O Diário das Irmãs Martins escrita por sahendy


Capítulo 34
Tudo o que eu podia fazer, era chorar...


Notas iniciais do capítulo

CAPÍTULO NÃO ESTÁ TÃO GRANDE NE???

Bom, fiquei uns dias atrasada, então espero que compense esse capítulo. Espero que gostem, por favor comentem. Que Deus e a Virgem de Guadalupe as abençoe.
SPANICOLUNGAS NÃO ME ABANDONEM!!! Comentem, recomendem, obrigada!!!



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Mark "Tem uma coisa que os cirurgiões nos diz quando alguém morre. Eles falam para a família do paciente. Eles dizem, “Sinto muito pela sua perda.” É uma frase horrível, vazia. Nem começa a cobrir o que está realmente acontecendo com nós. Ela nos deixa ter empatia sem nos forçar a nos sentir devastados. Os protege… De sentir aquela dor. A dor escura, que te sufoca, implacável… Do tipo que pode te comer vivo. E todos os dias, eu agradeço a Deus por isso.

[...]

 

Jeremy...

Megan fez um sanduíche como o nosso jantar naquela noite, enquanto eu brincava com Henry na sala, ele me contou sobre a escola e sobre minha irmã de 13 anos que havia se mudado com minha mãe para o Arizona e como Lauren tentava vê-la e não podia.

Depois que Henry comeu ele foi para a sala e Megan brincou com ele de avião, subi para o meu quarto e fui em busca da minha roupa para começar o emprego no dia seguinte. Abri o armário e separei um terno e coloquei sobre a cadeira.

Megan logo trouxe meu sobrinho em seu colo e o colocou na minha cama ele já estava adormecido, a ajudei. E cochichei a ela sobre a minha roupa para o dia seguinte na Tiff, Megan olhou para mim e colocou suas mãos em sua cintura.

— O que é isso Jeremy? Quer ir assim para o seu primeiro dia? - Ela me questiona e pega o terno.

— Eu preciso causar uma boa impressão! - Respondo-lhe, ela sorri e coloca a mão em sua boca arrumando o blusão em seu corpo.

— Não pode ir assim! Ok, já sei. - Ela caminha até o armário. - Vá com essa camisa social azul e sua calça preta, com... aqueles seus sapatos italianos! Vai ficar ótimo.

Ela foi até a cadeira e pegou o terno o guardando novamente, acendeu o abajur para Henry e saímos do quarto, descemos as escadas e eu me deitei no sofá enquanto ela se servia de uma cerveja. Deitou-se em cima do meu corpo colocando a bebida ao chão, beijou-me e então adormeceu.

E em poucos minutos adormeci também.

Ás 23 horas bateram em minha porta, acordei assustado, peguei os braços de Megan retirando meu corpo do sofá e a colocando confortavelmente, e me levantei indo atender a porta. Era minha irmã, pediu desculpas por chegar tão tarde, e ao ver Megan dormindo sussurrou para não fazer barulho a ela.

Subi até o meu quarto e peguei Henry ao colo enquanto minha irmã arrumava a bagunça dele na sala, quando desci com ele Lauren abriu a porta de casa e foi até o seu carro abrir a porta para coloca-lo. Quando o coloquei, me agradeceu e desejou-me boa sorte no emprego novo!

Assim que ela foi embora voltei para casa e tranquei a porta, vendo Megan ali, a peguei no colo e levei ela para a minha cama, fiquei receoso se devíamos dormir juntos e então, poucos minutos enquanto colocava o meu celular para carregar, e com muita preguiça de dormir no sofá duro, adormeci também.

Jilian...

No hospital estava na companhia de Paulina e Carlos Daniel, enquanto Mark segurava um terço em suas mãos pedindo a Deus que cuidasse de Emily, estávamos tão preocupados, mas, não falávamos sobre nada. Levaram Emily para fazer exames - mais precisamente uma ressonância.

— Emily ficará bem! Ela é saudável, certo? Quero dizer, ela não pode ficar doente... - Paulina me diz e segura minhas mãos.

— Oh Lina! - Coloquei minhas mãos em meu rosto. - Tudo está desmoronando novamente. Soube que minha avó foi diagnosticada com Alzheimer e agora a minha filha com febre alta... Ela não parava de chorar no carro.

