Losing You escrita por Poi Peterson, STatic


Capítulo 3
Capítulo 03


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, Poi andou sumida e resolveu aparecer... Tati não teve culpa =x



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Losing you — Capítulo 03

Aproximando-se mais dele, Beckett cochichou algo em seu ouvido. Tremendo, inspirou tentando conter as lágrimas que insistiam em cair. Kate parou ao olhar para cima, seus olhos marejados deparando-se com aquele azul que ela conhecia bem demais. O alívio e a felicidade eram claros nas feições dela.

— Castle... — conseguiu dizer, tentando conter o impulso de beijá-lo, mas, antes que pudesse pensar no próximo movimento, ela escutou sua voz.

Teria sido melhor se não o tivesse escutado. Katherine Beckett sentiu seu mundo desmoronar à sua volta mais uma vez em sua vida ao ouvir as primeiras palavras que deixaram a boca de seu parceiro.

— Quem é você?

Em choque, essa foi a única reação que Beckett teve. Ficou olhando para ele espantada, não conseguindo pronunciar palavra alguma, encarando aqueles olhos azuis.

Sim, ele havia acordado, mas nada no mundo a tinha preparado para aquilo.

— Quem é você? — a voz suave perguntou novamente, com dificuldade.

— Você não lembra? — ela pergunta incrédula, segurando na mão dele.

— Lembrar-me de quê? — nesse momento, Castle tentou levantar-se — Ai! O que aconteceu? Tudo dói! Minha cabeça dói! — então ele percebeu que tinha uma cirurgia — Eu fui operado? Aconteceu alguma coisa?

Atordoada com tudo, com os olhos marejados, Beckett saiu de sua cadeira com dificuldade e o obrigou a deitar-se:

— Você não pode se levantar ainda.

Castle deitou-se novamente, voltando seu olhar para a mulher à sua frente. Ela era linda, ele pode notar. Apesar da aparência cansada e dos olhos vermelhos, ela era linda. Os cabelos, mesmo um pouco bagunçados, caíam em ondas de forma graciosa pelo seus ombros, movimentando-se junto na medida em que ela se tornava cada vez mais agitada. A cor de seus olhos era impossível de descrever, parecia um caleidoscópio mudando de cores entre mel e verde oliva. Em uma pesquisa feita para um livro, ele se lembrava dessa cor rara chamada avelã, mas vendo essa mulher linda, com esse cabelo claro contrastando com os pequenos raios marrons de seus olhos, fazia-o  perder o pouco ar que conseguia. Mas nesse momento, esse olhar parecia mais chocado e temeroso, assim como sua voz.

— O que aconteceu comigo? — ele perguntou novamente, tentando entender o motivo dele estar ali, assim como tentando se distrair da aparência de Kate.

Quando ele se acalmou o suficiente, Beckett continuou sentada ao seu lado na cama, olhando para seus olhos atentamente, a respiração saindo de forma estranha e cada vez mais instável, procurando por qualquer sinal de reconhecimento. Qualquer coisa que a mostrasse que ele se lembrava dela ao menos um pouco, que isso tudo não passava de uma confusão, um pesadelo após tudo que passaram. Não encontrou nenhum.

— Eu devia chamar um médico. — disse, levantando-se e afastando-se um único passo com dificuldade devido aos seus próprios ferimentos. Cada vez mais parecia que o ar não encontrava seu caminho correto, perdendo-se antes de alcançar os pulmões. Ele não se lembrava dela. Não sabia quem ela era, não sabia o que significavam um para o outro, não os conhecia.

— Não! — Castle respondeu rápido, e depois se encolheu um pouco com a dor. Kate voltou para perto dele imediatamente. Não podia evitar, vê-lo com dor era ainda pior do que seja lá o que ela estivesse sentindo. — Você pode me contar o que aconteceu.

Ela hesitou. O que poderia dizer a ele? “Você se jogou na frente de uma bala para me salvar porque me ama e eu sou egoísta demais para admitir que sinto o mesmo. Então você quase morreu e agora não se lembra que eu existo?”. Parecia algum tipo de pegadinha de extremo mau gosto. Ou, no mínimo, algum tipo de piada cósmica. O universo e suas ironias. Se Castle soubesse que a força do universo que ele tanto amava estava conspirando contra eles, talvez acabasse mudando de opinião.

— Foi, hum... um acidente? — sua resposta saiu como uma pergunta, a incerteza clara em sua voz também.

Castle suspirou, fechando os olhos por um segundo e afundando a cabeça no travesseiro.

— Você não parece muito certa. — ele disse, abrindo os olhos — Mas você estava junto? Porque também está machucada.

— Talvez. — ela respondeu ao mesmo tempo em que a porta se abriu.

Os olhos de ambos se moveram na direção à porta, e Kate sentiu o coração pesar em seu peito ao ver Alexis entrando. A garota hesitou quando a viu, parecendo surpresa.

