No dia seguinte acordei, fui tomar um banho, vesti-me e o Peeta já estava na mesa com o Ryan.

—Bom-dia! Porque é que não me acordaste? - perguntei ao Peeta.

—Bom-dia! Não te acordei porque precisavas de descansar e estavas tão linda que também me deu pena acordar-te... - dei-lhe um beijinho e ele correspondeu.

—Bom-dia Katniss! - cumprimentou-me o Ryan quando eu e o Peeta nos separamos, o que não demorou muito, demos apenas um beijinho curto, só para anunciar um novo dia.

—Bom-dia cunhadinho! - rimos todos.

—Estás a aprender com a Johanna, é? - meteu-se comigo o miúdo, ele tinha razão, aquilo tinha sido o que ela diria se estivesse no mesmo lugar.

—É, pode dizer-se que sim! A Prim? - mal perguntei tive logo a resposta, já que ela me apareceu à frente.

—Bom-dia família Mellark! - todos rimos da expressão que ela usou e eu fiz uma cara de "Ah é? Aguarda-me!".

—Primeiro eu já não sou uma Mellark... - fui interrompida.

—Por enquanto! - afirmou a Prim muito convicta.

—Digo o mesmo de ti D. Primrose! - ela fez-me uma careta. - Bom-dia já agora, e é impressão minha ou tens uma t-shirt igual à minha e uns ténis iguais aos meus!

—Isso é porque é a tua camisola e são os teus ténis e já agora, eu tirei as tuas jardineiras porque estavam lá ao fundo ao armário, achei que não te importasses! - explicou ela e dei-lhe um sorriso abraçando-a.

—Temos de ir lá a casa buscar as tuas roupas para as trazer, o Haymitch deve andar por lá. Eu vou lá buscá-las quando vier do hospital, vou ver o meu pai! - anunciei.

—Ele não tinha morrido? - fiquei triste ao ouvir aquelas palavras, mas rapidamente despertei para a realidade e percebi que apesar de tudo o que se passou, o meu pai estava bem, estava vivo e isso era o importante!

—Não, não sei bem o que é que ele teve, mas o certo é que chegou a tempo ao hospital e agora está a melhorar, está estável! - sorri e ela fez o mesmo. Tomamos o pequeno-almoço e fomos deixar o Ryan em casa, quando íamos partir, uma mulher muito parecida à Claire veio ter connosco.

—Oh, entrem por favor! - nós lá o fizemos, ela queria conhecer os gémeos e não lhe podíamos fazer uma desfeita dessas. Entramos na mansão, era bastante aconchegador, nada monumental, como a casa da Claire, algo sofisticado mas aconhegante, sem grandes manias ou grandezas, nada de mamarrachos espalhados por todo o lado, nada que nos dissesse que eles fossem aristocráticos!

—Olá tia! - cumprimentou o Peeta com dois beijos na cara da mulher.

—Olá querido! - retribuiu o gesto. - Olá Katniss, já não nos vemos desde o casamento, e nem tivemos muita oportunidade para falar na verdade, é um prazer conhecê-la!

—O prazer é meu, tem uma casa muito linda e aconchegante! - elogiei e ela ficou toda radiante.

—Obrigada! E tu deves ser a tal Prim, a rapariga de que o Ryan tanto fala e com quem passa tanto tempo. Tal como a tua irmã, és uma menina encantadora! - aquela mulher é mesmo simpática, nem parece irmã da bruxa da minha sogra, quer dizer, ex-sogra ou sogra novamente? Não importa, deu para perceber!

—Sim, eu sou a Prim, é um prazer enorme conhecê-la, já sei onde o Ryan foi buscar a beleza e o encanto! - a mulher ficou deslumbrada com a Prim.

—Bem, só me falta conhecer mais duas pessoas, onde é que eles estão? - eu tirei-os do carrinho com a ajuda do Peeta. - Que coisinhas lindas... como é que se chamam?

—Ela é a Riley e ele é o Josh! - apresentei-os sorridente.

—O Ryan bem me disse que eles eram adoráveis, mas sempre achei que era exagero, eles estão a começar a ficar bem parecidos, ao contrário das fotos do nascimento! - observou e eu sorri.

—É verdade! Quer pegar-lhes? - convidei e ela aceitou, passei-lhe a Riley.

—Ela é tão linda, tem os olhinhos do pai e tudo! Mas é mais morena como a mãe! Encantadora, um amor! - a cada membro da família Mellark que conheço, pergunto-me mais incisivamente de onde é que a bruxa da Claire apareceu!

—Quer pegar-lhe tia? - convidou-a ele que prontamente aceitou passando-me a pequena, que acabei por passar ao Peeta.

—Ele é mais loirinho como o pai e tem os olhos da mãe, é tão encantador, tenho a certeza que vai ser como o pai quando crescer, vai ganhar uns bons cabelos brancos à conta destes rapazes! - dirigiu-se a mim.

—Tem razão! Eu adorava ficar mais tempo, mas tenho de ir visitar o meu pai e tratar de uns assuntos! - esclareci e ela sorriu.

—Claro, se quiserem podem deixar os gémeos ficar, e a Prim, claro se ela quiser e se vocês deixarem! - não me parecia nada uma má ideia.