— Ok, isso foi só um péssimo dia. Não pode ser nada. Emily vai ficar bem! Tudo deve ficar bem. - Lina tentava me acalmar, e então, Mark me chama num canto, me levanto e vou até onde ele pede.

— Jilian, amor, vamos até a capela rezar! - Ele me pede e eu cruzo os meus braços.

— Por que? Não Mark! Emily não deve estar com nada muito sério... E também, eu não... - Fomos interrompidos quando a doutora se aproximou e nos chamou. - Sim doutora! Somos os pais da Emily! - Digo a ela, Lina e Carlos Daniel se aproximam também.

— Minha filha está bem? - Mark pergunta.

— Sim, podemos vê-la agora? Ela deve ter dado bastante trabalho, chorou? - Digo e dou um sorriso a ela, que abaixa sua cabeça.

— Não fomos apresentados ainda! Eu sou a Dra. Paget Brook, eu sou a cirurgiã pediatra da sua filha. E senhor e senhora Estevam, peço que sentem agora. - Nos sentamos rapidamente já sabendo que não era uma notícia boa. - Bom, feitos os exames na sua filha eu pedi urgência nos resultados, então deve sair em algumas horas, mas, a TC que fizemos pelo corte que ela tinha na perna...

— Sim, o Mark deixou ela cair uma vez enquanto brincavam... Aquilo não foi nada, certo? - Pergunto.

— Senhora Estevam, a sua filha... A filha de vocês... Tem malformação congênita no fígado. Em média os defeitos congênitos não são resultado de uma única causa. Podem ser devidos à herança genética, a doenças preexistentes ou contraídas pela mãe nos primeiros meses de gravidez, à ingestão de medicamentos por esta no mesmo período e ainda à ação conjunta de alguns desses fatores.

— Entendemos! - Digo a ela e Mark segura a minha mão.

— Há cura? - Ele pergunta, Lina e Carlos Daniel se sentam em seguida.

— Sim! A cura, mas somente com um transplante de fígado para a sua filha! Eu já liguei para a central e o nome dela será colocado na lista com urgência.

— É... Com licença... - Lina a interrompe. - Tem como a Jilian ser compatível, sim? Por que não faz exames?

Todos nós olhamos para a doutora na esperança de algo, de um sim!

— Bom, em casos como esse, sim é bem provável que a Senhora Jilian ou o Senhor Mark seja compatível, mas, são apenas estatística. Podemos fazer os exames agora se quiserem.

— Sim, eu quero! - Jilian se levanta, e a doutora olha para o Mark que segura o choro.

— O senhor não vem?

— Ele não é o pai... - Jilian sussurra a ela.

— Isso pode interferir, ou eu posso fazer o exame para saber? - Ele pergunta a doutora.

— Sinto muito senhor, mas é impossível que o senhor seja um doador para a sua filha. O senhor sabe qual o tipo sanguineo que tem?

— É A+ - Mark responde a doutora.

— Devemos esperar os exames de sua filha. Bom, se quiser vir me acompanhe senhor e faremos os exames agora. - A doutora diz e nós a seguimos deixando Lina e Carlos Daniel para trás.

Uma hora depois quando voltamos digo a Paulina que minha filha ficará internada por algum tempo, e que ela poderia ir embora pois eles ficariam esperando os exames. Paulina segurou em minha mão e a apertou perguntando se não queria que ela ficasse mesmo, agradeci pelo apoio mas não precisava.

Carlos Daniel abraçou Mark e se despediu pegando a mão de Lina a levando para a casa, olhei para a minha filha que estava num sono profundo, Mark pediu que eu ficasse na poltrona.

— Não Mark, fique comigo. - Digo a ele, puxamos a poltrona para mais perto de Emily, ele se sentou e eu me sentei em seu colo. Duas médicas que estavam na porta conversando, por um segundo se esqueceram de serem cautelosas, e pudemos ouvir as duas conversando.

— E o bebê que deu entrada por estar com febre. Os pais estavam sofrendo antecipadamente.

— Como assim? Ela só tem 6 meses, é de se preocupar.

