O Segredo da Lua escrita por F L Silva


Capítulo 25
Bônus - Como Se Eu Fosse Te Perder


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é mais um pedido de desculpas de minha parte por todo o fim que a história teve.
Ele se trata de uma cena que eu tinha deletado e achei interessante publicá-la como um bônus.
Essa cena aconteceu entre os capítulos 16 e 17, pouco depois do Théo ter dormido com Kalleo.



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Subindo as escadas do prédio de dormitórios, Théo se apressou para a porta de número 74. Tinha marcado de se encontrar com Kalleo depois do término das aulas.

Mesmo tendo visto ele naquele dia de manhã, sentia a carência de estar novamente com ele. Será que era assim que todos se sentiam ao amar? Querendo estar com quem se gosta a todo o momento?

Quando bateu na porta do quarto, esta rangeu e se abriu lentamente, revelando o interior escuro, com a luz da lâmpada apagada. Franzindo o semblante, Théo passou pela brecha da porta, se perguntando onde estaria Kalleo. Será que ele tinha se esquecido de que tinha marcado de encontrá-lo ali?

Localizando o interruptor na parede, o quarto foi preenchido pela claridade da luz, e Théo percebeu pequenos fragmentos vermelhos no chão.

― Estava me perguntando quanto tempo demoraria.

Théo ergueu o rosto para o outro lado do quarto, onde Kalleo estava sentado sobre a cama, com as pernas esticadas. Ele estava vestido com o uniforme preto do instituto, assim como Théo. Seu rosto ostentava aquele sorriso despreocupado que somente ele possuía, enquanto trazia nas mãos uma garrafa de... champanhe?

― Onde conseguiu isso?

― Eu transformo meu quarto numa cena de filme clichê, com pétalas de rosa espalhadas no chão, vestido socialmente com esse horrível uniforme escolar, esperando pacientemente pelo garoto que amo, e tudo o que você tem a me perguntar é como eu conseguir essa garrafa de champanhe traficada de uma festa de adolescentes delinquentes? ― brincou Kalleo, se colocando em pé e se aproximando de Théo.

― A curiosidade sempre foi meu ponto fraco.

― Achei que eu era seu ponto fraco.

― Não. Você é o meu ponto de êxtase.

― Êxtase está relacionado ao prazer?

Théo riu, corando levemente.

― Está relacionando a tudo o que me deixa feliz.

― Então eu te deixei bastante feliz ontem? ― provocou Kalleo.

― Como uma criança ao receber um doce.

― Mas ontem eu não te dei um doce. Te dei outra coisa.

― No caso, o que seria? ― Théo sorriu, segurando a mão de Kalleo.

― Além de muito tesão? ― brincou, observando a vermelhidão se espalhar pelo rosto de Théo, e baixando a voz num sussurro, com os lábios próximos aos do garoto, disse: ― Te dei meu coração.

Théo sorriu. Sentiu algo dentro de seu peito explodir com a intensidade do calor. Tomado pelo desejo, aproximou seus lábios dos de Kalleo. Primeiro, com calma, saboreando o momento. Depois, mais firme e intenso. Seus braços passaram a volta do corpo do garoto, o enlaçando, e Kalleo fez o mesmo, o puxando para mais perto, tentando eliminar o espaço que havia entre eles.

Quando se afastaram, Kalleo ergueu a garrafa de champanhe.

― É um champanhe bem barato, mas dar para quebrar o galho por hoje.

― Qual a intenção desse clima de filme clichê, aliás? Me conquistar? ― perguntou Théo, enquanto Kalleo enchia dois copos de plástico com o líquido.

― Isso eu já fiz ― respondeu presunçosamente. ― A intenção era deixar o ambiente mais confortável e o mais diferente possível de um quarto de reformatório.

― Devia ter feito isso ontem, não acha?

― Não. Se tivesse feito isso ontem, iria parecer que eu só estava querendo te encantar para transar.

Tentando esconder a vergonha, Théo bebeu um pouco do champanhe, o gosto adocicado junto com álcool preenchendo sua boca.

― Está dizendo que fazia isso para as garotas quando queria transar?

― Estou querendo dizer que não faço as coisas esperando como resultado sexo.

― Então não era isso que esperava de ontem?

― Na verdade, não. Mas foi tão maravilhoso quanto eu imaginava.

― E como você imaginava?

― Não sei exatamente descrever, mas não se compara a nenhuma das outras vezes em que fiz com garotas. Foi... diferente. Muito diferente do que eu achava. E um pouco estranho, no começo, já que somos do mesmo sexo. Não fazia ideia de como seria, apenas fantasiava. Achei que seria mais complicado do que imaginei, mas no fim não foi. Foi... naturalmente excepcional.

― Pra mim foi tudo novo ― disse Théo, mordendo o lábio inferior. ― Foi minha primeira vez e... foi muito melhor do que imaginei. Mas confesso que quando imaginava como seria, sentia medo. ― Ele riu do seu próprio comentário. ― Era só medo de principiante.

Kalleo exibiu seu melhor sorriso sexy.

― É uma honra ter sido o seu primeiro. ― Virando o resto de líquido do copo na boca, aproximou-se da mesinha de cama e pegou seu celular. ― Vamos dançar.

― O quê? ― perguntou Théo, aturdido. ― Dançar?

― Sim. Me dei conta de que nunca dancei com você. ― Colocando novamente o celular sobre a mesinha de cama, uma música lenta começou a tocar, com uma voz feminina no vocal. ― É só dançar no ritmo de valsa.

Se aproximando de Théo, pegou seu copo e o deixou sobre a cômoda. Depois passou o braço direito sobre as costas do garoto e o puxou para mais próximo de seu corpo. Théo fez o mesmo com seus braços.

― Eu não sei dançar muito bem...

― Não tem problema ― tranquilizou Kalleo. ― Também sou um fracasso dançando.

Lentamente, ambos começaram a dançar num ritmo sincronizado pelo quarto, ambos se encarando e sorrindo abertamente ao olhar um nos olhos do outro. Era estranha a devida situação, porém reconfortante. Estavam somente eles dois ali, juntos, dançando uma música romântica num quarto de reformatório. Parecia um pequeno mundo paralelo. Um mundo somente deles.

― Que música é essa? ― perguntou Théo.

― “Like I'm Gonna Lose You” de Meghan Trainor com John Legend. Uma de minhas músicas favoritas. É estranho como ela diz tudo o que sinto.

― E o que ela diz?

― Ela diz nos primeiros versos do refrão: “Então eu vou te amar, como se eu fosse te perder. Eu vou te abraçar, como se estivesse dizendo adeus”. E é isso que estou fazendo no momento. Te amando a todo o momento, com medo de te perder. Te abraçando sempre que possível, como se fosse o último. Por que, como a música mesmo diz: “O amanhã não nos é prometido”.

Théo sorriu timidamente.

― O amanhã pode não nos ser prometido, mas o agora, sim. E cabe a nós decidir como o ocuparemos.

Com um sorriso sonhador, Kalleo falou:

― Sr. Ângelo, eu amo quando você fala assim. ― E se aproximou para mais um beijo.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por terem chegado até aqui ♥



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