Aquela luta havia sido fácil demais para ele, sem a caneta Nathanael não era nada comparado a ele. Ele era o grande herói de Paris, nenhuma luta era difícil para ele. Apenas a sua luta interna consigo mesmo.

Ele não sabe quando ou como passou a olhar Bridgette, a garota irritante que o perseguia, com outros olhos. Ele queria protege-lá, rouba-lá para si mesmo.

— Parece que eu acabei por aqui. - Ele disse recuperando a compostura enquanto Nathanael caia no chão sem forças. De repente, um tipo de poeira negra cobriu o corpo do menino e ele voltou a ser o garoto sem graça e tímido que todos conheciam.

— O-o que estou fazendo aqui? - Ele perguntou confuso. Quem estava mais confuso ainda era o Gato. Como ele havia voltado ao normal? Onde estava Ladybug?

— Vá para casa garoto. - Ele disse dando a mão para o garoto confuso no chão. 

— O-ok. - Ele aceitou a ajuda do Gato e sem demoras foi para casa.

Ele ficou parado por um momento tentando entender o que havia acontecido. Se o garoto havia voltado ao normal quer dizer que Ladybug havia purificado o akuma, certo? Mas então onde ela estava?

— Ainda não foi para a lixeira dormir, Gato de Rua? - Ele ouviu a voz dela atrás dele, quando ele se virou achou que veria Ladybug. Mas quem estava lá era apenas a garota irritante e barulhenta que ele passou a olhar com outros olhos.

— Então a garota não morreu no caminho? Do jeito que é desastrada achei que tinha tropeçado no vestido e batido a cabeça. - Ele disse cruzando os braços e dando seu famoso sorriso sarcástico.

— Oh, sério? Que bom que se importa comigo, Gato. - Ela disse e se aproximou dele com o mesmo sorriso que ele havia dado para ela.

— Depois eu que sou orgulhoso. - Ele disse e deu um pequeno peteleco na testa dela.

— Ai! O que deu em você?! - Ela gritou colocando a mão no lugar onde ele havia dado o peteleco.

— Vingança é algo bem legal. Eu gosto. - Ele disse e começou a andar em direção a escadaria de trás do local.

— Gato estúpido... - Ela disse e foi atrás dele.

— E então garota?

— Então o que?

— O que quer fazer? Ir para casa, me deixar sozinho, cuspir no chão e se afogar na própria saliva... - Ele disse se apoiando no corrimão.

— Ha ha ha. Eu também te amo Gato idiota. - Ela ficou apoiada ao lado dele.

— Sentimentos iguais. Que bela história que me dá diabetes só de pensar. - Ele disse fazendo uma cara de nojo. Histórias que duas pessoas se amam ao mesmo tempo e começam a falar coisas doces o fazem querer vomitar. E não era somente ele.

— Acho que vou vomitar de tanta doçura. - Ela sentiu repulsa só de imaginar a mesma cena que ele.

— Vá em frente, se quiser eu te ajudo a se sentir melhor. - Ele disse olhando para ela com um sorriso falso.

— Eu sei que você iria ajudar a me matar. Obrigada pela intenção mas não. - Ela olhou irritada para ele.

— Você está imaginando coisas mocinha, eu nunca faria uma coisa dessas com você. - Agora foi a vez dele de olha-lá irritado.

— Gato estúpido.

— Garota irritante.

Eles trocaram trocaram olhares de ódio um com outro por um momento quando perceberam o quão próximos estavam e se afastaram na mesma hora. Eles ficaram em silêncio por alguns minutos depois disso, nenhum dos dois se atreviam a falar uma palavra. 

O clima estava estranho entre eles, uma mistura de amor e ódio estava no ar. Quando ele finalmente decidiu falar.

— Sabe... Eu gosto da sua companhia. - Ele disse olhando para o chão.

— Eu digo o mesmo. Sabe, eu não te odeio, só te acho orgulhoso demais. - Ela disse olhando para ele, que agora retribuiu o olhar.

— Você é irritante, mas dá para te suportar. - Ele olhou nos olhos dela e acabou se perdendo nos mesmo. Como a noite estava bem iluminada ele podia ver o quão bonita ela era. Ela já estava sem a máscara dourada que Nathanael havia dado a ela então ele podia ter uma boa visão dela.

— Hey... - Ela disse se aproximando mais dele.

— Sim? - Ele acabou fazendo o mesmo.

— Eu ainda não tive a oportunidade de te agradecer por está noite... - Ela disse e colocou a mão no ombro esquerdo dele, se apoiando no mesmo.

— E como vai me agradecer? - Ele perguntou sorrindo de canto para ela, se curvando para ficar da altura da mesma.

— Assim... - Ela disse e se aproximou dos lábios dele. O que eles estavam pensando, sinceramente? Beijar Chat Noir? Bridgette? Você está bem?

Quando eles sentiram a respiração um do outro passaram a agir por impulso. Ela escovou os lábios no dele e quando estavam prestes a sela-los num beijo... O relógio marcou 00:00 e começou a tocar as 12 badalas. Eles se separaram assustados.

— E-eu tenho que ir. - Ela disse e começou a descer as escadas, ele não a impediu, apenas ficou observando ela ir embora.

Ela acabou ficando tão apressada em ir embora que não percebeu que havia deixado a sapatilha dela cair e quando percebeu já era tarde demais, estava longe do local. Ele andou até a sapatilha e a pegou na mão.

— Sério isso? Cinderella? - Ele disse e acabou soltando uma gargalhada - Ah, garota... Você é realmente desastrada. - Ele sorriu para si mesmo - Mas não deixa de ser fofa.

Ela havia chegado em casa e seus pais já estavam dormindo. Sem querer acorda-los ela foi direto para o quarto e se jogou na cama.

— É sério mesmo que eu deixei minha sapatilha para trás? - Ela disse escondendo o rosto de vergonha.

— Oh, Bridgette... Isso não é algo tão ruim assim. - A pequena kwami disse voando para o lado dela.

— Como não?! Agora o Gato estúpido tem a minha sapatilha para ele! E outra, como eu quase beijei ele? No que eu estava pensando?! - Ela disse e se levantou indo em direção ao banheiro.

— E daí? Olha, vocês são fofos juntos, SIM. E tem mais, poderia ter sido Branca de Neve e agora ele teria VOCÊ para ele. - A kwami disse cruzando os bracinhos.

— Somos fofos juntos? - A garota disse do banheiro - Será que você ainda quer que eu dê o Miraculous para minha irmã?

— Bridgette, cale a boca antes que eu a cale para você. - A kwami disse deitando no travesseiro.

— Coisa fofa, tão meiga... Boa noite, Tikki. - Ela disse saindo do banheiro com o vestido e as luvas na mão.

— Boa noite, Bridgette. - A kwami disse e adormeceu mais uma vez.

Sem demora, a garota se trocou e foi deitar. Amanhã era sábado então ela poderia aproveitar e ir ao shopping com Alya.

Ou ser visitada por um certo Gato Preto.