— E quando pensamos que as coisas vão melhorar... — Remus sentou-se ao seu lado, reclamando.

— Oh! Vamos! Saímos de férias não faz muito tempo! — disse Lily, sorrindo, como sempre.

James e Sirius aproximaram-se da mesa, sentando-se com eles. Sirius devolveu o sorriso que Lily lhe deu, mas James ignorou-a, o que fez com que ela ficasse séria.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntou.

Sirius e Remus olharam para James, confusos.

— Tudo ótimo! — ele disse, seco.

A ruiva engoliu em seco, assustada pela reação dele. O que tinha acontecido?

Marlene e Alice aproximaram-se da mesa, e Lily afastou-se um pouco para dar espaço às amigas, ficando na ponta do banco.

— Ele acha que você teve um encontro depois da aula — sussurrou Marlene, enquanto a abraçava, disfarçadamente.

Ela afastou-se, antes que Lily tivesse chance de responder.

Ela tinha ido encontrar a Ian, por causa de Petúnia.

Mas nem James nem Marlene sabiam disso. Na verdade, só Petúnia sabia.

— Ian está saindo com a minha irmã — ela disse, rapidamente.

Marlene, que estava tomando um gole de refrigerante, cuspiu-o em cima de James. Em vez de fazer escândalo, ele apenas piscou os olhos, tirou os óculos, e sacudiu o cabelo, molhando a ela também.

— O que você quer dizer com...? — perguntou a garota, traumatizada.

— Isso mesmo que você ouviu, querida irmãzinha! — Ian apareceu atrás dela — Quanto ao “encontro”, ela queria certificar-se de que eu era uma pessoa confiável, já que eu disse a Tuney que estudava aqui.

Isso pareceu relaxar a James, e Lily suspirou, aliviada, mas também temerosa pelo olhar estranho de Marlene. As coisas estavam saindo de seu controle, e ela perderia a aposta, se não fizesse algo para evitar.

— Eu vou tomar um banho, licença — disse James, indicando o refrigerante em si.

— Que desperdício! — disse Frank, sentando-se ao lado de Alice.

Ela sorriu bobamente, e Lily ficou feliz de não ser a única solteira por ali, embora soubesse que era apenas questão de tempo para Remus ceder à Tonks. Não queria pensar em James. Nenhuma das duas opções lhe agradava.

— Lily Evans e Marlene McKinnon — uma garota aproximou-se delas — McGonagall as chama.

— Deve ser foto do anuário — disse Alice.

— É sério: estamos na universidade ou no colégio? — perguntou Marlene, incrédula — Ainda não descobri uma diferença, exceto o fato de estudarmos o que queremos.

— Pare de reclamar! — Ian a empurrou de leve, tomando o seu lugar no banco.

Quando chegaram lá, a secretária da diretora logo as parou.

— Senhorita McKinnon, troque essa blusa! — ela disse, rígida.

— O quê? — perguntou Marlene, olhando para a regata que vestia.

— O fotógrafo não tirará foto de você vestida assim! — insistiu a idosa.

Marlene deu de ombros, puxando a regata para cima da cabeça. Lily e a mulher arregalaram os olhos.

— Me empresta a sua blusa — pediu Marlene.

— O quê? — perguntou Lily, incrédula.

— Ande logo! Na sua vez, você veste de novo! — disse Marlene, revirando os olhos.

Sem opção, ela desabotoou a blusa e entregou para a amiga, pegando a regata rapidamente.

— Licença! — Marlene deu um sorriso debochado para a mulher, entrando no escritório da diretora.

Lily sentia que nunca poderia olhar normal para aquela secretária novamente, não depois dessa vergonha.

— Eu não acredito! — ela murmurava, elas já tinham tirado as tais fotos.

— Pare de reclamar! — disse Marlene, esbarrando em um garoto muito parecido com Sirius.

— Olhe por onde anda, traidora do sangue! — disse o garoto, antes de se afastar.

— Acho que a prova do supletivo é hoje — concluiu Marlene, olhando ao redor — Será que encontramos Tonks?

— Vamos voltar para o refeitório — disse Lily, deixando a amiga para trás.

