Chloe

Meu celular tocou as 5:30 da manhã, peguei rápido e desliguei para que Beca não acordasse, eu estava radiante afinal hoje fazia 1 ano que eu e Beca havíamos nos beijado pela primeira vez, parecia que havia sido ontem que eu busquei Jenny no aeroporto e como Beca sentiu ciúmes daquilo que acabou culminando para o nosso primeiro beijo, e agora 1 ano depois estávamos juntas e mais felizes do que nunca. Me levantei e fui tomar banho, hoje tinha que ser perfeito, milhares de ideias passaram pela minha cabeça, terminei de me arrumar e preparei um café reforçado para a pequena, coloquei tudo na bandeja e levei para ela que ainda dormia tranquilamente. Depositei a bandeja no criado mudo e sentei na beirada da cama.

— Beca meu amor, acorda. Falava aquilo enquanto acariciava seu cabelo, tenho certeza que ao invés de acorda-la eu estava deixando-a com mais sono. – Becs hoje faz 1 ano que você me agarrou como uma louca. Falei rindo. – Hoje eu preciso de um favor você pode chegar mais cedo em casa? Quero fazer algo especial com você. Ela estava sonolenta, mas respondeu.

— Pode deixar Chlo, chegar cedo em casa check. E voltou a dormir, como ela era terrível com sono, eu a beijei e sai para o trabalho.

Cheguei no trabalho mais cedo, então aproveitei e separei algumas fotos nossas para revelar, também mandei mensagem para as Bardens contando que dia era hoje e pedindo sugestões de coisas que eu poderia dar de presente para Beca, em poucos segundos Emily respondeu jantar romântico, Amy respondeu não precisa ser romântico contanto que seja um jantar, Stacie colocou uma noite regada de muito amor, Cynthia concordou, Aubrey sugeriu que eu cantasse algo, e as respostas se seguiram, como eu amava aquelas meninas, precisei guardar meu celular quando os alunos chegaram.

Percebi que estavam com a postura diferente, provavelmente a aula anterior havia tido efeito esperado, por mais que muitos tivessem a idade próxima a minha, agora me olhavam com respeito.

— Bom dia pessoal. Falei dando um sorriso para todos. – Vamos continuar falando sobre musicais.

Continuei a aula de onde havíamos parados, falava sobre os musicais que estudaríamos e a importância deles no atual cenário da arte. Estava focada na aula mas não vou mentir, de vez em quando meu pensamento ia para Beca, esperava que ela estivesse tão animada quanto eu para o dia de hoje, e foi assim pensando nela que segui dando aula.

Beca

Acordei no susto, peguei meu celular e como sempre estava atrasada. Chloe havia falado comigo antes de sair, mas por mais que eu me esforçasse não conseguia lembrar o que ela tinha dito, sabia que tinha me pedido algo, provavelmente para comprar algo quando estivesse voltando do trabalho, já que meu trabalho ficava pertíssimo de um mercado, prometi para mim mesma que na hora do meu almoço ligaria para ela pra saber o que eu precisava fazer. Sai às pressas e vi que ela tinha levado café na cama para mim, como sempre a minha ruiva era perfeita, mas infelizmente eu não poderia apreciar o agrado que ela tinha me deixado, se não me atrasaria ainda mais.

Cheguei no trabalho e meu chefe já havia chegado, okay definitivamente hoje não era o meu dia de sorte.

— Mitchel na minha sala agora. Entrei de cabeça baixa, o medo de ser demitida estava me assombrando, me sentei e esperei que meu chefe se pronunciasse. - Hoje quero que você se certifique que os itens dessa lista. Falou me entregando uma folha. – Sejam cumpridos, e só saia daqui quando tiver terminado. Assenti e sai com a lista na mão, havia 30 itens, coisas realmente absurdas, como ir até o outro lado da cidade para comprar Donuts, se eu quisesse voltar para casa hoje precisaria correr contra o tempo.

Chloe

— Rent é uma obra de teatro musical, composta por Jonathan Larson. Falei enquanto escrevia atores importantes que já haviam participado desse musical. - Conta a história de um grupo de amigos que vivem em New York nos anos 80. Aborda alguns temas que marcaram aquela época, como o desemprego, o uso de drogas, a homossexualidade, a liberação sexual e a AIDS. Alguém aqui conhece alguma música dessa peça?

Uma garota levantou a mão, devia estar na casa dos 20 anos, se eu não me engano seu nome era Delly Carson, desde que eu dava aula lá havia sido a primeira vez que ela se manifestava na aula.

