O Diário das Irmãs Martins escrita por sahendy


Capítulo 23
O que eu fiz para merecer isso?


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Desculpem a demora, espero que gostem desse capítulo, por favor comentem. Que Deus e a Virgem de Guadalupe as abençoe. Eu amo vocês.



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(Peter) "OK, então, às vezes, até mesmo o melhor de nós toma decisões precipitadas. Más decisões. Decisões que bem sabemos que vamos nos arrepender no momento, num minuto e especialmente na manhã seguinte. Digo, talvez não se arrepender, arrepender porque, pelo menos (você sabe) a gente deu a cara à tapa. Mas… ainda assim… Alguma coisa dentro da gente decide fazer uma coisa louca. Uma coisa que a gente sabe que provavelmente vai se voltar contra nós e nos pegar desprevenidos. E a gente faz mesmo assim. O que eu tô falando é… nós colhemos o que plantamos. Aqui se faz, aqui se paga. É carma e, mesmo se você tentar amenizar… carma é um saco!

[…]

Quando estou no hospital vejo inúmeros jalecos brancos percorrendo todo o local procurando alguma sala de cirurgia para que possam salvar uma vida, enquanto eu fico no laboratório estudando a patologia. No decorrer dessa semana saí do apartamento - no qual estava morando com Sofia - e me veio uma ideia em mente, "Por que não ser cirurgião?" e então cá estou eu dando entrada na matrícula da faculdade de medicina.

Na última quarta-feira saí do laboratório por volta das 3h da manhã e fui procurar por Sofia para irmos embora juntos, perguntei para as amigas dela mas nenhuma sabia onde ela estava e então fui até algum dos dormitórios tirar um cochilo achando que ela deveria estar numa consulta e demoraria um tempo. Mas, assim que abri a porta lá estava a Sofia transando com o chefe da cirurgia. Na semana seguinte pedi transferência para um hospital mais próximo da cidade onde Paulina morava, lá funcionava um dos maiores hospitais Mount Sinais Hospital, e então sem ter onde morar fui falar com Paulina que desde que Jilian se mudou para a casa de Mark morava sozinha.

— Posso morar aqui? - Pergunto a ela que havia acabado de levantar, me pediu para entrar e ir tomar um café.

— O que aconteceu Peter? - Ela perguntou a mim ainda sonolenta.

— Terminei com Sofia e pedi transferência.

— Sofia é?

— A menina que eu ficava.

— Pode ficar Peter, o quarto da Jilian ainda está com as coisas dela, a não ser que você fique no sótão.

— Tudo bem.

— E eu vou precisar de ajuda para pagar as coisas aqui, ou então você faz as compras.

— Tudo bem. - Respondo novamente.

No tempo em que estive com Paulina me aproximei de Mark o marido da melhor amiga dela, pelo o que parece ele trabalha perto do hospital no U.S Consulate General Toronto e ganhava muito bem, tão bem que foi junto de Jilian comprar berço, fraldas, brinquedos e roupas (Claro que a mãe dele, Lucy, os implorou para isso) e sempre que podíamos íamos a um bar.

Jilian...

Paulina havia me dito que aceitava sair com alguém e desde então procurei umas pessoas no parque, restaurantes, mas sempre que eu me aproximava eles saíam de perto porque eu estava grávida. Numa terça-feira decidi que iria visitar minha tia Rosie e não iria para a livraria, peguei um táxi e fui até o asilo. Falei com Marta sobre o que havia ocorrido no hospital e ela me disse que nunca mais minha tia ficou lúcida, eu já estava conformada com o destino dela. Bom, isso era o que eu achava até entrar no seu quarto naquela manhã de muito frio. Bati na porta e não ouvi ela dizer "Entra" então arrisquei e entrei, mas me arrependi.

— Tia? - Pergunto, Marta dá um pulo e logo entra no quarto dando uma bronca nela e no Alex, peguei os dois na cama. Saí daquele quarto rápido e fui esperar por Marta no saguão. - Quero a expulsão do Alex.

— Não podemos fazer isso Jilian.

— Senhorita Jilian! - Afirmo a ela e cruzo meus braços. - Ele estava no quarto da minha tia, abusando dela! Me diga o que eu faço para tira-lo daqui ou eu fecho esse lugar. 

