahoshi, Heisenberg24, Rayel


Capítulo 1
Prólogo - O que eu quero ser


Notas iniciais do capítulo

OLÁ PESSOAL!
Eu estou muito viciada em Kuroko no Basket então decidi fazer essa fic! O mais divertido está sendo aprender sobre basquete, criar personagens e desafiar a mim mesma a escrever sobre um assunto normalmente muito difícil: esportes.
Espero que gostem desse prólogo onde introduzi sobre os primeiros personagens que criei para a fic. Antes de começarem a ler leiam as notas da história por favor para que não haja mal-entendidos.
Obrigada e boa leitura!



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—Você não pode jogar!

—É sai daqui!

—Mas por quê?

—Hahahaha! Porque você é menina! Acha que uma menina dá conta de jogar basquete com a gente? Além disso você é super esquisita! Olha esses seus olhos de mutante!

—É! Você não aguenta, sua mutante! Agora sai daqui que tá atrapalhando o jogo. – dito isso, o garoto empurrou Kazuki com força, fazendo a cair sentada no chão. Eles gargalharam e voltaram à disputa de pontos individual.

Seus olhos, um negro e o outro verde acastanhado, ficaram marejados. Contrastando com o frio que chicoteava seu rosto, as lágrimas da garota escorreram quentes, deixando uma trilha aquosa em suas bochechas avermelhadas. Ela se curvou sobre si mesma e começou a soluçar.

Passados alguns minutos, alguém surgiu correndo em direção à quadra. Era um garoto.

—Kazuki! – ele berrou de longe. – Kazuki! A festa está quase começando!

Ao passar pelo portão, estacou à beira do enorme retângulo de concreto coberto com uma fina camada de neve. Sua irmã estava encolhida no chão da quadra, trêmula, e os sons de seus soluços eram inconfundíveis.

—Kazuki! – ele despertou do choque e correu até ela - O que aconteceu?

Ele se abaixou e tocou de leve as costas da irmã, envolvendo-a num abraço suave.

— Kazuko... – ela ergueu o rosto para o irmão. Novamente teve aquela estranha sensação de estar se olhando no espelho - Eles... Eles não me deixaram jogar... Porque eu sou menina! – ela falou arfando entre soluços e lágrimas.

As sobrancelhas de Kazuko abaixaram-se assustadoramente, e uma sombra atravessou seu rostinho infantil por um instante, e seus olhos de cores diferentes ficaram sombrios.

—Levanta. – disse ele baixinho.

A garota ergueu os olhos e olhou sem entender para o irmão, mas obedeceu.

—Oi. – ele chamou tentando soar o mais sério possível.

Os meninos que disputavam cestas o ignoraram.

—Oi. – ele tentou de novo.

—Chegou o irmão da chorona! – zombou um arremessando a bola na direção da cesta. Ela bateu no aro e despencou para a mão de um outro garoto.

—Vai começar a chorar também? – riu o que avançava para o que detinha a posse da bola.

Kazuko cerrou os punhos com força. O que aconteceu a seguir foi rápido demais para que os garotos revidassem.

O menino avançou rápida e bruscamente para o meio do grupo. O que segurava a esfera laranja colocou-se em posição de arremesso, mas ao flexionar seus joelhos e iniciar o movimento, ela já não estava mais lá. Por um momento, todos piscaram atônitos e olharam para os lados. Quando se tocaram, a bola já estava finalizando seu arco aéreo na direção do centro da quadra, e caiu num encaixe perfeito nas mãos da garota que a pouco estivera encolhida.

—Nee-chan, o que o Midorima-kun te ensinou?

Um silêncio tomou conta do ambiente. Todos olhavam boquiabertos para a garota posicionada timidamente sobre a faixa que dividia a quadra ao meio. Ela olhava abobalhada para a bola laranja entre seus dedos, se perguntando como diabos ela fora parar ali. A pergunta ressoou três vezes em sua mente.

O Midorima-kun? O Shin-chan?

Ela ouviu um estalo em seus ouvidos e seu corpo automaticamente se posicionou. Ela flexionou os joelhos, posicionando a mão direita encaixada sob a bola, e a outra mão apoiava o objeto na lateral. O arremesso foi tão harmônico que pareceu acontecer em câmera lenta. A bola voou no ar, descrevendo uma parábola silenciosa no ar gelado de março, e encaixou-se exatamente no centro do aro da cesta.

—É óbvio que o melhor arremesso é a distância. Afinal, vale três pontos. – Kazuki citou olhando para a rede branca que ainda balançava.

Kazuko riu.

— O Midorima-kun ia ficar orgulhoso dessa cesta.