— Alexis. — Kate disse, a voz fraca. Toda culpa que sentira durante os últimos dias pareceram se multiplicar diante do olhar da filha do homem deitado na cama.

E então toda a hesitação havia desaparecido quando Alexis deu passos mais decididos para dentro do quarto, seguindo em direção aos dois. Lançou um olhar para o pai, antes de voltar-se para Kate:

— O que está fazendo aqui? — perguntou friamente.

Percebendo o clima pelo tom de voz e o olhar de Alexis, Kate, que estava de pé ao lado da cama de Castle, andou com dificuldades para sair do quarto. Qualquer que fosse a questão, não seria bom discutir frente ao seu parceiro que acabara de acordar e ainda estava em recuperação. Entretanto, Castle segurou seu braço a fim de terminar a conversa em que estavam. Ele precisava de respostas e as queria naquele instante.

— Depois nós conversamos. — ela piscou para que o escritor tentasse compreender o que se passara, mas, aparentemente, aquela troca que sempre teve entre os dois, não estava funcionando. Mesmo assim, sob o olhar confuso dele, ela retirou-se do quarto, sendo seguida pela filha dele.

Ao saírem no corredor e Alexis garantir que a porta do quarto de seu pai estava fechada, a menina avança sobre Kate, ignorando totalmente o estado em que a detetive se encontrava.

— O que você pensa que estava fazendo lá dentro? — a menina acusou.

Depois de tudo que sucedera, as dores de seus ferimentos eram pouco importantes. A mente de Beckett somente lembrava-se das palavras de Castle, ficando letárgica quanto aos ataques da filha dele.

— Anda, responda! — a jovem ruiva continuou empurrando Kate contra a parede, atingindo-a no ombro violentamente.

Ela merecia isso, não havia desculpas para tudo que estava acontecendo com Castle. Ele machucou-se para salvá-la e agora estava ali, sem lembrar-se de nada, principalmente dela. Aquele olhar que tanto estava acostumada, não estava mais lá.

— Desculpe-me... — a voz da detetive saiu como um murmúrio e apesar de ser forte na maioria dos momentos, tudo estava engolindo-a e sua garganta começava a fechar, deixando o ar difícil de entrar, sendo agravado mais ainda por seu estado debilitado. — Desculpe-me... — repetiu mais uma vez, tentando convencer a si mesma de suas palavras.

— Acha que suas simples palavras de desculpas irão trazer meu pai de volta? Ele está assim por SUA causa. — ela riu  de forma nervosa e debochadamente — Sempre você! Apesar de tudo que ele fez para ajuda-la, você sempre virou as costas para ele. Mas o destino foi muito gentil agora...

A jovem estava andando de um lado ao outro do corredor, não percebendo o que acontecia à sua frente, que suas palavras estavam atingindo a detetive como lâminas incandescentes, fazendo-a encolher-se cada vez mais.

— Ele pode não lembrar-se da nossa família, mas ele também não se lembra de você. Ao menos agora não poderá lhe fazer mal. Então, por favor, SUMA de nossas vidas.

Kate não conseguia mais ficar em pé e caiu de joelhos ao chão em busca de ar. Lágrimas insistentes teimavam por descer pelo seu rosto.

Ainda dominada pela fúria, Alexis continuava falando, mas em vão, a detetive não a escutava mais. Perdida em seu próprio calvário do arrependimento de não ter revelado a ele que havia escutado e que se lembrava. Sim, como a menina havia falado, o destino foi contra. Apesar de Castle sempre falar o contrário, naquele momento estava provado que tudo estava contra eles. A escuridão foi dominando-a novamente e finalmente a abraçou. Não conseguindo mais controlar a dor que sentia, tanto física quanto emocional, Beckett acabou desmaiando no chão frio naquele corredor de hospital.

Alexis não ficou tão impressionada. Apesar do claro choque da detetive, a menina não se impediu e continuou a disparar acusações.

— É sua culpa, sempre sua culpa! — Seus olhos cintilavam, o ódio evidente no azul claro. Ela fitava a mulher no chão, imaginando o que podia ter acontecido com ela. Onde estava Kate Beckett, a pessoa forte e imbatível que passou a conhecer nos últimos anos? Sequer tivera um vislumbre dela, mesmo quando a atacara. Não importava. Tudo o que queria agora era que ela ficasse longe do seu pai, longe da sua família.

Ela se certificaria disso.

— Alexis! — pulou quando ouviu seu nome ser chamado, logo virando-se. Sua avó vinha andando apressada pelo corredor, seu rosto mudando de preocupado para horrorizado quando notou a cena à sua frente. — Mas o que...

