Trevas escrita por kevin henri


Capítulo 15
Especial I - Entre noites, desabafos e borboletas.


Notas iniciais do capítulo

Sinceramente não sei quanto especiais serão, mas é como eu disse, ele são situações que eu não consegui encaixar na história principal.
Esses especiais tem como finalidade mostrar cada relação de cada personagem entre si, se quiserem mandar ideias de quais personagens vocês querem ver interagindo mandem a ideia junto com o review ok ?
Boa leitura a todos.



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  Ele abriu a porta, sentindo o vento que entrava pela janela a frente desta beijar-lhe a face docemente, aproveitou a sensação ao máximo antes de entrar no quarto, não vendo ninguém ali, além da garota deitada na cama.
     Andou a passos calmos e lentos, de forma que aparentava que nada no mundo poderia apressa-lo, até chegar ao seu lado, puxou um pequeno banquinho de madeira, sentando-se nele, ao lado dela, olhando-a com olhos atentos.
      Tirou a franja loura de sua testa, realçando mais o seu rosto fino e belo, que se tornava cada vez mais bonito, ainda mais com a luz da lua que adentrava o quarto e fazia sua pele brilhar.
  
    - Eu nunca imaginei que você se tornaria tão próxima de mim, minha querida “irmãzinha” - Disse ao vento, parecendo desabafar, colocar para fora o que pensava e sentia em relação á pequena e amável garota ali deitada.

  - Por muito tempo eu achei que entendia os meus sentimentos, que os controlava,  mas... Tantas coisas aconteceram nesse tempo, eu testemunhei eventos tão rápidos que se quer pode se dizer que existiram - Olhou para a própria mão esquerda, cujas marcas pequenas das escamas começavam a se ressaltar, mostrando que deveria se dedicar mais ao treinamento para poder controlar aquele novo corpo que agora chamava de seu.

  - Conheci muitas pessoas, algumas boas, outras ruins, mesmo assim todos são importantes, as pessoas nos marcam, nos fazem amadurecer e crescer, para depois passar adiante - Seu tom era baixo e manso, quase como se fosse uma fera mansa, um animal rendido diante da beleza da mais bela humana.

  - Eu tentei fugir dessas coisas, dos meus sentimentos, das minhas lembranças, das minhas responsabilidades... E então você me aparece, sua loirinha metida - Sorriu na última parte, vendo-a virar um pouco o rosto enquanto dormia, respirando profundamente.
  Conseguia ouvir seu coração batendo, seu respirar suave e compassado, lhe passava serenidade, e ele se sentia bem sabendo que ela descansava proveitosamente depois do longo dia de treinamento.
  
  - Você foi... Uma pequena a fagulha na escuridão que se tornou minha alma - Suas palavras, sendo ditas naquele momento, quase como se fossem poesia, foram soltas ao vento que adentrava aquele quarto.
  Olhou-a novamente, o rosto fino e delicado, de feições bastante femininas, davam a impressão de que ela era uma garota frágil.
   O corpo, ainda em desenvolvimento, dava indícios de que seria uma mulher de beleza invejável, e que seria alvo da cobiça de muitos homens no futuro.
    Virou seu olhar para fora, seus olhos alcançaram as árvores, acompanhando o vento naquela noite nem tão fria, nem tão quente, as nuvens correndo o céu, a lua brilhando através da imensidão infinita que era aquele negro céu, decorado com estrelas tão brilhantes quanto os sonhos de uma criança.
  Ele se permitiu sorrir, um sorriso curto e caloroso, que dava a impressão de que suas lembranças o obrigada a fazer isso.

  - Com você eu me sinto útil, necessário, em caso de luta, qualquer um daqui pode se proteger sem mim, sem qualquer dúvida, eu sempre tentei proteger a todos, mas nunca poderei fazê-lo, porque, na realidade, nenhum deles precisa - Parecia triste, e na realidade estava mesmo, sua voz em um tom baixo, seu olhar parecendo receoso, a tristeza ecoando naquele quarto.

