Losing You escrita por Poi Peterson, STatic


Capítulo 2
Capítulo 02


Notas iniciais do capítulo

Postando como prometido. Esperamos que gostem. ;)



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Losing You — Capítulo 02

Alexis adentrou o quarto onde seu pai se encontrava. Vê-lo naquele estado, envolto a fios e máquinas que o auxiliavam em sua vida, era apavorante. Ele era o único para ela, o que mais importava. Queria a felicidade dele acima de tudo e sabia que, do jeito que estava, acabaria por perdê-lo. Aproximou-se da cama, tendo em mente que não tinha permissão para permanecer por muito tempo.

Segurou a mão de seu pai, apertando-a fracamente. Ele estava frio, devido à baixa temperatura do ambiente. Não conseguindo conter mais suas lágrimas, abaixou-se um pouco e sussurrou em seu ouvido:

— Pai, não sei se consegue me ouvir, mas, por favor, volte para mim, ainda preciso de você. — tentou conter o choro — É o único que eu tenho, por favor...

Ali, ao lado daquele leito de hospital, prometeu a si mesma que não permitiria mais que ele se colocasse em perigo. Beijou-o ternamente em sua testa e, verificando que ele não respondia ainda, saiu do quarto com uma promessa de voltar o mais rápido possível.

Alexis já sentira medo em sua vida. Do medo inocente de um monstro embaixo da cama ao medo real do que podia acontecer a cada manhã que o pai saía de casa e se juntava à NYPD. Lembrava-se do dia em que Kate fora açoitada em pleno cemitério, o quanto temeu pela vida de seu pai quando estava caído ao chão. Naquele momento pensou que o tivera perdido, entretanto, mesmo sabendo que poderia perder sua vida, ele tentou salvá-la. Mas agora, seu pai conseguiu a custa de sua vida, de sua saúde. Alexis poderia conhecer um pouco do medo, mas, ainda assim, nenhum se comparava ao de perder sua família, de ficar sozinha. O simples pensamento de viver sem seu pai infantil e carinhoso a deixava enjoada.

Continuou caminhando pelo corredor, seguindo na direção em que sua avó poderia se encontrar. Ela estava resoluta. Ao que dependesse dela, quando seu pai melhorasse, porque ele iria, a fase irresponsável de brincar de policial estaria terminada.

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No início da manhã seguinte, Kate sentia-se torturada por continuar presa àquela cama, tudo porque teria que ficar ali, em observação, ao menos por alguns dias devido às lesões que sofrera. Apesar das dores que estava, suas mãos não paravam de esmagar os lençóis em uma tentativa frustrada de acalmar-se e parar de tremer. Qualquer som a assustava, por mínimo que fosse. Lágrimas incontroláveis a traíam. Estava tendo uma crise relacionada ao transtorno de estresse pós-traumático que julgara estar controlado após o tiroteio no cemitério?

O que a mais agoniava era a falta de notícias dele. Sabia que Alexis e Martha já haviam chegado ao hospital e temia pela reação delas. Ele era sua responsabilidade, sua! Aquele tiro devia ser para ela, jamais para ele. Tinha ciência de que agia como a pior toxina em sua própria vida, destruindo aos poucos tudo que era bom, incluindo Castle. Se as coisas ao menos fossem diferentes, se não fosse quebrada e complicada desse jeito. Hoje foi tão perto de perdê-lo, será que a espera pela queda da parede que tinha internamente valia realmente a pena? Era certo fazê-lo esperar por ela?

Durante todos aqueles anos, Castle sempre estivera por perto. Ele havia visto Kate Beckett em seus piores e melhores momentos, e se mantivera ao seu lado durante todos eles, mesmo quando ela desejava o contrário. Ou ao menos fingia desejar o contrário. Ele havia invadido cada mínimo detalhe de sua vida e se infiltrado em cada parte dela, conhecendo cada faceta, lendo-a como a um livro. Agora, enquanto a mente da detetive trabalhava a quilômetros por hora, indagando o que estaria acontecendo, o simples pensamento de que ele podia não sair dessa, a deixava tonta.