A menina não se mexeu. Estava chocada demais para fazer qualquer movimento. Como que ela havia acertado aquela cesta mesmo?

Os outros garotos presentes não estavam muito diferentes dela. Olhavam todos boquiabertos ora para Kazuko, ora para Kazuki, ora para a bola que se se enterrara na neve que se acumulara a beira da quadra.

—Vamos. – disse por fim o irmão de Kazuki. Ele caminhou apressadamente para onde estava a irmã, segurou sua mão e arrastou-a quadra afora. Os outros apenas os seguiram com o olhar.

Demorou alguns passos para que a menina despertasse de seu entorpecimento e percebesse que estava sendo guiada.

—Ei! Onde estamos indo?

—Você não escutou quando eu gritei!? A festa está quase pronta! Nossos tios já chegaram, o vô foi comprar mais refrigerantes e a vó tá cuidando das travessas. Até a Riko-chan tá lá ajudando!

Kazuki apenas se calou e piscou com um ar perdido para o irmão. Ele olhou de esguelha para ela e riu.

—Se brincar só estão faltando os aniversariantes!

*

—PARABÉNS!!!

Estouros, assovios, palmas e apitos soaram do fundo da sala de súbito assim que Kazuko abriu a porta. Os dois irmãos ficaram parados na entrada da casa, piscando assustados para os convidados da festa, que eram muito mais do que antes de Kazuko sair para encontrar a irmã. Alguém surgiu sorrateiramente por trás deles, passando os braços pelos ombros de ambos.

—Vão ficar plantados de susto aí?

—Riko-chan! – exclamou Kazuki olhando para a amiga.

Ela mostrou a ponta da língua numa careta.

—Então foi realmente armação de vocês me mandarem atrás da Kazuki! – Kazuko olhou maravilhado para a quantidade de pessoas. Todos os seus tios estavam ali, primos, e amigos da escola.

—Hora de abrir os presentes! – berrou Riko empurrando os irmãos na direção do amontoado de convidados.

Eles se precipitaram para os aniversariantes, abraçando-os e desejando parabéns, felicidades e outras típicas mensagens. Presentes pulularam nas mãos dos convidados, e os irmãos ficaram zonzos tentando abri-los e admirá-los. Duas pessoas esperavam pacientemente mais afastados do grupo, olhando os meninos com um pequeno sorriso nos lábios.

Finalmente os presentes acabaram e Kazuki juntou todos os seus para levar para seu quarto. Kazuko ainda se admirava com uma luva de beisebol que ganhara de um de seus tios. Ao se virar, a menina deparou-se com seus avós.

—Norio-jii-chan, Chie-ba-chan.

Eles alargaram o sorriso.

—Acharam que íamos esquecer do presente dos nossos gêmeos favoritos?

Kazuko devolveu a luva para o saco de presente e avançou até ficar ao lado da irmã.

—Seus pais ficariam muito felizes de vê-los hoje, e tenho certeza que adorariam dar esse presente pra vocês.

Os olhos dos dois marejaram. Chie avançou primeiro. Ajoelhou-se diante de sua neta e estendeu o embrulho.

—Feliz aniversário, querida. Não deixe que as pessoas digam que seu sonho é bobo, está bem?

Uma lágrima escapou do olho direito da menina, que se atirou contra o tronco da avó.

—Arigatô, ba-chan! – ela gemeu entre soluços.

A velhinha retribuiu o abraço gentilmente. Kazuki se afastou e olhou para o embrulho prateado envolto em cordinhas marrons. Cuidadosamente afastou-as e foi desembrulhando o objeto macio. Quando o papel presente caiu, os olhos da menina se arregalaram.

—Ba...chan...

Pendurada entre seus dedos pequeninos, uma camiseta de uniforme de basquete oscilava na brisa que adentrava pela porta da varanda. Era branca, com os detalhes escritos em vermelho e preto. Na parte de trás, havia um enorme número sete e, sobre ele, estava seu sobrenome, Murakami.

—É o número da sorte de vocês, não é?

O choro transbordou furiosamente pelo rosto da menina. Enquanto isso, o avô entregava o embrulho para o garoto, cujos olhos já estavam embaçados pelas lágrimas. Ao retirar seu uniforme do embrulho, percebeu que ao invés do sete, havia o número quatro.

—Acho que você daria um excelente capitão, Kazuko. – disse Norio colocando a mão sobre o ombro do neto.

—Jii...Jii-chan...

E como se tivessem ensaiado, os gêmeos se atiraram simultaneamente sobre os seus avós, que não suportando o peso, caíram sentados no chão. Os convidados riram, e alguns traziam lágrimas de emoção nos olhos.