Faltando dois corredores para o caminho onde ela seguia, ela ouviu a voz de Tonks.

— Eu acho que não vou passar — disse a garota, que tinha pintado os cabelos de azul claro (Andrômeda ficou louca quando viu, mesmo que já tivesse a visto de cabelos rosas).

— Você está se esforçando, vai conseguir sim — disse Remus, sorrindo.

Marlene chegou ao lado de Lily, quieta, como se tivesse adivinhado o que estava acontecendo.

— Deixe-me ver! — murmurou a castanha, ficando do lado dela.

— Cuidado! Vão nos ver! — sussurrou Lily, nervosa.

Quando olharam novamente para os dois, Marlene teve que tampar as bocas para evitar que gritasse.

Tonks estava beijando a Remus.

Lily puxou a amiga pelo braço, levando-a para o outro corredor, sem importar que escutassem o som dos seus sapatos, enquanto corria.

— Eu sabia! Eu sabia! — Marlene começou a surtar, quando já estavam bem longe.

O surto delas foi interrompido quando os alto falantes emitiram um ruído.

— Alunos, gostaria de avisar que o baile de confraternização será realizado nesta sexta-feira. A neve deixou de cair, precisaremos de ajuda para limpar o pátio. Sexta-feira de manhã, quem puder, ajudem com o final da organização.

A sineta tocou, em seguida, indicando o final do intervalo.

— Droga! — reclamou Marlene, com um biquinho.

— Vamos! — disse Lily, puxando-a.

No meio do caminho, encontraram com James e Sirius, que seguravam uns pratos descartáveis.

— Aqui! — disse Sirius, entregando um para Marlene.

— Obrigada! — disse Lily, pegando o prato que James lhe esticava.

— Lily, vamos passar no correio, depois da aula? — sugeriu Alice — Faz tempo que não vamos.

— Ótima ideia! — apoiou Marlene.

— Ah! Sim! Aquela droga de prédio que não tem caixa de correio — Sirius revirou os olhos.

Lily preferiu manter-se quieta, para terminar de uma vez o prato, e poder assistir as aulas restantes.

***

— Só essa carta — a atendente estendeu a carta para Lily, e deslizou um papel por cima do balcão — Assine o recebimento aqui.

Alice olhou estranhada para a ruiva, que pegou a carta, e assinou, com a caneta azul presa no balcão.

— Que estranho! — comentou Alice, enquanto elas caminhavam para casa.

— Eu não acredito nisso! — Lily parou de caminhar, olhando fixamente para o envelope.

Ajeitou a alça da bolsa em seu ombro, e caminhou mais rápido.

— Lily! Espere! — Alice tentou correr atrás dela.

Lily atravessou a rua antes de um carro, fazendo com que Alice tivesse que esperá-lo sair de sua frente para poder segui-la.

Abriu a porta da frente do prédio e fechou, apressadamente, seguindo para o elevador, ignorando completamente que estava colocando uma enorme distância entre a amiga e ela.

— Marlene, o que você fez? — ela entrou no apartamento, jogando o envelope na direção dela.

— Olá — disse a garota, tomando um gole de café, calmamente.

— Me responda! — insistiu Lily, irritada.

— Eu só gravei vocês no curso de corda dupla — respondeu Marlene — E postei no Youtube.

— O quê? Sem o nosso consentimento? Você não tinha o direito! — a ruiva reclamou.

— Lily, as pessoas adoraram! Isso é publicidade! — ela retrucou — Que carta é essa?

— Ilvermorny — respondeu Lily.

Marlene paralisou, pousando a caneca em cima da mesa.

— Você vai... — ela limpou a garganta, nervosa.

— É claro que não! — a ruiva respondeu — Eu só fiquei surpresa, não entendi...

— Desculpe, mas... — começou Marlene.

— Tudo bem! Eu entendi. Obrigada, mas, da próxima vez, me avise, por favor.

— Certo...

Alice entrou ofegante.

— Você ainda está sem vestido — lembrou Marlene, levantando-se — Venha, talvez algum dos meus lhe agrade. Você não pode ir com os seus.