Tentar respirar em meio a uma nuvem de poeira, era uma merda total. Era como se cada grama de poeira se arrastasse lentamente pelas minhas veias, e entupissem meus pulmões. Sem dizer que eu não estava conseguindo ver nada.

Tentei me levantar, mas havia alguma coisa pesada sobre minha perna esquerda. Era um pedaço de concreto, que devia ter se soltado de alguma viga. Gemi de dor, enquanto empurrava aquilo para o lado. Fiquei satisfeito por não ter fraturado a perna.

Me levantei, com dificuldade, enquanto a poeira abaixava.

O que tinha sido aquilo? Meu cérebro girava lentamente, tentando encontrar algum tipo de solução lógica para o que tinha acontecido.

Alguém gemeu a minha esquerda, ta, aquele gemido mais estava para um choro baixinho. Segui o barulho, afinal, podia ser algum dos meus amigos. Caminhei por entre os resto do estacionamento, tomando cuidado para não pisar em alguns corpos, caídos nos chão. Parei ao lado de um carro capotado, cuja metade da carroceria agora estava amassada.

— S...Scarlet? Perguntei me apoiando no carro.

Scarlet estava agachada no chão. Seu cabelo loiro caído sobre o rosto. Suas mãos cobriam os olhos, e algo vermelho escorria por entre seus dedos.

— Scarlet. – chamei novamente, me abaixando na frente dela. – Você esta bem? Ta machucada?

— E...eu não. – ela tentou dizer, mas sua voz falhou em todas às vezes. Ela tirou as mãos do rosto, suas palmas estavam cortadas. Seus olhos vermelhos encontraram os meus. – Eu não sei o que aconteceu.

— Hey, tudo bem. – a puxei para mim e a abracei com força. – Esta tudo bem. – Scarlet se agarrou a mim, como se eu estivesse preste a solta-la sobre um penhasco.

— Não, não esta nada bem. – disse uma voz atrás de mim. – E só vai ficar pior. – nem precisei me virar para saber que era Octavian falando. Como esse cara sobreviveu? Que droga.

Soltei Scarlet lentamente e me coloquei de pé, encarando Octavian. Ele estava um caco. Suas roupas estavam rasgadas, mas seus olhos faiscavam raiva.

— Cara, isso não precisa ser assim – recuei um pouco enquanto ele avançava na minha direção. – Podemos pensar em uma forma se sobreviver juntos.

Octavian soltou uma risadinha histérica.

— Você é hilário. – disse ele murchando o sorriso. – Esse lugar é meu. A lei do mais forte prevalece aqui, apenas os mais fortes sobrevivem. – ele levantou a mão e apontou a arma na direção da minha cabeça. – Os fracos serão pisoteados e massacrados brutalmente.

Brandon se aproximou lentamente, por trás de Octavian. Ele segurava uma barra de nas mãos. Seu olhar era o de alguém que estava preste a matar alguém, mas no caso de Brandon, de alguém que derrubou a sua pizza. Sua camisa estava detonada, e ele tinha um enorme corte nos lábios.

— Eu cansei dos seus truques, heroizinho.

— Ah, cala a boca. – Brandon levantou a barra de ferro e atingiu Octavian em cheio na cabeça. – Isso é por tentar me afogar, seu merda ambulante. – Brando desferiu outro golpe, dessa vez atingindo Octavian nas costas. – Isso é por tentar matar os meus amigos. – Brandon levantou a barra e começou a desferir golpes, enquanto xingava.

— Ah cara. – me aproximei de Brandon, que me encarou. – Acho que já ta bom. – cocei a cabeça, enquanto Brandon chutava Octavian, e falava algumas coisas em outras línguas. – Brandon. – o puxei, indo na direção de Scarlet.

Octavian ficou caído no chão, gemendo de dor.

— Me larga, Marck, eu ainda não acabei. – disse ele se debatendo.

 - Acabou sim. – o larguei, lentamente.

— Eu vou pegar a arma pelo menos. – disse Brandon, sorrindo triunfante.

— Ta. – ajudei Scarlet a se levantar. – Você sabe que ele podia ter atirado em mim, né?

— Obrigado. – disse Scarlet sorrindo.

— Sabia. Mas tive que correr o risco. – disse Brandon dando de ombro. – Vocês vão me explicar o que aconteceu aqui? Porque tipo, eu só senti meu corpo sendo lançado no ar. E pra informar, isso não foi nada legal. – Brandon tirou a touca do bolso da calça e colocou na cabeça.

— Você nunca tira essa touca? Perguntou Scarlet o encarando.

— Nunca, e pare de falar da minha touca. Tenho ciúmes. Então, não olhe, não pense, e nem fale com a minha touca.

— Cara, não dá pra falar com uma touca.

— Shiu, eu mandei não pensar na touca.

— Mas...

— Quer apanhar com aquela barra de ferro?

Revirei os olhos.

O barulho de passos ecoou por todos os lados.

— Temos que sair daqui. – disse, logo após ouvir os passos. – Parece uma multidão furiosa.

Os passos foram ficam mais altos.

— Parecem estar vindo de todos os lados. – disse Scarlet, olhando em volta.

— Venham, eu vou tirar a gente daqui. – disse Brandon. Ele se virou e começou a correr.

Algumas pessoas começaram a aparecer, e nenhuma delas pareciam felizes, já que estavam todas armadas.

— Venham logo idiotas. – gritou Brandon, parado perto da estrada de um tipo de túnel.

Troquei um breve olhar com Scarlet e começamos a correr.

...

— Eles mataram meu irmão. – gritou Rosalia se abaixando ao lado de Octavian. Seu cabelo escuro estava cheio de pedaços de pedra. Suas roupas estavam sujas.

— Não sua burra, ele só ta inconsciente. – disse uma garota ao seu lado. Ela segurava um facão, que parecia afiado demais. Seu cabelo ruivo, cortado no estilo Chanel, balançou com o vento. Ela revirou seus olhos, incrivelmente verdes.

— Não venha me chamar de burra, sua estupida. – rebateu Rosalia, enquanto tentava sentar Octavian, mas o corpo do garoto não parava de tombar para o lado.

— Alguém me diz, o porquê desses dois ainda continuarem como lideres? Perguntou a garota.

— Cala a boca Carolina, e sigam aqueles idiotas. – disse Rosalia se pondo de pé.

Algo se moveu no céu. O barulho das hélices de um helicóptero ecoou pelo ar.

— Se escondam. – disse Rosalia, puxando Octavian. – Vão para os tuneis, e sigam aqueles garotos.

Um helicóptero preto cruzou o céu, no exato momento em que o ultimo sobrevivente adentrava em um dos tuneis.

...

Uma horda de zumbis caminhava lentamente pela rua, indo em direção ao estacionamento. Todos famintos por carne. Atraídos pelo barulho da enorme explosão.