Algo podia dar completamente errado, e ela não estaria por perto. Ambos já haviam vencido a morte inúmeras vezes, escapando por segundos, seja através dos pensamentos combinados ou a mais pura sorte. Juntos, eles podiam fazer qualquer coisa. Mas separados? Algo podia mesmo dar errado. Ela sequer conseguia imaginar. Um mundo sem Richard Castle? Era cruel demais, uma piada obscura e de mal gosto.

— Eu preciso sair daqui. — Murmurou, arrependendo-se no segundo em que tentou se levantar, quando a dor se tornou mais pronunciada. Tombou de volta nos travesseiros, lutando para recuperar o folego. — Droga, Castle! — Lamentou mais uma vez, as lágrimas de frustração voltando a cair em seu rosto. Ainda estava sob o efeito dos sedativos e com o dreno, que a faziam cambalear mais ainda. Por que ele tinha que ser tão teimoso? Por que ele tinha que entrar no caminho daquela maldita bala? Bala que era para ela, afinal.

Mas ela sabia o porquê. Por meses guardou aquelas palavras ditas naquele momento de desespero, enquanto sucumbia em seus braços. Sabia e não havia feito absolutamente nada a respeito.

Quando o dia começou não imaginava que terminaria desse jeito. Um crime, aparentemente simples de ser solucionado, acabou por se complicar. Descobriram que a vítima teria uma negociação pendente com mafiosos, era um interceptador de alguma mercadoria, a qual tentou roubar. Não gostando de perder dinheiro, tais criminosos ordenaram sua execução, fazendo parecer um simples acidente ao mesmo tempo mandando um recado para outros que tentassem fazer a mesma coisa.

Seguindo os últimos passos da vítima, entraram em um armazém abandonado, onde encontraram várias armas escondidas. Mas, o que não esperavam, é que os mafiosos estavam ali para buscar a mesma coisa que eles. Correram para tentar se salvar, mas, julgando que estavam seguros enquanto distraíra-se pedindo reforços, um dos bandidos os encontrou e atirou repentinamente.

Tudo aquilo era completamente ridículo. Em um segundo tudo estava bem, e no próximo eles rolavam por uma escada.

Decidida a se acalmar, ao menos o suficiente para fazer a dor parar e ela poder se concentrar na culpa, Kate fechou os olhos e respirou devagar. O que ela esperava agora era o tempo passar. E notícias. Ela estava desesperada por notícias, qualquer indicação de que ele ficaria bem. Após alguns minutos de concentração, pode ouvir batidas na porta, abrindo os olhos a tempo de ver alguém entrando lentamente no quarto.

— Olá, querida. — Martha disse no tom carinhoso de sempre.

Apesar de ter sido capaz de se controlar um pouco, Kate sentiu uma mistura de pânico e culpa intensos ao encarar a mulher que se aproximava.

— Martha... — ela quase ofegou, tentando se mover na cama. — Eu sinto tanto, a culpa foi toda minha, eu não devia... Ele pulou na minha frente... Não devia...

Kate tentava falar tudo de uma vez, atropelando as palavras e rapidamente ficando sem ar, sendo atingida novamente pela dor, agarrando os lençóis com força e fechando os olhos enquanto tentava recuperar o folego. Martha avançou, parando ao seu lado e segurando a mão que não estava machucada da detetive.

— Tudo bem, respire, Katherine. — Beckett abriu os olhos ao som da voz da mulher, concentrando-se em controlar a respiração.

Esperava raiva e frustração por parte de Martha, mas esses sentimentos nunca vieram. Seus olhos estavam tristes e não escondiam tão bem a dor pelo filho, mas em lugar nenhum culpavam Kate pelo que acontecera.

— Eu sinto muito. — tentou novamente suas desculpas — Ele me tirou do caminho, eu devia estar ali! Não ele e...

Martha a interrompeu.

— Nós duas conhecemos meu filho bem demais para saber que não é possível controlá-lo. — disse sorrindo levemente. — E para saber também que ele iria preferir morrer ao ter algo acontecendo a você, e a prova está aí. Então pare com essa baboseira, isso não é culpa sua.

Kate sacudiu a cabeça rapidamente, abrindo a boca para negar o que ela dizia, mas Martha a interrompeu novamente.

— Você sabe que faria a mesma coisa por ele. — disse por fim, fazendo a detetive parar. Kate compreendia que aquilo era verdade. Ela faria o mesmo por Rick Castle, sem pensar ao menos uma vez. Droga, ela trocaria de lugar com ele nesse exato momento se tivesse a opção. Mas não tinha.

