My Impossible Girl escrita por Doctor Alice Kingsley


Capítulo 4
Operação cupido


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo da fic e me avisem se estiver indo rápido demais. Vejo vocês lá embaixo.



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P.O.V Clara

Eu sou realmente muito estúpida em pensar que a minha conversa com o Jack não resultaria em mais uma briga, sempre que eu tento conversar, ele começa a ficar na defensiva e acaba gritando, quando quer ele é carinhoso a ponto de me abraçar por mais de uma hora.

O problema é que ele sempre grita comigo, são raros os momentos em que é o irmão fofo e carinhoso, sei que ele se preocupa comigo e até demais, mas queria que não fosse tão agressivo. Os gritos dele me assustam de vez em quando e chego a pensar que faz isso de propósito, apenas para que eu não me aproxime naquele momento.

Jogo os talheres no prato e subo para meu quarto sem nem dar uma explicação ao garoto que está me acompanhando, nesse momento tudo o que eu quero é que ele vá embora. Por que eu tive que convidá-lo? Por que ele teve que me provocar? Grunhi em sinal de frustração.

Vou para meu quarto e sento na cama na famosa posição perna de índio, ele entra logo em seguida e senta ao meu lado. Nada faço, apenas encaro a parede e ele me olha como se tentasse me entender.

Não é a primeira vez que o vejo com esse olhar, mas vou tentar evitar pensar nisso agora, porque não quero ter mais decepções. Sinto que Jack não me dá a devida atenção, porque quando era menor sempre o afastava de mim. Será que é minha culpa? E se eu nunca tivesse o afastado de mim? Será que ele ainda seria duro? São tantas perguntas que talvez nunca consiga responder.

Deixo uma lágrima rolar por meu rosto e viro o corpo para que ninguém me veja, odeio chorar e odeio ainda mais quando sou pega fazendo isso.

— Droga Jack. – resmungo baixo.

— Ei, fica calma. – Matt diz. — Vai dar tudo certo, eu também brigo todos os dias com o John e ele ainda é meu melhor amigo. – tenta me acalmar.

— Você não entende. Jack sempre age assim, ele briga comigo, depois se arrepende e me abraça por quase uma hora. Só quero que ele pule a parte dos gritos. – desabafo.

Me jogo de costas na cama, coloco os braços atrás da cabeça e bufo de irritação. Sei que pareço uma garota mimada, mas é muito difícil conviver com mais três pessoas na casa, se fosse só mais um irmão tudo bem, mas são mais três.

Posso estar me comportando como uma criança, mas não sei como expressar minha raiva através de gesto maduros, acho que quando estamos bravos todos nos tornamos crianças ranzinzas ou é aquela parte (1/64) escocesa do meu sangue dando sinal de vida.

Devo estar calada por uns dez minutos no mínimo e fico preocupada com o Smith, o convido para vir aqui e o trato dessa maneira. O que minha mãe pensará de mim? O que meu pai pensará? O que ele vai achar? E o irmão dele? Vão me achar a pessoa mais irritante do mundo. Droga, Clara.

— Se quiser ir embora pode ir, sinto que meu irmão já estragou a tarde. – falo.

— Clara você precisa relaxar. Se quiser podemos dar uma volta na rua ou assistir algum programa na tevê. – propôs.

— Droga! Eu é que devia estar te dando essas opções, você é meu convidado. – grito.

— Culpado. – levanta as mãos em sinal de redenção o que me faz sorrir. — Viu, já progredimos um pouco. – completa.

— Eu tenho algumas séries aqui em casa e tem também o Netflix. – digo. — Em DVD tenho Doctor Who, Torchwood, The Big Bang Theory e Friends. – enumero os títulos.

— Séries inglesas e americanas, que garota versátil. – fala rindo. — Eu escolho minha série preferida, Doctor Who.

— Gosto da diversidade. É a minha preferida também. – rio. — Qual temporada e qual episódio? E eu não aceito “você escolhe” como resposta. – indago.

— Tudo bem senhorita Oswald. Eu escolho Blink. – dá seu voto.

Sorrio, porque esse é meu episódio favorito. Anjos que matam as pessoas e levam elas para o passado, se movem por todo espaço-tempo, mas quando olham para eles, não podem se mexer é incrível, genial. Levanto, ligo a tevê e coloco o DVD. Me arrumo na cama e Matt se ajeita ao meu lado.

