"Pegue um pedaço do meu coração

E torne-o seu próprio

Então, quando estivermos separados,

Você nunca estará sozinha.

Quando você sentir minha falta, feche os olhos

Posso estar longe, mas nunca ter ido

Você nunca estará sozinha.

(Shawn Mendes – Never be Alone) 

Após algumas discussões, as meninas chegaram ao consenso de esperar até o dia seguinte, que seria quando Theo estaria sóbrio.

Elas voltaram para mesa, junto com os doces de Lydia, que dançava animadamente com seu marido.

—Finalmente! Exclamou Scott ao ver as meninas se aproximando da mesa.

—Por que? Aconteceu algo? Pergunta Malia, já ficando preocupada com tudo que estava acontecendo.

—Não, eu só queria perguntar se a Kira gostaria de dançar comigo.

A menina ri e o puxa pelo braço, correndo em direção a pista iluminada por luzes coloridas e psicodélicas.

Alisson olha para Malia, totalmente surpresa, reação não muito diferente da outra.

—E você? Aceita dançar comigo? Pergunta Stiles estendendo a mão.

—Vou levar esses doces para Lydia... Diz Alisson tentando fugir do casal.

Malia mal ouve o que a amiga diz, pois estava totalmente hipnotizada pelos olhos castanhos a sua frente, esse que também não conseguia desviar o olhar.

—E então? Malia apenas coloca sua mão sobre a dele, deixando ser conduzida para a pista.

Alisson olhava para cada rosto, estes que já havia visto diversas vezes, até encontrar um par de rostos apaixonados dançando calmamente.

—Lydia? Trouxe seus doces. Diz Alisson se aproximando da ruiva, temendo interromper o casal.

—Ah, obrigada! Você vem se sentar comigo, querido? Pergunta, se virando para o marido.

—Na verdade eu ia convidar a arqueira para uma dança, se ela não se incomodar, claro. Diz, acentuando bem a palavra arqueira ao se referir a garota.

—Bom, se você não se importar. Alisson diz, ao encontrar os olhos de Lydia que já mordiscava um dos doces do prato.

—Mas é logico que não! Ele não consegue ficar parado por muito tempo mesmo. Ri, dando um leve beijo no rapaz antes de ir em direção à mesa.

Malia dançava, seguindo levemente o embalo calmo da música que tocava, com a cabeça encostada no ombro de Stiles – que cantarolava baixo a música no ouvido da mulher.

—Isso é melhor do que um apartamento e uma garrafa de whisky como aniversário.

—Com certeza, mas whisky sempre é bom as vezes.... Diz, fazendo a garota rir.

A música acaba, mas eles não mudam o ritmo – estavam muito imersos em seus mundos para perceber.

Aiden e Alisson dançam a próxima música, que era mais animada, mas não o suficiente para mudar os passos.

—Então, você se interessa por arcos? Diz Alisson, tentando iniciar o assunto do qual aparentemente havia começado a dança.

—Muito, mas me interesso ainda mais pela Wolfsbane.

Ao dizer isso ela fica rígida, e calafrios sobem a sua espinha.

—Helena me disse que vocês que estão procurando por eles... como vão as investigações?

—As do FBI estão estagnadas, já as minhas, progrediram bastante.

—Suas investigações? Alisson pergunta.

Kira não nos disse que havia um detetive particular no FBI.

—Sim, porque diferente do Stiles – Que é totalmente restrito as regras e ao pai, eu pude pesquisar e descobrir mais sobre eles. E, adivinha o que eu descobri?

—Não faço ideia.

—Eu descobri que, se você procurar um pouco mais a fundo irá achar fatos interessantes, depois basta ligar alguns pontos e pronto. Apenas será necessária paciência, e acredite, esse não é o ponto forte do Stilinski.

—Mas, como você chegou a conclusão absurda que nós – uma policial, uma professora de arco e flecha, uma design de computação e um professor de história – podem ser uns dos ladrões mais perigosos desses dois anos? Diz Alisson tentando disfarçar, criando empregos aleatórios para eles.

—Não foi muito complicado, na verdade. Eu sempre olho as fichas dos novos agentes, aliás, foi assim que Lydia soube do aniversário de Helena, que a, proposito era para estar morta, claro, se ela fosse mesmo Helena Tate ao invés de Malia Hale.

—Está bem, para! Vamos para dentro, tem muitas pessoas aqui. Exclama Alisson, o puxando para dentro.

—Você não sabe o que está fazendo. Se Theo souber que você descobriu, irá mata-lo!

—E é por isso que eu estou falando com você! Não entende? Você é a mais centrada daqui, e sei que não vai sair gritando aos quatro vetos que eu descobri. Eu sei sobre vocês e eu também os entendo.

—Nos entende? Você não sabe nada sobre nós! Exclama a arqueira, gesticulando nervosamente com as mãos.

—Pelo o contrário, eu sei muito. Veja, eu olhei nos registros do FBI e vi que a única Helena Tate que tivemos em Nova Iorque faleceu há dez anos, e apesar dela ser incrivelmente parecida com a nossa Helena, já estava morta. Não aceitei aquilo, então procurei mais fatos sobre a falecida e vi que ela era esposa de Peter Hale, virando assim Helena Hale, e seu marido era dono da Hale’s Engineering que atualmente pertence a Malia Hale, mas não existe foto alguma da mulher, excerto por uma: a foto de uma garota de 13 anos no aniversário da empresa, e a menina era apenas uma versão mais nova da nossa Helena. Então eu pensei, “por que diabos a agente Tate mudaria o nome?”. Mas, Lydia descobriu ontem que o nome de umas das integrantes do grupo se chamava Malia, mas preferiu não dizer na reunião, já que não ajuda muito pois poderia muito bem ser um nome falso. Bem, ela estava errada.