— Não irá ganhar senhorita Jilian... O paciente Alexander Tomaz também é vítima do Alzheimer. - Marta me afirma e eu fico calada, os enfermeiros levam minha tia para ir tomar um pouco de ar fresco e quando ela passa por mim solta um grito estrondoso me culpando por ter atrapalhado o momento dela com o namorado. Peguei minha bolsa e pedi desculpas a Marta indo embora.

2 dias depois...

Quando Mark chegou em casa por volta das 2h da manhã, me dizendo que estava no bar com Peter e mais um amigo Jason, foi aí que tive a ideia do encontro para a Paulina.

— Amor, esse Jason é o seu amigo de infância, certo? - Pergunto e fecho o livro o deixando no criado mudo, Mark se aproxima de mim e me dá um beijo e passa a mão na minha barriga retirando os sapatos.

— Sim, por que? 

— Acha que ele topa sair com a Paulina amanhã?

— Topa, falo com ele depois. Agora vou dormir que estou acabado. Nossa filha fez algo hoje? 

— Só chutou muito. 

— Já sabe qual nome irá dar para ela? 

— Eu estava pensando em Manuela, Luna, Caroline ou Emily. - Respondo e respiro fundo passando a mão na barriga. 

— E que tal Olívia? Nathalie? 

— E que tal Emily? 

— Olívia, Nathalie. 

— Qual o problema de Emily? 

— Nada. Mas, eu prefiro Olívia/Nathalie. Qual o problema dos meus nomes escolhidos? 

— Não quero Mark! Quero Emily Campbell Estevam.

— Olívia Rose Estevam ou Nathalie Campbell Estevam. 

— Chega! Vou dar o nome de feto. 

— Pare de chama-la assim. 

— Emily seria o meu nome, mas minha mãe optou por Jilian e desde então sou apaixonada por Emily.

— Olívia Emily ou Emily Nathalie. 

— Mark você vai dormir no sofá se continuar pensando num nome pra nossa filha. 

— Então não decida sozinha, quando nossa filha nascer escolhemos. 

— Tudo bem. - Respondo, Mark se levanta para ir escovar os dentes e eu sussurro "Emily" dou um sorriso desligando o abajur e me deito. 

Paola...

Ontem foi o meu último dia em Toronto, nessa manhã eu deveria ir passar uns dias na casa de uma amiga a Lorraine que morava em Milão, seu pai era estilista e então eu iria vivenciar um pouco dessa carreira para decidir o que fazer da minha vida. 

Meu pai colocou Douglas num novo setor da empresa um cargo de extrema importância, no mesmo setor que Jack Rivers o rapaz que se diz apaixonado por mim então pedi ao meu pai que colocasse alguém para que Jack e Douglas não se cruzassem muito e pelo o que sei ele contratou, não sei bem o nome da pessoa, mas contanto que eles não estejam juntos. 

Paulina...

Como eu havia prometido a Jilian parei de sair e transar com "muitos rapazes" foquei apenas no meu curso que estava quase ao fim e me aproximei bastante de Jeremy que acabou se tornando o meu melhor amigo, Jeremy assim como eu saiu de um relacionamento a pouco tempo. 

E hoje de manhã recebi uma mensagem de Jilian dizendo que havia marcado um encontro pra mim com um tal de Jason, o pior de tudo era que eu não tinha nenhuma foto de Jason, quando desci para ir tomar café da manhã Peter estava esperando as torradas para comer, me sentei e enchi a xícara de café.

— Que horas chegou ontem? - Perguntei a ele que pegou as torradas e se sentou ao meu lado no balcão. 

— 2h30, você já estava dormindo. 

— Foi no bar de novo com Mark? 

— Sim. Estou exausto, e acho que hoje fico no laboratório até tarde. O que vai fazer? - Peter me pergunta e passa geleia em sua torrada.

— Hoje eu tenho um encontro, com um tal de Jason. 

— O amigo do Mark?

— Você o conhece?

— Sim, ele é super legal. Quieto, mas é legal. 

— Como uma pessoa quieta pode ser legal? Já basta eu, não é? 