— Take me or leave me. Falou e eu não pude deixar de sorrir, ficava muito feliz quando percebia que eles sabiam do que eu estava falando.

— Isso mesmo, Delly não é? Ela assentiu. – Essa música é cantada por duas mulheres, na história elas são um casal e a música retrata as diferenças entre elas, você conhece a letra? Ela assentiu mais uma vez, e eu podia jurar que ela estava corada. – Então por favor cante para a turma.

Ela me olhou, e percebi ela morder o lábio antes de falar: - A música é um dueto. Ela tinha razão, me virei em direção aos outros alunos.

— Quem também conhece essa música para cantar com a Delly? Perguntei e percebi que ninguém havia levantado a mão.

— Por que você não canta comigo professora? Ela me perguntou, olhei para ela e percebi o quanto estava com vergonha de me pedir aquilo, eu sorri.

— É claro, vai ser um prazer. Apontei para um aluno que estava na minha frente. -  Daniel você poderia dar play na música 6 por favor.

Comecei a cantar para que pudesse passar tranquilidade para ela, a música retrata uma mulher um pouco mais ousada, e uma mais retraída,era  sobre ciúmes e amor, então enquanto eu cantava interpretava.

https://www.youtube.com/watch?v=VLUSxX3O7gM

Every single day

I walk down the street

I hear people say

"Baby's so sweet"

Ever since puberty

Everybody stares at me

Boys - girls

I can't can't help it baby

So be kind

Don't lose your mind

Just remember that

I'm your baby

Todo dia

Eu ando na rua

Ouço as pessoas dizerem

"Querido, é tão doce"

Desde a puberdade

Todos me olham

Garotos, garotas

Eu não posso, não posso evitar, querida

Então seja gentil

Não perca a cabeça

Basta lembrar que

Eu sou seu querido

E então ela entrou na música, seus olhos estavam grudados em mim, confesso de um jeito estranho, cantava muito bem, com um perfeito timbre e controle, então cantamos juntas o refrão.

Take me for what I am

Who I was meant to be

And if you give a damn

Take me baby or leave me

Take me baby or leave me

Me aceite como sou

Quem eu deveria ser

E se você se importar

Me aceite ou me deixe

Me aceite ou me deixe

A segunda parte da música ela cantava sozinha, enquanto interpretava ela vinha na minha direção, eu me afastava com as mesmas passadas, como no musical, a música girava numa caçada de gato e rato, e com certeza eu era o rato.

A tiger in a cage

Can never see the sun

This diva needs her stage

Baby - let's have fun!

You are the one I choose

Folks'd kill

To fill your shoes

You love the limelight too, baby

So be mine or

Don't waste my time

Cryin', "Honeybear

Are you still my baby? "

Um tigre em uma jaula

Pode nunca ver o sol

Esta diva precisa de seu palco

Querida, vamos nos divertir!

Você é aquele que escolhi

Pessoas matam

Para ficar em seu lugar

Você adora os holofotes também, baby

Então seja minha ou

Não perco meu tempo

Chorando, "Docinho

Você ainda é meu querido? "

Chegou a minha vez novamente de cantar, cantei o refrão, nós caminhávamos para o final, que era a parte mais hot da música.

Delly: No way can I be what I'm not

Não posso ser o que não sou

Chloe: But hey

Don't you want your girl hot!

Mas hey

Você não quer sua garota quente?

Delly: Don't fight

Don't lose your head

Não lute

Não perca a cabeça

Chloe: Cause every night

Who's in your bed?

Pois todas as noites

Quem está na sua cama?

Fechei os olhos para soltar o agudo que a música pedia, senti algo nas minhas mãos, abri os olhos e ela segurava minha mão, olhava nos meus olhos e vinha na minha direção. Me afastei como a personagem fazia, e ela continuava se aproximando, eu não quebrava o contato visual, afinal por mais estranho que estivesse sendo para mim, eu era a professora e não deveria me intimidar, fazia parte da peça, mas me sentia um pedaço de carne.

 Terminamos a música e ela estava a centímetros do meu rosto, me afastei, e olhei a sala em pé nos aplaudindo, havia sido uma ótima apresentação, todos estavam eufóricos, pedi que preparassem músicas dessa peça para a próxima aula. Parabenizei Delly pelo ótimo trabalho e poderia jurar que ela estava encarando os meus lábios enquanto eu falava, balancei a cabeça rindo da minha ideia estupida, percebi que ela queria me falar algo, mas o sinal tocou, então ela me fez um aceno e saiu da sala.