—Okay, e o que você quer de nós, afinal você não teve esse trabalho todo apenas por curiosidade, não é? Alisson cruza os braços e levanta uma sobrancelha.

—Eu quero ajudar vocês. Eu tenho mais acesso as informações do que Malia, mas não quero me envolver inteiramente nisso, então quando houver algo que vocês queiram uma informação maior: aqui estou eu. Disse abrindo os braços.

—Tudo bem, eu não tenho certeza, mas se você quiser mesmo nos ajudar tem algo que você pode fazer.

—Só dizer, eu dou um jeito.

*8:00 a.m

Malia se levantou e andou, ainda de olhos fechados, em direção ao banheiro, tropeçando levemente no tapete ao lado da cama.

Enquanto a água caia sobre seus cabelos, as lembranças da noite anterior voltavam vagarosamente, em flashes.

Lembrava-se de ter dançado muito, principalmente algumas músicas das Spice Girls com Stiles e Scott. A bebida faz coisas estranhas com a nossa cabeça.

Ela sai do banho, escolhendo uma roupa um pouco mais séria, junto com seu colar de Coyote. Hoje ela iria devolver mais um pertence, afinal era isso que eles faziam: devolviam as coisas.

Enquanto preparava seu café, escutava os recados deixados no seu celular, a maioria sobre a festa.

—Oi! Viu, ir a uma de suas festas não doeu tanto, não foi? Diz Alisson, com a mesma animação de sempre.

—Diga isso para a minha cabeça... Resmunga Malia, tomando um gole do seu café forte.

—Helena, eu já te adorava, mas aí você fez o Stiles dançar Spice Girls, agora eu te amo! Exclama Lydia, fazendo a menina rir, lembrando da dança ridícula da qual a mesma participou.

 Malia pula o resto dos recados e vai até seu carro, fazendo um caminho quase automático até o loft, com sua cabeça girando em pensamentos e preocupações.

*Wolfsbane loft

—Onde ele está? Já devia ter chegado a duas horas. O carro forte vai chegar ao banco em 1 hora, precisamos estar lá! Reclama Kira pela quinta vez.

—Já chega, vamos fazer isso sem ele. Entrem na van. Diz Malia, indo em direção a porta do motorista.

—Você tem certeza disso, Mal? Alisson pergunta colocando a mão sobre o ombro da amiga.

Malia assente e dá partida no carro.

Agora não tem mais volta.

—Alisson, você escutou isso? Malia segura o braço da arqueira, impedindo-a de lançar o dardo no guarda.

—Ouvi, parecia o som de uma arma sendo carregada. Alisson se vira para trás e se joga sobre a amiga.

Malia ouve apenas um grito de dor no exato momento que a bala acerta a perna da garota em cima dela. Outro disparo, mas desta vez da arma de Malia, em direção ao peito do homem.

—Alisson, você está bem? Indaga, ajudando a menina a se levantar.

—Estou... Mal, cuidado! Grita apontando para o lado esquerdo de Malia onde havia mais um homem, e dessa vez ela conseguiu ver, era uns dos atiradores do Alphas.

—Alisson, eles são dos Alphas! Estão protegendo o colar! Grita em direção a mulher agachada lançando uma flecha no peito de mais um atirador.

—Mas como eles sabiam do roubo?

—Eu não sei, não faz sentido! Atira em mais um, correndo em direção a Alisson.

—Não! Malia não vem! Corre! Malia, corre! Alisson grita em desespero, vendo que era uma armadilha.

Porém, Malia não corre. Ela não consegue. Ela se concentra apenas nas palavras da arqueira.

—Malia, corre!

—MÃE! PAI! A menina grita, estática no lugar, com lagrimas caindo de seus olhos.

Malia ouve os disparos e grita quando sente a mão forte de Alisson a puxando em direção a van.

—Malia! Está tudo bem! Alisson dizia repetidas vezes tentando, inutilmente, acalmar a mulher.

—O que houve? De onde saíram aqueles disparos? Perguntava Kira enquanto acelerava fervorosamente pelas ruas da cidade.

—Eram os Alphas, eles descobriram, nos encurralaram. Malia saiu por pouco, mas eu ainda levei um tiro na perna.

—Vamos cuidar disso. Vamos entrar Malia. Diz Kira segurando o pulso da garota, que o puxa com força, correndo em direção ao carro.

As meninas gritavam seu nome, mas ela já estava longe, correndo em uma direção que apenas sua mente sabia da qual.

Alguns minutos depois lá estava ela, batendo fervorosamente na porta de algum apartamento do qual ela não se lembrava de conhecer, até ela ouvir a voz que vinha de dentro.

—Mas o que... Helena? O que aconteceu? Pergunta Stiles confuso ao ver a garota com o rosto banhado em lágrimas.

—Nunca mais sozinha? Pergunta a Malia em um quase desespero, enquanto se abraçava.

—Nunca mais. Responde Stiles, abraçando a menina com o mesmo desespero que ela transmitia.