Losing You escrita por Poi Peterson, STatic


Capítulo 1
Capítulo 01


Notas iniciais do capítulo

Uma ideia e duas mentes malignas para escrevê-la. Vamos ver no que vai dar essa experiência...



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Losing You — Capítulo 01

 

Um tiro retumbou o ambiente lúgubre daquele armazém à beira do cais de Nova Iorque, seguido por um estrondo de corpos caindo ao chão. Logo a seguir, projéteis daqueles criminosos começaram a ricochetear por todos os lados, transpassando as paredes de metal daquele local pútrido. O tiroteio logo cessou quando sirenes da polícia foram ouvidas.

— Beckett? Castle? — Os detetives Ryan e Esposito tentavam procurar seus amigos, mas em vão em meio toda aquela bagunça.

Não muito longe dali, alguém começou a mexer-se.

— Castle! Ei, levante-se. — O rosto dele estava muito próximo, fazendo-a sentir aquele aroma que tanto amava da loção após barba misturada com o suor daquele homem.

Sentindo dores por todo seu corpo, Beckett tentava empurrar o corpo de seu parceiro que permanecia imóvel em cima do seu, tornando o simples ato de respirar mais difícil, mas em vão. Com muita dificuldade conseguiu se mover e sair debaixo dele, a dor se tornando mais pronunciada, reparando que Castle continuava de bruços e desacordado.

— Castle, isso não é hora para brincar... — Disse enquanto levantava-se tentando segurar a dor que já estava tornando-se dilacerante. Ao esquadrinhar melhor o local em busca de sua arma e para se assegurar que estivessem de fato seguros, percebeu sangue próximo ao seu parceiro, fazendo-a logo abaixar-se, seu coração martelando audivelmente em seus ouvidos, para saber o que realmente teria acontecido.

Através da dor que sentia, Kate tentou se situar, compreender o que acontecera ali. Lançando mais um olhar incrédulo para o homem que a estivera prendendo ao chão alguns segundos atrás, ela finalmente encontrou senso e se moveu, mais decidida. Ele deitava de bruços, tornando praticamente impossível para a detetive saber de onde vinha todo aquele sangue.

— Castle? — Kate o chamou, a voz saindo mais fraca e vacilante do que pretendia. Ou do que deveria.

Ele não respondeu de imediato, continuando inerte naquele local, fazendo o desespero de Beckett aumentar, mas ela pode ouvir um murmúrio baixo e dolorido, o que era melhor do que nada. Chamando por seu nome novamente, tentando manter a voz mais firme, Beckett estendeu as mãos trêmulas para os ombros do escritor, ignorando a substância pegajosa que podia sentir em contato com sua pele. Agarrou-se ali, como mais uma prova clara do que no fundo sabia ter acontecido, e virou seu corpo, após apenas duas tentativas.

— Rick! — Tentou acordá-lo novamente e agora sua voz era de fato mais resoluta, assim como mais apavorada.

O rosto normalmente alegre e tão cheio de vida do escritor, estava contorcido em dor. Os olhos perdidos pelo local, como se buscasse quem havia chamado seu nome ou o foco de alguma imagem diante de si. Beckett colocou ambas as mãos no rosto dele, forçando-o a olhar para ela, até que seus olhos finalmente ganharam foco.

— Ei. — Sussurrou ela, sorrindo e um pouco aliviada ao ver que ao menos ele a respondia. Entretanto, no segundo seguinte, sua expressão de dor se tornou mais clara, e ela foi trazida abruptamente à realidade. Os olhos dele deixaram de observá-la e se moveram para baixo, fazendo-a seguir o movimento, notando a mão que cobria o ferimento. Beckett voltou a olhar para seu escritor, as lágrimas que ela insistia em lutar contra, finalmente vencendo. — Tudo bem. — Ela tentou, mas sua voz não convencia nem a si mesma.

Castle parecia distante, como se fosse incapaz de prestar total atenção, mas manejou um sorrisinho fraco para ela, tentando de alguma maneira amenizar a dor e o medo que ele podia ver claramente ali.

— Eu sei. — Ele murmurou, a voz tão fraca quanto ele parecia, e a detetive chorou mais uma vez. — Sou eu, eu vou ficar bem.

Não acreditando nele nem um pouco, quando ela abriu a boca para responder-lhe algo, os olhos dele se fecharam lentamente, fazendo sua cabeça pender para o lado.

E então o desespero da detetive atingiu seu ápice.

Soltando-se dele, Beckett tateou pelo seu corpo, afastando as mãos que cobriam o ferimento, e aplicando pressão ali, olhando rapidamente em volta em busca de qualquer ajuda.

— Droga, Castle, não ouse fazer isso comigo! — Ela quase grunhiu, sentindo uma mistura de raiva, frustração e completo medo tomar conta de si. As lágrimas insistentes sequer encontravam resistência agora, descendo livremente pelo rosto, misturando-se ao suor, grudando os fios de cabelo próximos.