Grudo meus olhos na tela e não consigo me mover, estou ansiosa para ver novamente esse episódio, sei que pode parecer besteira, mas a cada vez que vejo, entendo um pouco mais sobre como funciona toda essa história de tempo-espaço.

Sinto que o garoto ao meu lado se move para mais perto e passa o seu braço por trás da minha cabeça. Por instinto coloco minha cabeça em seu peitoral, devemos estar indo rápido demais para quem acabou de se conhecer, mas não estou nem aí. Ele está se mostrando um ótimo amigo.

Assim que o episódio termina Jack abre a porta do quarto, mas muda de ideia e segue em frente. Sei que ele teria feito alguma piada se não tivéssemos brigado mais cedo. Me sinto mal por ter dado o chilique na mesa e depois agir como uma criança de cinco anos, mas eu precisava ter meu momento, certo? Certo.

— Tenho que ser sincera quanto ao fato de ter te chamado para vir aqui. Em parte, eu quero te conhecer melhor, acho que seremos grandes amigos. -começo. — O outro motivo é que estou pensando em uma forma de juntar a Rose Tyler, minha melhor amiga quase irmã e seu irmão, John Smith.

— Muito bem, vamos pensar em um codinome para a missão e começar a ter algumas ideias. – se anima.  — Codinome: tênis rosas.

— Sério? Tênis rosas? Em que momento vamos usar essa expressão? Eu não gosto de rosa e pelo o que vi, você também não gosta muito dessa cor. O que acha de rojo? – sugiro e tenho vontade de enfiar minha cara no travesseiro que está no meu colo.

— Rojo? Tipo vermelho em espanhol? – ele me olha com uma expressão divertida em seu rosto. — E se for operação cupido? – diz.

— Já existe um filme com esse nome. – paro por um instante. — Isso é genial! Matt é brilhante. – me empolgo.

— Posso ligar para o meu irmão agora e você chama a Rose para vir aqui. Fala que precisa conversar com ela e eu digo ao John que ele tem que me buscar, porque tenho que estudar para a chamada oral da Sra. Noble. – propõem.

— Perfeito. – respondo discando o número da Rose e indo para a sala de estar. — Alô? Rose preciso falar com você agora. Pode vir aqui em casa? – indago e ficamos conversando pro quase cinco minutos antes de desligarmos.

Passo na cozinha para beber água e pegar algo para comer, decido levar um copo d´agua para o Matthew também, porque se eu estou com sede ele também deve estar. Jack está falando ao telefone, provavelmente marcando outro encontro. Olho para ele com a minha melhor cara de decepção e raiva.

Antes de subir me sento no sofá e tudo o que mais quero é tomar uma xícara chá nessa fria tarde de inverno. Na verdade, o que mais quero é tomar chá para sempre, sem me preocupar com irmãos que não estão nem aí para você, sem amigos que bolam planos juntos, sem melhores amigas. Apenas eu, meus chás, meu cobertor e minhas séries favoritas. E seja bem-vinda crise existencial.

Rose entra em casa sem nem tocar a campainha, mas já estou acostumada com esse seu jeito. É uma ótima amiga e sabe nos ouvir muito bem. É uma ótima conselheira e tem um coração enorme, esse é um dos motivos por sermos amigas. E também por sermos muito diferentes.

Sei que só pela minha cara ela vai perceber que não estou bem, mas hoje não é o meu dia de ser ajudada, é a minha vez de ajuda-la. Mostrar que não tem problema ser o centro das atenções de vez em quando.

 Vamos para meu quarto e ao ver a expressão do Matt sei que seu irmão está a caminho, espero que ela não me mate. Já são dois anos, dois anos que ela não para de falar do garoto especial que está na sala dela. Não entendo porque não ficam juntos de uma vez.

— Oi, Matt. – Rose cumprimenta.

— Olá, Rose. Como está?

— Muito bem. E seu irmão, quer dizer, e você? – se atrapalha.

— Já volto a campainha está tocando. – corro para a porta e abro. — Olá, você deve ser o John Smith, muito prazer em conhecê-lo. – digo estendendo a mão.

— E você deve ser a famosa Clara Oswald a.… meu irmão está aqui? Está tudo bem? – indaga. — Ele me ligou dizendo que tinha que estudar para uma chamada oral que vai ter na aula da Sra. Noble. – dispara.