— Bom, a bebê vai ficar amarela, sem contar no choro, dor... Fico com dó dos pais.

Eu e Mark apenas nos olhamos e ele me abraçou...

Paulina... Começo da Segunda Feira.

Ao acordar me arrumei e fui até a casa de Saddie pegar algumas coisas e então fui ver Jilian e Mark, os dois aguardavam a doutora chegar com os exames, fiquei um pouco com eles e logo meu celular tocou, era Carlos Daniel.

— Amor? Está no hospital? - Ele me pergunta.

— Sim... Desculpa, eu não queria te acordar. Fui na casa de Saddie e vim direto.

— Tudo bem! E então, como eles estão?

— Acabados! Dormiram juntos na poltrona, e Jilian amamentou Emily há pouco tempo. Estamos aguardando a médica falar os exames, para sabermos se são compatíveis.

— Eu não devo fazer muita coisa no escritório, vou mais tarde. Me mande mensagem qualquer coisa, tudo bem?

— Ok! Até mais tarde.

☕ 13h20

Vinte minutos a médica chegou com uma outra médica ao seu lado, era uma interna, e então pelo rosto da doutora eu já sabia a resposta, Mark e Jilian seguravam as mãos com força.

— Eu sinto muito! Mas, nenhum dos dois são compatíveis com Emily.

— Mas, como eu sou a mãe dela! - Jilian tentou argumentar.

— Sinto muito! Provavelmente o pai verdadeiro seja compatível, se tiver como contata-lo seria ótimo. De qualquer forma sua filha está na lista de transplantes e receberá o melhor tratamento possível aqui do hospital. A Dra. Torres virá a cada meia hora ver como está sua filha. - Ela disse e a interna ao seu lado sorriu para nós e então saíram da UTI Neonatal.

Mandei mensagem para Carlos Daniel, e perguntei se os amigos dele de Atlanta podiam procurar pelo Joe - Joe Lively Khuory, por favor! - Peço.

Peter... 06h21

Hoje quando despertei olhei ao relógio e saltei da cama indo tomar um banho, ela acorda assustada e me pergunta o motivo de estar tão nervoso, mas, hoje era o meu primeiro dia como interno no hospital. Nem ao menos tomei café, me despedi dela e entrei no carro.

Quando cheguei, desci do carro e olhei aquele nome Hospital Toronto West dei um sorriso e ao entrar fui procurar o chefe de cirurgia, e então me indicaram o local que ele estaria.

Entrei ali, na sala de cirurgia onde estavam todos olhando em volta, enquanto o Dr. Thomas Denford se apresentava, me aproximei observando cada detalhe daquela sala.

— Há um mês, vocês estavam na faculdade de medicina recebendo ensinamentos de médicos. Hoje… Você são os médicos. Os sete anos que passarão aqui como residentes de cirurgia serão os melhores e os piores de suas vidas. Serão pressionados além do limite. Oito de vocês escolherão uma especialidade fácil, cinco de vocês vão se descontrolar com a pressão. Dois de vocês serão convidados a se retirar. Este é o começo. Esta é a sua arena. Quão bem você irá se sair? Isso depende de você. Olhe em volta, olhe para cada um de seus adversários, colegas, cumprimentem-se.

E eu olhei... Para cada rosto, até que de repente o chefe nos pediu para irmos à um outro local, o vestuário dos internos, onde nos trocaríamos, onde eu finalmente colocaria o meu jaleco branco. Hoje eu era um médico! Um rapaz disse em voz alta e bom tom "Minha residente é a Dra. Margaret Harper! Dizem que ela é a moral em pessoa" e aquela também era minha residente.

— Ei, essa também é minha residente. - Digo, ele se aproxima dando um sorriso e estica sua mão para nos cumprimentarmos.

— Andrew Anderson, qual o seu nome?

— Peter Martins. Isso é uma loucura, não é? - Sussurro a ele.

— Já está assustado Peter? - Ele pergunta.

— Não! Claro que não. - Respondo, e então um médico grita para nós corrermos até os nossos médicos responsáveis, e fomos em busca da Dra. Margaret Harper que assinava uns papéis. Nos aproximamos dela, e ao olhar para nós, ela pegou um prontuário e a seguimos, três deles anotavam tudo, e eu não tinha nada em mãos.

