Águas Obscuras escrita por Alph


Capítulo 23
Carne


Notas iniciais do capítulo

Perdão pela demora para postar de quase um ano, sei que fui negligente, mas estava estagiando e fazendo faculdade, então agora que fui ter um tempinho, peço compreensão.

Espero que não abandonem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/682683/chapter/23

As horas naquele buraco pareciam infinitas, cada segundo estendia-se em minutos e era torturante não poder gritar nem enxergar. Haviam se passado, presumia eu pela demora, dois dias depois da visita de Marissa que abalou totalmente minha mente, eu não tinha dormido nada pensando em tudo que ela tinha dito. 

As coisas tinham se encaixado, mas eu só fiquei sabendo de tudo bem na hora da minha morte, só podia ser piada de Amidh, conseguia imaginar ela rindo de mim e disso tudo que eu fiz. Estava tão sobrecarregada de pensamentos, não conseguia me concentrar em coisas boas, só ruins. O pior de tudo era o sentimento de culpa que me consumia, culpa por fracassar, por Héclyro, pela minha mãe, pelos meus falsos amigos… tudo.

Já não bastava ter sido escolhida para gerar um futuro ser, agora também fui sorteada para ser sacrificada pela magia de todos. Uma maravilha, realmente as coisas sempre têm como ficar piores! Só queria fugir de tudo isso e me enterrar nos braços do Héclyro, depois de pedir desculpas por ter sido uma idiota com ele também. 

Ter me intrometido na vida dele e da avó dele dessa forma não havia sido algo legal e eu reconhecia isso. Não podia ter dito que ele era metade tritão… não tinha esse direito, isso é algo que a Talísya deveria dizer, não eu. Detalhe, isso era apenas mais um acréscimo na minha parcela de coisas erradas que eu vou fazendo sem notar.



Sintia meu cabelo ser puxado bruscamente, os fios pressionavam a raiz fazendo a dor se espalhar por todo meu coro cabeludo. Era aterrorizante querer gritar, mas quando eu abria a boca nenhum som saia, e o pior ainda era não conseguir ver quem estava fazendo aquilo  comigo. A única coisa que consegui notar foi que meu corpo estava sendo suspenso. Ouvi as grades se abrirem e logo presumi o pior, minha hora de ver Amidh chegou. Fiquei em duvida se ficava menos triste em sair daquela cela ou mais triste ainda por saber que iria morrer. 

Sinto pena de você All… O som das palavras ditas pela sereia que me levava ficou mais fraco até que eu não conseguisse escutar mais nada, minha audição havia sido bloqueada junto a minha visão, voz e corpo. As poucas coisas que haviam sido deixadas para mim foram retiradas de vez. Aterrorizante era pouco para descrever como estava meu psicológico por não sentir nada em meu corpo.



— Devolvam os sentidos dela.

Lentamente meu corpo voltou a responder aos movimentos externos a mim. Queria poder chorar por voltar a enxergar novamente, mas a única coisa que fiz foi gritar bem alto, era muito bom ouvir minha voz novamente. Ao tentar me levantar, senti toda a extensão física do meu corpo preso a algo que não conseguia identificar por estar deitada de barriga para cima.

As correntes prendiam meus pulsos e minha cauda, minha face estava com uma máscara que se ajustava até meu pescoço. Nada do que me prendia eu podia ter noção do que era feito, pois não conseguia olhar para meu corpo. O teto todo pintado com a história da criação das sereias era a única coisa que eu podia ver, ainda sim não sabia onde estava.

Tentei levantar-me com todas as forças que tinha, mas não surtiu efeito, as correntes não racharam, mas conseguiram ferir meus pulsos com o impacto. Foram retornados meus sentidos, mas não conseguia me mover, quanta sorte eu tinha.