  - Até que apareceu uma irmãzinha que decidiu ser arqueira, depois de um tempo vivendo juntos, percebi que os seus olhos falavam de cores que o tempo desbotou em mim - Ali, naquele momento, ele estava abrindo seu coração, tão verdadeiramente e sincero que ele duvidava que era capaz de tal coisa.
 
  - Você mergulhou em mim sem me dar tempo de dizer “é triste demais para tentar”, mergulhou rápido como se quisesse salvar alguém de se afogar - Apertou suas mãos, enquanto ouvia um grilo ou dois cantarem do lado de fora, nas florestas.

 

   - Com o tempo você me fez perceber que eu não era completo, de forma alguma, era destrutivo, irresponsável e imaturo… heh, acho que as mulheres devem ter um dom para lidar com os homens - Acariciou a face da garota com as costas de sua mão gentilmente.

  - Você é tão linda quanto qualquer outra Aya - Aquilo parecia quase uma declaração por parte dele, enquanto se lembrava da cena em que teve sua cabeça afundada nas pedras, enquanto todas as garotas se banhavam.

   Aya foi a única que foi ver como ele estava, não que Kurama e as outras, menos Raven, não estivessem preocupadas, mas todas as outras sabiam que Naruto era muito bem capaz de suportar aquilo.

  Ele curvou um pouco a cabeça para frente, em seguida se levantou um pouco, o suficiente para alcançar as cobertas da cama de Aya, que estavam prestes a se desgarrar de seu corpo, cobriu-a devidamente, cobrindo-a até o pescoço como o lençol fino, enquanto a via se encolher um pouco.

  Ele beijou sua bochecha, fez questão de demorar um pouco mais nisso, sentindo o aroma de seus cabelos dourados, a textura de sua pele sedosa e brilhante, aquela sensação de calor no peito tão acolhedora que ele poderia simplesmente deixar-se cair e adormecer ali mesmo.

  Se levantou, ficando completamente ereto, fez um pequeno cafuné no alto da cabeça da mais nova.

 

  - Obrigado por me ouvir, sei que pode parecer idiotice, mas significa bastante pra mim - Caminhou a passos leves e firmes, porém silenciosos o bastante para se poder dizer que ninguém se movia no quarto.

  Fechou a porta com cuidado, quase com carinho, tomando cuidado para não fazer barulho e acordar Aya, fez tudo isso com um sorriso em seu rosto, um sorriso acolhedor e gentil.

 

 

 

  Quando fechou a porta completamente, os lábios da pequena loirinha se curvaram em um sorriso feliz...

 

  [...]

 

Com o tempo, Aya se acostumou com o irmão mais velho, de um jeito que, separa-los seria como mata-la, claro, sentia falta dos pais, porém depois do que o Naruto do futuro lhes havia revelado, se recusava a voltar tanto para seu pai quanto para sua mãe.
  Ela teria um destino horrível se o fizesse, além do mais, ali estava conseguindo tudo o que queria.
  Ali a loirinha tinha amigos, amigos que não a viam como a princesa do reino da folha, mas sim como Aya, uma garota que queria ser mais do que uma simples garota.
  Estava conseguindo ficar forte, de um jeito que não achava que fosse possível, porém, mesmo assim ela estava ali, se aperfeiçoando de maneira incrível, quem dera Hinata pudesse sentir o mesmo que ela.
  A adrenalina correndo em cada veia de seu esbelto e belo corpo, o ar lhe faltando, com os pulmões lutando para recupera-lo, o desafio de superar um desafio imposto pelo rígido treinamento que estava seguindo, não existia nada igual.
   E, enfim, estava próxima de Naruto, sem igual, de verdade, era a sensação de estar perto dele, de compartilhar momentos únicos e ternos com ele, de criar lembranças valiosas e inestimáveis com a família cuja um dia negara sua existência.
  Sentia seu ser se mergulhar em um redemoinho furioso de emoções e se tornar confusa com a simples presença dele, as brincadeiras, as insinuações, as provocações, ela sentia algo mais crescendo dentro dela, quente, pulsando forte como o coração de um dragão em brasas.
    Ela se sentia amada por quem realmente era, ali, entre eles, mesmo sendo a única que nunca matou alguém, a única ainda "pura", mesmo sendo a mais inocente, ela amava estar ali, ser levada a sério não por ser princesa, não por um título estúpido, mas sim por QUEM ela era.
  Mesmo sem entender o que sentia em relação a Naruto, se sentia bem com isso, cada abraço dele, cada toque, cada carinho contava para fazê-la se sentir ainda mais estranha.
  Não que se sentisse desconfortável, longe disso, mas era algo totalmente novo para ela naquele momento.
  Tentou se virar, buscando qualquer resquício de sono que houvesse em seu corpo cansado do treino exaustivo de hoje, mas sua mente não a deixava em paz.
  Ainda mais com essa "visita surpresa" do mais velho que a fez ficar atônita á qualquer coisa.
  Ele a agitou, jogou uma pedra no mar e criou uma tsunami colossal.
  Esperou algum tempo, até perceber que não conseguiria dormir mais, por volta de meia hora depois ela se levantou, saindo da cama, logo mais do que seu quarto e indo até a cozinha.
  Chegando lá se deparou com uma cena que a fez avermelhar, Naruto estava sem camisa, enquanto Aeryn se abraçava a ele, sentada em cima da mesa de madeira, com Naruto beijando seu pescoço, enquanto ela tentava segurar seus gemidos, falhando vez ou outra claramente.