Sinto que iria mencionar o Jack, mas mudou de ideia. Matt deve ter lhe contato o que ocorreu no almoço, porque pelo que sei do John ele também quer ser físico e se destaca muito nessa matéria.

O guio até meu quarto e ele para por um momento, evita entrar e percebo que ele e seu irmão são diferentes em muitos pontos. Enquanto um é curioso a ponto de me acompanhar o outro fica com medo de passar dos limites. Ele vai ser uma ótima pessoa para a Rose.  

 Abro a porta e deixo o caminho livre, espero que entenda que está tudo bem e que ele pode entrar sem problemas. Acho que não conseguiria namorar com alguém assim, preocupado com tudo o tempo todo. Eu quero alguém que me respeite é claro, mas que se sinta à vontade diante de algumas situações.

Vejo que congela por um momento e então lembro que Rose Tyler está no meu quarto, sozinha com seu irmão. Por que nunca faço nada direito? Eu poderia ter pedido para o Matt descer comigo, mas não vamos deixa ele junto com a menina que o irmão está afim, porque é muito mais legal assim. É mais emocionante, causar discórdia familiar é comigo mesmo.

Tenho vontade de bater minha cabeça contra a parede, mas a dor que sentirei me impede de fazer isso. E também eu tenho amor próprio e gosto da minha dignidade, se der com a cabeça na parede vão ligar para o manicômio e mandar me internar.

— Olá Matt, Rose. – John cumprimenta e eu lanço um olhar para Matt por cima de seu ombro.

— Bom eu e o Smith. – aponto para o gêmeo sentado em minha cama. — Resolvemos que está na hora de vocês se abrirem um para o outro, já que ouço sobre o John todos os dias e o Matt, sobre a Rose. – desabafo.

— Clara! – seu grito mostra indignação. — Esse não era o plano. – briga comigo.

— Eu sei, me desculpa. Eu não aguentava mais, tem que ser agora ou nunca. Matthew Smith eu preciso da sua ajuda na cozinha. – seguro sua mão e descemos as escadas os deixando sozinhos lá em cima.

— Você é mesmo uma garota impossível. Será que é prudente deixá-los a sós? – há um tom de preocupação em sua voz.

— Não é como se eles fossem gerar um filho neste momento. – sou sincera.

— Dessa vez você venceu. – se senta no sofá.

— Pode levantar, eu estava falando sério quando disse que preciso de ajuda na cozinha. Tenho que lavar a louça do café e do almoço. – corro para o cômodo e ligo a torneira.

Sei que não vai ficar vendo um programa qualquer na televisão da sala, ainda mais quando eu digo que preciso de ajuda. Matt se você não tomar cuidado vai acabar virando meu companheiro para todas horas e para todo tipo de serviço.

É claro que depois de meia hora lavando os pratos, secando e guardando, eu já estou cansada e posso ver que ele também, mesmo negando e dizendo que aguenta mais uma hora. Lavo uma colher e sem querer espirro água em sua roupa.

Enche um copo e joga toda a água em meu cabelo, desse modo começamos uma guerra de água e sabão pela cozinha. Meu pai vai me matar quando chegar em casa e ver essa bagunça.

Começo a correr e ele atrás de mim, uso um pano para me defender, mas não parece funcionar. Me pega no colo e começa a me girar, quando me coloca no chão estamos próximos, tão próximos que posso sentir seu hálito. Sei que poderia o beijar nesse instante, mas algo me para e eu pigarreio. Nos separamos e limpos toda a bagunça, bem a tempo de ouvir o motor do carro sendo desligado.

— Essa foi por pouco! – exclamamos juntos e rimos, dou um soquinho em seu ombro.

— Boa noite filha. – meu pai beija a minha testa e me olha de cima a baixo. — Boa noite senhor...

— Smith, Matthew Smith. – Matt toma a frente e estende a mão para meu pai.

— Fico feliz em saber que ela já fez amizades no colégio novo. – meu pai fala ainda sem acreditar que estamos exarcados.

 — Hã eu vou subindo, porque tenho que pegar uma coisa lá no meu quarto. Matt você vem? – lanço um olhar para ele de quem o vai matar se a resposta for não.