Ela parou, lançando um olhar acusador para a neta antes de se abaixar ao lado de Kate. Ela estava pálida, fantasmagoricamente pálida. Martha afastou os cabelos do rosto da mulher mais nova, e antes que pudesse fazer qualquer outra coisa dois enfermeiros apareceram, levantando-a do chão, colocando-a em uma cadeira de rodas para levarem-na de volta ao quarto.

Alexis havia caminhado até a parede mais distante, encostando-se e observando o trabalho dos enfermeiros. Seu corpo ficou tenso quando a avó caminhou em sua direção, a expressão impassível. Ninguém jamais havia olhado para ela daquela maneira, especialmente a amorosa avó. Por outro lado, seu pai havia olhado para ela com nada mais do que confusão hoje. Confusão. Isso ela não podia esquecer.

— Não foi culpa dela.

Alexis revirou os olhos. — Nunca é. — respondeu friamente. — Ao menos, não que vocês vejam.

— Não foi. — Martha voltou a afirmar. — Seu pai é um homem grandinho e sabe o que faz. Sempre soube e se algo aconteceu... Ele soube os riscos quando tentou salvar a vida dela.

— E não pensou sobre eles, pelo visto. — a garota acusou.

— Ele a ama. — Martha devolveu e esse foi o cúmulo para Alexis.

— E quanto a mim? — quase gritou, mas a voz falhou no final. — Ele não pensou em mim? Não pensou o que algo assim significava para mim? Que se ele morresse...

— Eu sei.

— Não sabe, porque se ele pensou em mim e ainda assim pulou na frente de uma bala, então ele pensou nela ainda mais e isso torna tudo culpa dela!

— Eu sou a mãe dele, acha que eu iria querer que ele morresse? Que eu não iria sofrer por isso? — Vendo o descontrole de sua neta, Martha teve que levantar o tom de voz, mostrando sua autoridade, fazendo Alexis calar-se — Você não pode culpar duas pessoas por se amarem.

— Amor? Tudo o que ela fez foi destruí-lo! — a menina passou as mãos pelos cabelos ruivos. — E isso acaba agora. A parceria idiota de Richard Castle com a NYPD acaba agora.

— Ele não vai se afastar. Não iria antes, não irá agora.

— Observe. — Alexis disse com obstinação.

Martha não podia acreditar em seus olhos. Sabia que a neta estava assustada, afinal o próprio pai não sabia quem era ela, pelo amor de Deus. Mas nem mesmo isso era desculpa para seu mau comportamento.

— Eu não reconheço você agora. Você acha mesmo que o seu pai iria gostar de sair por aquela porta — apontou para a porta do quarto de Castle enquanto falava – e ver a filha hostilizando dessa maneira a mulher que ele ama?  — a voz dela aumentou e Alexis interrompeu-a.

— E daí? Ele não se lembra mesmo. Não importa.

— Kate estava desacordada no chão! Ele criou você melhor que isso, Alexis. Eu sei que sim.

— Ele me criou para defender o que acredito e quem eu amo. — parou, olhando uma última vez para a avó antes de se virar. Seu rosto estava vermelho, as lágrimas finalmente se libertando. — E é isso que vou fazer.

Percebendo a saída da menina, Martha seguiu para o quarto que Kate ocupava. Chegando lá percebeu que a detetive ainda estava desacordada. O médico ainda está examinando-a.

— Doutor, ela está bem? — a senhora indagou assustando-se ao deparar-se com Kate novamente a máscara de oxigênio.

— Ela desmaiou por falta de ar. — o médico continuou auscultando a paciente — Mas aparentemente está fora de perigo. Coloquei o oxigênio nela para que facilite sua respiração. Eu havia dado ordens expressas para que ela não se exaltasse, pois precisa ainda respirar com calma para que melhore.

— O senhor não conhece Kate Beckett, doutor... Fazê-la ficar em repouso é quase impossível, ainda mais tendo a preocupação com meu filho. — Martha sorriu ao lembrar-se o motivo de Kate ter corrido o risco de piorar, ela apenas queria certificar que Castle estava bem, mas o que não esperava era a amnésia. Todos tentaram poupá-la disso, mas foi em vão. Como Lanie mesmo avisou, Kate não iria sossegar enquanto não visse Castle com seus próprios olhos.

— Mas ela precisa ficar em repouso, demos sorte agora de sua condição não piorar. — avisou antes de retirar-se do quarto.

— Pode deixar, doutor, vou me certificar disso. — afinal, sem nem a própria detetive perceber, Kate já fazia parte da família.

 Beckett poderia continuar negando para ela mesma e a todos, entretanto Martha sabia que essa atitude da detetive, em sair do quarto escondida para ver seu filho, era uma prova de que ela não era indiferente a ele, aliás, essa dedicação de parceria de um com o outro, nem os casais mais amorosos tinham.


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Notas finais do capítulo

Comentários e críticas construtivas são bem vindos =D
Se for para esculachar, o caminho está livre para fazer melhor. =P (by Poi)