Pelas dores que estava sentindo, com certeza devia ter alguma fratura. Mas, mesmo assim, com certa dificuldade, Beckett conseguiu pegar seu celular a fim de chamar a emergência para ajudá-los, mas agradeceu quando escutou gritos de outros detetives chamando-a. — Beckett! — Ouviu novamente seu nome ser chamado.

— Aqui! Rápido, por favor! — Sem perder tempo, bradou em resposta. Mesmo com certa dificuldade para respirar, ainda tentava manter a pressão para tentar diminuir o sangramento e estabilizar seu parceiro ao chão. — Castle, acorde, vamos!

Nos poucos segundos em que os meninos levaram para encontrá-los, ela não poderia deixar de associar tudo que estava acontecendo naquele momento com o que Castle passou ao vê-la caída ao chão naquele cemitério. A dor de perdê-lo dessa forma, ainda mais tentando salvá-la era tão excruciante quanto à dor que estava sentindo pelos seus próprios ferimentos. Não, ele deveria ser forte, por eles, pelos dois. Não teria forças para prosseguir sem ele ao seu lado.

Chegando ao local onde seus parceiros estavam, Ryan prontamente chamou a emergência. Esposito, por sua vez, ajudava Beckett a levantar-se para cuidar de seus próprios ferimentos, enquanto ele tomava seu lugar contendo o sangramento de Castle.

Poucos minutos depois, a ambulância chegou. Os paramédicos logo imobilizaram e colocaram o escritor em uma maca para o transporte. Durante o percurso tentavam conter a hemorragia, que ainda estava muito forte. O pulso dele estava ficando cada vez mais fraco. Era uma corrida contra o tempo em favor da vida de Castle.

Em outra ambulância, Esposito acompanhava Beckett tentando fazê-la acalmar-se, mantendo-a deitada para deixar que os médicos conseguissem cuidar das escoriações e do braço quebrado.

— Temos que ligar para a família dele, Javi... — Falava tentando respirar melhor devido ao nervosismo, ao mesmo tempo em que se lembrava disso, lamentava que ela o tivesse colocado nessa situação. “Ele se machucou para me salvar dos tiros e acabamos caindo naquela escada. Era para eu estar ali”, falou mais para si mesma que para seu amigo.

— Ei, pare! Você sabe como todos ficaram quando você foi alvejada no cemitério. Nada de tiros mais em você! Ele não iria querer que você ficasse se culpando, sabe disso. — O amigo tentou confortá-la, mas em vão.

A culpa que Beckett sentia era potencialmente aumentada pelo amor que sentia pelo seu escritor. “E se perdi muito tempo?” Ela não poderia pensar nisso, não podia perdê-lo.

Respirar estava ficando cada vez mais difícil. Como se tivesse um peso em cima dela. Tinha mesmo? Precisou que olhar para ter certeza. Tentou acalmar-se, mas em vão. Começou a apresentar uma crise para conseguir inspirar o ar, deixando Esposito em pânico quando os médicos tentavam estabilizá-la.

A chegada ao hospital foi conturbada, médicos levaram rapidamente Castle para o centro cirúrgico enquanto Kate foi encaminhada para a emergência.

Com muitas dores em seu tórax e dificuldades para respirar, ela foi obrigada a fazer um exame físico pelos médicos dentro mesmo da ambulância.

Em outro lado do hospital a correria não era diferente. Esposito e Ryan contataram o pai de Beckett e os familiares de Castle, mas não permitindo-os sair dali até saberem notícias de seus amigos. Lanie chegou correndo, perguntando aos detetives sobre a saúde da detetive e do escritor, já que Esposito a chamou enquanto faziam o percurso ao hospital, dando-lhe tempo para encontra-los rapidamente, sabendo da importância de sua presença para Beckett.

Ficaram algumas horas na sala de espera. Alexis e Martha juntaram-se a eles nesse tempo. Todos estavam aflitos sem notícias.

Como poderiam se encontrar nessa situação? Beckett e Castle pareciam atrair os casos mais esquisitos e sempre quando estavam sem conseguir dar continuidade para chegar a uma resolução do mesmo, se metiam em alguma complicação. Bombas, freezers ou tiroteios já faziam parte da vida dos dois.

Uma enfermeira avisou que Beckett já estava no quarto, mas ainda sedada e Lanie correu para verificar como ela estava.

Pouco tempo depois, adentrando o quarto em que sua amiga estava, a médica legista pegou o prontuário aos pés da cama. Kate estava sedada e com um dreno, que estava estabilizando-a, deveria permanecer assim por no mínimo 24h. Ao menos estava salva e segura, apesar de sua aparência com hematomas por todo o corpo. A detetive era uma batalhadora, jamais iria cair sem lutar por sua vida, sempre mostrou esse seu lado, deixando todos orgulhosos.

Após olhar os papéis com atenção, certificando-se de que tudo era de fato o que aparentava, e devolvê-lo ao lugar, Lanie se aproximou mais da cama da amiga, verificou o dreno enquanto observava o movimento que ela fazia ao respirar, seu rosto não relaxando completamente nem mesmo enquanto dormia. Separou a distância restante entre si a cabeceira da cama em alguns passos, segurando a mão do braço que não estava enfaixado de Kate.