— Não sei Paulina, ele não reclama da música dos outros e nem diz que vai trocar as mulheres por tequila. 

— Ei! Não fale assim da tequila. - Respondo, Peter sorri pega sua pasta e seu casaco, eu o chamo. - Por que eu e Carlos Daniel não podíamos ir para algum lugar dançar ou nos beijar no meio da rua? Eu sou tão chata assim? - Peter volta até a cozinha, arruma seus óculos. 

— Não, você não é chata Paulina. Você é forte, inteligente. 

— Obrigada.

— Mas, também é medrosa. Se vocês não saíram para dançar ou se beijar no meio da rua foi porque você não quis, quando os dois negaram ter relação. 

— Gostava mais quando você não falava nada Peter. 

— Gostava mais quando você fazia bolo. - Ele replica e dá um beijo em minha bochecha indo para o hospital. 

Carlos Daniel...

Publiquei minha última nota desse mês no jornal e fui me encontrar com os assessores e os atores do filme baseado no meu livro, nesses dias que fiquei sem Paulina tem sido uma tortura, desde que ela e eu terminamos tomo altas doses de uísque e parei de escrever, extravasando minha total raiva na pintura. 

Transei com Leda há uns dias, minha ex esposa e depois novamente nunca mais a vi, tenho apenas me concentrado no filme, toda vez que olho para a máquina de escrever lembro dela louca para saber qual seria meu próximo livro, ou aquela vez que ela me disse "Você já escreveu sobre mim?" que pergunta tola. Tudo o que eu faço é por ela, ela chegou assim e com sua simpatia e delicadeza, acabou ganhando um pedaço no meu coração frio e o dela é ainda mais frio por mais que sua máscara seja de garota doce. Como uma pessoa que mal conheço pode me arrancar sorrisos tão sinceros e minha confiança tão facilmente? Ela me faz tão bem. Pra mim ela é aquele sol, que aparece nos dias nublados, só pra alegrar. E de todas poesias existentes, a minha favorita é o sorriso da Paulina. É estranho, porque ela se acostumou tanto com a rejeição que quando ficamos juntos ela estranhou porque tem medo de amar. 

Agora é só esperar ser publicado a nota.

Paulina...

O relógio marcava 20h quando Jason chegou. Cabelos cacheados, olhos azuis, sorriso maravilhoso, forte, alto, cheiroso. A única coisa em que pensei foi "Ponto para Jilian" fomos até o parque de diversões, conversamos sobre diversas coisas, até Jason me confessar que ainda mora com os pais. Na hora fingi estar passando mal e fui para casa. "Me liga depois?" Jason me perguntou, sorri segurando a maçaneta pronta para fechar. "Ligo" respondo e fecho a porta, e nem havia pegado seu número. Lembrei de Carlos Daniel na hora, lembrei do som da sua risada, e de como me olhava, lembrei de como te magoei… Eu só chorei. 

— Não deu certo, sinto muito! - Digo a Jilian por celular. 

Nas semanas seguintes mais encontros arranjados, saí com Luca que cheirava mal, Tyler que dizia que filme era melhor que livro, Dylan que tinha medo de baratas (esse eu até cheguei a levar para o apartamento e quando ele viu a barata e gritou ainda mais alto que eu, perdi o tesão na hora) depois quando saí com Oliver que me levou ao cinema, ele só se concentrava em passar a mão em meus seios ou bunda. Foram 8 encontros desastrosos. Até que simplesmente desisti. Para falar a verdade, pensar em ficar com uma outra pessoa que não fosse Carlos Daniel era muito banal, transar com eles era apenas sensação, nada preenchia aquele vazio que carregava em meu peito. Nunca mais comprei aquele jornal dele. 

Nesta noite de quinta-feira Jeremy iria vir aqui em casa para assistirmos um filme juntos, quando ele chegou fomos comer alguma coisa pedi uma pizza de 4 queijos. 

— Prefiro mil vezes o Obama! - Afirmo a ele. 

— "Não é fixe não saber do que se fala" - Jeremy brinca, conversávamos muito sobre política e agora mais do que nunca sobre Trump x Clinton. 

— Tá, Jeremy eu quero comer esse sorvete que você trouxe, vamos logo assistir o filme. 