— Allysa Mesdhia, filha da exaltada e finada Béllyra Mesdhia, uma das mais recentes sereias de Neferice, portadora do dom da cura e com magia presente pulsando em seu sangue. Hoje está aqui no Santo Tribunal de Amidh, com a presença de todas as outras bancadas das tribos e sereias irmãs para que ocorra o julgamento das suas ações infralegais perante a nossa grandiosa Deusa. — Achei que iria poder ver quem falava comigo, mas isso não aconteceu. Não consegui reconhecer a voz de quem estava no discurso, pois não se assimilava a de ninguém que eu conhecia.

— Tire-me daqui! — gritei o mais alto que conseguia. — Quero ver quem me julga! Exijo isso agora!

— Não vamos estender esse vexame. Hoje Amidh será agraciada com a punição proferida pela voz das sereias que a julgaram. — Houve uma grande pausa, grande o suficiente para que eu sentisse todo meu corpo tremer de medo, o frio apertava minha garganta quase sufocando e meu estômago embrulhava grosseiramente. Todos esses sentimentos se esbarrando não estavam facilitando a clareza da minha mente, cujo tentava descobrir quem me julgava. — Sem mais delongas, após nos reunirmos, eu e as outras bancadas decidimos em nome de Amidh que você, Allysa Mesdhia, é culpada.

O silêncio tomou conta de todo o tribunal por um breve instante, silêncio esse tão vazio que parecia ter retirado minha adição novamente, mas logo a voz do julgamento o interrompeu.

— Prossiga a execução, irmãs.

Os gritos de excitação da platéia ecoavam nos meus ouvidos. Nada conseguia descrever o medo que estava me consumindo. Não sentia meus lábios, meu coração batia tão rápido que eu conseguia escutar entre o barulho das sereias. Arregalei meus olhos tentando ver além das pinturas no teto, estava sendo extremamente sufocante e toda minha espinha tremia freneticamente.

Lentamente senti a forte pressão na extensão do meu corpo, as partes que estavam acorrentadas eram as que mais haviam sido tensionadas. Logo a dor começou a aparecer, ouvi as correntes dos meus braços, cauda e rosto serem puxadas e agonia se espalhava por toda minha coluna. Não sabia que tipo de morte era essa, mas era extremamente dolorosa. Os meus gritos eram proferidos sem contingência nenhuma, não conseguia segurá-los.

A dor era insuportável, meus grunhidos eram extremamente agudos e eu conseguiria deixar um humano surdo facilmente. Parecia que estavam arrebentando as juntas dos meus membros. Era triste escutar os sons dos meus gritos se harmonizarem  aos da minha carne sendo dilacerada. Cada centímetro da minha pele estava sendo puxado de mim pelas correntes.

O meu bebê iria comigo, eu estava matando uma criança inocente e isso me deixava pior, pois antes fosse só eu. Escutei a mesma voz gritando para irem mais lentamente para que Amidh apreciasse mais, e isso atravessou minha dor agravando-a. O instinto selvagem veio à tona tentando não deixar meu corpo desmembrar-se, mas foi em vão.  

Logo o som das carnes se partindo e distanciando-se do corpo ecoaram cessando os berros da platéia. Por fim, a dor e a minha consciência foram retirada de mim, a última coisa que vi foi uma cortina de sangue se formando lentamente sobre meu campo de visão antes de tudo ficar turvo e obscuro.





Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Cap sem betagem.
Se tiver erros, me avisem por favor.
Obrigado a todos que abriram o capítulo para ler.

Caso tenha gostado comente aqui em baixo.
Obrigado por estar acompanhando a história. Continue nadando com a nossa tribo!
Venha fazer o quiz para saber qual tribo você mais se identifica: http://aguasobscuras.weebly.com/

Fanpage no facebook: https://www.facebook.com/aguasobscuraslivro/

Tumblr da história: http://aguas-obscuras.tumblr.com/

Trailer1: https://www.facebook.com/aguasobscuraslivro/videos/1018471554932640/
Trailer2:
https://www.facebook.com/aguasobscuraslivro/videos/1205141756265618/

• Posters de divulgação: http://imgur.com/pYwpxoQ.png
http://i.imgur.com/kNnCocS.png

• Mapas dos territórios onde a história se passa:
http://imgur.com/a/oLcBB



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Águas Obscuras" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.