 

  - Você adoraria fazer isso na calada da noite enquanto todos dormem não é? Com o perigo de sermos pegos a qualquer momento… - Ele a olhou com olhos ferozes, enquanto ela tentava controlar seu próprio corpo, que estava a ponto de se descontrolar.

 

  - Seria bom mas… Fazer isso enquanto se é observada por uma pequena espiã é melhor ainda - Suas presas se alongaram, virando a cabeça, os olhos vermelhos e ameaçadores entraram em sua alma, lhe dando um aviso, Aya surgiu na cozinha, irritada pelas brincadeiras pervertidas da morta-viva.

 

  - Sua sem vergonha, tire as suas mãos imundas dele - Sua voz soou baixa, porém raivosa, se aproximou lentamente da vampira, que descia da mesa, afastando Naruto dela, encarando Aya olho no olho.

 

  - Se não o que loirinha ? - A sua provocação teria sido respondida com um corte no pescoço, tão profundo que a cabeça dela iria ao chão, porém, antes de fazê-lo, Naruto surgiu, segurando seu pulso, parando a milímetros da garganta da outra, a mais nova ali olhou para ele, enquanto a vampira sorria.

 

  - O clima está tenso, Aeryn, eu e Aya vamos… dar uma volta - Disse ele, ainda sem camisa, caminhando em direção a porta, levando Aya junto consigo pela sua mão, Aeryn fez um muxoxo, inflando as bochechas como se fosse uma criança.

 

  - Se você é dessas que prefere ao ar livre, sugiro não fazer muito barulho - A provocação não passou batido, não pelo vermelhidão no rosto da pequena loirinha, que saiu da casa sendo literalmente carregada por Naruto.

 

 

 

 

 

   Ela olhava para ele, a lua iluminando as folhas da floresta ao redor deles, sem quaisquer ruídos na floresta.
  Tocou o topo da sua cabeça gentilmente, fazendo um ligeiro, porém suave em sua cabeça, ela avermelhou um pouco, sua mão percorreu uma mecha de cabelo dela, acariciando-o com gentileza e ternura.
  Ele sussurrou algo, algo que ela não conseguiu entender.


  - Ovirowa, você faz eu me lembrar da história dela - Os olhos dela o encontraram, olhos avermelhados e rubros como o sangue, mas não tão ameaçadores quanto outrora.
  Ele se afastou dela, olhando para lua, acariciando uma moita, passeando a mão pela casca de uma árvore ali perto, parecendo lhe acariciar.
  
  - Orivowa uma história que diz que o sol, em toda a sua glória, sentando-se triste por ser sempre invejado cedeu ao mundo um pouco do seu brilho - Se virou para ela, olhando-a, com olhos diferentes, olhos que ele nunca havia mostrado para ela, os olhos que antes sempre via vermelhos, estavam azuis, como os dela, com a íris um pouco mais escura, como o azul do mar, olhos tão humanos que não pareciam ser dele.