— Como ele está? — perguntou, embora tivesse medo da resposta. — Eu preciso vê-lo.

— Ele vai demorar um pouco para acordar, mas os médicos estão otimistas. Richard é teimoso, querida, sempre foi e não vai mudar agora.

Kate sorriu um pouco com as palavras da mãe dele. Apesar de tudo, Martha sempre estivera ali por ela. Mesmo com todo o drama e loucura que vinha com Katherine Beckett, ela sabia que a mulher amava seu filho e que estava disposta a lutar por ele.

Aos poucos, Beckett pode sentir seu corpo relaxar mais, o alívio se fazendo presente. Embora não fosse o que ela precisava — ao menos não completamente -, saber que ele ficaria bem era maravilhoso.

— Ele vai ficar bem. — murmurou para si mesma, sentindo os olhos cada vez mais pesados.

— Isso, querida, descanse, você precisa melhorar logo. Virei avisá-la quando ele acordar, fique tranquila. — Martha observou atentamente a parceira do filho, enquanto ela rendia-se ao sono proporcionado pelos analgésicos que estava tomando.

Apesar de tudo que estava acontecendo, a senhora pode perceber que o amor de seu filho era correspondido, por mais que Kate negasse a si mesma, era nítido o quão importante seu menino era para a vida dela. Esses jovens acham que têm o tempo todo pela frente, mas esquecem de que a vida passa em um piscar de olhos. Era necessário apenas um segundo. Esse que mudaria tudo, que podia significar o fim, ou o começo. Martha só podia esperar que, para eles, esse momento significasse o começo.

.

.

Alguns dias depois, Kate soube que ele acordara e, mesmo ainda com dificuldades pelas suas dores, tentou sair de seu quarto a fim de encontrá-lo.

Em sua mente pensou em todas as possibilidades. Lembrou-se dele admitindo seus sentimentos quando ela estava quase desacordada e quando ficou três meses longe para recuperar-se. Naquela época ainda tinha dúvidas se ele declarou-se por puro impulso. Estava completamente apaixonada, mas não podia render-se a esse sentimento, não sentia-se segura de si, não era boa o suficiente para ele. Beckett era uma mulher com vários problemas para resolver, entre eles, a morte de sua mãe. Somente assim ela poderia estar livre para viver intensamente tudo o que sentia.

Voltando ao seu trabalho, soube tudo que Castle havia feito por ela. Não tinha desistido dela e nem da importância desse caso em sua vida e aquilo a fez contatar que era uma traidora. Ficou sentindo-se culpada por não falar com ele nesse longo tempo isolada. Precisava encontrá-lo, mesmo que ele não a quisesse mais, precisava enfrentar esse medo, e foi o que ela fez. Dirigiu-se até onde ele estava dando autógrafos e jamais pudera esquecer-se daquele olhar de decepção quando a viu ali. Apesar de tudo, engolindo toda essa aflição que estava vivenciando, explicou sobre o muro que tinha dentro de si e, mesmo não estando muito satisfeito da forma como ela manteve-se longe, aceitou voltarem a serem parceiros.

Um homem paciente, que ela julgara não poder atender as expectativas que ele mantinha sobre ela. Beckett era uma mulher quebrada e queria ser melhor, digna dele e de seu amor. Mas e se não tivesse mais tempo a perder? Tudo que planejou para conseguir ir um passo de cada vez, de repente tudo foi jogado sobre si novamente. A vida pregando-lhe uma peça, fazendo-a perceber o quanto tinha a perder. Ele machucou-se para salvá-la, como sempre estava ali para ela, mesmo que custasse sua vida e, até aquele momento, não havia compreendido que não era uma simples paixonite, mas sim quanto o amava e quanto precisava dele em sua vida.

Querendo dar uma chance aos dois, foi como ela irrompeu o quarto em que ele encontrava-se naquele hospital. Lentamente abriu a porta e encaminhou-se em direção àquela cama que seu escritor ocupava. Kate sentiu seu coração pesar mais ainda ao vê-lo naquele estado. Parecia tão frágil em meio aos aparelhos que ainda estavam ligados a ele. Você acha que tem todo o tempo do mundo e em questão de segundos pode perder tudo que mais importa. Naquele momento ela percebeu o quão perto chegara a isso, ficar sem a pessoa que preenchia todos seus pensamentos.