— Eu sou a Dra. Margaret Harper, aqui é bem simples. Vocês vão fazer visitas todos os dias, e irão salvar vidas! Eu não me importo com o nome de vocês, a vida, nada! Apenas salvem vidas, e sempre que puderem... Evitem me chamar! Podem fazer isso? Eu tenho cinco regras. Memorize-as. Regra número um: Não percam tempo puxando saco. Eu já odeio vocês e isso não irá mudar. Protocolos de trauma, lista telefônica, bipes. As enfermeiras irão bipar vocês. Irão responder cada chamada correndo. Correndo!— E nós corremos como ela pediu - Essa é a regra número dois. Seu primeiro plantão começa agora e dura 48 horas. São internos, lixo, o nível mais baixo da cadeia alimentar cirúrgica. Fazem testes, anotam ordens, trabalham cada noite até desmaiarem e não reclamam. Salas de espera. Os médicos as adoram. Durmam quando puderem, onde puderem, o que nós leva à regra número 3. Se eu estiver dormindo, não me acorde se seu paciente não estiver morrendo. Regra número 4: É bom que o moribundo não esteja morto quando eu chegar lá. Não só terá matado alguém, mas também me acordado em vão.— Ela parou numa hora - Fui clara? Sim?— Perguntou.

— Ah, dra. Harper a senhora só disse quatro regras. - Uma garota diz a ela.

— Regra número 5: Quando eu me mexo, vocês se mexem. - Andamos até o outro corredor, onde ela nos parou novamente.— Ok, parem. Vamos lá. - Ela aponta para a garota que a comunicou das regras. - Qual o seu nome?

— Ellie. Ellie Jolie.

— Dra. Jolie! Diga. - A dra. Harper a fez novamente repetir.

— Dra. Jolie! - Ela diz e dá um sorriso.

— Dra. Jolie você vai ficar hoje com o Dr. McKidd. Vá procura-lo. - Jolie sai correndo em busca do doutor. - Você, seu nome?

— Dr. Anderson.

— Anderson você está na cardiologia, Dra. Carlile. E você?

— Dra. Torres. Coleen Torres.

— Torres você está na pediatria, vá! Com a Dra. Brook. E você?

— Dra. Hudgens.

— Hudgens você está com a Dra. Sloyan da ortopedia. Vai! E você?

— Dr. Martins! - Eu digo a ela.

— Você está com a Dra. Dixie - geral. Agora anda! - Ela manda e eu saio correndo, entro num elevador e vou em busca da doutora, pergunto para uma enfermeira quem seria e ela aponta para a médica, me aproximo dela.

— E quem é você? - Ela me pergunta.

— Eu sou o Dr. Martins, estou com você hoje a Dra. Harper me escalou para cá! - Digo a ela que me dá três prontuários e começa a andar enquanto eu a sigo lendo os prontuários, entramos num quarto para passarmos a visita. - Quarto 4658 - Paciente Martin Cooke, 45 anos, deu entrada há 2 semanas com muitas dores na barriga...

Fiz duas visitas, e então, fomos até a UTI Neonatal, onde de repente, eu sabia, e vi Jilian e Mark. - Paciente Emily Estevam, 6 meses, deu entrada ontem ás 23h estava com muita febre, e foi diagnosticada a um trans... Li novamente para não acreditar, Emily a bebê a qual o Mark me chamou para ser padrinho... 

— Algum problema doutor? - A médica me pergunta, Jilian e Mark ficam surpresos ao me ver e não diz nada.

— Não! Transplante de fígado. - Respondo e olho para Emily que dormia tão tranquilamente. 

Assim que a doutora explica os novos métodos de tratamento a Emily e sai do quarto, Jilian me puxa e pergunta o por quê eu estava ali, e eu expliquei que era o meu primeiro dia no hospital e sairia apenas na quarta feira à tarde. 

Quando saí do quarto a doutora preenchia uns papéis, e então olhou para mim me mandando tratar pacientes e eu fui rapidamente.