— Espero que seja um bom filme dessa vez Paulina.

— Comer Rezar Amar! - Digo entusiasmada, e coloco o filme me sentando no sofá, Jeremy respira fundo e se levanta indo pegar duas cervejas na geladeira. 

Foram 2 horas de filme que eu amei, desde que fiquei sem Carlos Daniel ler livros e ver filmes românticos era um hobbie, olhei para Jeremy que dizia já ter assistido esse filme. 

— Por que não me disse? - Pergunto e tomo um gole da cerveja.

— "A gente precisa ter o coração partido algumas vezes. Isso é um bom sinal, ter o coração partido. Quer dizer que a gente tentou alguma coisa." tá brincando, adoro esse filme. Assisti umas 3x com minha irmã... de 12 anos. 

— Sabe, essa frase me lembra...

— O seu ex namorado, já sei disso Paulina. 

— Estar com Carlos Daniel o tempo passa como um louco, sabe? Diria que ele tem a capacidade de saltar os dias da semana. Será que isso é possível Jeremy?

— O que?

— Carlos Daniel acabar com as quarta-feiras?

— Sentia o mesmo com Britney. - Ele afirma e logo passa exatamente Carlos Daniel na televisão ao lado de Julia Roberts e Robert Downey Jr. "Próxima semana entrevistas com o escritor exlusivo, não percam!" olhei para Jeremy e suspirei fundo. - Não desista dele então Paulina, para de ser cabeça dura.

— Para de repetir minhas frases. - Digo e recolho as garrafas de cerveja e levo para a cozinha. 

— Tô falando sério, o cara te ama ainda e você o ama se não der certo, pelo menos irá saber porque você tentou! Vamos. 

— O que? Para Nova York agora? 

— Sim, vamos. Arrume suas roupas eu venho aqui depois.

— Te odeio sabia?

— Vai me agradecer depois. 

Paola...

Falava com Douglas toda noite por celular e soube que ontem ele teve que ficar na empresa com a Marissa a contratada para ficar no lugar de Jack, ao acordar hoje o pai de Lorraine foi me ensinar a fazer novos desenhos para que ele tivesse uma ideia para a próxima seção de inverno, e tudo estava bem até Jack me ligar. 

— Jack, pare de me ligar! - Digo a ele furiosa.

— Eu queria saber se você está bem. 

— Por que? 

— Você e Douglas terminaram. 

— O que? Escuta, o que tá acontecendo?

— Ele beijou a Marissa, achei que vocês tinham terminado. - Jack me disse, respirei fundo e desliguei o celular, perdendo toda a concentração e oportunidade, queria voltar para Toronto, agora. Mas não fiz isso, ao contrário, fiz os desenhos, talvez aquilo fosse uma mentira enorme de Jack e na próxima semana iria voltar e logo tudo ficaria ao normal.

5 dias depois...

Quando voltei para Toronto Douglas me buscou no aeroporto, normal. O mesmo Douglas de antes, mas eu ainda não havia esquecido o que Jack me disse, e ali em seu carro tive que perguntar.

— E a Marissa? 

— Tive que dispensa-la. - Ele me responde.

— Por que? Ela parecia ser tão eficiente. 

— Muito boa, mas muito desatenta também. Só funciona na segunda tentativa. 

— Você a beijou Douglas? 

— O que?

— Me disseram que você beijou Marissa, e claro que eu fiquei frustrada, então... Isso é mentira, certo?

— Eu te amo Paola.

— Eu também te amo Douglas. Mas, isso não responde minha pergunta.

— Não é mentira. Eu a beijei.

Mark...

No fim de semana Jilian ficou em casa e eu fui pescar com Peter, e tudo estaria bem se o nosso barco misteriosamente não tivesse virado, perdemos tudo, inclusive nossos celulares. Caminhamos até uma cabana ali perto e um casal nos ajudou, passamos a noite por lá e no dia seguinte caminhamos até nosso carro para voltar. 

Assim que cheguei em casa com Peter que havia deixado as chaves cair no lago, procurei por Jilian e ela estava reclamando de dor colocando as roupas na mala dizendo que havia entrado em trabalho de parto, meu coração palpitou. A segurei e ajudei a descer as escadas, Peter ligou o carro e nos esperou para ir até o hospital.

