Emilia & Bernardo.. Nova história escrita por Tah Madeira


Capítulo 45
Capítulo 45




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*Emília*

Ela esta ainda no hospital faz dois dias que seu bebê se foi, e  ainda tentava entender o que aconteceu,  em uma hora ele estava ali em sua barriga e no outro era uma bola de sangue sendo expelida de seu corpo, estava sem entender que não chorou, apenas se calou, não falando com ninguém,  nem com o marido,  ficava olhando o nada, pensava em nada, e quando sem querer colocava a mão sobre o ventre agora vazio, mordia o lábio superior, fez tantas vezes isso e com tanta força  que acabou criando um machucado ali, uma ferida que não se compara com  a que tem no coração,  se recusava a se alimentar,  só o fez quando o médico disse que se ela não comesse, ele não poderia lhe dar alta, então ela comia pequenas porções para poder sair daquele hospital e ir para casa,  no íntimo ela se culpava, se não tivesse ficado tão irritada tão brava, quem sabe, seu bebê ainda estaria ali, diziam que esses primeiros meses eram  delicados e ela nunca acreditou pensava ser bobagem, agora sabia que era verdade, pena que a um custo alto.

Passou mais um dia no hospital,  sendo liberada com uma indicação de  procurar um terapeuta, ela precisava falar, chorar e  viver a perda.

Esta terminado de se arrumar com a ajuda de Beth, quando Bernardo entra no quarto, Beth sai deixando eles sozinho.

—Como esta se sentindo.- ela nada diz ele respira fundo- Bom não quer falar comigo, tudo bem, podemos ir?

—Quero ir para o apartamento-  enfim ela diz pra ele,  depois de três dias de silêncio ela lhe dirige a palavra.

—Tudo bem - ele pega a pequena bolsa dela e abre porta para passar.

Voltam a cidade de helicóptero,  por ser mais rápido e por ela ainda estar abatida, ela nem dormiu, como sempre fez, se mantem afastada de Bernardo,  chegado em casa ela vai direto para o quarto e tranca a porta, um sinal que quer ficar só, vai até o guarda roupa e pega a primeira roupinha que ela e Bernardo compraram para o filho, naquele dia logo após a consulta, mas ainda ela não chora vai para a cama e com custo consegue dormir.

No outro dia após muito pedir e até implorar Bernardo consegue fazer ela abrir a porta.

—Emília você não pode ficar trancada aqui, precisa comer- Beth entra com um bandeja coloca em cima da cama ele senta na cadeira- Só vou sair quando comer alguma coisa.

Ela faz careta feia, e não toca na comida, Bernardo não se mexe, ficam nesse entrave por uns minutos por fim ela cede e acaba comendo, quando ele percebe que ela não vai comer mais nada retira a bandeja e ao sair do quarto retira a chave da fechadura consegue sair antes do abajur que ela arremessou lhe acertar.

Emília não acredita que ele levou a chave, será que ele não entendia que ela queria ficar só com sua dor e culpa,ela não o culpa porque ele ainda tinha pedido para ela se acalmar, mas ela não tinha dado ouvidos ele, de certa forma o olhar dele para ela era como um "te avisei, resolve levantar e tomar um banho, depois deita de novo.

A noite ele faz o árduo serviço de forçar ela comer alguma coisa, coloca a bandeja na frente dela e senta na cadeira novamente,  quando ela termina ele pega a bandeja, deposita na mesinha que tem no quarto e senta novamente, Emília fica olhando para o outro lado, então ele diz.

—Também estou sofrendo Emília,  não era só seu filho, era meu também,  éramos para estarmos unidos, mas você me quer longe, como se a culpa fosse minha, e sinto como se esse fosse meu carma,  chorar por filhos não nascidos, - vendo que nem o olha ele desiste, levanta e pega a bandeja e vai até a porta diz- Essa não é uma dor só sua e não precisa passar por ela só, estou aqui e não culpo você.

Ele sai e Emília fica remoendo as palavras dele, sabe que ele tem razão, mas não quer dar o braço a torcer, passa um  bom tempo, ela levanta vai pegar um remédio na bolsa e da de cara com o exame que confirmava a gravidez  que  carregava sempre com, foi demais para ela, que sai do quarto quase correndo e vai até o quarto do marido,  entra devagar,  ele lê sobre a fraca luz do abajur,  olha para ela, suspira como quem diz “até que enfim” .

—Vem - estica os braços para ela que voa para seu colo.

 E com a cabeça  em seu peito ela enfim chora, um choro alto dolorido, grandes soluços  sacodem aquele corpo frágil,  ela sussurra pedidos de desculpas,  mas ele diz que não tem o que desculpar,  embala ela seus braços como  se faz com uma criança, as lágrimas dos dois se misturam, muito tempo depois ela ainda esta em seu colo, dormindo enfim mas tem pequenos espasmos de choro, ele a abraça mais forte e depois caí no sono também.


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