A campainha soou de repente, quebrando a atmosfera sentimental. Riko fez um sinal para a porta sinalizando que ia atender. Os irmãos trataram de levantar e ajudar seus avós a fazerem o mesmo, e limparam as lágrimas para se recompor.

—Ah! – eles ouviram a exclamação de Riko. – Você tá atrasado sabia?

Alguns segundos depois, Riko surgiu com um biquinho de impaciência, seguida por um garoto de óculos com cabelos verdes. Carregava duas pequeninas sacolas com as alças entrelaçadas nos dedos da mão esquerda.

—Desculpe o atraso. – ele disse numa voz séria enquanto ajeitava os óculos com a mão desocupada.

—Midorima-kun! – exclamou Kazuko num tom alegre.

—Shin-chan! – Kazuki avançou para o amigo e o abraçou forte. Um leve rubor tomou conta das bochechas do recém-chegado. Percebendo que o movimento fora muito íntimo, ela se afastou bruscamente e corou.

—O-obrigada por ter vindo, Shin-chan.

Ainda ruborizado, o menino virou-se para seus dois amigos.

—Feliz aniversário. – ele ajeitou novamente o óculos e estendeu os embrulhos. Foi fácil identificar qual era de quem, pois um deles trazia girassóis estampados contra um fundo rosado. Os gêmeos pegaram os embrulhos e se entreolharam.

—Arigatô! – disse Kazuko dando tapinhas no ombro do amigo. Numa careta de curiosidade, o menino colocou a língua pra fora e enfiou a mão dentro do embrulho. Tirou de lá um amontoado de papel manteiga colorido que envolviam um pequeno objeto. Rapidamente ele desenrolou as tiras e segurou o presente diante dos olhos.

—O que... é isso?

Midorima Shintaro se virou para o amigo e levou pela terceira vez a mão na altura da armação para ajeitá-los.

—É um amuleto da sorte. Você é de Peixes. Gatos dão sorte para pessoas do seu signo.

A boca de Kazoku se abriu numa careta. Na palma da sua mão estava uma pequena estatueta de um gato branco com a pata direita levantada. Usava uma coleira dourada com uma bolinha representando um guizo. Nele havia um ideograma chinês. A pata do gato que não estava levantada apoiava uma espécie de plaquinha com mais um ideograma chinês.

—Midorima-kun, você é realmente esquisito.

—Cala a boca! – devolveu o outro virando a cara.

Kazuki voltou sua atenção para seu embrulho. Colocou a mão delicadamente dentro do pacote e tirou um saquinho preto de veludo. Ela puxou a corda preta que atava-o e virou-o, derrubando o conteúdo na palma de sua mão.

Seu rosto avermelhou-se até a raiz dos cabelos.

—Também é um amuleto da sorte.  – era evidente que o garoto de cabelos verdes estava sem graça - As borboletas também dão sorte para os piscianos.

—Shin-chan... – ainda corada, a menina pegou o colar com um pingente em forma de borboleta. A parte de trás era prateada, e na frente, haviam pedrinhas verdes que davam volume ao adorno.

—Que lindo! – exclamou Riko. – Até que você não é tão ruim para dar presentes, Midorima-kun.

O garoto virou o rosto bruscamente, ainda ruborizado.

—Hunf.

—Obrigada! – disse Kazuki saindo de seu torpor. – Vou usar pra me dar sorte nos jogos de basquete!

Como se fosse possível, as bochechas de Midorima ficaram ainda mais vermelhas. Riko abafou risadinhas.

—Falando em basquete, hoje a Kazuki humilhou uns imbecis que zombaram dela com uma cesta de três pontos. – observou Kazuko indo guardar a estatueta de gato com os outros presentes.

Riko e Midorima Shintaro viraram-se para a aniversariante.

—Sério? -maravilhou-se a amiga.

O outro limitou-se a levantar as sobrancelhas. Entretanto, Kazuki viu os cantos de sua boca curvarem-se levemente para cima.

—É... – ela desviou os olhos para o chão. – Mas eu só acertei porque o onii-chan roubou a bola e fez um passe incrível!

—Kazuki-chan, não se menospreze! – Riko lhe deu um belo tapa nas costas, que só não doeu tanto por causa da camada tripla de agasalhos que a outra usava. – Tenho certeza que o arremesso deve ter sido fantástico! Você vai dar uma ótima jogadora de basquete!

A pequenina abriu um largo sorriso.

—Obrigada.

—Vamos cantar parabéns!? – chamou animadamente a avó dos gêmeos.

—Vamos! – ecoaram os tios.