— Depois de todo esse tempo, eu ainda não descobri o que fazer com vocês dois. — Ela disse. — Eu juro que um dia desses ainda vou conseguir um belo ataque do coração. Ou cabelos brancos, e ninguém quer isso.

A legista sorriu para si mesma, imaginando como seria quando a detetive despertasse após os efeitos dos analgésicos. Eles ainda não tinham qualquer notícia de Castle, e a imagem de Kate acordando e encontrando apenas incerteza não era uma das mais bonitas. Muito havia se passado entre aqueles dois, muito tempo havia sido gasto e muito esforço havia sido feito para que eles chegassem apenas remotamente perto de onde estavam.

Era mais do que claro o quanto eles se amavam. Bastavam apenas alguns minutos em uma sala com eles para se notar que tinha algo ali, e somente um olhar ou gesto do outro para se saber o que era. Todos já enxergavam, exceto quem importava de verdade. Os dois, que agora se encontravam em um hospital, estavam ocupados demais salvando o mundo para admitirem o que sentiam.

— Eu realmente espero que vocês tomem jeito dessa vez. — Lanie murmurou, balançando a cabeça da maneira reprovadora que sempre fazia. Entretanto, não tinha o mesmo fervor como das outras vezes. Apesar de ter quase certeza de que Castle ficaria bem, tinha sido perto demais agora. — Perto demais, então vocês vão se resolver no segundo que saírem daqui. E chega de tiroteios! — Completou, sentando-se na cadeira ao lado da cama estreita. Ela não pretendia ficar muito tempo ali, apenas o suficiente para que surgissem notícias de Castle.

Com a mesma certeza que tinha de que o sol nasceria no dia seguinte, Lanie sabia que Kate Beckett, uma vez consciente, não se acalmaria sem notícias detalhadas de seu parceiro.

No corredor, frente ao centro cirúrgico, não sabendo ainda as complicações que os médicos tiveram, todos ainda aguardavam ansiosamente algum esclarecimento sobre o estado de saúde de Castle.

Alexis e Martha seguravam-se uma a outra, como se isso conseguisse passar forças para o escritor, que ainda estava em procedimento cirúrgico. Após o que sucedera com Beckett no velório de seu antigo capitão e tudo que os parceiros vivenciaram, o que acontecera nesse dia não era de espantar ninguém. As mulheres Castle estavam preparadas a fazê-lo perceber o quão perigoso era. Independente do que ele sentia em relação a seu emprego, ou a sua parceira, tudo aquilo tinha tomado um rumo perigoso demais.

Algumas horas depois, um senhor de meia idade e cabelos brancos escassos saiu pela porta em que aguardavam, chamando-os em seguida:

— Família do Senhor Castle?

— Sim, somos nós — ansiosa por alguma noticia de seu filho, respondeu Martha. — Como ele está?

— Sou Doutor Phillips, fui o responsável pela cirurgia dele. O Senhor Castle chegou aqui bem grave e precisamos fazer uma cirurgia de emergência, mas conseguimos estabilizá-lo. Agora ele precisa de tempo e repouso para se recuperar. — Tentou esclarecer.

— Mas o que houve com ele, doutor? — Apesar da breve explicação, sentiram-se aliviados. O pior já passou.

— Ele levou um tiro na região do abdômen além de ter várias escoriações pelo corpo devido à queda. Quando chegou já estava inconsciente. A cirurgia foi para reparamos os danos causados e retiramos o projétil que ainda estava nele. Perdeu muito sangue e precisamos fazer uma reposição de líquidos. Aparentemente, essa foi a pior parte. Ele está na UTI pós-operatória para ser monitorado.

Ryan e Esposito estavam ao lado das mulheres, apoiando-as, mas também querendo saber como estava o amigo.

— Ele teve um corte na cabeça, doutor. Ele está bem? — Ryan perguntou.

O médico retirou os óculos, aparentando seu aspecto cansado e segurou sua ponte, suspirando em seguida:

— Quanto a isso, o Senhor Castle também teve uma concussão pela pancada que levou na cabeça, mas já está sendo medicado. Fizemos uma tomografia e estamos acompanhando a absorção do pequeno coágulo que se formou. Não sabemos ainda se precisará de outra intervenção. Só poderei dar um diagnóstico mais preciso quanto a isso, quando ele acordar.

Nesse momento Alexis conseguiu se pronunciar:

— Podemos vê-lo, Doutor?

— Ele está no CTI e sedado para que a recuperação seja mais rápida. Nesse caso preferiria que o visitassem quando voltasse ao quarto — entretanto o doutor observou o desespero de todos e entendeu o que estava acontecendo ali — Mas se a visita de um dos familiares for rápida, acredito que não o prejudique.

Todos assentiram, e Alexis levou aquilo como um incentivo. Ela concordou, seguindo o médico. Os outros ficaram para trás, observando-a enquanto se afastava. Embora soubessem agora que Castle ficaria bem, havia uma tensão quase palpável no ar, uma energia que dizia que aquilo estava longe de terminar.

Era como tudo parecia funcionar com aqueles dois.


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Notas finais do capítulo

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