Jeremy... 07h30

Quando cheguei na empresa, Verônica me levou até a minha sala e disse que logo algumas pessoas passariam para me dar as boas vindas, agradeci a ela e então, assim que ela saiu concentrei-me num novo projeto para os filmes da TIFF, claro que na área externa e novato eu não mandaria em muitas coisas.

Mas, agora como diretor eu poderia pensar um pouco maior, é claro. 

Ás 08h00 quando o pessoal chegou, e eu ao abrir a porta fui falar com todos eles, um grupo pequeno estava ali a minha frente e lembrei da Paulina quando me dizia que em casos assim eu não poderia "me borrar" e foi o que tentei fazer, focar no novo emprego que havia conseguido. 

— Eu só peço uma chance galera! E agradeço a todos que vieram aqui me dar as boas vindas... Sei que sou novo nisso mas irei compensar em tudo que puder, inclusive, nos clichês. Bom, mais uma vez obrigado! E minha porta está aberta para todos. - Digo, ver as pessoas me aplaudindo me deu mais encorajamento naquele emprego novo depois de ficar 9 meses com Saul Juanes.

— Prazer Jeremy. - Um rapaz se aproximou. - Meu nome é Ethan, Ethan Jackson sou da área esportiva. 

— Ethan! Já li seus artigos, muito bons! - Estendi a mão num cumprimento, ele sorri observando a minha sala. 

— Ah, muito obrigado! É... Escuta Jeremy, vamos sair qualquer noite dessas? Há um bar muito legal aqui, cheio de macho. 

— É, Ethan! - Eu o paro imediatamente. - Eu não sou gay. Nada contra, mas... não sou. 

— Cara! Me desculpe. Eu achei que era. - O que? — É que você, todo arrumadinho, de óculos, cabelo médio...

— Eu não sou! - Repito. 

— Ok, não tem problema. Sobra mais homens... Se bem que eu conheci um semana passada e estamos saindo. 

Eu estava ficando imensamente envergonhado naquela altura. 

— E você? Saindo com alguém ou tem relacionamento? - Ele me questiona.

— Eu tenho alguém, mas, é só minha amiga. Estamos curtindo. - Respondo e entro na minha sala sento na cadeira e ele senta-se na cadeira a frente.

— Ela é bonita? 

— Muito. Acho que a conhece. É a Megan.

— A dos talentos? 

— Caça talentos! É ela mesmo. - Respondo. E Ethan sorri, levanta-se e saí da minha sala pedindo licença, não sabia o que aquilo significava. Mas, não importava também. 

Na hora do almoço, Ethan passou na minha sala e me convidou para comer burrito, peguei meu celular e jaqueta e fui com ele. Na esquina enquanto pagávamos o nosso burrito ele me contou sobre as novas modelos para o ensaio fotográfico do namorado dele, Zac iria fazer e pediu que eu ajudasse a escolher as modelos.

— Cara! Vou te falar uma coisa agora, sabendo que nos conhecemos hoje... Se envolve com a Megan não... Ela pode ser problema pra você. - Ethan me diz e caminhamos pela rua movimentada.

— Como assim? Ela é demais. 

— Ela é linda, sensual, inteligente. Mas, confie em mim mulher não quer amizade colorida, ela quer algo a mais, sempre querem. 

— Como pode saber tanto de mulher?

— Porque eu já dispensei bastante mulher. Eu sou fiel ao "pinto" mas, Megan ela sempre gostou de relacionamentos, porque é o que toda mulher quer. Um homem, um companheiro. Eu já vi brigas entre ela e os ex's namorados.

— Ela é diferente, está diferente, olha... ninguém a obrigou fazer sexo comigo, rolou. Somos amigos, e é ótimo. - Replico.

— Isso nunca vai dar certo. Se no final vocês não acabarem juntos, os dois não irão mais se falar... Ficar com ela, ou qualquer outra mulher, é poder ficar todos os sábados juntos.

— Eu não penso em ficar todos os sábados da minha vida com a Megan! Só estamos curtindo.

— Isso é... se ela não fizer você querer passar os sábados com ela, ir pensando nela, e então, estará perdido. - Ele me diz, e então jogo o papel fora do burrito terminando de tomar o refrigerante que comprei. - Um dia você vai entender Jeremy... Tem certeza que não é gay?