Peguei meu celular e mandei mensagem para Beca dizendo que eu já estava voltando para casa, e para que ela não se atrasasse. Queria aproveitar ao máximo com ela, com toda a correria mal tínhamos tempo de ficarmos juntas, sai do trabalho passei no supermercado e comprei os ingredientes para fazer o nosso jantar romântico, tentei mesclar todas as ideias que as meninas haviam me dado.  No fim optei por fazer uma lasanha 4 queijos com acompanhamento de salada, para beber comprei um vinho, e de sobremesa prepararia um Fondue de chocolate, as frutas escolhidas foram morango, uva, banana e kiwi. Estava empolgadíssima, cheguei em casa, coloquei uma música para animar enquanto eu preparava um jantar perfeito, como Beca merecia.

Beca

Já era 5h da tarde e ainda tinha mais de 10 itens para completar antes de poder ir embora, e para piorar havia esquecido meu celular no escritório, continuei realizando aquela lista maluca, como comprar 50 pacotes de balas coloridas, mas separar apenas as vermelhas, e por ai ia, as horas iam passando e por último precisava comprar um par de tickets para um concerto, pelo que eu entendi era para o meu chefe dar para sua esposa, e infelizmente eu havia deixado por último,  corri muito mas quando eu cheguei na bilheteria já havia esgotado, senti muita vontade de chorar, eu não era uma pessoa sentimental mas eu me esforcei tanto e não iria concluir aquela maldita lista, provavelmente faltando o item mais importante, resolvi que precisava voltar para o escritório e avisar meu chefe que eu não havia conseguido, andava com a cabeça baixa quando senti alguém tocar no meu ombro.

—Beca?  Aquela voz não me era estranha, olhei para a pessoa que havia me chamado, era o mesmo moço que eu havia esbarrado no outro dia. – Você está bem? Me perguntou preocupado.

— Richard não é? Perguntei e ele assentiu. – Nada demais, os de sempre. Falei tentando sorrir.

— Ainda com problemas no trabalho? Ele perguntou atencioso, e eu assenti mais uma vez, não tinha o por que negar. – Será que tenha algo que eu possa fazer para ajudar?

— Ah menos que você tenha 2 ingressos para o concerto em homenagem a cidade que vai acontecer na próxima semana, e que já esgotou então por favor minha atenção é sua. Falei e ri da minha desgraça, quando olhei para frente vi que ele ria também.

— Por acaso seria esses ingressos? Ele falou tirando do bolso, um par de ingressos que eram para a primeira fileira do concerto.

— Como você conseguiu? Falei boquiaberta. – Pelo que eu sei os melhores lugares esgotaram a meses.

— Trabalho no ramo de consultoria. Ele falou, mas ao ver minha expressão confusa continuou. – Salvo empresas que estão com problemas, e ganho muitos agradas quando faço meu trabalho bem feito. Ele esticou os ingressos para mim. – Tome, pode ficar com eles.

— Não eu não posso aceitar. Falei negando com a cabeça.

— Pode e vai. Ele falou decidido. – Eu não iria de qualquer jeito, fico feliz que pelo menos esses ingressos vai te ajudar no trabalho

—Por que você está me ajudando? Perguntei desconfiada.

— Pense assim eu to ajudando as pessoas que estão em volta de você. Olhei para ele confusa, e ele riu. – Pensa em quantas pessoas você poderia esbarrar estando chateada?

E eu não pude deixar de rir com isso, peguei os ingressos, e agradeci mais uma vez pela ajuda, quando estava indo em direção ao escritório escutei Richard me chamar.

— Beca, o que acha depois do trabalho tomarmos uma cerveja? Ele perguntou e eu travei com o pedido, acho que ele entendeu meu desconforto e completou. – Só como amigos prometo, só para você me contar a reação do seu chefe. Ele falou sorrindo, pensei um pouco, e concordei.

— Vou buscar as minhas coisas, falar com o meu chefe e então eu desço, pode ser? Perguntei e ele assentiu que sim.

Bati na porta do meu chefe que se surpreendeu por eu ter chego aquela hora e não mais tarde, quando viu os ingressos até me abraçou dizendo que eu era uma menina de ouro, e como a mulher dele ia ficar maravilhada quando descobrisse, fiquei extremamente feliz pelos elogios, estava devendo uma para o Richard se não fosse ele poderia ter sido até demitida. Peguei meu celular e desci com a minha bolsa, fui mandar mensagem para a ruiva avisando do meu atraso, mas meu celular tinha ficado sem bateria. Prometi para mim mesma que seria só uma cerveja, afinal nada mais justo do que comemorar o primeiro elogio sincero que meu chefe havia dado a mim.