— Paulina tinha que viajar agora. AHHHHHHHH! - Ela gritou. 

— Calma amor, só se acalma.

— Mark eu tô calma você que tá nervoso.

— É... Certo, ai meu Deus eu vou ser pai. Meu Deus Jilian, e eu louco para contar que sofremos um acidente no lago. 

— O que? - Jilian pergunta ofegante se sentando no banco da frente. - Liga pra Paulina. 

Paulina...

A minha viagem com Jeremy na estrada durou 5 dias e hoje pela manhã que seria o dia da coletiva fomos até a lanchonete tomar um café da manhã, e eu já havia perdido totalmente a coragem. 

— Sinto que tenho que voltar agora e falar com Jilian. 

— Ela está bem! Se voltar, perdemos 5 dias de nossas vidas, e você provavelmente vai se culpar para sempre, fale com ele pelo menos. Não precisa se declarar, mas converse. 

— Sim, tá, ok... Vamos nessa! E Jeremy, faça a barba ela está feia. 

— Cala a boca tá? - Jeremy responde e entramos em seu carro novamente, no caminho naquele longo trânsito um acidente ocorre e eu sinto uma palpitada no coração. 

— Droga, não vai dar tempo. 

— Vai sim, escuta estamos há 2 quarteirões apenas. 

— E se ele não quiser me ver. 

— Farei com que veja Paulina, é melhor você ir. 

— Me encontra lá. - Respondo, desço do carro e começo a correr. Estava ofegante, quando cheguei no hotel em 30 minutos um rapaz o gerente havia dito que já havia começado a coletiva e eu estava sem equipe nesse mesmo tempo Jeremy entra se apresentando. - Como chegou tão rápido? - Cochicho. 

— Depois que você saiu correndo o trânsito melhorou, mas foi engraçado ver você correndo e preferi deixar assim. - Jeremy responde.

— Você não presta. - Replico.

— Tá. Ninguém presta, é moço... - Jeremy diz ao gerente. - Somos da revista é... 

— The Rollin Up! - Digo.

— Sim, é the... Rollin Up e precisamos entrar. - Jeremy diz ao gerente e por incrível que pareça aquela mentira colou. Ao entrar na sala rodeada de câmeras, jornalistas e ali bem na minha frente estava Carlos Daniel que ainda nem havia me visto, ao seu lado esquerdo o Robert e ao direito Julia Roberts, perguntaram sobre o filme e o livro, e eu estava nervosa, sem coragem, olhei para Jeremy e disse que não conseguia, me levantei e caminhei até a porta. - SENHOR BRACHO! MINHA COLEGA TEM UMA PERGUNTA PARA O SENHOR. - Jeremy gritou a ele.

— Qual seria? - Ouço a voz de Carlos Daniel, Jeremy vem até onde estou na porta e me empurra até o centro da sala onde as câmeras voltam a mim. Carlos Daniel também petrifica se curvando. - Sim? - Ele pergunta.

— É... É... Bom, o que o senhor diria para uma pessoa que sabe que cometeu um erro terrível deixando escapar ali na sua frente o homem que ela ama? 

— Isso tem haver com o filme? - Um cara pergunta, Jeremy o manda calar a boca. 

— Tudo bem, deixem ela perguntar. - Carlos Daniel responde. - Eu diria que o homem deveria ser muito tolo indo embora.

— Tá, é... E por que ele não voltou por ela?

— Porque ele talvez quisesse que ela fosse feliz, talvez porque ela tivesse medo de compromisso.

— Então ela é tola. - Sussurro. - E o que você diria a ela que está pedindo perdão porque desde que viu o amor dela indo embora, tentou afogar a escuridão dentro dela dormindo com outros homens e tendo encontros arranjados mas jamais conseguiu, porque a luz dela era compartilhada com o amor? 

— Ele a ama, e só precisa saber que ela está pronta. 

— O que será que ele viu nela?

— Talvez ela permitisse que ele fosse a melhor versão dele mesmo. 

— Vocês se conhecem? - Julia pergunta numa hora, nossos olhos não se desgrudam, Carlos Daniel não responde Julia e Robert faz alguma piada, mas não presto atenção. 