— Cara! - Digo e ele começa a gargalhar.

— Eu tô só zoando! 

Peter...

No almoço de 20 minutos contei a Coleen sobre a Emily que estava na UTI e como ela estava na pediatria pedi que ela me contasse tudo, enquanto Andrew se gabava pela primeira toracotomia de emergência que ele auxiliou na emergência com a Dra. Carlile e todos prestavam atenção no que ele falava. Até que foi bipado pela doutora e se levantou.

— Droga! Odeio ele. - Jolie disse a todos colocando um espinafre em sua boca.

— E então, como ela está? - Pergunto.

— Estável. O pai... Michael?

— Mark. - Corrijo.

— Certo, ele foi para casa pegar umas roupas e a esposa Jilian ficou no hospital. Calma Peter, a dra. Brook disse que provavelmente ficará presa atrás de um fígado junto com a dra. Dixie, é a sua médica não é? 

— Sim! Ok, obrigado. Mark e Jilian são boas pessoas. 

Fui bipado em seguida e soube que deveria entrar na cirurgia pois Martin o primeiro paciente que tive teve uma piora, suas vias aereas estavam péssimas e sentia dores no estômago, fizeram uma laparotomia exploratória e eu os auxiliei. Onde descobriram um tumor em seu pâncreas. 

Sete horas depois quando terminei de atender uns pacientes, a dra. Dixie se encontrou com a dra. Brook e a dra. Torres (Coleen) numa sala para procurarmos um fígado a Emily.

Nos fizeram ligar para a Central de Transplantes e eu quanto mais ignoravam, eu ficava nervoso, Coleen pediu que eu me acalmasse e então, a nossa chefe a dra. Brook pediatra me questionou por estar daquele jeito.

— Desculpe. Só que... É um bebê entende? Ela tem 6 meses! - Afirmo, a dra. Dixie dá um passo à frente para olhar os Raio X dela, até que Coleen decide me desmentir.

— Ele é o padrinho da Emily! - Todas me olharam. - Ele é o padrinho da paciente, por isso está tão nervoso. 

— O que? - A dra. Dixie pergunta. 

— Ele não pode ficar nesse caso! - A pediatra Brook replica.

— Eu posso ficar! Eu encontrarei o fígado para ela. Olha, eu nem preciso fazer a cirurgia, mas, ela só tem 6 meses e precisa de ajuda. Eu vou ajuda-la e ajudarei meus amigos. - Elas me olham furiosas e então, de repente, me ignoram completamente nos mandando ligar para a Central novamente.

Paola...

Hoje eu tirei o dia para me despedir dos meus pais, avós e da Adelina. Ainda não havia falado com Paulina e sempre que tentava ligar caia na caixa de mensagem, chegava a ser frustrante ouvir o "Oi, você ligou para Paulina Martins. Deixe seu recado, ligo quando puder. Obrigada!" EU ERA A IRMÃ DELA. Nem mesmo Peter me ligava. 

Ao anoitecer caminhando pela calçada com as mãos no bolso da jaqueta estava sozinha na minha última noite em Toronto, logo eu, que sempre tive uma companhia estava sem meus amigos e meus irmãos.

Mas, quando cheguei no apartamento vi Douglas sentado nas escadas do apartamento e estava tão frio, mas, ele estava ali. Eu sorri ao vê-lo e me sento naquela escada gelada e sem dizer uma palavra ele me entrega uma carta eu a pego "Universidade de Toronto" receosa, eu a abri. 

"Caro Sr. Maldonado,

Em nome do Comitê de Admissão, é com imenso prazer que informamos e oferecemos a sua admissão à faculdade para o curso de Arquitetura - na Universidade de Toronto - para a Classe de 2016."

— Você conseguiu! - Digo a ele e fecho sua carta a entregando em suas mãos. - Parabéns! Eu estou muito feliz, Douglas. 

— Obrigado. Eu devo me mudar em duas semanas, então... E você?

— Vou viajar amanhã para New York e depois para a França. - Respondo.

— Deve estar feliz também. - Ele me diz e guarda a carta na sua jaqueta, e então, Douglas pega minha mão, entrelaçamos nossas mãos uma a outra e eu deito em seu ombro.

