Na nossa casa tinha um grande quintal, com uma arvore enorme, papai prometeu construir uma casinha para mim lá, pena que ele foi embora antes de construir. Tinha também um pneu pendurado na arvore, ele era meu balanço.

—Mais alto papai! –Exclamei animada sentindo meu pai empurrar o pneu.

Depois de um tempo mamãe  nos chamou para lanchar, desci do ‘balanço’ sorridente e fui até mamãe, no caminho papai me chamou.

—Megan. –Ele só me chamava assim. –Venha para cá.

—Mas a mamãe chamou.

—Nos já vamos, venha aqui só um minutinho que o papai tem algo para você.

Ele pegou na minha mão e fomos até perto do balanço, onde tinha uma mesa. Me sentei lá e papai tirou algo de dentro do bolso da calça.  

—Isso é para você nunca se esquecer de mim... Eu sempre estarei com você, te ajudando, você é minha pequena perola... –Percebi que papai tinha pequenas lagrimas se formando nos seus olhos. –Preste atenção no que eu vou te dizer, você é uma garotinha inteligente e vai saber quando usar essa chave, mas tenha bastante cuidado. Por enquanto guarde-a com você, não conte para ninguém, nem para sua mãe... Ela vai te ajudar muito... Quando eu não puder cuidar de você.

Não entendi o que papai queria dizer, mas assenti. Ele colocou um colar no meu pescoço, a corrente era de coro e tinha uma pequena chavinha pendurada. Sorri satisfeita com o presente.

Segurei o colar com as mãos e passei os dedos nele de uma forma carinhosa, no fim eu tinha feito exatamente como meu pai falou, não tinha falado dele para ninguém, nem mostrado. Era um segredo nosso, o ultimo segredo.

O piloto avisou que logo pousaríamos, minha secretaria me disse que teria um carro nos esperando assim que pousássemos que ele nos levaria direto para o hotel e na manha seguinte teríamos a primeira reunião com a diretoria das indústrias Stark.

—Senhora vamos? –Chamou-me.

Assenti, com a ajuda de um dos funcionais do aeroporto, que me pegou no colo e me colocou diretamente no carro, coisa que estou acostumada, fomos diretamente para o hotel, quando chegamos Elena, minha funcionaria desceu primeiro e foi pegar minha cadeira de rodas, a montou e colocou na frente da porta do carro, foi na portaria do hotel, um dos melhores de NY.

—Ela está aqui. –Disse Elena apontando para mim.

Um homem alto e forte, com cabelos castanhos e olhos azuis apareceu e sem dizer nada me pegou no colo e me colocou na cadeira.

—Obrigada. –Me pronunciei.

—De nada. –Disse com a voz grossa.

Olhei para as roupas dele e percebi que ele não vestia o uniforme do hotel.

—Ele trabalha aqui?-Perguntei vendo-o se afastar mais e mais.

—Não.

—E da onde você o tirou?

—Ele estava passando na rua e viu que eu precisava de ajuda e veio ajudar. –Explicou.

—Assim do nada? –Perguntei duvidosa.

—Sim, por quê? –Perguntou confusa.

Olhei novamente para o estranho.

—Nada.

Talvez eu esteja muito paranoica.

Elena foi até a recepção e voltou com duas chaves.

—Espero que não haja nenhum problema em ficarmos em quartos separados.

—Não, não há nenhum problema.

Fomos para o elevador.

—Aonde será a reunião amanha?

—A CEO Pepper Potts disse que entraria, ainda hoje, em contato com a senhora.

—Ela disse algum horário?

—Não senhora, as principais informações serão passadas diretamente para a senhora.

O elevador parou.

—Esse é o meu andar. –Disse Elena.

—Tudo bem, descanse, quando a Senhorita Potts entrar em contato eu a aviso para se preparar.

Ela assentiu e saiu do elevador.

Antes que chega-se ao meu andar, um dos últimos, o elevador parou novamente entrando uma mulher ruiva... Infelizmente não deu para ver o rosto, mas aquele cabelo parecia... Conhecido.

O meu andar logo chegou, manobrei a cadeira para sair do elevador, quando sai vi a sombra da mulher se virar e me olhar. E o elevador fechou novamente.

Destranquei a porta do quarto e entrei. Lá dentro era bem espaçoso. Era quase como uma pequena casa, tinha uma área onde estavam dois pequenos sofás e uma grande televisão, uma grande cama de casal, e duas portas, descobri rapidamente que a da esquerda era a do banheiro e a da direita era uma linda varanda.

Suspirei e fui até ela.

A cidade não parava, eram carros vindos por todos os lados, algumas pessoas se arriscavam a andar de bicicleta ou de moto, mas a sua maioria eram carros de varias formas e cores diferentes, tinha certeza que se olha-se melhor podia ver o Central Park, mas não, entrei novamente e fui tomar um banho. Sorte que tinha trazido outra cadeira, a do banho, então me virei muito bem sozinha. Vesti algo conformável e me deitei deixando o notebook ligado... Meu olhos foram se fechando aos poucos.

Era a mesma cena da lembrança, eu estava correndo para lanchar e papai me chamava e me dizia algo e me dava um colar. Quando sentamo-nos à mesa para lanchar papai e mamãe trocaram olhares estranhos, deixei pra lá e me concentrei em comer meu lanche.

Na semana que se seguiu papai ficava a cada dia mais estranho, tinha momentos que eu o pegava escondida atrás naquela arvore gigante me olhando e uma lagrima solitária descia pelo seu rosto, em outro momento ele falava que não era para eu esquecer dele nunca e ficava repetindo que sempre cuidaria de mim, que sempre estaria comigo, que sempre me amaria... Parecia que ele estava me preparando para algo.

E estava.

Acordei assustada com o som que o notebook fazia alertando que tinha chegado alguma mensagem nova.

De: Pepper Potts.

Assunto: Reunião.

Para: Felicity Smoak

Boa tarde senhorita Smoak.

Espero que tenha chegado bem a nossa cidade.

A reunião acontecerá as 8:00horas nas Stark Industries, espero pela senhorita.

Ansiosamente.

Pepper Potts.

CEO, Stark Industries , Inc.

Tratei de responde-la rapidamente.

De: Felicity Smoak.

Assunto: Reunião.

Para: Pepper Potts.

Boa tarde senhora Potts.

Cheguei a NY muito bem, agradeço pela preocupação.

Até amanhã.

Ansiosamente

Felicity Smoak.

CEO, Tecnologias Palmer, Inc.

Não consegui dormi novamente e peguei um livro.