— É só isso? Próxima pergunta. - O assessor dele diz e eu o interrompo.

— Carlos Daniel, eu cometi um erro. Um terrível erro, eu tenho vivido no passado e deixando que meu presente não desse um passo a frente, naquele dia precisava ver Jilian se casando porque, bom... Ela é minha melhor amiga e era a última pessoa que eu esperava ver casando. Então, me encare, cuide de mim, me salve mas não tente me mudar. Eu não tentarei muda-lo. Me ame Carlos Daniel, me mereça, seja verdadeiro e então eu jamais irei te machucar. Me perdoe! Aqui está o meu corpo Carlos Daniel, eu o estou dando para nós. Os meus braços irá nos erguer, e aqui está a minha vida dedicada ao nosso amor. Eu... Eu... Eu não posso prometer que tudo ficará bem, mas eu estou aqui caso você queira tentar, eu estou dando tudo, minhas lágrimas, tudo. Aqui está a minha vida, para o melhor ou pior... Para o melhor ou... - Digo a ele que se levanta e caminha até onde estou, segura minhas mãos. 

— Isso está parecendo um filme que fiz. - Julia comenta. 

— Quando estamos juntos, eu caminhei por todas as suas idades Paulina. Na sua casa onde você deveria brincar com sua irmã correndo e bagunçando tudo. Ou quando adolescente que caminhava pelo seu jardim pensando ou lendo. E agora, você uma jovem mulher que devia ter ficado sozinha quando Ian faleceu, ele te amou e depois não estava mais ali. Sua irmã e Adelina não conseguiram te consolar... E caminhando pelas suas idades Lina, eu sei que estou andando nas suas dores também, e é caminhando e em seu coração que eu quero estar e me esconder. - Carlos Daniel responde. - Vai querer isso mesmo?

— Vou. - Respondo, e Carlos Daniel se aproxima lentamente de mim segurando em minha cintura enquanto eu envolvo meus braços em sua nuca e finalmente sinto seu beijo. - Eu te amo Carlos Daniel. - Digo a ele e sorrio, agora não tinha escapatória, o mundo todo saberia que nos amávamos. 

Depois daquela coletiva de imprensa ele se despediu de todos e de seus assessores e veio para Toronto, Jeremy disse que não aguentava mais aquele carro, a verdade é que o carro de Jeremy quebrou, então decidimos vir de avião do que passar cinco dias na estrada. 

— Já disse que... 

— Pode me agradecer Paulina. - Jeremy resmunga. 

— Ainda te odeio! - Respondo. - Obrigada! - Sussurro. 

Mark...

Ouvi apenas o barulho da sirene das ambulâncias se aproximando, o meu carro com o vidro quebrado e Peter desacordado ao volante, procurei por Jilian, abri a porta do carro e caí ao chão, me levantei me apoiando no carro e me aproximei da frente dele e vi Jilian acordada mas sem conseguir responder, seu rosto totalmente ferido e na nossa frente um outro carro com um senhor dentro. 

— Jilian? - A chamo e ela pisca duas vezes e não mexe mais nada, a ambulância chega e atende primeiro a Jilian que estava grávida e pelo impacto da batida atravessou o vidro, me levaram para a ambulância e logo ao ver de longe pegar Peter, tentei permanecer acordado, mas então adormeci.

(Peter) De uma maneira ou de outra, nosso carma nos faz encararmos a nós mesmos. Nós podemos encarar nosso carma nos olhos ou a gente pode esperar que ele venha sorrateiramente e nos pegue de surpresa. De uma maneira ou de outra, nosso carma sempre vai nos achar. E a verdade é que, como cirurgiões, temos mais chance que a maioria para fazer a balança pesar em nosso favor. Não adianta tentar, que não escaparemos de nosso carma. Segue a gente até em casa. Eu acho que a gente não pode ficar reclamando do nosso carma. Não é que não seja justo. Nem é inesperado. Apenas… balanceia as coisas. E mesmo quando a gente tá pra fazer algo que sabemos que vai tentar o carma a nos pegar de surpresa… bem, nem preciso dizer… a gente faz mesmo assim."


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Espero que tenham gostado. Comentem por favor, deem um "alô" obrigada a todas.