Mudblood escrita por Ella


Capítulo 12
18


Notas iniciais do capítulo

Isso não é bem um capítulo. Essa é a carta que o Neal mandou pra Andy.
Desculpem de novo pela demora em postar, desculpinha.
E não se preocupem, eu DEFINITIVAMENTE não vou abandonar essa história. Ainda mais agora que eu tenho mais tempo pra escrever. Quando postar o próximo respondo os comentários, que eu já li, e obrigada por todos eles. Não sabem o quanto eles me fazem bem ♥



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   Não vou começar essa carta com o seu nome, é muito clichê. Em vez disso vou só escrever o que me vem na cabeça, antes que eu perca a coragem. A covardia é uma grande característica minha, se não percebeu. De algum jeito, falar com você é ainda mais assustador que a ideia de falar com Jenn.

   Eu pensei em começar te chamando de filha, mas acredito que soa estranho aos seus ouvidos da mesma forma que soa quando sai da minha boca.

   Eu estou escrevendo isso como impulso. Resolvi vir no único cinema da cidade, o mesmo da minha adolescência. Incrível que esse lugar minúsculo não cresceu em nada desde que saí. Eu odeio isso aqui.

   O filme que escolhi é tedioso. Se virar a carta, vai ver que foi escrita na parte de dentro de um saco de pipoca.

   Sua avó me disse que é o seu aniversário e reclamou que você a mandou não ir. Ela pode ser um pouco difícil de lidar ás vezes, não é? Eu sei.

   Tenho essa corrente desde sempre. É de família, algo sobre a bisavó da minha bisavó. Mas é importante, logo, quero que fique com ela. Não sei se é o bastante pra criar um vínculo entre nós. É uma pulseira velha e esquisita.

   Nunca fui bom em palavras faladas, as escritas são o meu forte. Ou era isso que eu acreditava. Não tenho muita certeza disso agora.

   Eu nunca esqueci vocês duas, acredite em mim.

   Jennevive sempre foi e sempre será a minha alma gêmea. Ficar longe dela por todo esse tempo doeu, de um forma que você nem imagina. O medo foi a única coisa que me impediu.

   Toda manhã eu acordava me perguntado se  quando irritava  seus olhos criam rugas como os meus e dormia imaginando você com o sorriso infantil como o da sua mãe. Não fotos que sua avó me mandou, você não sorri.

   Quando eu te vi pela primeira vez, senti o arrependimento vir mais forte que nunca. Você cresceu tanto. E eu perdi tudo isso. Eu realmente me culpo muito.

   Acho que esperar que você me perdoe é abusar um pouco demais da sua boa vontade, mas ainda assim não vou desistir de me redimir pelo tempo perdido.

   Talvez você nunca me chame de pai. E isso é OK. Eu nunca  te ensinei a andar de bicicleta, ou te coloquei nos ombros pra que você pudesse se sentir mais alta, nem mesmo vi sua primeira apresentação na escola. Mas eu não vou deixar de tentar fazer com que você se sinta segura comigo, fazer com que me perdoe por todo esses anos perdidos.

   Parabéns, Winnifred. Me desculpe por não poder ter estado com você por esses dezoito anos. Espero poder me redimir passando os próximos dezoito (e os que vierem depois deles) perto de você, tentando preencher as lacunas que minha ida causou.

   Sinto muito por tudo, Andy. Eu realmente sinto.


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