Os convidados se amontoaram em volta da mesa em que Chie havia colocado o bolo. Era enorme e tinha uma cobertura linda de chantilly adornada com morangos. Norio correu até a área de serviço e trouce duas velas que tinham a forma do número oito, uma azul e a outra laranja. Colocou-as sobre o bolo e segurou a caixa de fósforos para acendê-las.

—Ei! – gritou Kazuko. – Espera! Eu esqueci de uma coisa importante!

O garoto correu para dentro da casa. Todos ficaram olhando curiosos para a porta, perguntando entre si o que o menino estaria aprontando. Alguns minutos depois ele apareceu com um embrulho azul metálico amassado e redondo. Correu para trás da mesa e virou-se para a irmã.

—Ah, eu quase esqueci seu presente, nee-chan.

—Onii-chan... – os olhos da menina se encheram d’água pela terceira vez naquele dia.

Todos em volta reprimiram um “own” e olharam docemente para os gêmeos. Kazuki desembrulhou o presente rapidamente e ergueu-o na altura dos olhos.

Era uma bola de basquete novinha em folha.

—Isso é pra você não se esquecer que você vai ser a melhor jogadora de basquete do mundo, entendeu?

Sem pensar, Kazuki abraçou o irmão. Chie e Norio se entreolharam orgulhosos, os tios fizeram um coro baixinho de “own” e um dos primos disse “eca” em alto e bom som. Os outros riam. Parada ao lado de Shintaro, Riko secou uma lágrima de emoção. O garoto de óculos manteve-se impassível.

Quando Kazuki largou seu gêmeo, os convidados começaram:

—Parabéns pra você, nessa data querida!...

Kazuko batia palmas energicamente e sua irmã batia a palma da mão na bola que acabara de ganhar.

—Viva a Kazuki e o Kazuko! Façam um pedido! – com a finalização da canção de aniversário, a aniversariante puxou o ar e soprou sobre sua vela. Enquanto isso, seu irmão encarava a sua vela pensativo.

—Que foi, querido? – perguntou sua avó.

—Estou pensando no pedido.

—Sopra logo! – queixou-se um de seus primos. Kazuki o fuzilou com os olhos.

—Okay... – depois de mais alguns segundos ponderando o menino inspirou teatralmente e completou – Eu quero ser o melhor jogador de basquete do mundo!

E com isso, soprou a vela com força exagerada.

—Onii-chan! Não se diz o pedido em voz alta!

—Por que não?

—Se você disser em voz alta ou contar pra alguém ele não se realiza!

—Ah, que nada!

—Vai ter que pedir de novo ano que vem...

Enquanto os netos discutiam, Norio começou a cortar o bolo, dando os dois primeiros pedaços para os gêmeos. Eles agarraram seus pratos e seguiram discutindo sobre pedidos de aniversário enquanto procuravam um lugar para se sentar e comer. Logo, Riko, Midorima e seus primos se juntaram a eles.

—Vamos fazer o quê depois de comer? – perguntou um.

—Vamos jogar basquete! – exclamou Kazuki levantando a bola que até agora não largara.

—De novo? – o mais velho dos primos reclamou.

—Que de bobo (novo) o quê? A xente bunba chabou vocês bra xobar( A gente nunca chamou vocês pra jogar)... – Kazuko resmungou de boca cheia.

—É vamos! – apoiou Riko.

Mal eles haviam se decidido, o aniversariante levantou-se da mesa e correu para a porta.

—Vamos gente!

—Ei, espera! – exclamou Kazuki pulando para o chão. – Você vai sem a bola?

—Traz logo! Quero jogar!

—Vão levar os uniformes? – sugeriu uma das tias que observava os sobrinhos.

—Tá frio demais pra usar... – Kazuki bateu os dentes só de se lembrar do frio congelante de março que açoitara seu rosto mais cedo.

Midorima seguiu o amigo silenciosamente.

—Vamos! O Midorima-kun vai ser do meu time!

—Ei, quem determinou isso!? – reclamou a dona da bola.

—Eu! Porque hoje é meu aniversário!

—É o meu também, tá!?... Opa! Esperem! Vou colocar meu amuleto da sorte! Quero fazer muitas cestas!

—Anda logo, nee-chan, ou os primos vão desistir de jogar!

—Espera!

—Hahahahaha!

—Riko, para de rir!

—Desculpe, não consegui evitar... Ops, Midorima-kun... É impressão minha ou você está ficando vermelho de novo?

—Cale a boca!

—Me esperem!

—Venham! Venham jogar com o futuro melhor jogador de basquete de todos os tempos!...


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem gente! Critiquem, sugiram, opinem! Obrigado à todos que leram ♥