— Por que é tão fácil ama-lo e tão difícil ficar com você? - O questiono, deixando escorrer uma lágrima em meu rosto, eu a limpo e ele respira fundo pensando no que dizer.

— Paola, realize o seu sonho e saiba que eu estou orgulhoso de você. O meu coração estará onde você estiver! 

Olhei para Douglas e ele estava ali comigo, e agora tudo havia acabado entre nós, mas, não podia acabar daquele jeito. Eu não deixaria. Tomada por aquela dor constante da separação, agarrei a nuca dele o trazendo para mais perto aos meus lábios o beijando ali naquela escada congelada. 

Douglas me abraçou e me levantou abrindo a porta do apartamento e fomos para o meu quarto, ele deitou-me na cama beijando meu pescoço, trazendo cada detalhe inesquecível para nossa última noite juntos. E, foi o melhor sexo que havia feito.

No dia seguinte, prestes a ir para o aeroporto Paulina passou no apartamento e me contou sobre Emily e eu não sabia o que estava acontecendo, a agradeci e pedi perdão por não ficar e ajudar. A abracei agradecendo todo o esforço dela, mas, realmente bastante chateada por estar sendo substituída na vida da minha irmã e do meu irmão e principalmente de Douglas que logo conheceria alguém. Entreguei a Lina o cheque que nossos pais haviam deixado a ela e então, mais um abraço e eu parti a deixando sozinha ali.

Adelina me levou ao aeroporto e Douglas também foi comigo, depois de fazer o check-in e tomarmos um café, era a hora de partir quando a moça anunciou o vôo, ela me abraçou desejando toda a felicidade do mundo, fazendo aqueles discursos de mães, tudo o que eu conseguia dizer era "Eu te amo Adelina".

Olhei para Douglas que retirou de seu bolso uma pulseira colocando-a em meu pulso, segurei minhas lágrimas e o abracei, pude jurar que não sentia como se houvesse mais alguém ali. Todo o mundo estava silencioso o único barulho era o meu coração que pulsava inconstantemente sem parar numa agilidade que juraria fazer alguém ter um ataque cardíaco. 

Firme com os pés no chão novamente ele beijou minha testa e sussurrou para mim "Amo você!" olhei para cima piscando algumas vezes e "Eu também amo você!" sussurrei de volta, e então, fui embora.

 uma semana depois...

Jilian...

Paulina havia achado Joe, o amigo de Carlos Daniel o procurou e descobriram que ele vendia peixes no subúrbio de Atlanta, então, próxima semana eu iria viajar e Mark não aceitava o fato de eu precisar fazer aquilo para a nossa filha. 

Muita coisa vinha acontecendo naquela semana, Paola foi viajar e Douglas iria para a faculdade em pouco tempo, Carlos Daniel atrasou todo o filme para ficar conosco ao hospital, Paulina ficou em terceiro lugar no curso do Saul Juanes, Peter fazia plantões a todo momento desde que procurava um fígado, ficava na cirurgia geral toda hora. E, Mark vivia na capela pedindo a Deus um fígado.

Minha livraria estava nas mãos de Paulina, e eu me lembrei de todas as vezes que ela me via chorando pelo Joe e eu teimava contestando que não chorava por ele, o batizado de Emily era para ter sido a dois dias e dona Lucy vivia comigo já que Mark trabalhava toda a manhã.

Quando Mark veio para o hospital conversei com ele sobre a viagem que faria com Carlos Daniel já que Paulina havia dito que era melhor ir e tentar convencer Joe a doar o fígado para a filha que ele nem havia conhecido. E como Mark se recusava deixar eu viajar, enviei uma carta ao Joe pedindo que ele visitasse a filha e visse o estado dela. 

— Jilian, amor, milagres acontecem a todo momento. Deus faz isso! - Ele me dizia.

— Mark, me escute! Deixa eu falar com o Joe, é mais fácil e rápido de curar a nossa filha. 

— Vamos para a capela! - Ele me pede mais uma vez segurando meu braço e eu o solto.

— Não! Para com isso. Deus não deixaria nossa filha assim. - Contesto. 