  - O brilho tomou a forma de uma garota de cabelos tão dourados como o sol, ela era radiante, meiga e gentil como os raios dele - Ele segurou sua mão, puxa do-a gentilmente, abraçando a sua pequena cintura com seus braços poderosos.

  - Orivowa, na língua a qual se originou a história, significa pequena estrela de luz, é um nome forte, mas é de uma força que poucos compreendem - Ela afundou sua cabeça na curva do pescoço dele, aspirando o cheiro do seu corpo, a entorpecendo, parecendo uma droga.

  - Você aos poucos se tornou a minha pequena estrela de luz, no escuro que era a minha vida - Ele beijou sua bochecha, enquanto que a pequena loirinha em seus braços avermelhou mais do que os cabelos de Kurama, de uma maneira fofa, escondendo seu rosto no peitoral dele.
  Sorriu, enquanto alcançava seu queixo, forçando-a a olha-lo, ainda com aqueles mesmos olhos tão humanos e emotivos, tão frios e calorosos ao mesmo tempo.

  - Eu disse que o jogo ao qual estava entrando era perigoso Aya - Ele aproximou seu nariz do dela, toca do-os, roçando seus lábios, sentindo seu hálito fresco.
  Ela não pensava direito, era certo? Era errado? Ela ja não se importava mais, apenas queria, queria como nunca quis algo em sua vida.

  - Eu não convivi com você, não sei nem como olhar pra você direito, você me provoca, brinca comigo, as vezes até mesmo me desafia, mas... Com o tempo eu passei a te ver diferente... - Ela olhou-o, reunindo toda a coragem que existia em seu ser dando de cara com os olhos deles a olhando fixamente, olhos estupidamente chamativos e belos, olhos que nenhum.homem deveria ter.
  Ela fechou os olhos, ficando na ponta de seus pés, inclinando-se para frente, o coração acelerado, a respiração forte, o nervosismo tomando conta de cada minúscula parte de sua pessoa.
  Sentia seu coração bater, o sangue circular por todo o seu corpo, sua cabeça fervia, sua pele formigava.
  Sentiu ele se aproximar de si, encostando ainda mais seus narizes, depois suas testas, ele a trouxe para mais perto de si, chegando a tira-la do chão por um curto período.
  Como ela poderia resumir a sensação ? Ela nunca tinha sentido nada igual a aquilo, nunca nos seus anos de estudos, de serventes ou de mordomias sentira algo igual, a sensação quente e acolhedora em seu peito, seu corpo perdendo o controle, o rosto vermelho e envergonhado, olhos fechados, desfrutando da sensação que já algum tempo passará a desejar.
  Aquele beijo significava mais para ela do que poderia significar para qualquer outra garota.
  O que começou com um beijo tímido, se tornou ardente, seus braços finos rodeando o pescoço do maior, as línguas dançando em suas bocas, lutando por espaço, aquilo a entorpecida, ele beijava tão bem que a deixava em êxtase
  Quando se separaram ela sequer o olhou, escondeu seu rosto em seu peito, ele sorriu, rindo baixinho, enquanto a loirinha se envergonhava ainda mais.
    Ele acariciou-a lentamente, enquanto ela sentia seus dedos percorrerem seu couro cabeludo, dourado como as luzes do sol.
   Ela se permitiu sentir-se feliz, por finalmente ter deixado o certo ou errado de lado e ter seguido o seu coração.

 

  - Foi tão bom quanto achou que seria ? - Ela se quer reagiu, continuou daquele jeito, com o rosto enterrado em seu peito, ele apertou o seu abraço, aproximando-a dele ainda mais, tornando seu abraço cada vez mais íntimo.

  Ele fechou os seus olhos, beijando o topo da cabeleira loira da pequena, aproveitando aquele pequeno e breve momento de ternura em sua vida que nunca teve, mas o que ele não havia percebido, era que havia alguém que olhava por ele, com um olhar feliz e triste ao mesmo tempo, um sorriso quase neutro, levemente curvado para cima, parecia uma estátua observando-os cuidadosamente, depois disso desapareceu em uma névoa escarlate, junto com suas orelhas e caudas de raposa.