—Eu agradeço imenso, mas eu preferia ir com a minha irmã, ela está a precisar de mim! - recusou educadamente a Prim.

—Como queiras minha querida, és sempre bem-vinda! E já agora, temos de marcar um jantar para nos conhecermos todos! - aqui está o lado Claire Mellark, mas com ela soa muito mais carinhoso e amigável, não uma típica obrigação ou algo do género.

—Eu iria adorar! - aceitou e a mulher ficou radiante.

—Bem, nós temos mesmo de ir, e agradecemos imenso a sua disponibilidade tia, nós passamos aqui para os vir buscar mais tarde! - avisou o Peeta e em seguida despedimo-nos todos uns dos outros.

—Como é que a tua tia e a tua mãe podem ser irmãs? - questionei espantada quando chegámos ao carro.

—Não sei, mas a minha tia sempre foi muito diferente da minha mãe, muito mais despreocupada, mais carinhosa e muito, muito menos controladora, talvez por isso o Ryan a tenha tanto em consideração e faça tudo o que ela lhe peça, ou quase tudo! - respondeu-me o Peeta. Fomos para o hospital. Chegando lá pedimos a informação do quarto, a enfermeira levou-nos lá em silêncio, passados alguns corredores entrámos no tal quarto onde o meu pai estava deitado na cama acordado.

—PAI! - corri para abraçá-lo que retribuiu de imediato.

—Katniss, desculpa ter escondido a verdade de ti sobre o Finnick! Quero que saibas que mesmo depois de tudo o que a Effie contou, tu vais continuar a ser minha filha, isso nunca vai mudar! - esclareceu e olhei para ele com lágrimas de felicidade nos olhos.

—Estou feliz por estares vivo! - revelei e limpei as lágrimas.

—E tu rapaz, tens tratado bem do meu tesouro? - interrogou o Peeta com um sorriso, e do mesmo surgiu outro.

—Claro que sim, nunca a deixaria ficar sozinha num momento destes! - respondeu imediatamente deixando o meu pai aparentemente feliz.

—O Finnick já veio ver-me, ele está muito chocado com a verdade e acredito que tu também. Desculpa ter-te escondido tudo - pus-lhe o dedo à frente da boca e abracei-o.

—Eu percebo e tu não tens culpa, eu e o Finn já éramos irmãos e já, não faz muita diferença! -tranquilizei-o.

—És um anjo - tocou-me na face e olhou para trás de mim. - Olá Primrose!

—Olá Sr. Everdeen! - cumprimentou ela com um beijo na face dele.

—Não me chames senhor, chama-me tio ou Andrew! - sorriu e ela fez o mesmo. Nesse momento a porta abre-se revelando um ser loiro de olhos verdes.

—Finnick! - corri para abraçá-lo que retribuiu o abraço de imediato.

—Então KitKat, os meus sobrinhos estão por onde? - ele estava a aceitar o facto de ser meu irmão, e isso deixava-em feliz.

—Estão bem, estão em casa da tia do Peeta! - ele arregalou os olhos. - Fomos lá deixar o Ryan que ficou lá por casa.

—Ah, então o namorado dormiu lá em casa Primrose Everdeen? - provocou o Finn e ela corou.

—Não aconteceu nada, ele dormiu no sofá e eu no meu quarto! - explicou-se imediatamente o que nos fez rir a todos.

—Sim, e tu estavas à espera do quê? - provocou mais uma vez. Acabamos por ir embora e fomos a casa do Haymitch. Chegando lá tocamos à campainha, ele veio atender-nos.

—Então docinho, rapaz, loirinha! Calculei que viessem para buscar as coisas da loirinha. Entrem! - abriu-nos passagem para entrarmos.

—Olá Haymitch, vai buscar as tuas coisas Prim, nós ficamos à tua espera - pedi e ela obedeceu.

—Lamento muito Katniss - ele tratou-me pelo nome, portanto devia lamentar mesmo muito, eu sou sempre a "docinho" ou a "boneca".

—Lamento por ela também te ter enganado e te ter destruído ainda mais - fui sincera.

—Ela enganou muita gente, mas eu é que fui idiota em confiar numa mulher! - refletiu e eu fiquei intrigada.

—Eu posso nunca ter simpatizado contigo, mas admito que te compreendo, vai passar vais ver, lá no colégio vão acabar por esquecer e pronto! - tentei animá-lo.

—Eles podem esquecer, mas eu nunca vou esquecer, como sei que tu também não vais, mas tenho mais pena de ti que tenho de mim, és tão nova e tão partida, mãe de dois filhos, divorciada, traficada, e ainda assim de pé, sem ser como eu, uma bêbada, admiro-te! - confessou e de repente as palavras da Effie vieram à minha mente "O Haymitch gosta muito de ti e ainda vais perceber porquê um dia".

—Não sei a tua história, mas todos temos um motivo, tu tiveste o teu! - justifiquei e a Prim desceu.

—Vamos? - já com as malas na mãos.

—Vamos! - confirmei.

—Eu levo isso deixa estar - ofereceu-se o Peeta pegando nas malas.

—Tchau Haymitch! - despedimo-nos dele.

—Tchau docinho, loirinha e rapaz. Beijos às torradinhas! - revirei os olhos, a visita àquela casa tinha mexido comigo por um motivo desconhecido por mim.