— Eu preciso comer. - Ele diz nervoso e sai do hospital. 

Dona Lucy se aproximou assim que ele saiu e me chamou para conversar, mas eu não disse sequer uma palavra tudo o que eu fiz foi ouvir o que ela me dizia. "Mark sofre porque ele também não pode doar um coração ao irmão, e a filha que nem é dele! O meu filho anda tão estressado que até se questionando o porquê das causas de Deus ele questionava." 

Mas não era fácil para ambos, Emily estava em 4º lugar da lista de transplante. E, eu  não conseguia nada naquele tempo.

Desci e fui até a capela sozinha como o Mark vivia me pedindo. Sentei-me na frente e olhei para a cruz onde estava Jesus e vi algumas luzes acesas, tendo uma idosa sentada nos fundos. Passei a mão nas minhas pernas pela calça jeans e olhei minha aliança, fechei meus olhos e os abri. A idosa sentou-se ao meu lado em seguida, perguntou o meu problema e mandou-me acalmar e pedir o que mais queria.

"Deus, Senhor, Jeová, gênio, não sei, quem estiver aí... A minha filha Emily só tem 6 meses de vida, eu preciso... Ela precisa de mais tempo, e precisa de um fígado. Mark precisa! Precisa saber que Você está aí, ele é um ótimo rapaz, então, se puder aparecer para ele e ajuda-lo... Ele precisa saber que o Senhor não o abandonou, e que a nossa filha pode ter uma chance, ela é só uma garotinha."

Agradeci o apoio da senhora me levantei e me retirei dali, na UTI vendo de fora observando tudo Lina e Carlos Daniel, vou atrás de Mark e caminho o procurando pela cidade. 

Caminhei por uma hora e me sentei num parque observando todas aquelas crianças saudáveis correndo e suas mães brincando com elas, até que recebo um SMS de Lina pedindo que eu fosse rapidamente ao hospital.

Levanto e saio do parque correndo no meio daquela rua movimentada e quando cheguei no hospital e vi Mark e todos ali com a doutora e Peter, me aproximei e perguntei por Emily vendo que estavam retirando-a de lá. 

E para a minha surpresa, um acidente de moto fez com que a minha filha recebesse um fígado, ás 17h45 a médica nos pede para assinar os papéis, Mark me abraçou e no final do corredor vi a senhora que estava comigo na capela, ela chorava porque o filho de 16 anos havia falecido e ela assinou os papéis para a doação de órgãos.

Me aproximei dela e disse que sentia muito pelo filho dela, ela segurou em minhas mãos e disse que meu marido iria receber os milagres de volta, pois ela sabia que aquilo era o correto a fazer. Eu havia libertado o filho dela que estava ligado a máquinas depois de ser declarado a morte cerebral. 

Paulina...

Eu olhei o desespero e acompanhei o que cada um deles passou, enquanto Emily estava operando Carlos Daniel segurou em minhas mãos e eu me deitei em seu ombro.

— Meu Deus, se tivermos um filho, prometa que não brigaremos e que não será assim. Esses bebês, crianças... Deus! - Digo, Carlos Daniel se levanta e dá um sorriso para mim.

— Filhos? 

— Bem mais para frente Carlos Daniel, nem me olha agora! - Respondo, sentados de frente para nós estava Jilian e Mark, segurando as mãos com força até que 13 horas depois Peter saí da sala e vem nos ver. Nos levantamos perguntando por Emily.

— A cirurgia foi um sucesso! - Ele nos disse.

Mark Eles não podem chegar muito perto. Se sentirem pelo menos um pouco do amor, da felicidade e da esperança para quem os pacientes estão dizendo adeus… Eles nunca funcionariam. Então dizem, “sinto muito pela sua perda”. E esperam que isso ofereça algo. Algum tipo de conforto. Algum tipo de paz. Um pouco de fechamento. Algo bom. Algum pedacinho da beleza no meio de um lugar escuro. Um presente inesperado… Justamente quando mais precisamos.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Espero que tenham gostado. Obrigada!!! COMENTEM POR FAVOR. Alguns textos sobre a medicina retirados da série Grey's Anatomy, espero que gostem.