 

  - Eu busquei isso por muito tempo Aya, mas de outra pessoa … - Aquela frase a fez olhar para ele curiosa e surpresa ao mesmo tempo, chegando a temer pelo que viria.

 

  - A primeira vez que senti algo próximo disso foi por uma certa raposa que me cativou… Ainda cativa - Eles se separaram, enquanto ela o olhava, ainda com medo do que ele fosse dizer.

 

  - Ela me deu meu primeiro objetivo, meu primeiro sonho de verdade, me apoiou em tudo e é a que tudo sabe sobre mim, ela foi minha primeira família, e, é até os dias de hoje, o meu primeiro amor - Aquelas palavras a faziam se sentir desconfortável e estranha, de um jeito ruim, não se sentia bem ouvindo Naruto falar de uma maneira tão apaixonada sobre outra “garota”

 

   - Ela sempre me disse que não poderia conhecer o amor, o único motivo de ela aceitar o que eu sinto, é pra competir com Aeryn, e vice-versa… - Ela não viu, como poderia ? Estava de costas para a loirinha, de cabeça baixa inclusive.

 

  - Ela disse que jamais sentiria algo assim por mim, ou por qualquer outro humano ou pessoa, todos os dias eu tentei cativa-la da mesma maneira que ela me cativou, pois uma raposa uma vez disse que você é responsável pelo que cativas - Ele cerrou os punhos, demonstrando esforço naquele momento que, por maior que fosse, nunca se mostraria o suficiente.

 

  - T-Todos os dias… Eu sentia, e ainda sinto agulhas frias de gelo perfurarem meu coração todas as vezes que ela olha pra mim e eu não encontro nada daquilo que eu faço questão de mostrar pra ela - Amaldiçoou-se por gaguejar, por demonstrar fraqueza naquele momento tão crucial, Aya se inclinou, vendo o rosto de Naruto brilhando como se fosse um rio, e realmente parecia que um rio era libertado por seus olhos e percorria sua face, até pingar no chão, e a terra aceitar suas lágrimas com amargura.

 

  - Eu me esforço todos os dias para esconder essa dor dela, pois nossa mente é compartilhada, assim como ela possui segredos comigo… Eu sempre quis que ela olhasse para mim… Eu queria ser feliz com ela… - Ele se ajoelhou, xingando as próprias pernas, agora bambas, tão fracas como galhos finos de árvore tentando segurar uma enorme pedra.

 

  - Essa é a única dor que eu não sou capaz de curar… - Disse com uma voz fraca, tão diferente do tom imponente que usualmente usava,  nem de longe lembrava aquele ser obstinado que possuía o poder para obliterar exércitos inteiros de destruir tudo no seu caminho.

 

  - Me desculpa.. Isso era algo que você não deveria ver… - Suas mãos, outrora tão fortes e poderosas, agora estavam trêmulas, aquele corpo não parecia ser seu.

  Porém, ele sentiu algo que nunca esperaria, ele sentiu braços lhe rodearem a cintura, junto de uma voz doce.

 

   - Era lógico pra mim, sempre esteve escrito na sua cara, você sempre lhe amou, de todas as formas possíveis, e eu não poderia esperar menos, fui eu quem lhe abandonei, eu que o deixei, era óbvio que eu não poderia simplesmente me juntar a você e lhe fazer me amar... Mas, se eu puder te ver sorrir pra mim, como você sorriu pra mim alguns momentos atrás, mesmo que eu saiba que o seu amor pertença a outra… Eu aceito… Como punição por ter te … - Ele girou, levando-a ao chão, segurando seus pulsos, de uma maneira tão fraca que sequer parecia ele.

 

  - N-Não assim… Eu não quero… Dessa forma Aya… - Sua voz trêmula a fazia se sentir mal, nunca o vira assim, ninguém jamais vira.

  - Eu não quero ser amado por piedade, por pena - Ela sentiu uma de suas lágrimas pintarem em sua testa, era molhada e fria como uma gota de chuva, e parecia que o céu inteiro, apesar de limpo, queria chorar com ele.