Com medo de que seu toque pudesse prejudicá-lo ainda mais, entretanto, muito egoísta para manter-se longe, a detetive aproximou-se e depositou um leve beijo em sua boca. Tão rápido como um flash de luz, mas o toque permaneceu com ela. Segurou a mão dele e deu um leve apertão, verificando ainda os batimentos cardíacos que eram mostrados pelo monitor. Ele ainda estava ali, estava ali com ela. A culpa começou a esvair-se de seu corpo, deixando-a respirar melhor, apesar de tudo que ela mesma também passou.

— Castle... — ela precisava vê-lo acordado, tinha a necessidade de saber se ele realmente estava bem com seus próprios olhos e não mais por notícias dos outros que a olhavam com pesar por tudo que acontecera. — Você precisa abrir os olhos. Você tem uma filha, Rick. Você tem uma filha, uma mãe, uma... parceira e amigos! Você precisa abrir os olhos.

Suspirou, tentando evitar as lágrimas que podia sentir surgir e, ao tentar escapar desse sentimento, um novo, que ela sequer sabia que estava ali se pronunciou. Ela estava com raiva. Raiva por ele pensar ser indestrutível, raiva por ele ter pulado na frente de uma bala que era para ela, raiva por ele não escutá-la. Raiva de toda a situação em que se encontravam. Por que para eles era tão complicado?

— Você não pode desviar uma bala com charme, Rick. Eu sempre digo para ficar fora do caminho, então por que você não podia simplesmente me escutar? Ao menos às vezes... Ao menos dessa vez! Se tivesse me escutado, não estaria aqui. Você não é invencível, Richard Castle, não importa no que acredite.

Apertando sua mão um pouco forte demais, ela sorriu um pouco. Claro que não forçou para que seu toque o machucasse. O corpo dela também não aguentava muito tempo em pé, então acabou sentando-se apoiada ao lado dele, em um espaço na cama.

— E você acredita em muita coisa... — balançou a cabeça e revirou os olhos. — De vampiros a videntes, ou aliens! Quer dizer, sério? É incrível como você se esqueceu de crescer...

“Foi isso também que me fez me apaixonar por você.”, ela pensou

Lembrou-se na personalidade de Castle, em como seu jeito infantil e totalmente adorável havia tornado tudo em seu mundo mais vibrante, mais animado. Completamente cheio de vida, assim como ele. Voltou seu olhar para o rosto do escritor, odiando cada segundo que se passava e ela não podia ver seus olhos. Levando uma mão até sua fronte, ela se moveu, afastando os cabelos desgrenhados que se encontravam ali.

— E por você acreditar em tudo o que há no mundo, eu vou acreditar no que os médicos disseram e esperar você ficar bem. — tentou soar animada, falhando de forma terrível. — Você precisa ficar bem... Eu preciso de você...

Ela continuou falando, nem mesmo pensando muito, apenas com o intuito de não cair em pedaços ali mesmo, e não notou os movimentos sutis do homem deitado na cama, nem mesmo quando ele abriu os olhos.

— Você está proibido de contar isso, e se você o fizer, eu vou negar, mas Lanie tem razão. Nós perdemos tempo demais, e eu não posso mais me dar ao luxo de esperar, então quando você acordar eu preciso te dizer...

Aproximando-se mais dele, Beckett cochichou algo em seu ouvido. Tremendo, inspirou tentando conter as lágrimas que insistiam em cair. Kate parou ao olhar para cima, seus olhos marejados deparando-se com aquele azul que ela conhecia bem demais. O alívio e a felicidade eram claros nas feições dela.

— Castle... — conseguiu dizer, tentando conter o impulso de beijá-lo, mas, antes que pudesse pensar no próximo movimento, ela escutou sua voz.

Teria sido melhor se não o tivesse escutado. Katherine Beckett sentiu seu mundo desmoronar à sua volta mais uma vez em sua vida ao ouvir as primeiras palavras que deixaram a boca de seu parceiro.

— Quem é você?


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Notas finais do capítulo

Comentários são bem vindos =D
(tentativas de homicídio não, hein! Ai, ai, ai...)



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