Ele nem responde, apenas me segui e subimos rindo do que aconteceu a pouco na cozinha, acho melhor o tirar de lá, pois meu pai ia começar a falar de quando eu era pequena e de que estava ansiosa com a nova escola e tudo aquilo que os pais dizem quando um amigo novo vai à sua casa. Acho que está no manual dos pais, regra número 3 de com ser um bom pai: sempre faça seus filhos passarem vergonha na frente dos (das) amigos (as) e namorados (as). Mas também sabemos que tudo o que eles fazem é para o nosso bem.

Paro antes de abrir a porta. Fico receosa quanto ao rumo que a conversa deles pode ter tomado e não quero invadir a privacidade de ninguém, mas eu não estava mentindo quando disse que precisava pegar algo em meu quarto. Meu celular ainda está na cama e eu preciso dele e agora também tenho que trocar de roupa. Não sei como Matt irá fazer para se trocar com sorte tem uma muda de roupa da mochila.

 Entro e tento não gritar quando vejo que Rose e John estão na maior pegação, na minha cama. Sim, na minha cama. Ela está sentada em seu colo e suas mãos estão em seu cabelo, enquanto as mãos dele estão passeando por todo corpo da minha amiga, minha cara deve ser nojo, pois Matt apoia seu queixo em minha cabeça para ver melhor, fecho a porta no momento em que Rose tira a parte de cima do terno dele.

Olho para o Smith, ele me encara e fazemos o gesto de quem vai vomitar a qualquer momento. Essa foi a cena mais nojenta que eu já vi na vida, uma coisa é acontecer comigo outra é ver sua amiga e o irmão do seu amigo se pegando desta maneira. Eu entendo que era algo que ambos ansiavam a muito tempo, mas eles podiam se controlar em respeito a mim.

Brilhante ideia que eu tive de juntar os dois e os deixar sozinhos no meu quarto, posso sentir os olhos de Matt sobre mim e nem preciso encará-los para saber que dizem o que o garoto não ousa dizer com a boca. Eu avisei, Clara, eu avisei.

Na verdade, você não avisou, você só perguntou se era prudente. A quem estou querendo enganar, é claro que a pergunta dele tinha uma entonação de afirmação. Coloco a face entre meus joelhos, uma vez que a vergonha está me consumindo por dentro.

— Eu vou entrar lá. – digo me levantando.

— Se está preocupada, meu irmão não vai fazer nada que ache precipitado. Eles não vão transar na sua cama. – fala na lata.

— Você viu como eles estavam? Rose já até estava o despindo, é claro que eles vão transar na minha cama. – elevo a voz. — Isso é nojento. – sinto um calafrio percorrendo a espinha de minhas costas.

Ele para por um momento e parece medir minhas palavras e tenta chegar uma outra solução, seu silêncio me deixa aflita. Pela sua cara não chegou a nada que não nos leve ao assunto: duas pessoas nuas na minha cama, neste exato momento.

Abro a porta novamente e posso vê-los de mãos dadas e sentados com uma certa distância entre eles e rindo, Rose está com o rosto vermelho e John não para de mexer no cabelo. O que me faz voltar atrás sobre falar com eles do que houve minutos atrás.

— Vejo que se resolveram. – digo um pouco desconfortável.

— Estava certo. – Matt sussurra no meu ouvido.

— Meu erro. – mal termino de falar e ele coloca suas mãos sobre as minhas e se ajoelha.

 — Clara Oswald vamos nos casar? Já vimos que somos muito bons em juntar casais. Por que não nos casarmos? – indaga.

— Cuidado para não acreditar nisso. – rio. — Vou me trocar rapidamente. Matt se quiser, tem um banheiro no fim do corredor. - aponto para o cômodo. 

O vejo andar até o local e entro no meu quarto para me secar e trocar, o frio está começando a se manifestar em meu corpo. Coloco uma calça e uma blusa qualquer e vou para o corredor esperar Smith terminar de usar o banheiro. Nesse meio tempo fico conversando com o mais novo casal que fiz o favor de juntar. 

—É sério Clara, nós daríamos certo. Podemos namorar. - Matt insiste. 

—Volto a repetir cuidado para não acreditar nisso. - rimos e descemos. 


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Notas finais do capítulo

Primeiramente queria agradecer a todos que comentaram, favoritaram e estão acompanhando a fanfic. Muti obrigada mesmo, fico feliz com isso. Espero que tenham gostado não se esqueçam de comentar. Vejo vocês no próximo capítulo. Beijos com gosto de cupcakes azuis.