  - Não quero dizer isso desprezando tudo o que tenho, tenho amigos, tenho uma familia, mas... O que eu sempre quis, sempre me foi negado, e só me "é dado" por causa de uma rivalidade... - Disse em um único fôlego, se segurando para não desabar perante a pequena loira, que o olhava.
  - Eu sempre quis ser forte por causa dela... - Disse baixinho, quase inaudível, sussurrando ao vento, Aya somente entendeu porque leu seus lábios.
  - Mas eu somente a decepcionei... - Mais lágrimas percorreram seus rosto, enquanto se levantava com muito mais esforço do que jamais fizera, ficando de joelhos a frente de Aya.
  -... Eu meio que me sinto mal pela Aeryn... Ela só me dá bola por causa da "ágape" que ela tem... Eu jamais vou poder retribuir... E ela sabe disso - Seus soluços aumentavam, enquanto Aya se endireitará, olha do Naruto, ouvindo tudo o que ele tinha a dizer.
  Naruto tinha toneladas de coisas em sua me te e em seu coração, parecia estar desabafando, e era isso mesmo, até Aya o interromper.

  - Você não pode querer algo assim de alguém e esperar que consiga - A loira olhava para ele, enquanto ele parecia dar um sorriso triste, mas ele se lembrou de algo, parecendo sentir um estalo em seu cérebro.

   -... É, mas ainda há esperança, se no futuro eu consegui, porque eu deveria desistir ? - Enxugou as próprias lágrimas, se levantando, estendendo sua mão, ajudando-os a levantar.

  - Bem, vamos dormir, amanhã eu terei que me esforçar mais - Levantou-se com pouco esforço, sorriu, enquanto acompanhava Naruto em direção a casa.
  Ela conversaria melhor com Naruto outra hora, conheceria melhor o lado dele que nunca jamais vira, e o ajudaria em tudo o que pudesse, porque o amava.

  E agora, ele também sabia disso…

 

  Por algum motivo, Naruto se lembrou de sua infância, quando ainda vivia em Konoha, preso naqueles muros e escravizado por aquele povo, lembrava-se que uma vez, ficara observando borboletas dentro de uma gaiola, com barras próximas o suficiente para não deixa-las fugirem por entre duas frestas.
  Eram borboletas azuis como seus olhos, foi a primeira vez que ele sentiu desespero em outro ser, sentiu o quão desesperadas as borboletas estavam para se libertarem daquela gaiola que as aprisionavam.
  Sem saber porque, seu corpo pareceu se mover sozinho, entrando às escondidas na casa, escalando-a por trás, subindo aos trancos e barrancos, de maneira desengonçada e desleixada, típico de alguém sem treinamento algum.
   Quando chegou lá em cima, abriu a gaiola, não se lembrava como, mas sabia que o havia feito.
  Sentiu uma ligeira alegria invadir seu ser, tomar conta dele, por um único instante, em Konoha, ele foi feliz, fechou os olhos, a brisa lhe beijou a face, acariciou seus cabelos rebeldes e espetados, quando os abriu, abriu, as borboletas voavam para longe, azuis e brilhantes como criaturas mágicas.
  Um sorriso meigo surgiu em sua face, enquanto continuava a olhar a cena mais bonita que já viu.
  Era como, por um único instante, ter a sua inocência devolvida a ele.
     Era como agora, aquela mesma alegria voltara para seu coração perturbado por tanta tristeza por falhar com certa raposa, sutil porém palpitante como o sangue correndo em seu corpo.
    Quando olhou para Aya, podia jurar que, por um instante completo...

  Seus olhos azuis eram como o azul das borboletas que libertara na infância, e agora, de certa forma ...

  ...Haviam-no libertado.

 


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Notas finais do capítulo

Os especiais serão curtinhos assim mesmo, eles não são planejados, são simplesmente ideias jogadas da minha mente no computador, o que geralmente acontece muito, por isso algumas coisas parecem bem desconexas, mas não estão.
Segunda temporada (que é pra terminar ali) já está com seu primeiro capitulo pela metade ok ?
Bem, até a próxima